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História Elas - I


Escrita por: Bane

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Capítulo 1 - I


Fanfic / Fanfiction Elas - I

 

 O céu é de um azul profundo, prestes a escurecer o suficiente para se tornar o tom definitivo da noite.

 Eu ando devagar, mas não me entenda mal, não quero ser assaltada nem nada, apenas não me sinto disposta. Não acho forças pra fazer minhas pernas funcionarem um pouco mais. Claro que não tem nada a ver com cansaço físico. O peso em meu peito não me deixa confundir as duas coisas.

 Vejo o ônibus do qual eu acabara de descer passar por mim, desaparecendo entre as luzes de faróis que tomam conta do tráfico.

 Como pode ser tão difícil assim fazer a mais simples das tarefas?  Andar. É só andar, digo pra mim mesma. Você vai chegar em casa - não que isso seja encorajador - só ponha um pé depois do outro.

 E chego. Muitos minutos depois.

 A rua está deserta, escura, a mochila pesa em minhas costas. Ao girar a maçaneta, o meu reflexo no vidro da porta parece mais acabado do que o normal. 

 - Amelie? - meu irmão chama - Como foi hoje?

 Fecho a porta atrás de mim. Quero responder, juro que quero, mas a voz não sai. De qualquer forma, Julian já deve estar totalmente acostumado comigo; tendo 19 anos e sendo o irmão mais velho.

 Não o vejo na sala nem na cozinha, deve estar em seu quarto. Preferiu se acomodar no primeiro andar depois que... 

 Suspiro.

 - Ok, então! - ouço ele responder a si mesmo.

 Subo as escadas, viro e entro no quarto. A primeira coisa que vejo são elas.

  As pílulas.

 Me assombram como fantasmas. Encosto a porta do quarto e jogo a mochila num canto, retirando os tênis no processo.

 Parecem doces, coloridas, enfeitando minha mesa de cabeceira. Elas me mostram que não sou normal. Me mostram que não consigo sem elas, e também que não estou conseguindo com elas. Sinto um nó já familiar na garganta.

 Não me dou o trabalho de ligar a luz do banheiro quando entro. A porta de vidro fosco faz com entre luz o suficiente para que eu enxergue algumas coisas. Mas não o suficiente para que eu me veja com nitidez, não quero me ver. O espelho parece um monstro se agigantando sobre mim.

 Ouço um "clic" quando a porta de correr se fecha, e então não as consigo ver. As pílulas não estão mais a vista.

 Mas sei, e sempre vou saber, que estão ali.

 Sinto que esse será um longo banho. 

 



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