História Doce sedução - Capítulo 26

Benjamim correu em nossa direção, eu me encolhi nos braços de Daniel. 

. -Largue a Vivian, agora! –Benjamim gritou, me deixando mais assustada. Ele estava completamente fora de controle. 

 -Ben. Se acalme. Você está assustando-a. –Daniel disse calmamente.

 -Você está querendo me ver louco? Tire essas suas malditas mãos da minha garota. –vociferou Benjamim. 

 -Não. Você passou dos limites, você prometeu que não faria isso com ela. Não vou deixar você machucá-la novamente. 

Soluços escapavam de minha garganta.         -Seu bastardo!

 Benjamim se aproximou de nós. Daniel ficou em minha frente, como um escudo contra o homem descontrolado que estava em nossa frente. Isso o deixou mais irado ainda. Suas mãos se fecharam, e como se o mundo estivesse em câmera lenta, eu o vi acertar um soco no rosto de Daniel. Soltei um grito. Com a adrenalina subindo, me coloquei entre os dois, para impedir que uma verdadeira briga começasse. 

 -Viviane! Saia daqui. Benjamim está fora de si. –alertou Daniel cobrindo o rosto, que provavelmente estava sangrando. 

 -Não. Não vou o deixar bater em você por minha causa. –encarei Benjamim. –Me deixe em paz. Eu não sou mais sua, e nem serei mais. Não consigo nem olhar para você, sem sentir uma enorme vontade de vomitar.

 A expressão raivosa de Benjamim se transformou em desespero. –Vivian, por favor, me deixe explicar. Você precisa me ouvir. Eu te amo. Não posso viver sem você. 

Fechei os olhos com força. –Você nunca me amou. Você só queria me usar. Minha vó estava certa, nunca deveria ter confiado em você. Eu fui tão burra, de acreditar em todas as suas belas fantasias. Você me seduziu, para ter o que queria. Tudo o que tivemos se resumiu nisso. Uma doce sedução. 

 -Não diga isso, Vivian. Você sabe que tudo foi verdade. Você não pode duvidar do meu amor. –Benjamim se aproximou de mim, ficou de joelhos, pegando minhas mãos. –Por favor, não faça isso comigo. Lembre de todos os momentos que passamos juntos, tudo que fiz por você. Isso não pode ser simplesmente apagado. 

Puxei minhas mãos bruscamente. –Se em algum momento foi verdadeiro, faça o que eu estou pedindo. Nunca mais me procure. Não quero vê-lo novamente. Nunca mais.

 Andei em direção ao carro, Daniel me seguiu. Antes de entrar no carro, tirei o anel que ganhei de Benjamim, em meu aniversário, o joguei no chão. Ele continuou, no chão, apenas me olhando, com a expressão vazia e o rosto molhado.

 Mesmo que ele fosse completamente culpado, vê-lo nesse estado me deixou ainda pior. 

 ***

 -Você não quer dormir aqui? Eu tenho um quarto de hóspedes lá em cima, e você pode ficar aqui o tempo que precisar. –disse Daniel, assim que entramos no condomínio.

 -Obrigada. É muita bondade sua.

 -Não é nada. –ele disse com um sorriso. Havia um pequeno machucado em seus lábios, causado por Benjamim.

 -Pensei que você morasse no mesmo prédio que Benjamim. –comentei. 

 -Eu fico lá, ás vezes. Mas quando quero ficar em paz, venho aqui. É mais reservado. –ele explicou. –Você deve estar cansada. Quer subir?

 -Eu preciso saber a verdade, agora. –disse, sentando no grande sofá de couro branco. 

 A casa inteira era branca, e realmente passava a paz que eu precisava. Me senti confortável de algum modo, mesmo não conhecendo, ou até mesmo tendo qualquer intimidade com Daniel.

 Ele se sentou ao meu lado. –Você precisa de um tempo para processar todo o que está acontecendo.

 -Eu não sou uma boneca de porcelana. Preciso ser forte nesse momento. E por favor, não poupe os detalhes. 

Ele concordou. –Como você quiser.

 Esperei em silêncio, Daniel organizar as idéias. Antes de começar, ele me olhou indeciso, se começava ou não. 

-Daniel, não pense duas vezes.

 Ele soltou uma respiração longa, e me fitou. –Você se lembra da primeira vez que viu Benjamim? 

Confirmei com um gesto afirmativo.

 -Eu também a vi no mesmo dia. Estávamos na frente de um bar, em que Benjamim virou a noite. Fui buscá-lo, porque ele precisava comparecer a reunião, mas era irresponsável demais para fazer isso sozinho. 

-Então, pelo menos, ele não mentiu sobre isso.

 Daniel pareceu surpreso. –Ele lhe contou o quanto era irresponsável? 

 -Sim. Também me alertou sobre seu passado, mas eu não dei a devida importância para isso.

 -Que estranho. Ele sempre quer parecer o mais perfeito possível, aos olhos das mulheres. –ele voltou ao ponto. –Foi naquele momento, em que eu estava tentando convencê-lo a comparecer a reunião, que nós a vimos. Você pisava duro, como se quisesse quebrar o chão. Quando Benjamim pôs os olhos em você, se interessou imediatamente. 

-Eu conheço meu irmão, e sei o que aquele olhar significava. Ele a queria, a sua imagem na praia provavelmente já estava em sua mente. Eu tentei impedi-lo, porque quando a olhei, encontrei sua inocência, sabia que não era como as outras mulheres, que Ben se interessava. Você tem algo, que me mostra que não se entregaria para qualquer um. Sabia que Benjamim seria seu fim. 

 -Mas meu irmão, ficou fascinado por você. A queria a todo custo. Então não ouviu uma palavra do que eu disse. Prometeu que iria a todas as reuniões que fosse preciso, se eu o deixasse em paz. Não tinha argumento para isso. Nossa empresa foi deixada em sua direção, quando nosso pai morreu. Precisava dele, sempre presente. Tive que o deixar ir.

 -Então vocês nunca estiveram brigados? 

-Não. Ben disse isso, para que você não se aproximasse de mim, e muito menos confiar no que eu digo. Ele sabia que quando descobrisse o que ele estava fazendo, iria contar toda a verdade a você. E claro que ele não queria que isso acontecesse. Eu tentei tantas vezes alertá-la, mas eu não tinha o que era principal, sua confiança. Sei que você confiava nele, de olhos fechados. Eu não tinha chance. 

 -Confesso que tive esperança de ele mudar. Que você o mudasse. E você conseguiu. Ben mudou, em vários aspectos. Mas cometeu o mesmo erro de sua ultima relação. Não se livrou das fotos, não desapegou de seu passado nebuloso.

 -Ele a amava? –conseguir perguntar.

 -Sim. Ela foi a primeira mulher que ele realmente amou. Quando ela descobriu, claro que terminou tudo. Ele teve uma grande recaída, montando outra coleção de fotos. Foi aí que ele conheceu você. 

 -Ele me amou? Será que alguma vez, algo que ele fez foi verdadeiro?

 Daniel pegou minhas mãos, e pela primeira vez o contato não me fez querer recuar. Acho que podia confiar nele. Afinal, ele estava me falando a verdade. A verdade que Benjamim nunca me deu. 

 -Vou ser sincero com você. Benjamim a ama com todas as suas forças. O que ele fez foi imperdoável. Eu a entendo se não o perdoar, você tem toda a razão. Mas quero que saiba, que talvez ele nunca mais vá conseguir seguir em frente. Nem com sua ex ele foi tão empenhado. Apesar dos erros, ele queria a todo custo que vocês dessem certo. Fez de tudo para apagar seu passado, se esquecendo do essencial. A verdade. Ele teve medo de a perder. Mesmo que não seja de um modo certo, o que ele fez foi por amor. 

Minhas lágrimas voltaram com toda a força. –Não sei se vou conseguir viver sem ele. E o pior de tudo como posso perdoá-lo? Todo a vez que eu fecho os olhos, as imagens aparecem em minha mente. Ele me violou, assim como todas as outras mulheres. Como isso pode ser amor?

 -Você precisa entender que ele não sabia que se apaixonaria por você. Foi algo que aconteceu de repente. Acho que nem ele mesmo, tinha consciência disso. –Daniel me abraçou. –Pode chorar, Viviane. Coloque tudo para fora. Dê tempo ao tempo. Você tomará a decisão certa. Tenho certeza.

 ****

 Acordei em meio a um pesadelo. Estava suada, e respirava com dificuldade. Me sentei na cama, olhando ao redor do quarto desconhecido. 

 Como havia conseguido dormir?

 Será que tudo aquilo não passou de um terrível pesadelo? 

 Repassei os acontecimentos passados em minha mente, e novas lágrimas surgiram em meu rosto. Meu coração doía fortemente, e de repente tudo parecia insuportável. Até respirar.

 Por que doía tanto? 

 Será que ele estava sofrendo como eu? 

Olhei o relógio ao lado do criado mudo. Ainda estava escuro lá fora, sendo seis horas da manhã. 

Levantei da cama, indo para o banheiro. Eu estava destruída. Nem me reconheci no espelho. Lavei o rosto, prendi o cabelo e voltei para o quarto. 

Daniel estava sentado na cama. Seu repentino aparecimento me causou um sobressalto. 

-Vim ver como você está.

 -Vou ficar melhor. Eu preciso pensar. Você pode me fazer um favor? 

-Claro.

 -Eu preciso ir a praia. Você pode me levar? 

 Ele me fitou, confuso. –A praia?

 -Sim. Quero ficar um tempo sozinha e relaxar um pouco. 

 -Tudo bem.

 ***

 -Se você precisar de qualquer coisa, você tem meu número. Por favor, não ande sozinha por ai. Vou ficar aqui perto, quando quiser ir me ligue. 

 -Ok. Obrigada por tudo, Daniel. –disse com um sorriso saindo do carro.

 Agora poderia processar tudo em paz.