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História E se você me amasse? - E se você me amasse?


Escrita por: fecasanova

Notas do Autor


Nos vemos lá embaixo.

Capítulo 14 - E se você me amasse?


Fanfic / Fanfiction E se você me amasse? - E se você me amasse?

Um homem negro estava inclinado sobre a cama de Liv, me estiquei o máximo que podia para conseguir ver o contorno deles pela janela pequena do quarto. Eles conversavam baixo e eu podia ver o contorno do corpo de Mary, por algum motivo, não tinham me deixado entrar.

Fiquei do lado de fora por alguns minutos que pareceram uma eternidade até que o homem saiu e me deu um tapa leve nas costas, dizendo que ia ficar tudo bem e que logo, ela estaria perfeita. Mordi meu lábio com força e assenti com a cabeça, mas antes que eu ficasse de pé, Mary veio até mim.

Os olhos dela estavam cheios d’água e as mãos tremiam como se uma ventania estivesse tomando-a. Mary segurou minha mão com certa força e depois se enterrou no meu peito em um abraço quente. Um abraço que eu também esperava.

– Você contou para alguém? – Ela sussurrou, respirando fundo, acabou por se sentar ao meu lado. Nos olhamos nos olhos, pela primeira vez, profundamente. Não haviam mais mascaras, ou barreiras. Éramos nós. Ali. Unidos pelo medo de perder Olivia.

– Falei com o Frank e com a minha mãe. – Mary estava nervosa, eu podia ver em seus olhos.

– Eu liguei para a mãe da Liv também. – Ela admitiu, desviando o olhar. – E eu... Ansel, eu acho melhor... Você não vê-la por enquanto.

– O quê? – Acabei rindo baixo e balançando a cabeça. Ela não podia me negar isso. Eu tinha que vê-la. Ela era tudo o que era. Era tudo que eu amava. – Eu tenho que vê-la, Mary.

– Ela ainda não está bem. – A voz de Mary ficou agressiva e ela se levantou. Eu fiz o mesmo, quase que por impulso. – Você não... Não vai entrar.

– Eu não preciso da sua permissão. – Me vi tremendo. Serrei meus punhos, sentindo as minhas unhas enterrando na minha carne. Mary deu um passo para perto da porta do quarto. Pude ver o rosto machucado de Liv pela pequena janela, ela parecia confusa com seus machucados e com o lugar que estava.

– Pare com isso. – Mary gritou e bateu o pé com força. – Você não pode entrar, Ansel.

– Eu vou entrar. – Gritei de volta e empurrei Mary com força. Me arrependi logo depois que o fiz, mas fechei a porta atrás de mim, antes de ver Mary cambalear e cair. Os olhos escuros de Liv ficaram fixos em mim, um sorrisinho torto passou por seus lábios e eu acabei fazendo o mesmo.

 

Eu sempre a achei linda. E, meu deus, mesmo enrolada em lençóis de hospital, com um sorriso torto e desconfiado, ela conseguia ser mais bonita que qualquer coisa que eu já tinha visto.
Ela se sentou, ajeitando a roupa. Queria me aproximar, mas algo me deixou presa ao chão. Olhei para trás e vi Mary, chorando, com o rosto escondido entre as mãos.

– Hei. – Ela disse. Com um meio sorriso de Liv, vi a minha guarda baixar. – Eu já estou bem.

– Tem certeza? – Sussurrei e me aproximei, vi Liv encolher as pernas, como se estivesse assustada com a minha presença. – Eu... Só queria saber se você está bem, muitas pessoas querem ver você e...

– Eu conheço você. – Ela sussurrou, tocando levemente os lábios.

– Claro que me conhece. – Gemi, sentindo o meu corpo congelar e travar. Ela ergueu os olhos para mim, ainda mais confusa do que antes e então eu notei. Mary estava certa, eu não estava preparado para aquilo.

– Você estava naquele filme, não é? – Ela sorriu.

 

Jamais tinha pensado que um sorriso de Liv poderia me destruir. Mas aquele destruiu. Destruiu todas as partes de mim. Meu coração se desfez em milhares de pequenos cacos quando ela procurou algo para pedir o meu autografo.

No meio daquela loucura e da vontade incontrolável de chorar que eu sentia, tentei encontrar a minha Olivia naqueles olhos perdidos, mas tudo o que eu vi foi o vazio.

 

...

 

– É muito comum. – O médico de Liv começou a falar, ele estava calmo, mas eu e Mary ainda estávamos chorando. Eu mais que ela. Tivemos que ser escoltados pela segurança para fora do quarto de Liv, já que ambos gritavam. Eu tinha tentado tocar nela, dizer que nos amávamos, mas aquela Olivia estranha, que não se lembrava quem eu era, tinha começado a chorar e chamado uma enfermeira. Então estávamos ali, na frente de um velho que parecia ser o dono da verdade.– Ela sofreu um ferimento na cabeça, uma das consequências mais comuns do trauma é a perda de memoria recente.

– Mas ela... – Mary sussurrou, entre lagrimas e soluços. – Ela se esqueceu de coisas muito antigas.

– Temos que esperar. Eu não posso fazer nada quanto a isso, mas o importante é que o quadro dela tem melhorado muito. – O velho sorriu para mim e esticou a mão, tocando os dedos compridos de Mary. – Ela vai se recuperar, mas precisam dar tempo ao tempo.

 

~||~

 

– Hei, Ansel. – Olivia sorriu ao me ver passar pela porta de seu quarto. Ela já estava acordada a três dias e tudo que tinha se lembrado era de sair para uma peça com Frank e aquilo já faziam oito meses. Ela não se lembrava de mim, de nós e menos ainda ela se lembrava do que tinha acontecido enquanto estava com Mateus. – Frank veio me ver hoje.

– Que ótimo. – Sorri com a inocência dela e fui até seu criado mudo, troquei as rosas murchas que Mary tinha levado por girassóis.

– Oh, meu Deus, eu adoro girassóis. – Ela disse para a enfermeira que trocava seus curativos da perna. Os olhos da enfermeira correram até mim, era estranho ver aquela mulher estranha me olhar com os olhos cheios d’água. Eu e Liv tínhamos sido o alvo de vários programas de fofoca e agora, eles estavam noticiando como Liv tinha esquecido completamente a nossa história. Como ela tinha esquecido o meu amor.

– Que garota de sorte você é. – A enfermeira disse e caminhou até a porta para pegar a cadeira de rodas de Liv. – O senhor vai levar a Olivia para passear hoje?

– Se ela tiver afim... – Sussurrei enquanto olhava para Liv. Ela abriu um sorriso que eu conhecia bem e, por um segundo, eu estava de volta com ela, no sofá do meu apartamento, sorrindo quando ela admitiu que tinha babado no meu peito.

– Eu adoraria. – Ela sorriu e olhou com certo incomodo para a cadeira. A perna ainda estava engessada, o que atrapalhava muito para ela se movimentar. A enfermeira ergueu a cama de Liv usando o controle, mas teve muita dificuldade para encontrar um jeito de pega-la no colo.

– Eu posso? – Ofereci e Liv assentiu com a cabeça.

Me aproximei dela com um pouco de receio. Eu não sabia até onde podia toca-la. Olivia ergueu os braços e os entrelaçou no meu pescoço, passei uma das mãos por seu corpo, espalmei uma na parte de trás de suas coxas e a outra em suas costas. Ela ergueu os olhos para mim e sorriu.

Eu tinha planejado a minha vida com ela. Podia me imaginar morando com ela, depois nos casando e tendo filhos. Podia me imaginar ficando velho ao lado dela. Mas se eu perguntasse a ela se queria se casar comigo, ela me diria que não. Porque eu era só uma celebridade sendo legal com uma desconhecida no hospital.

– Obrigada. – Ela sussurrou enquanto eu a colocava na cadeira de rodas, antes que eu percebesse, a enfermeira já tinha saído correndo, chorando. Como uma maluca. – O que ela tem?

– Deve ter se lembrado de alguma coisa triste. – Menti enquanto começava a empurrar a cadeira de rodas pelos corredores do hospital. As pessoas que nos viam ficavam encarando, como se fossemos personagens de uma daquelas histórias tristes de jornal. E nós éramos.

– Como foi seu dia? – Ela disse baixo olhando para o pequeno tubo de soro que permanecia enterrado em uma veia da sua mão direita.

– Legal. – Menti mais uma vez. Me sentia péssimo, meu corpo doía e eu não conseguia dormir mais que duas horas por dia, e quando dormia, sonhava com ela. Entrei no elevador empurrando a cadeira e apertei o botão que ia até o terraço. – E o seu?

– Foi bom. – Ela tinha que inclinar a cabeça para falar comigo. O que me fazia ter mais vontade de beija-la. – O Frank veio e me trouxe alguns jornais... Você sabia que eu escrevia antes do acidente?

– Sabia. – Sorri. Ela revirou os olhos e cruzou os braços. – Eu sei de muitas coisas sobre você.

– Eu tenho reparado. – Ela sussurrou e inclinou a cabeça mais uma vez. – Eu achava que você era só um cara famoso fazendo uma caridade... Mas eu acho que você...

– Que eu te conheço. – Acabei deixando aquilo escapar, mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a porta do elevador se abriu e eu empurrei a cadeira para fora.

 

O terraço do hospital não tinha nada demais, não era bonito ou tinha algo de romântico, só tinha uma vista legal e Liv podia olhar pro céu. O que não acontecia no quarto dela.
Deixei a cadeira dela perto o parapeito e a vi olhar para cima, olhando o céu se misturando em tons de azul escuro, azul claro e vermelho. Fixei meus olhos nos carros e nas pessoas que passavam lá embaixo e nem sabiam o que estava acontecendo aqui.

 

– O doutor Jones disse que eu já estou bem. – Ela começou, parecia pensar e pesar as palavras. Eu a olhei e a vi me olhar de volta, pela primeira vez, em dias, ela me olhou nos olhos. – Vão tirar o meu gesso amanhã cedo e só vou precisar fazer mais alguns exames e... E vou poder sair daqui. Ir pra casa.

– Mary vai adorar saber disso. – Sussurrei e abri um sorriso quase automático, estiquei a mão para ela, mas não tive nada em troca. Liv olhou para frente e mordeu o lábio inferior.

– Acho que não. – Balbuciou enquanto ajeitava os cabelos escuros. – Eu vou pra casa mesmo. Pro Brasil.

– Você... o que? – Gemi. Queria não parecer chocado, mas não consegui. Liv arregalou os olhos. – Não pode ir embora. Quero dizer... O seu tratamento e... Seu médico.

– Eu posso continuar o meu tratamento lá e...

– Como vai pagar sua passagem?

– Frank disse que o NY Post pagaria para mim sem problema.

– Olivia, não. – Eu não podia me desesperar. Eu não queria me desesperar também. Mas foi quase impossível. Já tinha sobrado tão pouco dela para mim e agora... E agora tudo estava sumindo. E eu não tinha controle. – Não pode ir embora assim.

– Aqui não é mais a minha casa. – Ela desviou o olhar mais uma vez. Eu podia ver as lagrimas brincando nos seus olhos e como ela fazia força para não chorar. – Eu não me lembro dessas ruas ou de como é dirigir aqui. Eu não sei nem aonde eu morei. Eu me sinto perdida... Como se essa vida que vocês contam... Não fosse minha. – Ela respirou fundo e secou uma lagrima. Me permiti fazer o mesmo, quase nem tinha reparado que estava chorando também. – Eu vi fotos. De como eu estava sorrindo... Com você e com a Mary. Como eu estava trabalhando e bem sucedida, mas quando eu olho para isso, parece que não sou eu... É como ver um filme... Um filme em que a protagonista se parece muito comigo.

A olhei, não consegui conter um riso que nasceu em meu peito, mas acabei por me ajoelhar junto a ela. A vi secar as lagrimas com pressa e sorrir para mim. Os dedos dela procuraram os meus e assim que nossas peles se tocaram, eu senti uma vontade louca de abraça-la e chorar, pedindo que ela não fosse embora, que ficasse comigo para sempre.

– Eu sei que eu represento alguma coisa pra você, e... E você não faz ideia de como eu queria me lembrar do que você lembra... – Eu quis desviar o olhar, mas ela segurou meu queixo, me obrigando a olha-la nos olhos. Deus, porque eu estava passando por aquilo? Por que eu ia perde-la? Por que? – Mas agora... Você é só um cara famoso que parece milagrosamente interessado em mim... É como se eu estivesse em uma fanfic. – A vi sorrir, um sorriso torto e magoado. Ela deveria estar se culpando por não conseguir lembrar de mim. – Eu preciso da minha família e da minha casa...

– Eu entendo. – Não era mentira, mas também não era verdade. Ela apertou minhas mãos nas suas. – Você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Liv. E, meu deus, você é como o vento... Veio, bagunçou as coisas e está indo embora... Tudo o que eu queria era... Conseguir manter você comigo... Como devia ser. – Eu estava chorando e ela também. Pela milésima vez. – Mas eu te amo tanto que... Eu sou capaz de te ver partir.

– Então você me ama? – Ela disfarçou o choro com um sorriso tímido.

– Mais do que você pode imaginar.

 

~||~

 

P.O.V. Liv

 

O apartamento de Mary estava lotado de pessoas que passavam diante de mim como se fosse flashs de um passado que eu não tinha vivido. Havia uma mulher que chorava junto, abraçada a um homem meio careca. O vizinho ruivo também estava ali, meio perdido no meio das pessoas, assim como eu.

Estava diante de um espelho de um quarto vazio. A maioria das minhas coisas já tinham sido empacotadas e estavam a caminho do Brasil. E eu estava ali. Em um lugar que parecia ter sido meu, com pessoas que pareciam me amar e se importar comigo. Mas tudo que eu conseguia pensar era em como eu estava ansiosa para chegar em casa.

Fechei a porta do quarto e fui até a sala. Mary e as outras pessoas estavam me esperando, como se fossem me enterrar. Tentei sorrir da forma mais sincera que consegui e entre todos os olhos de luto, encontrei os olhos de Ansel.

Era engraçado como a vida tinha nos levado até aquele momento. Ele estava ali, a alguns passos de mim e eu, com a minha mochila nas costas, pronta para ir embora. Para deixar o Astro de Hollywood que tinha dito que me amava.

Ele não me olhou nos olhos, ficou com o olhar fixo na xicara que estava nas suas mãos e ficou encostado na parede enquanto começaram a me abraçar.

 

Meu vizinho ruivo disse que esperaria a minha volta e a irmã dele disse que eu iria ficar bem logo; Frank e o editor chefe do New York Post me abraçaram e disseram que sempre haveria um emprego para mim quando eu quisesse; uma garota loira, que logo depois eu entendi que era irmã de Ansel, chorou um pouco quando me abraçou e gaguejou algo sobre eu ser a irmã que ela sempre quis e que eu continuaria sendo; o casal de senhores, que eram os pais de Ansel, também estavam tristes quando me abraçaram, a mãe me disse que eu era um presente do céu e o pai me eu um pequeno envelope, disse que eu só deveria abrir no Brasil.

– Bello. – Mary sussurrou quando as pessoas se afastavam de mim. Ela me abraçou. Me lembrava pouco dela, mas sabia que algo em mim gostava dela. Gostava muito. – Você é a minha melhor amiga. – Ela estava chorando, mas não deixava de ser linda nem naquele momento. Lentamente, Mary tirou do pescoço um colar, com um pingente de rosa. – Que isso te proteja, que te dê segurança. E que te deixe mais forte... Pra voltar pra mim

Vi o colar que Mary tinha me dado ficar ao lado de um colar prateado, com uma arvore, que eu trazia no peito desde o hospital. Sorri para ela e menti, disse que iria me lembrar logo dela e que já estava voltando, também a fiz prometer que não iria colocar ninguém no meu quarto.

Quando acabamos de nos despedir, Ansel se aproximou, disse que ia me acompanhar até o aeroporto. Não achei ruim. Eu gostava de estar com ele mesmo sem saber exatamente o que ele representava para mim.

– O dinheiro da venda do seu carro... – Ele tentou começar a conversa assim, quando entramos no carro, mas eu ri. Era um jeito ruim de se dizer adeus, não?

– A Mary disse que vai depositar na minha conta. – Disse, o interrompendo.

– Eu não queria que você fosse embora. – Ele sussurrou enquanto acelerava pela avenida em direção ao aeroporto.

– Eu não posso ficar. – Temi ter sido grossa, mas Ansel pareceu não ter se importado.

– Eu entendo. – Ele disse e depois veio o silencio.

Eu não sabia como impedir que toda aquela estranha conversa morresse, e então corri os dedos para o rádio do carro dele. Desviei o olhar enquanto escutava a voz baixa de Ed Sheeran sussurrar:



So honey, now, take me into your loving arms

Kiss me under the light of a thousand stars

Place your head on my beating heart, I'm thinking out loud

And maybe we found love right where, we are

 

Ansel não me olhou, mas eu podia sentir que ele estava prestes a chorar. Ainda imersos no silencio, ele estacionou no aeroporto e me acompanhou pelo check in, me ajudou a despachar a minha mochila e eu fiquei apenas com a minha bolsa.

Seguimos para a área de espera.

Olhei para a tela que dizia que eu só tinha que esperar mais vinte minutos até entrar no avião e ir para o Brasil, para a minha mãe, minhas irmãs... Para a minha vida. Para a vida que eu me lembrava e amava.

Estava quase convencida que nada podia me prender aos EUA, quando Ansel segurou meu pulso, com força. Mas eu não senti dor, senti o calor da pele dele na minha. Olhei para ele e depois para a imensa janela, podia ver o reflexo de Ansel, assim como os imensos aviões que estavam prontos para receber seus passageiros.

– Olivia, – Ele estava estranho, com o olhar fixo no meu, mas buscando algo em mim que eu não podia dar. Queria poder fugir e ao mesmo tempo, queria poder ser a Liv que ele conhecia. – E se... E se você me amasse?

Engasguei. Eu sabia que havia algo. Algo que meu corpo lembrava, algo que os meus sentidos lembravam, mas eu não. Será que era isso? Eu o amava também? Será que aquilo era possível? Amara alguém que você não conhece ou... Simplesmente não se lembra.

A voz de uma mulher soou, dizendo que todos os passageiros com destino a São Paulo tinham que embarcar naquele momento. Procurei os olhos de Ansel e encontrei algo que eu não esperava.

Era ele. O cara que eu vi nos filmes, o cara que vi no hospital, ao lado da minha cama, mas com os olhos cheios d’água, cheios de uma tristeza que eu não entendia. As palavras jamais resumiriam o que eu estava sentindo. E o que ele estava sentindo.

Eu teria que lidar com aquele peso para sempre.

– Se eu te amasse... Eu te deixaria partir.

Ele soltou minha mão depois que eu disse aquilo, já estava chorando. Queria abraça-lo, mas ele não queria mais o meu abraço.

 

Corri. Deixei Ansel para trás, com suas lagrimas e com aquele amor por mim que eu jamais entenderia. Ele precisava ficar sozinho. Eu precisava ficar sozinha.

Jamais entenderia o que aconteceu naquele momento, nunca iria conseguir contar aquela história.

Me sentei na poltrona e desliguei o meu celular. E antes que pudesse pensar em qualquer coisa, abri o envelope que o pai de Ansel tinha me dado de presente.

Era uma foto, e lá estava eu. Abraçada a Ansel, olhando para frente enquanto ele olhava para mim. Meu coração se apertou no meu peito, queria poder entender o que era aquilo, porque ele estava tão apaixonado por mim.

E atrás da foto, havia rabiscado:

 

Obrigado, Olivia. Por ser a garota que meu filho sempre esperou.
Eu sei que agora, você não se sente a garota dele, mas você é.
Você sempre será.
Estaremos te esperando de braços abertos quando voltar.
Também somos sua família.

 

Arthur Elgort

 

 

Olhei para fora do avião enquanto ele tomava altura. Eu não era a garota de Ansel, mas... Algo em mim era.

 

...

 

Dois Meses Depois

 

Ana e Bia estavam gritando na sala. Depois que eu voltei para Belo Horizonte, tínhamos nos divertindo muito abrindo as caixas e dividindo os meus antigos pertences. As meninas tinham visto coisas que não deveria ter visto: como algumas fotos com pessoas famosas que eu simplesmente não conseguia explicar. Mas agora, estávamos de volta a aquela paz que eu jamais encontraria em outro lugar.

Fazia alguns dias que a Interpol tinha trazido Mateus para o Brasil e que eu tinha ido até a delegacia dar o meu confuso depoimento. Eu não o tinha visto e estava fez por isso. Não estava preparada pra encarar o cara que era acusado por ter me feito perder a lembrança de uma parte da minha vida.

Minha mãe entendia tudo o que eu tinha passado e o que tinha acontecido comigo nos EUA tinha se tornado um assunto proibido na casa e na família. O importante era que eu ficasse bem e que fosse me lembrando das coisas ao pouco.

E estava dando certo.

Eu me lembrava de andar pelo Brooklyn com Mary e de comprar coisas na Starbucks para o Frank; me lembrava de parque e de festas; me lembrava de estar feliz como nunca.

 

Mas sempre deixava as memorias para lá quando tinha que correr pra ajudar minha mãe no almoço. Ela estava com os cabelos escuros presos em um coque e me pediu para levar a travessa de vidro para a mesa, já que naquele dia, o novo namorado dela estava indo para almoçar conosco.

Caminhei tranquilamente pela casa até ouvir uma voz que me fez correr até a sala. Minhas duas irmãs riam alto enquanto na televisão, um dos apresentadores de um Talk Show qualquer se sentava na frente de Ansel Elgort.

Sorri. Ele estava bonito. Ele era bonito.

Conversaram um pouco sobre o novo filme que ele estava gravando e como estava seu relacionamento com Violetta, já que eles tinham voltado depois de alguns meses separados. Ansel sorria, mas mantinha as mãos junto as pernas. Ele estava nervoso, assustado.

– Então, me diga, Ansel, como é isso de relacionamento sério? – O apresentador sorriu e a câmera focou em Ansel. Ele ficou em silencio algum tempo, mas depois sorriu.

– Na verdade, eu tenho muita sorte porque sou apaixonado pela minha melhor amiga.

 

Minha mente trincou. Antes que eu percebesse já tinha largado a imensa travessa de vidro da minha mãe e ela tinha se desfeito em pequenos pedaços, assim como os legumes, que se espalhavam pelo chão.

As lagrimas se formaram nos meus olhos assim como as lembranças se formaram na minha mente.

Uma opera, o sorriso acolhedor de Ansel, o restaurante, o parque, a árvore, o jantar, as vezes que nos beijamos, as vezes que transamos, as vezes que ele me fez sentir a mulher mais sortuda do mundo. Todas as vezes em que eu queria que o mundo se explodisse porque eu tinha Ansel para mim e só para mim.

E, meu deus, eu o amava. Eu o amava mais que tudo.

 

Ansel


Notas Finais


Obrigada a todos que acompanharam a minha primeira fanfic até aqui.
Obrigada por me darem forças para continuar fazendo o que eu mais amo no mundo.
Isso não é um Adeus, é um Até logo.

Voltarei em breve com mais uma Fanfic, desta vez com o Justin Bieber como protagonista.
Agradeço a todos que torceram e que amaram a história do Ansel e da Olivia assim como eu.


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