História Don't Touch Me, Mingyu! - Six

[Mingatanás]: Pode Hyung.

Ele sorriu ao enviar a mensagem, deixando o celular um pouco de lado para enxugar as mãos suadas na bermuda jeans, pegando o aparelho de novo ao senti-lo vibrar em cima da mesa.

—  Oi...

Wonwoo suspirou, estranhando ao ouvir a voz grave. Suas imaginações mais fofas foram cortadas, pois nunca imaginaria aquela voz tão grossa o chamando de Hyung.

Na verdade, ele nunca teve uma imaginação concreta do garoto mais novo. Ele apenas se lembrava da última imagem de dois anos atrás, e não imaginava que o outro mudara assim como ele.

—  Porque você queria me ligar, Wonwoo Hyung? —  O mais velho sorriu, afinal continuava fofo.

—  Sei lá. Eu só queria ouvir sua voz. Não podia? —  Ele ouviu um som em aprovação, se ajeitando no tapete.

—  Mas poderia me pedir um áudio.

—  De que? Não tinha o que falar...

—  Mas agora nós não temos o que falar também! —  Os dois riram.

A conversa ia se fluindo normalmente, enquanto os dois estavam largados em um canto da casa. Não tinham muito assunto a falar, mas quando surgia, eles o levavam a fundo para que pudessem continuar mais tempo ouvindo a voz um do outro.

—  Só sei que depois disso, minha mãe nunca mais deixou eu ir lá. —  Mingyu terminou mais uma das suas histórias de infância, se deliciando com a risada baixinha que ouvia no outro lado da linha.

—  O Hyung também faria isso! Do jeito que ele é dramático. Por falar nele, está até demorando. Deve ter encontrado Seungcheol no caminho. —  Ele suspirou, se deitando totalmente no tapete. —  Você está sozinho Gyu-yah?

—  Sim Hyung. —  Sorriu largo pelo apelido pequeno.

—  E a sua mãe, onde está?

—  Na casa do namorado, em Busan. Ela não sai mais de lá agora. É difícil quando eu passo um final de semana inteiro com ela. —  O mais novo fez um biquinho, levantando e seguindo para a cama de casal, deixando seu corpo completamente esticado ali.

—  Você fica sozinho a semana toda!? —  O mais velho exclamou. —  Aigoo! Eu mal consigo ficar sozinho por algumas horas. Por que você não vai para a casa de alguém?

—  Eu não tenho um lugar próximo do colégio para ir. Prefiro ficar aqui mesmo sozinho.

—  Eu ficaria com você se pudesse... —  Ele soltou sem perceber. O tempo todo era assim, conversava tanto com Mingyu que suas frases fluiam livremente sem um consentimento total seu. —  Mas só porque você está solitário e tal. 

—  Eu sei que sim... Mas e se a gente namorar, você não viria ficar comigo?

—  Eu tenho a faculdade, garoto. E você está no último ano da escola. As vidas precisam estar bem resolvidas antes de um relacionamento. —  Mingyu reprimiu um grito. Motivo? Wonwoo acabara de afirmar que eles tinham uma certa possibilidade de namorar aquele ano, já que, se isso acontecesse, Jeon não moraria lá por conta da faculdade. 

Ele queria sair gritando que nem um doido pela rua. 

—  Tudo bem. 

—  Olha, eu acho que Jeonghan Hyung está chegando e caso ele veja, vai ficar me enchendo o saco. —  O mais novo riu e assentiu.

—  Okay, pode desligar. Boa noite.

Ah, como custou para que ele apertasse aquele botão vermelho. Pensou por tanto tempo que Mingyu acabou desfazendo a ligação, o deixando com os olhos ainda presos a tela acesa.

Ele se assustou quando a porta foi destrancada e levantou-se rapidamente, indo para a cozinha e fingindo que já estava ali.

—  Wonnie? Chegamos. —  O loiro entrou na cozinha e deixou um selar entre os cabelos pretos, abraçando o menor por trás. Seungcheol veio logo atrás, despejando as inúmeras sacolas com roupas e bolsas por cima da mesa.

—  Wonwoo, me lembre de nunca mais ir buscar Jeonghan no trabalho depois de ter recebido salário. —  Suspirou, tentando recuperar o fôlego.

—  Tudo bem Hyung, eu vou lembrar.

—  Pare de drama. Roupas nem pesam!

—  Experimente carregá-las! Ou melhor,pagar por elas. —  O mais velho dos três cruzou os braços por birra, sendo abraçado por Jeonghan.

—  Leva essas lá para o quarto, tá? Mais tarde eu te dou um presentinho.

—  Vai vestir aquela roupa que você comprou? —  O de fios longos assentiu, deixando alguns selares nos lábios de Choi, com um sorriso pervertido durante o processo.

—  Ei, ei, ei! Eu quero tomar café em paz, okay? —  Os interrompeu. —  Puff, odeio ser filho único. —  Wonwoo fez um bico pequeno, sorrindo fraco ao receber um abraço de Jeonghan também. 

—  Não faz essa cara bebê. Sua mãezona preferida vai pedir uma pizza pra gente, ta bom? —  Ele assentiu e sorriu largo, como uma verdadeira criança feliz.

—  Bom, eu já estou indo. —  Jeon se levantou ao final do filme, sentindo dormência em certas partes do seu corpo, e encarando o casal que parecia mais trocar beijos do que prestar atenção no longa, nem sequer repararam no final deste. —  Eu não sei se já disse, mas... —  Aproximou-se calmamente do casal e sussurrou. —  Tem preservativo na cozinha.

Se afastou rapidamente dali, antes que levasse um tapa por ter atrapalhado tudo e foi até o quarto. Escovou os dentes, apagou todas as luzes e trancou a porta, logo se deitando na cama. A verdade era que estava sem o mínimo sono. Não queria dormir, mas também não queria ficar de vela. 

Não tinha muitas alternativas naquele momento.

—  Hyung? —  Respondeu com a voz ainda rouca de sono, fazendo Wonwoo arrepiar por inteiro. —  Já está com saudades de mim?

—  Não. Só estava no tédio mesmo e sabia que você não tinha nada pra fazer.

—  Poderia ao menos fingir que estava com saudades de mim?

—  Eu não sou muito bom com mentiras. Mas então, fazendo...?

—  Nada, além de estar desejando que não fosse você nessa ligação.

—  Por que não? —  Mingyu pode imaginar o bico enfeitando os lábios quadrados.

—  Porque assim, eu teria mais força de vontade para ignorar a ligação e continuar dormindo. Eu estou com sono... 

—  Uma pena né. Eu queria saber mais sobre você, já que sabe tudo sobre mim, mas já que você quer dormir... 

—  O que quer saber sobre mim Hyung? —  Respondeu rápido, com medo de que o outro desligasse. 

—  Qualquer coisa. Olha, até agora, eu só sei o seu nome e já ouvi a sua voz. Quero saber mais.

—  Bom... —  Ele pigarreou. —   Eu tenho dezenove anos, ainda não me formei por ter perdido meu primeiro ano observando alguém, e talvez porque eu fosse meio burro, não trabalho,ou aparentemente alto, algo entre um e oitenta e um e oitenta e quatro ou sei lá, tenho olhos castanhos bem escuros, cabelo preto ondulado, pele um pouco mais morena... —  Ele parou para pensar, olhando para o próprio corpo em busca de características. —  Ah, e eu tenho a mãe mais criativa do mundo!

—  Por quê?

—  Sabe, o nome dela é GyuMin. -- Jeon permaneceu em silêncio, tentando assimilar o nome dela a sua criatividade. —  GyuMin, Mingyu. Não viu nenhuma semelhança?

—  Ah! Uau. —  O moreno riu, se ajeitando um pouco mais na cama em busca de conforto. Agradecia por todas as portas ante ruído, assim Jeonghan não ouviria sua conversa, nem ele ouviria o que estava acontecendo no outro quarto.

—  Muito criativa né? Eu sei, me gabo sempre por ela. —  Sorriu, voltando a se deitar por ter ficado sentado minutos atrás. —  Ah Hyung, meu sonho é me formar em medicina e tratar pessoas doentes que nem o meu pai, que morreu a alguns anos com câncer.

—  Meus pêsames pelo seu pai. Eu imagino o quanto ficou triste.

—  Quase nada na verdade. Eu tinha raiva dele por ter abandonado a minha mãe na época então, quando soube, não senti muito. Hoje eu fico triste pela morte dele, mas não é como se fosse um grande pedaço tirado de mim. Eu já me acostumei. 

—  Ah... Tudo bem. Eu entendo. Acho que já vou dormir, okay? Até amanhã.

—  Até amanhã Hyung.