Era mais um dia, somente mais um dia da minha sofrida vida de ómega estudante. Depois, de toda uma rotina matinal, e de perceber que tinha olheiras fundas, decidi colocar um pouco de maquiagem, mesmo que ninguém fosse reparar.
PJM
O dia amanheceu extremamente reluzente. A luz do sol invadia a cidade, despertando mesmo a mais pequena das criaturas.
Quando a luz do sol incidiu sobre os lençóis da matriarca da família Park, a mesma já não se encontrava no seu leito. Àquela hora o pequeno-almoço estava a ser servido, pois como em muitas casas, da parte mais desfavorecida da cidade, todos se levantavam cedo para irem trabalhar. A mesa não estava repleta de comida, apenas tinha o suficiente para satisfazer mãe e filho por mais uma refeição. A senhora Park tinha de conter as despesas, pois tinha gastado demasiado dinheiro com a pequena festa de aniversário que tinha feito para o filho no mês passado.
A senhora Park subiu as escadas e bateu na porta do quarto de Jimin, abriu e espreitou para dentro não o encontrando. Caminhou depois até à casa de banho e parou ao ouvir o som do chuveiro.
-Jimin, o pequeno-almoço está na mesa! Não demores. Está quase na hora do autocarro! - a senhora Park disse do lado de fora e voltou a descer as escadas pouco tempo depois.
-Já vou mãe!
Quase todas as manhãs era a mesma coisa. Ela via o seu pequeno Jimin perder imenso tempo na casa de banho por alguma razão que ele não lhe queria contar.
Jimin pensava em quando é que os acontecimentos da sua vida teriam começado a ficar tão caóticos e inesperados? Ele sabia perfeitamente, mas preferia sofrer em silêncio. Preferia viver com aquele peso sozinho.
Apressou-se a fazer a sua higiene e a descer para o pequeno-almoço.
Jimin, sentou-se à mesa e sorriu para a mãe mesmo que a vontade fosse nenhuma.
-Eu preparei-te o almoço. Não te esqueças da lancheira como ontem! - a mãe de Jimin avisou-o apontando-lhe o dedo. Ela ficava sempre preocupada quando sabia que Jimin se esquecia da comida, pois sabia que ele não comprava nada para comer na escola. Jimin guardava todo o dinheiro da sua pequena mesada para poder comprar uma guitarra que ele andava a namorar há alguns meses. Após acenar com a cabeça que não se iria esquecer, Jimin tomou o pequeno-almoço.
A senhora Park saiu primeiro de casa, deixando a louça na pia para lavar mais tarde. Jimin era quem sempre a lavava durante os últimos minutos em casa.
Jimin saiu de casa a passo apressado. Caminhou até à paragem de autocarro e esperou. Ele não tinha medo de esperar sozinho, era quase um ómega invisível. Nem o cheiro a frutos vermelhos atraía os alfas. Se calhar era por isso que a sua história de amor não acontecia. Se calhar, eles não gostam de frutos vermelhos… Será que o meu cheiro é assim tão anormal?
Os pensamentos do pequeno Jimin eram tantos que ele não tinha muito tempo para pensar sobre eles, e por isso, talvez, não sofresse tanto assim.
Chegou à escola faltavam sete minutos para ouvir o barulho irritante da campainha. Encontrou Hoseok, um beta com o qual tinha feito amizade, à entrada do edifício, e sorriu. O primeiro sorriso verdadeiro que tinha mostrado naquele dia. Hoseok, apesar de ser um beta, entendia-o. Eram o par perfeito de excluídos da escola. O ómega que não interessa a ninguém e o beta que prefere betas.
-Bom dia - Jimin disse ao chegar perto
-Buenos días beautiful eyes (belos olhos) - Hoseok respondeu
Hoseok sempre encontrava uma maneira nova para chatear o ómega. Ele sempre tentava fazer com que Jimin demonstrasse uma expressão que não fosse a tédio.
-O que te mordeu hoje, Hoseok?
-Nada, ninguém me mordeu hoje - mostrou um beicinho - Eu bem tento mas, não tenho sorte.
Jimin voltou a rir. A parvoíce de Hoseok sempre o acalmava de alguma forma, deixando o sorriso aparecer sem medo.
-Puseste maquiagem? - Hoseok perguntou enquanto analisava a face do outro - Vais sair com alguém e não me contaste? - balançou as sobrancelhas de forma divertida
-Parvo! Só acordei com umas olheiras enormes. Parece que não durmo há séculos.
-Desde a tua festa que andas assim. Não é normal, Jimin!
Jimin apenas encolheu os ombros. -Hei-de voltar ao normal. Não te preocupes.
A campainha soou fazendo que os dois rolassem os olhos. A primeira aula seria matemática e nenhum gostava de matemática.
-Jimin, - Hoseok chamou durante o caminho - Quando vamos voltar a ver aquele teu amigo?
-Ele não é meu amigo! É só um conhecido do bairro. Só tenho um amigo, como tu bem sabes! - Jimin disse
-Amigo! Conhecido. Vizinho! É tudo a mesma coisa Jimin! - Hoseok voltou a dizer e riu
-Sei lá quando! - ele disse - Como estás com vontade de o ver, só vai! - encolheu os ombros e entrou na sala a passo apressado.
Depois, de alguns minutos de aula, Jimin viu um bilhetinho voar para a sua mesa. Provavelmente seria algum engano. Nunca tinha recebido um bilhete desde que entrou na escola. Deveria ver para quem era e mandar de volta? Jimin nunca recebia nada. Ninguém o notava, e realmente ele preferia assim.
“Jimin, estou curiosa sobre uma coisa.
Achei que o sonsinho da escola não seria uma puta fácil
Abriste mesmo as pernas para o Hwan?”
Jimin sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo fazendo o gelar. Levantou o rosto para ver se alguém esperava pela sua reação, mas não havia ninguém a olhar para ele.
A garganta de Jimin ficou totalmente seca. Olhou para a janela tentando controlar o choro que podia vir a qualquer momento. Sentimentos sempre o deixavam confuso e sem saber controlar-se.
Sentiu outro papelzinho acertar-lhe a bochecha e olhou para o lado. Não tinha vontade de abrir aquilo. Não precisava de saber o que os outros pensavam de si. Mas, ainda assim, a curiosidade do porquê daqueles bilhetes era maior.
“O silêncio é sempre um sim, Park.
Mas no caso… Eu já sabia,.
Ele espalhou lá pelo bairro como a puta Park gemia por mais
Putinha Park”
Jimin mordeu o lábio e levantou o braço.
-Professor, posso ir à casa de banho? É urgente.
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