História Dusk Till Dawn - Sério isso?

Elena's POV

Meu coração estava acelerado, minha respiração descompassada e eu estava imóvel.

Isso não podia estar acontecendo...

Qual é a desse cara? Uma hora ele é corredor de racha, traficante, e outra hora ele é professor de literatura inglesa?

Ele não mora em Cancún? O que ele está fazendo em Miami?

Várias perguntas circulavam a minha cabeça, eu estava completamente confusa.

- Bom, isso talvez possa parecer infantil para vocês, mas eu queria usar essa primeira aula para nos apresentarmos. Porque como eu, sei que muitos são novos aqui. Então vamos começar por você. - apontou para o menino sentado na primeira carteira da fileira encostada na parede esquerda - Fala seu nome, coisas que gosta de fazer, por que escolheu tal curso, e essas coisas.

E assim foi, todos foram se apresentando, até que chegou a minha vez. Foi quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez depois de muito tempo. Assim como eu, pude perceber que ele também ficou surpreso.

Nossos olhares travavam uma batalha, nenhum dos dois desviava o olhar. Ele me olhava parecendo querer perguntar alguma coisa, o porquê de eu estar ali ou algo do tipo, mas ao mesmo tempo sabia que não podia. A única coisa que eu senti quando nossos olhares se encontraram foi raiva. Raiva por todas as palavras falsas que me disse e por todas as mensagens não respondidas.

O silêncio na sala era mútuo. Percebendo que já estava ficando estranho, cocei a garganta antes de falar e desviei o olhar.

- É... meu nome é Elena Gilbert. E eu escolhi o curso de letras porque eu sempre gostei de ler e escrever. Eu tenho um diário onde escrevo textos, poemas, histórias ou até mesmo letras de músicas baseadas na minha vida ou coisas que eu invento. É uma coisa que faço para fugir um pouco dessa realidade em que vivemos, ou para me isolar do mundo quando estou chateada, depende de como eu estiver me sentindo no momento. - terminei de falar e a sala permaneceu quieta.

Voltei meu olhar para Damon, que me olhava mas logo tratou de desviar.

- Próximo. - falou.

- Meu nome é Daniel Montgomery. - disse o menino atrás de mim - Como a Elena, também gosto de ler e escrever. Mas se tem uma coisa que eu gosto de fazer mais do que isso é beijar na boca e transar gostoso. - falou fazendo a sala inteira rir, inclusive o professor - Mas agora falando sério. Desde pequeno eu inventava histórias, e minha mãe adorava. Gosto de ler ficções científicas, escrever coisas que não existem, e como Elena disse, fugir um pouco da nossa realidade. - olhou para mim - Acho que faríamos uma bela dupla. - levantou a mão para eu bater e assim eu fiz, com um sorriso sincero no rosto, que logo foi retribuído, e pude perceber Damon desviar o olhar de nós.

É, acho que a aula de literatura inglesa não vai ser tão ruim quanto eu imaginava...

- É isso pessoal, a aula acaba por aqui. - enquanto o professor falava, todos já estavam com o material em mãos, se levantando e saindo da sala.

- Vou conversar com o professor rapidinho. - avisei Rebekah.

- Quer que eu te espere? - a loira perguntou e eu neguei.

- Pode ir. Encontro você e os outros na biblioteca depois. - respondi e Rebekah assentiu, saindo dali em seguida.

Antes que Damon saísse da sala, eu o chamei.

- Professor! - gritei e o moreno me olhou - Posso conversar com você rapidinho? - perguntei e vi ele respirar fundo, assentindo em seguida.

Esperei todos saírem da sala para que pudéssemos conversar.

- Não tem nada para dizer para mim?

- O que você está fazendo aqui? - perguntou e eu o olhei com uma sobrancelha arqueada, soltando uma risada irônica em seguida.

- O que EU estou fazendo aqui? O que VOCÊ está fazendo aqui? - perguntei irritada o encarando.

- Não grita. - falou calmamente e foi em direção a porta da sala, fechando-a.

- Não grita? Uma hora eu vejo você apontando a arma para a cabeça de um garoto, e outra hora vejo você na minha frente dando aula de literatura inglesa! Qual é o seu problema? - coloquei meu material em cima de sua mesa, me preparando para a discussão que teríamos agora. Antes que Damon pudesse responder qualquer coisa, eu continuei falando, e ele apenas me encarando - Sabe... eu esperei Damon, esperei muito você me enviar uma simples mensagem, nem que fosse apenas um "oi", esperei você dar qualquer sinal de vida, e nada! Você sabe como eu me senti, depois de todas as coisas que você havia me falado? - perguntei e o moreno fechou os olhos, respirando fundo.

- Você não vai entender.

- A única coisa que eu não vou entender é porque você fez isso.

- É melhor assim, Elena. - falou me fazendo revirar os olhos.

- Da pra você conversar comigo direito além de frases sem sentido, por favor?

- Não iria dar certo, tá legal? - elevou o tom de voz - Nós vivemos em mundos completamente diferentes, Elena, você sabe disso! Por que continua insistindo em um relacionamento que você sabe que não vai dar em lugar nenhum? - perguntou me olhando com os olhos furiosos e... decepcionados? - E quer saber? Agora que eu sou seu professor, não tem chance nenhuma de isso dar certo. - pegou seu pequeno estojo em cima da mesa e saiu da sala.

Fiquei ali parada, sem reação. Ainda não tinha caído a ficha de que isso realmente estava acontecendo. Logo senti lágrimas quentes escorrerem por minhas bochechas. Eu não sabia o significado daquelas lágrimas. Não sabia se eram de raiva ou tristeza. Após limpar meu rosto com as mãos, peguei minhas coisas e fui encontrar meus amigos.

A biblioteca não estava muito cheia, e logo pude avista-los sentados em uma mesa redonda.

- Eai, como foi sua conversa com o professor gato de literatura? - Caroline perguntou em um tom malicioso quando me sentei - Rebekah me falou que ele é um gato! E parece ser novo.

- É... ele é um gato sim. - respondi.

- Nossa, que cara é essa? Já levou um esporro no primeiro dia de aula? - Bonnie perguntou.

- Quem me dera. Foi pior.

- O que pode ser tão ruim vindo de um professor no primeiro dia de aula se não um esporro? - Enzo perguntou e eu respirei fundo, soltando uma fraca risada.

- O próprio professor é pior do qualquer coisa que pudesse acontecer hoje.

- Rebekah não parece ter a mesma opinião que você. - Matt falou sem emoção.

- Você pode falar alguma coisa que tenha sentido, por favor? - Bonnie pediu.

- Se eu falar, vocês não vão nem acreditar.

- Ok... agora você está me deixando curiosa. O que esse professor tem, ou falou, sei lá? - Caroline perguntou.

- Não é o que ele tem, ou o que ele falou, e sim quem ele é.

- E quem é ele? - Enzo perguntou com o cenho franzido.

- Damon Salvatore. - falei sem mais delongas.

- O que? - Caroline praticamente gritou e acabou sendo repreendida por um dos estudantes ali - Como assim Damon Salvatore? - perguntou, agora quase em um sussurro.

- Você tá falando sério? - Bonnie perguntou.

- Eu sou a pessoa que mais queria que isso fosse mentira.

- Ok... o que está acontecendo? Você conhece esse professor? - Rebekah perguntou confusa.

- Não só conhece como já pegou ele. - Caroline falou e Rebekah arregalou os olhos em minha direção.

- Caroline! - repreendi a loira, que levantou as mãos em rendimento.

- Como assim? - Rebekah perguntou curiosa com um sorriso no rosto.

Então expliquei toda história para a loira, e nós acabamos sendo expulsos da biblioteca por falar demais.

- Caraca... E agora, o que você vai fazer? - Rebekah perguntou enquanto caminhávamos pelo campus.

- Vou simplesmente fingir que nunca o conheci e que ele é apenas meu professor de literatura inglesa. - dei de ombros.

- Você sabe que isso não vai dar certo, não é? - Caroline perguntou.

- Por que? Eu acho que vai dar muito certo. De acordo com ele, não dariamos certo de qualquer forma, ainda mais agora que somos aluna e professor.

Caroline's POV

Eu sabia que Elena estava abalada com essa situação, mas preferi ficar na minha e não continuar com o assunto.

O dia se passou normalmente, exatamente como eu esperava para um primeiro dia de aula na faculdade. Conheci pessoas novas, caras novos, fiz novas amizades. Poderia até dizer que foi melhor do que eu imaginava.

Depois do almoço, eu não tinha mais aulas, então fui para o quarto revisar a matéria das aulas de hoje. Rebekah não estava, já que havia saido com o Matt, depois de muita insistência, logo após o almoço. Fiquei duas horas estudando, então decidi ir tomar um banho. Enquanto eu tirava a roupa e dobrava em cima da cama, alguém entrou no quarto. Eu estava apenas de calcinha e sutiã, mas não me importei pensando ser Rebekah.

- Ah... - ouvi uma voz masculina e dei um pulo de susto, pegando a primeira coisa que vi para cobrir meu corpo.

- Klaus?! O que você está fazendo aqui? - o loiro estava parado na porta com a mão na maçaneta.

- É... Eu... - guaguejava enquanto coçava a nuca, parecia envergonhado - Eu... vim procurar minha irmã.

- Bom... ela não está aqui. Já pode ir embora. - meneei as mãos para que ele saísse.

- Na verdade... Eu preciso falar com você também.

- Comigo? - perguntei com o cenho franzido - Bom... agora não dá. Vou tomar banho.

- Mas vai ser rápido. Eu prometo. - falou e eu o olhei, respirando fundo em seguida.

Peguei a roupa que eu estava usando, dobrada em cima da cama, e fui ao banheiro, colocando de volta.

- Pode falar. - me sentei em minha cama.

Klaus fechou a porta do quarto e se sentou na cama de Rebekah, a minha frente.

- É... sobre a festa de ontem.

- Ah... - revirei os olhos - Não precisa falar nada. Eu já entendi que eu não sou ninguém e que não é para eu me meter nos seus assuntos com a sua irmã e...

- Eu queria pedir desculpas. - falou e no mesmo instante eu parei de falar, franzindo o cenho.

Pedir desculpas?

- Eu sei que eu fui grosso com você, e queria me desculpar por isso. Eu estava bêbado e não sabia como reagir, uma mulher nunca havia me...

- Fica tranquilo. - o interrompi - Não precisa se preocupar comigo. Acho que eu não sou a pessoa com quem você deve se desculpar, e sim sua irmã. - falei e o loiro suspirou.

- Eu sei, por isso vim procurar ela. Sabe onde ela está?

- Não.

Mentira, eu sabia sim. Mas se eu contasse para ele que sua irmã estava com Matt, era capaz dele surtar novamente.

- Mas se quiser esperar por ela aqui no quarto enquanto eu tomo banho... ela não deve demorar. - falei e Klaus assentiu.

Quando eu saí do banho, vesti um shorts jeans e uma regata preta. Klaus ainda estava no quarto, deitado na cama de Rebekah, mexendo em seu celular.

- Rebekah ainda não apareceu? - perguntei e o loiro apenas negou.

Dei de ombros e me joguei em minha cama. Peguei meu celular e comecei a responder algumas mensagens que tinha, da minha família e amigos do colégio.

- Só porque eu pedi desculpas não significa que vamos ser amigos. - Klaus falou de repente, me fazendo rir com a idiotice que havia falado.

- Não se preocupe. Só porque se desculpou não significa que eu goste de você, e muito menos que eu queira ser sua amiga.

- Ãhn... Klaus? - ouvi uma voz feminina e levantei a cabeça, vendo que Rebekah estava parada na porta. - O que você está fazendo aqui? - olhou para o seu irmão e olhou para mim em seguida, tentando entender.

- Vim te procurar. Quero conversar com você. - Klaus falou bloqueando o celular e se sentando na cama. Percebi que Rebekah ficou um pouco tensa.

- Bom... vou deixar vocês conversarem a sós. - levantei da cama e fui em direção a Rebekah, parando ao seu lado - Fica tranquila, não falei para ele que você estava com Matt. - sussurrei em seu ouvido e pude ver a loira dar um sorriso aliviado em agradecimento antes de eu sair do quarto.

Elena's POV

Já estava tarde. Eram quase 23:00. Bonnie já estava dormindo e eu estava sem sono nenhum. Então decidi ir até a biblioteca alugar um livro para ler, já que ela fecharia daqui a alguns minutos. Acabei alugando Hamlet, de Shakespeare, para ler pela segunda vez. Após a biblioteca, passei na cantina e comprei uma garrafinha de água. Estava voltando para o meu quarto quando meu celular vibrou no bolso de trás do shorts que eu usava. Com um pouco de dificuldade por conta do livro e da garrafinha em minha mão esquerda, levei minha outra mão para trás. Mas parece que todo cuidado é pouco, já que o livro acabou escorregando e caindo no chão.

- Aí, droga!

Antes de me agachar para pegar, vi de quem era a mensagem. De minha mãe. Eu podia responder depois. Quando fui pegar o livro, percebi que já havia alguém o pegando do chão.

- Hamlet... é uma boa escolha. - o moreno falou ainda agachado olhando para o livro em suas mãos.

Haviam algumas pessoas caminhando por ali ainda, mas eram bem poucas.

- Nossa, além de lindo é gentil. - uma aluna loira passou por nós, olhando para Damon, que levantou com o livro na mão e olhou para a garota.

- Claro. Seria com qualquer uma, principalmente se for linda assim como você. - sorriu para a loira, que se afastou com um sorriso no rosto.

Automaticamente revirei os olhos. Ridícula.

- Sério isso? - perguntei.

- Não entendi. Algum problema? - me perguntou entregando o livro, com um sorriso sacana no rosto.

- Você acabou de flertar com uma ALUNA na minha frente. Para quem quer distância de relacionamentos assim, você está um pouco... atirado, não acha? - Damon soltou uma pequena risada olhando para o chão, e em seguida olhou para mim novamente.

- Sobre a minha vida pessoal, eu não devo explicação a ninguém, principalmente a uma simples aluna. Agora me dá licença que eu estou cansado, preciso ir embora. - falou e passou por mim, seguindo em frente sem olhar para trás.

Eu não sabia porque Damon estava agindo assim. Eu entendo que ele não queira nenhum relacionamento, mas não precisava ser grosso ou fingir que não me conhecia. Sabia que ele havia flertado com aquela aluna apenas para me provocar, ou pelo menos é o que eu queria que fosse. Mas tudo bem, se Damon quis assim, não vou contrariar, mas também não vou facilitar para ele. Se é assim que ele quer, ele que me aguarde.