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História Em outra vida (Fanfic Lady Dimitrescu) - Halloween - parte 1


Escrita por: Arwen_Nyah

Notas do Autor


peço desculpas pelo sumiço, tenho prova domingo e por isso não tenho tido tempo de escrever.
vou postar algumas oneshots pra vocês não ficarem sem material de leitura e volto em breve com Belas Criaturas e Brumas de Safira.

Espero que gostem e podem xingar à vontade!



Boa leitura!!

Capítulo 3 - Halloween - parte 1


Setembro

Judith riu alegremente quando Pernalonga finalmente apareceu, estava esperando por isso desde o início do filme. Elas costumavam passar os fins de semana com Alci e as meninas, e por mais que Judy amasse passar um tempo com Bela que era sua melhor amiga e meia-irmã, em um futuro próximo elas seriam irmãs completas, também se sentiu ansiosa por passar um tempo a sós com Ella naquela noite de sexta-feira; já passava da sua hora de dormir, mas estavam assistindo Space Jam na HBO, o segundo filme da noite, e Ella fez mais pipoca para as duas dividirem e isso fez Judy feliz.

Ela gostava de passar tempo com tia Agatha, que esta noite resolveu sair com alguns amigos, e Alci, mas também estava ansiosa para uma noite das garotas como faziam antes da sua pequena família crescer.

Ella acariciou seus cabelos e Judith se inclinou em direção ao toque. Não importava que as meninas más da escola dissessem que ela não tinha mãe ou um pai, sua irmã mais velha era perfeita para cuidar dela, e agora elas tinham mais pessoas ao seu redor; Judith aprendeu a lidar com essas provocações, assim como para defender Bela quando alguém implicava com ela e, em retribuição, sua nova meia-irmã dizia para todos que Alcina era mãe de Judith, juntas elas passariam pela escola em relativa tranquilidade.

- Só mais esse filme – Ella sussurrou – E depois cama.

- Tá bom – Judith riu baixinho – Prometo que juro, mas só se você construir um forte pra mim.

- Então eu juro que prometo construir seu forte.

Outra coisa que Judith adorava na irmã mais velha era que Ella estava sempre disposta a construir fortes, deixar que usasse as panelas da cozinha em fantasias, sair para acampar e fazer todo tipo de coisa; sua irmã dizia que era importante estimular sua imaginação, exercitar a criatividade era tão importante quanto aprender matemática na escola, e enquanto suas colegas de sala tinham sempre que estar limpas e bem arrumadas, Judy podia aflorar seu lado selvagem, explorar uma floresta ou voar até a lua sem nem mesmo sair do seu quarto.

O filme se desenrolou por mais alguns minutos, LeBron James foi enviado de um mundo para o outro e Judy gargalhou a cada vez, na sua opinião o melhor foi o do Harry Potter, ela ainda não tinha idade para os livros mas já havia assistido os filmes com Ella e as duas eram da Grifinória.

 Talvez convencesse Ella de que era madura o suficiente para cuidar dos livros do Harry Potter em seu próximo aniversário, e mal podia esperar por isso.

Uma batida na porta chamou sua atenção e Ella beijou sua testa antes de murmurar que continuasse assistindo o filme enquanto atendia porta, o que Judith obedeceu porque os looney tunes finalmente tinham encontrado a Lola na ilha das amazonas e isso foi muito legal; Judy tinha uma mochila da Mulher Maravilha e uma lancheira da Capitã Marvel, e para ela eram as mais legais de toda a escola, o que é muito importante aos oito anos.

- Deve ser a Agatha sem a chave.

Judy não prestou atenção, não era incomum que tia Agatha voltasse falando engraçado e sem a chave, ela sempre ia direto para seu quarto e dormia até o dia seguinte.

- Vá embora!

O barulho da porta sendo escancarada assustou Judy que virou no sofá, havia um homem parado no limiar do apartamento, sua expressão era das melhores e ela não se lembrava de já tê-lo visto alguma vez; Ella permaneceu parada como se tentasse impedi-lo de entrar, o que só a deixou mais assustada, se sua irmã não o queria lá então Judith também não o queria.

- Ella, quem é?

- Ninguém – Ella respondeu com raiva – E já está indo embora.

- Eu não vou embora! – O homem respondeu de forma agressiva e deu um passo em direção à Ella, fazendo Judith se encolher no sofá – E sou seu pai, não se esqueça de onde veio sua...

- Sua o que? – Ella o cortou – Você não é bem-vindo aqui.

- Quero ver minha filha mais nova, não você.

O homem fez menção de ultrapassar a porta e entrar no apartamento, mas Ella o empurrou com toda a força e o fez recuar alguns passos.

- Porra! Você não tem permissão pra entrar na minha casa.

Judith arregalou os olhos, nunca havia visto Ella xingar daquele jeito e isso só a fez sentir mais medo; por sua vez, o homem não se deixou intimidar e avançou novamente.

- Eu quero ver a minha filha e quem você pensa que é pra tentar me impedir, sua merdinha? Se eu quiser levar ela embora vou levar!

- Se depender de mim você nunca mais coloca os olhos na Judith, pode procurar um advogado e levar isso à justiça se achar melhor mas qualquer juiz em sã consciência jamais te dará a guarda dela.

- E qual juiz vai gostar de saber que uma sapatão como você está cuidando de uma garotinha? – o homem riu, mas não pareceu achar graça alguma – Mal precisei colocar os pés nesse inferno de cidade pra algum desgraçado me contar que você está indo pra cama com uma mulher mais velha do que você.

Judith não sabia o que aquela palavra significava, e Ella sempre dormia na mesma cama que Alci e não parecia algo ruim, elas só tinham festas do pijama juntas, mas sua irmã não pareceu gostar nada disso.

- Judith, vá para o quarto e fecha a porta.

- Mas...

- Me obedeça!

A menininha pulou do sofá e correu em direção ao quarto da irmã e não ao seu, sempre se sentiu mais segura ali, e fechou a porta conforme lhe foi mandado, embora pouco tenha servido para abafar as vozes alteradas. Judith permaneceu de pé, no escuro, com as mãos unidas sobre o peito enquanto encarava a porta fechada sem saber o que fazer.

Algo de vidro quebrou e Ella gritou fazendo Judith saltar em meio à escuridão. Seu coração bateu em disparada e parecia desejar fugir do peito, seu primeiro pensamento, baseado totalmente no instinto e no amor que sentia pela irmã mais velha, a fez avançar em direção à porta, mas parou ao tocar a maçaneta; ela havia aprendido o que fazer nesses casos, Ella sempre a ensinou como agir e a professora apenas reforçou na escola o que já sabia desde pequena.

O celular da irmã jazia sobre a mesa de cabeceira, Judith o pegou com as mãozinhas trêmulas e digitou o número da emergência, o tom de chamada tocou algumas vezes e ela esperou impaciente enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas até que a voz suave de uma mulher soasse do outro lado da linha.

Judith engoliu o choro e fez como havia sido ensinada.

- Meu nome é Judith Lancaster e um homem entrou na minha casa e ele está machucando minha irmã.

- Ok, querida, pode me dizer seu endereço? – a voz continuou calma e ajudou Judith a se acalmar e conseguir passar o endereço da forma certa – Uma viatura chegará em poucos minutos, fique comigo enquanto isso, sim querida? Onde você está? Você está segura?

- Estou no quarto da minha irmã, esse é o telefone dela – Judith soluçou baixinho – Ela me mandou ir para o quarto e eu obedeci.

- Ok, muito bom querida, você está indo muito bem. Apenas mais alguns minutos... Quantos anos você tem?

- Oito, mas faço nove em novembro.

- Certo, Judith, tinha mais alguém na casa com você e sua irmã?

- N-não – Judith soluçou de novo enquanto lutava contra o choro – Eu moro com a minha irmã mais velha e minha tia Agatha, mas ela não está.

- E um homem invadiu sua casa?

- Ele bateu na porta, mas minha irmã não quis deixar ele entrar e ele disse que é meu pai e queria me levar embora.

Ella gritou mais uma vez e o homem pareceu rugir como um monstro, talvez realmente o fosse e Judith começou a chorar.

- Por favor, vem depressa! Ele vai machucar a minha irmã!

- Só mais alguns minutos, querida. Você pode se esconder? Preciso que você fique na linha e permaneça segura.

- Posso me esconder no armário.

- Ótimo, querida, faça isso e espere, a polícia está a caminho.

- Depressa!

Judith correu para o armário quando alguma coisa quebrou na outra sala, talvez um vaso ou a tigela de cerâmica que usavam para guardar as chaves, e se enfiou o mais fundo possível antes de fechar a porta; de alguma forma o espaço pequeno, e o cheiro da irmã mais velha que parecia predominante no lugar, fez com que se sentisse segura e protegida, mas ainda estava com medo.

- Estou escondida – falou baixinho – Acho que ele quebrou alguma coisa, posso ouvir minha irmã...

- O que sua irmã está dizendo?

- Eu não sei, mas ela gritou e está chorando.

- A polícia está bem perto agora, querida, basta esperar e continuar na linha.

Ao apurar os ouvidos pode ouvir, mesmo dentro do armário, o som das sirenes se aproximando e isso a fez chorar baixinho de alívio e até mesmo gratidão.

- Posso escutar as sirenes.

- Sim, querida, a polícia está indo até você... Vocês ficarão seguras, mas não desligue o telefon...

Tarde demais, Judith precisava fazer outra ligação e era muito importante. Já sabia muito bem como usar o celular da irmã, e percorreu a lista de contatos com os dedinhos até se lembrar que Alcina devia estar bem no topo porque começava com a letra A, ela já havia aprendido ordem alfabética na escola mas se esqueceu momentaneamente, e tocou em sua foto para fazer uma chamada de vídeo.

[...]

Alcina estava no fim da primeira taça de vinho daquela noite. As crianças estavam na cama, felizmente dormindo, e Donna aceitou seu convite para um jantar e algumas taças de vinho, tudo o que ela precisava depois de uma semana cansativa no trabalho; havia planos com Ella e Judith para o dia seguinte, mas nada que a forçasse a acordar cedo demais.

Donna estava no meio de uma história sobre seu último encontro quando o telefone sobre o balcão vibrou anunciando uma nova ligação, ao ver o nome de Ella em uma chamada de vídeo Alcina pediu licença para a irmã e atendeu rapidamente.

- Olá, amor, o que acontec...

Alcina não terminou de falar, não era o rosto sorridente de Ella e sim Judith chorando, a face iluminada apenas pelo brilho da tela do celular enquanto parecia estar em um lugar escuro.

- Judith? – Alcina se alarmou já levantando do banquinho onde estava empoleirada – Aconteceu alguma coisa?

Ao ser questionada Judith começou a chorar ainda mais forte, soluçando enquanto lágrimas gordas escorriam por seu rostinho e Alcina começou a procurar pelas chaves do carro.

- Um homem entrou em casa, ele está machucando a Ella – Judith contou entre soluços – A polícia está chegando, mas estou com medo.

- Tudo bem, querida, estou indo, ok? Espere por mim.

- A moça do telefone me mandou ficar escondida, entrei no armário da Ella e estou aqui...

- Fique aí, querida, não saia até Ella ou um policial te buscar, fique bem aí que eu já estou indo.

Alcina encontrou as chaves jogadas sobre a mesa de jantar e suspirou de alívio, bastava encontrar os malditos sapatos. Judith continuava soluçando baixinho na ligação e Donna começou a segui-la pela casa, provavelmente ao ouvir a ligação e se dar conta de que algo muito errado estava acontecendo, Judy não era o tipo de criança que mentia para pregar peças.

- Alci – Donna chamou suavemente e apontou para o armário ao lado da porta – Seus sapatos estão lá.

- Obrigada, Donna. Você poderia...?

- Eu fico com as meninas pra você.

Abraçou a irmã rapidamente sem saber como agradecer pela ajuda com meras palavras, calçou as botas rapidamente e saiu correndo de casa até o carro; Judith continuava na linha e, embora Alcina não pudesse escutar mais nada sabia que as coisas ainda não estavam resolvidas. Tudo o que queria era chegar até elas e matar quem quer que ousasse tocar na mulher que amava, garantir que Judith estava bem e levá-las para casa.

- Querida, mamãe está indo – Alcina tentou tranquilizar a criança enquanto seu coração batia em disparada no peito. Entrou no carro e colocou o celular no suporte preso ao painel, dessa forma podia ver Judith enquanto dirigia – Fique calma, docinho, mamãe está indo até você. Estou indo...

- Depressa!

Judith parou de falar e seu olhar se perdeu, como se sua atenção fosse levada para longe, a possibilidade de algo estar acontecendo fez Alcina estremecer.

- Judy, o que está acontecendo?! Querida, precisa me contar o que está acontecendo!

- Acho que a polícia chegou.

Alcina tentou se tranquilizar, os nós dos seus dedos já estavam brancos tamanha a força que usava para agarrar o volante. Uma porta foi aberta e Judith pareceu assustada, ao que Alcina voltou a tranquiliza-la, a essa altura dirigia o mais rápido possível sem capotar o carro na primeira curva, uma voz feminina desconhecida chegou até ela e a chamada foi encerrada; seu lado lógico tentou lhe dizer que a polícia havia chegado e pelo menos Judith estava em segurança, mas ainda assim o desespero ameaçava consumi-la e só ficaria tranquila ao estar do lado das duas.

Provavelmente havia conseguido pelo menos três multas por atravessar sinais vermelhos, mas lidaria com isso futuramente, Alcina não se importava em pagar qualquer quantia desde que conseguisse chegar até Ella o mais rápido possível.

Ao virar na rua em que ficava o prédio em que Ella morava, uma construção de tijolos vermelhos que era deveras charmosa, notou a viatura de polícia com as sirenes ligadas e, para seu desespero, uma ambulância.

O carro sequer havia parado totalmente quando Alcina saltou, deixou a porta aberta e correu pela calçada até que viu Ella sentada na ambulância com um cobertor jogado sobre seus ombros e Judith ao seu lado; ao vê-la a pequena menina gritou e se desvencilhou do paramédico que tentava examiná-la, saltou da ambulância e correu em sua direção.

- Alci!

Judith praticamente se jogou em seus braços e Alcina a pegou, levantou-a para que enlaçasse sua cintura com as pernas e abraçasse seu pescoço.

- Estou aqui, querida. Mamãe está aqui – disse ao esfregar as costas de Judith – Você está bem? Se machucou?

- Não, mas a Ella sim – Judith choramingou – Fiquei com medo.

- Eu sei, mas você foi muito corajosa ao pedir ajuda para Ella.

Não houve uma resposta, Judith parecia feliz em deitar a cabeça em seu ombro e se aninhar ali em busca de conforto que Alcina estava feliz em proporcionar. Alcina se desvencilhou da policial que se aproximou perguntando se ela era de fato a mãe de Judy, não havia tempo para explicar a situação familiar e tudo o que queria era checar Ella, garantir que estava tudo bem e que quem quer que fosse o invasor tivesse uma longa estadia atrás das grades.

Ella estava sentada na parte traseira de uma ambulância enquanto o paramédico fazia um pequeno curativo em sua sobrancelha esquerda, além disso, havia um hematoma que se estendia no alto da bochecha direita e um pequeno corte no lábio, sua mão esquerda estava enfaixada mas não conseguiu notar qualquer ferimento mais grave do que isso.

Com um sorriso cansado e forçado, Alcina reconheceu pela falta de brilho em seus olhos, Ella encorajou que se aproximasse e assim o fez, beijou seu rosto delicadamente ainda que longe de qualquer ferimento.

- Draga mea...

- Estou bem – Ella disse com a voz firme – Apenas alguns ferimentos, mas preciso dar queixa e... Você pode levar Judith para sua casa?

É claro que Ella tentaria parecer forte, precisava tranquilizar a menina assustada. Alcina estava prestes a dizer que sim, levaria Judith para sua casa e assim que a colocasse segura na cama iria encontrá-la em qualquer lugar, mas foi interrompida pela chegada que Agatha que parecia um tanto quanto afobada.

- O que aconteceu? Recebi sua mensagem! Foi mesmo...?

- Foi – Ella também a interrompeu e lançou um olhar significativo em direção a Judith – Só preciso prestar depoimento e serei liberada.

Depois de uma breve conversa, onde poucos detalhes foram revelados, Alcina sugeriu que Agatha levasse Judith para sua casa e passasse a noite lá.

- Minha irmã, Donna, está cuidando das crianças e vai recebê-las.

Mas Judith agarrou-se em seu pescoço, recusando-se a deixá-la ir.

- Judy, vá com a tia Agatha, por favor – Ella pediu – Nada mais vai te fazer mal hoje e eu preciso acompanhar os policiais.

Apesar de Agatha ser uma figura reconfortante que remetia a lar e proteção, foi difícil fazer com que Judith concordasse e finalmente soltasse o pescoço de Alcina, ainda assim machucou o coração da condessa ter que entregar a menina à outra pessoa. Assim que as duas desapareceram no interior no carro de Agatha, Alcina abraçou Ella com todo o cuidado e depositou um beijo rápido em sua testa; longe da criança, pode ver como sua namorada se deixou abater e demonstrou como estava cansada.

- Estou aqui, amor – Alcina disse com suavidade – Precisamos de um advogado?

- Eu não sei... – Ella suspirou e baixou o olhar – Não sei o que fazer.

O paramédico voltou para examinar a mão esquerda de Ella, e Alcina notou que havia pontos em um core que parecia ter pelo menos três dedos de comprimento.

- Meu pai – disse Ella sem emoção alguma na voz – Praticamente invadiu meu apartamento, nós discutimos e, bem, aqui está o resultado.

Rapidamente, porém com uma riqueza de detalhes que fez o rosto de Alcina queimar de raiva, Ella contou o que aconteceu. Assim que Judith foi para o quarto como Ella mandou, seu pai a empurrou e a fez derrubar um vaso, a briga continuou enquanto ele tentava invadir o apartamento e após tentar empurrá-lo para fora recebeu um soco que a acertou de raspão e causou o hematoma no rosto; Ella conseguiu se defender atingindo-o no joelho e, como retribuição, foi lançada sobre os casos do vaso quebrado o que lhe causou todos os cortes, exceto o do lábio que foi o resultado de um tapa.

- Ele nunca mais vai chegar perto de vocês – Alcina prometeu com uma ferocidade que não sentia há muito tempo – Vou garantir isso, meu amor.

- Eu sei.

A mesma policial voltou e começou a falar sobre prestar queixa por crime de lesão corporal, o laudo médico dos ferimentos seria anexado aos autos e poderiam dar início ao inquérito; ao notar a expressão cansada de Ella, Alcina tomou as rédeas da situação e garantiu que aquilo poderia ser feito no dia seguinte na presença de um advogado, ela coloria toda sua equipe jurídica à disposição da sua namorada, além disso, pediriam a prisão preventiva do flagranteado até a audiência de custódia. Demorou algum tempo até que fossem liberadas e só depois que Alcina garantiu que Ella teria um lugar par ficar, Judith também precisaria depor e isso poderia causar novas emoções fortes demais para uma criança cansada e assustada.

Ella não disse uma só palavra durante todo o trajeto, mas aceitou segurar a mão de Alcina enquanto esta dirigia com a outra.

A casa estava silenciosa, nenhum sinal de que as meninas tivessem acordado e Alcina suspirou aliviada, só queria levar Ella para a cama e deixá-la descansar por algumas horas; Donna estava sentada no sofá com uma taça vazia e levantou-se imediatamente ao vê-las, após um breve abraço sua irmã se afastou com cuidado.

- Você está bem?

Ella assentiu e tentou forçar um sorriso, mas falhou miseravelmente.

- Ella precisa descansar – disse Alcina – Obrigada pela ajuda, Donna.

Donna segurou sua mão e a apertou de forma reconfortante antes de responder:

- Coloquei Agatha e Judy no quarto de hóspedes no fim do corredor, a menininha dormiu imediatamente mas acho que sua amiga está acordada.

Ella agradeceu e pediu licença para deixá-las a sós, subiu as escadas e desapareceu no andar de cima, provavelmente para checar Judith, o que deixou as irmãs sozinhas e Alcina se permitiu demonstrar como estava cansada.

- Por favor, Donna, tome o segundo quarto de hóspedes e passe a noite, está tarde para voltar pra casa sozinha...

- Dessa vez irei aceitar, vocês vão precisar de ajuda amanhã, mas agora vá encontrar Ella e garantir que tudo vai ficar bem.

Alcina fez o que sua irmã mandou e se despediu com um breve abraço, não sabia o que teria feito sem Donna e sem qualquer babá, considerava-se sortuda por ter uma rede de apoio e provavelmente não teria conseguido criar três filhas sem isso. Encontrou Ella saindo do quarto e esperou-a no corredor, não disseram uma palavra porquanto não eram necessárias naquele momento e apenas seguiram juntas para o quarto de Alcina.

Ainda em silêncio, Alcina ajudou Ella a se despir completamente e guiou-a para o banheiro para lavar os resquícios daquele dia horrível. O chuveiro quente logo encheu o banheiro em uma névoa que devia ser agradável, Alcina tirou as próprias roupas e deixou-as no chão; devagar e com cuidado para não assustá-la, aproximou-se de Ella e a abraçou por trás deixando que seu corpo se moldasse ao dela daquela forma perfeita que só poderia acontecer com as duas. Serpenteou as mãos pela cintura perfeita e enlaçou-a para que sua namorada ficasse impossivelmente mais perto, era incrivelmente perturbador, não por ser sexy mas exatamente por não ser.

Ella parecia ainda menor, seu corpo balançou com os soluços quando finalmente se entregou às lágrimas que segurou durante todo o tempo e Alcina a segurou com mais força, tentando demonstrar que estava ali para dar suporte no que fosse preciso. Os soluços aumentaram e o choro se tornou convulsivo, mas ainda assim Alcina nada disse sabendo muito bem que não haveria palavras o suficiente para consolá-la naquele momento, nada que diria poderia ser bom o suficiente então concentrou-se em ser o apoio, o porto seguro de Ella.

Aos poucos o choro diminuiu, tornou-se apenas um lamento dolorido como o de um animalzinho que apanhou maldosamente sem saber o porquê.

- Estou aqui, meu amor – Alcina sussurrou – Não vou sair do seu lado.

Sua resposta foi um aceno fraco, mas bastou.

Quando o choro cessou e as lágrimas pareceram ter secado, Alcina desligou a água e envolveu Ella em uma toalha felpuda. Diligentemente guiou a namorada para a cama e vestiu-a em uma dos seus moletons confortáveis para que pudesse descansar e isso a fez sorrir.

- Cheira como você – Ella explicou – Eu gosto.

Metade das roupas de Ella estava em seu armário, mas ainda adorava roubar os moletons que Alcina tinha mas se recusava a ser vista usando em público. Bem vestida e quente sob as cobertas, Ella relaxou quando Alcina deitou-se atrás dela e a abraçou mais uma vez, aspirando seu cheiro reconfortante.

- Amor?

- Sim, draga mea.

- Amanha... Você pode ficar ao meu lado?

Como se Alcina pudesse sonhar em não estar ao lado dela.

- É claro, draga mea, não sairei do seu lado.

Ella suspirou mais uma vez e virou-se para esconder o rosto no pescoço de Alcina.

- Eu te amo.

- Também amo você, draga mea.

No dia seguinte elas foram até a delegacia e Ella prestou depoimento acompanhada por sua advogada, depois precisou acompanhar o depoimento de Judith e ao saírem da sala Alcina percebeu como foi difícil segurar as lágrimas mais uma vez; pelo menos conseguiram o mínimo esperado e o pai de Ella, ou melhor, o agressor, ficaria preso até a audiência de custódia como forma de prevenir caso resolvesse persegui-las mais uma vez.

Levaria algum tempo até que as coisas estivessem de fato bem, mas aquela tarde elas se viram deitadas na cama espaçosa de Alcina, cercada pelas crianças para assistirem uma animação qualquer; Daniela se recusou a deixar o lugar no peito de Ella, enquanto Judith permanecia entre as duas mulheres, Cassandra deitada nas pernas de Alcina e Bela ao seu lado, mas foi perfeito desse jeito.

Alcina começou a pensar que a ideia de ter sua namorada e sua nova filhando morando com elas seria completamente perfeito.

[...]

Outubro

Alcina jogou a cabeça para trás e um gemido estrangulado escapou dos seus lábios antes que pudesse pressionar a mão para evitar novos sons, de onde estava entre as pernas da condessa Ella sorriu e voltou a sugar o clitóris latejante, agarrou as coxas um pouco mais e pressionou as unhas na pele pálida, ao que Alcina respondeu agarrando o topo da sua cabeça como se quisesse impedir de se afastar, como se pudesse fazer isso.

A intenção era apenas levar o almoço para a namorada, mas uma coisa levou à outra até que se encontraram nessa situação, com Alcina sentada sobre sua mesa no escritório, saia levantada até os quadris e Ella com a cabeça entre suas pernas.

A condessa rebolou contra seu rosto e Ella circulou o clitóris com a língua antes de sugar com mais força, Alcina gemeu, o som soou abafado contra sua mão, e jogou a cabeça para trás quando o orgasmo a atingiu; Ella continuou o que estava fazendo, ajudando-a passar pelos últimos tremores, até que a porta foi aberta violentamente.

- Ei, Alcin... Merda!

Ella saltou e se afastou o mais rápido que conseguiu.

Alcina desceu na mesa enquanto tentava ajeitar as roupas e parecer decente, sua expressão de raiva poderia matar um homem ajuizado de medo.

- Heisenberg! – Alcina grunhiu – Quem te deu permissão para entrar em meu escritório?!

Heisenberg, que virou de costas para lhe dar alguma privacidade, jogou as mãos para cima, mas sua voz escondia muito mal uma risada.

- Sua secretária foi almoçar e eu precisava falar com você.

- Se quer falar comigo então agende um horário.

- Que isso, somos família... – Heisenberg se virou quando Alcina disse que já estava vestida – E aí, loirinha, bom te ver! – ele apontou para o próprio queixo – Você tem um pouco de...

Sentindo o rosto queimar de vergonha, Ella limpou o queixo e evitou olhar para o cunhado.

- Oi, Karl.

- A que devemos o seu desprazer? – Alcina ajeitou o cabelo e se sentou em sua cadeira atrás da mesa – Seja rápido.

- Sempre uma simpatia – Karl resmungou – Preciso de um favor...

- É claro que sim – Alcina revirou os olhos.

Ella pousou a mão em seu ombro e apertou um pouco.

- Amor, seja gentil.

- É, seja gentil, irmãzona – Karl riu – Mas prometo ser rápido. É o seguinte, tô saindo com um cara que tem uma filhinha da idade da Daniela e pensei que elas pudessem brincar juntas.

Ella achou gentil que Karl estivesse tão interessado no novo namorado a ponto de se preocupar com a filhinha dele, mas Alcina parecia ter uma ideia diferente.

- Então ele tem uma filha e você não sabe o que fazer com ela.

- Precisamente.

- Eu sabia...

- Mas a Dani pode ter uma nova amiguinha, e Ella e minha nova sobrinha estão convidadas também – Karl se sentou na cadeira diante da mesa de Alcina e sorriu – E escuta só, a ex-mulher dele está morando com a Miranda.

- Quando você diz Miranda...

- A Miranda, la diabla, sua ex-namorada. Ethan pegou as duas em uma posição parecida com essa que eu presenciei entre vocês, nem preciso dizer que o casamento acabou.

- Sua ex? – Ella perguntou interessada – Dessa não vi ouvi falar.

- Nem vale a pena, amor, é passado e ela só me causou problemas – Alcina suspirou – Ok, Karl, pode marcar o jantar e estaremos lá com as crianças e a Dani pode brincar com sua nova enteada.

- Ótimo! O jantar é hoje na sua casa, estaremos lá às oito!

Karl não lhe deu tempo de responder e correu para sair da sala, deixando Ella e Alcina incrédulas.

- Ele acabou de se convidar para o jantar?

- Sim, amor – Ella tentou conter o sorriso – Ele fez isso.

- Não. Definitivamente não. Não tem a possibilidade de eu dar um jantar para o Karl e o namorado.

- Querida, é uma chance de conhecer o novo namorado do seu irmão que por acaso foi traído com a sua ex-namorada, e Dani vai ter uma amiguinha pra brincar – Ella baixou a voz: - Se elas estavam na mesma posição que nós, quem estava na mesa e quem estava entre as pernas?

- É com isso que você está preocupada?

- Seu irmão contou a história pela metade – Ella se defendeu – Se acha ruim, liga pro seu irmão e pede os detalhes.

Alcina suspirou.

- Ok, vamos dar o jantar e Dani pode brincar com essa menina, mas não sei se é uma boa ideia.

- Claro que é uma boa ideia.

Alcina esperava mesmo não se arrepender dessa decisão.

[...]

Quando a campainha soou Alcina soube exatamente quem era sem mesmo precisar atender à porta, conforme o prometido Ella havia chegado mais cedo com Judith e isso facilitaria sua vida, ao desejava estar sozinha quando seu meio irmão chegasse com o novo namorado.

Como sempre, Judy se jogou em seus braços e a abraçou com força ao que Alcina beijou seu rostinho e devolveu o gesto.

- Alci – Judith reclamou – Tá me esmagando.

- Sua coisinha – Alcina bateu o dedo em seu nariz – Sua sorte é ser tão fofa.

Judith riu e beijou seu rosto com força.

- Tenho um presente pra Bela – anunciou ao levantar uma sacola colorida – Onde ela está?

- No quarto, e ela também tem uma surpresa pra você.

A menininha correu e Alcina finalmente pode voltar sua atenção para a namorada, Ella estava tão linda como sempre e ao sorrir foi capaz de iluminar tudo ao seu redor. Alcina se inclinou para um beijo e Ella sorriu mais uma vez adorava beijá-la daquela forma lenta e carinhosa, com tempo para explorar e senti-la por inteiro.

- Oi – Ella ofegou ao se afastarem – Senti sua falta.

- Você me viu há algumas horas, draga mea.

- Ainda parece muito.

De fato parecia muito tempo. Alcina tinha orgulho de ser uma mulher comedida e no total controle de suas emoções, precisava ser para conseguir tomar conta dos seus negócios e criar três filhas, mas Ella era capaz de virar seu mundo de cabeça para baixo.

- Tenho presentes para Cassandra e Daniela – mostrou as sacolas de presente – O seu vou entregar mais tarde.

Alcina lançou um olhar sugestivo para o corpo da namorada. Ella usava calças apertadas que deixavam sua bunda com uma aparência deliciosa, uma camisa branca e um suéter azul marinho, roupas confortáveis, é verdade, mas que lhe faziam parecer quente e macia o que fazia Alcina desejar abraçá-la na cama a noite toda.

Fez com que Ella a seguisse até a sala de estar onde Cassandra estava jogada sobre o sofá, suspirando infeliz, e Daniela guinchou feliz em seu cercadinho ao vê-las entrar. Ella seguiu direto para a mais velha e acariciou seus cabelos escuros.

- Ei, Cass, qual o problema?

Cassandra suspirou parecendo sentida.

- Alguém comeu muitos biscoitos e um pacote de cheetos inteiro escondida e agora está passando mal – Alcina explicou – Não se preocupe, ela vai ficar bem.

- Eu tenho uma coisa pra você – Ella entregou a sacola maior para Cassandra – Espero que goste.

- Obrigada, Ella.

Alcina não pode deixar de sorrir para a maneira como Cassandra foi educada, das três filhas ela foi a que mais demorou a se apegar a Ella mas agora não perdia a oportunidade de perguntar quando a veria novamente. Cassandra tirou o livro comprido da sacola, a capa escura parecia laminada e a menina franziu a testa para o que quer que estivesse escrito.

- Preciso de ajuda pra ler – Cassandra pediu a Ella – Por favor.

- Historinhas de terror para crianças estranhas.

Cassandra fez uma careta.

- Sou estranha?

- Não – Ella riu – Mas o halloween está chegando e achei que fosse gostar.

- Você pode ler pra mim mais tarde?

- É claro que sim, Cass.

Parecendo bastante satisfeita, Cassandra se pôs a folhear o livro, ela não era como Bela que amava ler e não perdia a oportunidade, na verdade, Cass adorava legos e sempre estava construindo alguma coisa, mas halloween e histórias lidas por Ella eram seu ponto fraco. As duas bateram as mãos em um cumprimento só delas, e Ella se aproximou do cercadinho onde Dani mal podia se conter para ser pega; se Cassandra demorou para se apegar à Ella, Daniela estava completamente tomada e simplesmente a adorava.

- Oi, Dani! Senti sua falta.

- Ella! – Daniela gritou com a vozinha esganiçada – Colo! Colo!

Ella a pegou no colo e riu quando Dani pousou as mãozinhas em suas bochechas, a menininha mal podia esperar para ganhar alguma atenção sempre que estavam juntas. Alcina sorriu ao observar sua namorada encher a filha caçula de beijos, fazendo-a gargalhar gostosamente como só os bebês conseguem fazer; não poderia imaginar alguém melhor para estar ao lado das suas filhas, Ella e Judith se encaixavam perfeitamente em sua família e a condessa desejava que fosse algo permanente.

Enquanto Ella tirava um pequeno livro de borracha, do tipo que dava para levar para a banheira e o entregava para Dani, Alcina se aproximou de Cassandra e tocou seu rosto para verificar a temperatura, ainda que a menina só tivesse reclamado de dor de cabeça, além do vômito cor de laranja, ela se preocupava com seu bem estar; ao contrário de Bela e Daniela, Cass não gostava de ser abraçada quando ficava doente, tampouco que a mãe ficasse pairando ao seu redor, mas Alcina se preocupava e não podia deixar de verificar de tempos em tempos. Cass parecia bem, apenas um pouco abatida e isso fez a condessa se arrepender amargamente de concordar em receber seu irmão e o novo namorado para o jantar.

- Precisa de alguma coisa, querida?

- Não, mamãe – Cassandra resmungou em resposta – Estou bem.

Tão pequena e já tão independente. Alcina temia que fosse reflexo dos seus primeiros anos de vida, quando foi negligenciada, mas Cassandra estava se mostrando uma menina forte que se transformaria em uma mulher incrível um dia e ela teve a honra de se tornar sua mãe.

Dani gritou nos braços de Ella, parecendo completamente extasiada e muito animada com seu presente.

- Olha, mamãe, olha! – Daniela balançou o livro em sua direção – Patinhos!

Por ainda ter alguma dificuldade para falar corretamente, soou muito parecido com “mamain” mas Dani, com seu imenso amor pelas criaturinhas amarelas, pronunciou “patinhos” perfeitamente.

- Você ganhou mais patinhos, Dani – Alcina sorriu – Diga obrigada para Ella.

Seu aviso mal foi registrado, Daniela já estava abraçada ao pescoço de Ella como um pequeno coala e, por sua vez, a loira sorriu brilhantemente com o gesto de carinho vindo da criança, ainda que um tanto quanto atrapalhado.

- Dani – Cassandra chamou – Mostra seu patinho pra Ella.

Se fosse qualquer outra pessoa, mesmo Alcina, chamando, Daniela com certeza não daria ouvidos tamanha a sua concentração nas páginas emborrachadas do pequeno livro colorido, mas como se tratava de Cassandra logo a pequenina levantou o olhar e a fitou com os olhos arregalados; Dani se debateu nos braços de Ella para ser colocada no chão, e correu até o sofá onde um patinho amarelo de pelúcia de aproximadamente trinta centímetros foi momentaneamente esquecido, mas logo voltou aos braços da sua dona.

Dani desenvolveu uma paixão séria pelo patinho ao iniciar o ano escolar em uma nova turma, o bichinho se tornou seu objeto de conforto e era arrastado para todo canto e por isso Alcina tinha outros três escondidos em seu armário, um substituía o outro caso precisasse ser lavado.

- Eu amei seu patinho – Ella sorriu e se ajoelhou diante da menininha – Qual o nome dele?

- Sr. Monty – Daniela respondeu ao abraçar o patinho com toda a força que tinha – Amiguinho...

- É seu amiguinho?

Daniela respondeu com um aceno animado, ela amava aquela coisinha macia e Alcina achava isso muito fofo; Bela teve uma curta fase em que levava seu cobertor favorito para todos os lados e Cassandra não ia para a cama sem a chupeta e o paninho que gostava de cheirar, mas Dani era a única com um amor tão grande por um brinquedo.

A menininha fez com que Ella pegasse sua chupeta esquecida dentro do cercadinho e a colocou rapidamente na boca, Alcina pretendia tirar esse hábito assim que Dani completasse dois anos o que lhe dava algum tempo para se preparar para a batalha que viria. Ignorando-as completamente, e com seu novo livro e o patinho seguros em seus braços, Daniela caminhou até o sofá com toda a destreza que tinha e tentou escalar o móvel para ficar ao lado de Cassandra.

- Mamãe, socorro!

Alcina riu e ajudou Daniela a se deitar ao lado de Cassandra, tomando o cuidado de colocá-la entre a irmã mais velha e o encosto do sofá para que não caísse.

- Fica quietinha, Dani – Cassandra mandou – E você pode olhar as gravuras do meu livro comigo.

Daniela se virou para ficar de bruços, de modo a apoiar o rosto no ombro de Cassandra e poder observar o que fazia, seus olhinhos azuis brilharam ao não ser expulsa, não era sempre que tinha a oportunidade de dividir um brinquedo com uma das irmãs mais velhas.

- Mamãe e Ella vão lá em cima, Cassandra seja boazinha para Daniela – Alcina avisou em tom gentil, porém firme, ao observar que Daniela começou a bocejar e provavelmente estava se aninhando a Cassandra para uma soneca – Qualquer coisa é só me chamar.

- Acho que ela vai dormir – Ella disse em voz baixa – E não vai demorar.

- Dani se recusou a dormir depois que cheguei em casa para ver Cass – Alcina se abaixou e aplicou um beijo rápido em cada filha – Deixe que durma por alguns minutos, Cass, e me chame se precisar.

- Sim, mamãe – Cassandra acariciou a bochecha de Dani que já piscava longamente e não tardaria a dormir – É que ela me ama muito, por isso gosta de dormir comigo.

As duas mulheres se derreteram ao ouvi-la.

- Sim, querida, ela te ama muito.

Alcina lançou um último olhar para suas meninas aninhadas juntas, sabendo bem que Ella fazia o mesmo, antes de agarrar a mão da namorada e puxá-la até o andar de cima para verificar as mais velhas; apesar das briguinhas por brinquedos, principalmente porque Dani começava a cobiçar os das irmãs que pareciam mais divertidos que os seus de bebê, Cassandra era a que tinha mais paciência com ela; algo que para Alcina era incrível de assistir, esse sentimento fraternal florescer e tudo mais, já que Bela era uma boa irmã mais velha e acolheu Cass quando esta chegou à sua pequena e crescente família, mas a chegada de Daniela causou sentimentos mistos na filha do meio que sentiu-se trocada pela caçula. Difícil imaginar que Cassandra se recusava até mesmo a olhar para Dani e agora dificilmente as via longe uma da outra.

Ao alcançarem o andar superior puderam ouvir as risadinhas cúmplices, as mais velhas estavam em seu próprio mundinho no qual as mais novas ainda não eram bem-vindas e Alcina entendia isso, afinal, levaria algum tempo até que Cassandra, e principalmente Daniela, pudessem participar das mesmas atividades.

Bela e Judy estavam sentadas juntas, empoleiradas no alto da nova beliche que compunha a decoração do quarto da mais velha; o móvel de madeira branca combinava perfeitamente com as paredes pintadas de verde-água, um pequeno escorregador prendia-se a cama de cima até o chão e, pelos rostos afogueados das meninas Alcina desconfiou que o mesmo já havia sido usado várias vezes; havia sido um pedido da própria Bela, para que Judy tivesse uma cama para saber o quarto também lhe pertencia. É claro, Alcina esperava que Ella e Judith se mudassem e que pudessem morar todas juntas, então saber que sua filha mais velha estava mais do que ansiosa para isso tornou tudo mais fácil.

- Alci...

- Foi ideia da Bela – Alcina explicou – Mas eu gostei muito e combinou perfeitamente.

- Você não precisava.

- Precisava sim – a condessa insistiu – E tem uma cama embutida embaixo, para quando Cassandra ou outra amiguinha participar das festas do pijama.

Judy desceu acompanhada por Bela e a abraçou apertado, ao que Alcina devolveu o gesto e acariciou seus cabelos castanhos e lisos.

- Você gostou da surpresa?

- Muito. Obrigada, Alci.

- Qualquer coisa para minhas meninas – Alcina sorriu e acariciou o rosto de Bela que se postou ao seu lado – Agora vocês podem brincar até a hora do jantar, mas quando chamarmos é hora de descer.

- E comportem-se – Ella avisou – Ouviu, Judith?

- Pode deixar!

Depois que Bela abraçou e agradeceu Ella pelo novo livro, deixaram as duas meninas sozinhas novamente e voltaram para o corredor; no entanto, Alcina impediu a namorada de descer as escadas e a pressionou contra a parede mais próxima para beijá-la novamente, separando-se apenas quando o oxigênio se fez necessário.

- Acho que também senti sua falta – Alcina sorriu – É muito tempo.

Ella riu baixinho e selou seus lábios em um beijo rápido.

- Parecemos duas adolescentes.

- E não ligo nenhum pouco.

Trocaram mais um beijo antes de descer as escadas e encontraram Dani e Cass dormindo juntas, ressonando tranquilamente como os anjinhos que não eram quando estavam acordadas. Alcina aproveitou a calmaria para constar que também havia trocado o berço de Dani por uma cama de transição com grades de proteção, e em algum momento durante a noite a menininha acordou e foi dormir com a irmã mais velha, ao ser questionada por Cassandra disse que a menininha fazia isso porque a amava muito e estava feliz por ela ter se lembrado.

Dessa vez Alcina teria as empregadas preparando e servindo o jantar, não era algo intimista em que desejava empregar esforço real para isso, então não precisava realmente se preocupar com nada além de vestir as meninas e fazer com que esperassem o tio e o novo namorado; com a ajuda de Ella foi mais fácil do que o comum, Daniela estava muito distraída com seu novo livro de patinhos e feliz após uma soneca revigorante, por outro lado foi o suficiente para lhe dar energia o suficiente para correr pelo quarto com seu livro novo e bater a cabeça na estante de livros, o que lhe rendeu um galo e um acesso de choro, mas Bela foi obediente como sempre e Judy não reclamou de usar um vestido, já Cassandra foi um capítulo a parte e levou toda a paciência de Alcina para persuadi-la a se vestir.

Seja quem fosse Ethan Winters, parecia ter o senso de pontualidade que faltava ao seu irmão dado que chegaram na hora marcada. Alcina atendeu a porta com Ella ao seu lado e forçou um sorriso, o mesmo que usava quando tentava fechar um negócio, e observou o novo namorado do irmão; Ethan era mais baixo que Karl e, reparou com prazer, do que ela mesma ainda que estivesse sem os saltos, cabelo loiro e olhos levemente estrabicos, não era o tipo de cara que chamava a atenção e Alcina não sabia o que seu irmão viu nele, mas guardou seus comentários para si mesmo.

- Irmãzona! – Karl exclamou – E loirinha, é bom te ver!

- É bom te ver também, Karl – Ella sorriu educadamente e estendeu a mão para o loiro que permaneceu parado alguns passos atrás – Sou Elleanor Lancaster, mas pode me chamar de Ella.

Alcina também o cumprimentou, mas não lhe deu a intimidade de chamá-la pelo primeiro nome.

- É um prazer conhecê-las – Ethan sorriu educadamente e apontou para o bebê em seus braços – Essa é a Rosemary, mas a chamamos de Rose.

Rose parecia ter a mesma idade que Daniela, talvez um pouco mais jovem, e sua cabeça era coberta por cabelos loiros como os do pai. Alcina não era do tipo que criticava bebês, não costumava categorizá-los em bonitos e feios quando eram tão pequenos e inocentes, mas não tinha como negar que a menina tinha uma cabeça grande e não pode deixar de pensar em como devia ter sido difícil dar à luz.

- Entrem, por favor – Alcina sorriu e indicou que deviam segui-las – As meninas estão esperando.

Os guiou até a sala de estar onde as meninas estavam, foi a primeira vez em que Daniela não correu em direção ao tio e isso fez Karl ir diretamente até ela e pegá-la no colo.

- O que aconteceu com o meu docinho?

- Dani bateu a cabeça – Ella explicou – Mas é só um galo, logo estará bem.

As crianças rapidamente cumprimentaram os recém-chegados em vários estados de ânimo, Cassandra estava mais preocupada em montar seus legos e Judith e Bela conversavam de forma conspiratória sobre o que quer que fosse tão importante aos oito anos.

- Ei, docinho, trouxemos uma amiguinha pra brincar com você – Karl tentou falar com a criança e a levou para perto de Ethan – Essa é a Rose, você quer brincar com ela? Aposto que quer.

Daniela não esboçou reação imediatamente, mas Rose esticou a mãozinha em direção a sua chupeta e tentou agarrá-la ao que foi impedida por Ethan.

- Me desculpe, Mia e Miranda resolveram juntas e sem consultar a minha opinião que deviam tirar a chupeta da Rose sem prepará-la pra isso, agora ela tenta roubar a chupeta de outros bebês.

- Miranda... – Alcina revirou os olhos – Sei como é...

Alcina tirou Daniela dos braços de Karl e a colocou junto aos seus brinquedos, Ethan aproveitou a deixa e colocou Rose ao seu lado, dessa vez a menininha não tentou roubar a chupeta de Dani e não demorou para se sentarem e começarem a dividir os blocos coloridos para empilhar.

- Vocês formam uma família linda... – Ethan falou parecendo sem jeito – Quatro filhas e tal.

- Sim, nós somos uma linda família – Alcina sorriu ao se sentar ao lado de Ella no sofá – Não é, querida?

- Sim, e quatro filhas são o suficiente.

- Já planejando mais uma criança, irmãzona? – Karl provocou – Não vou dar conta no natal.

- Quem sabe futuramente – Alcina deu de ombros – Mais uma ou duas.

- Vamos precisar de uma mini van, querida.

Alcina serviu uma taça de vinho aos adultos e se certificou de que as crianças estavam bem, não podia evitar verificá-las a cada pouco tempo para garantir que tinham tudo o que precisavam, não conseguia evitar a procuração com o bem estar de suas filhas. A conversa fluiu tranquilamente desse ponto, Karl até se esforçou para ser agradável e causar uma boa impressão, embora logo tenha começado a brincar com Bela e Judith, o que significa que nenhum dos adultos prestou realmente atenção em como tudo aconteceu; Ethan elogiou o vinho e foi educado, ainda que parecesse oprimido pela situação e Alcina se questionou, não pela primeira vez aquela noite, porque exatamente concordara com o jantar apenas para começar, ela culpava o orgasmo recente. De qualquer forma, não prestaram atenção o suficiente para notar o que estava acontecendo entre os bebês.

Daniela estava disposta a dividir seus blocos e até os brinquedos de encaixar, mas quando Rose tentou pegar seu patinho de pelúcia atingiu um limite que a ruivinha levava muito a sério; as duas brigaram pelo patinho que foi puxado de um lado para o outro pelas mãozinhas pegajosas, até que Rose se cansou e beliscou a mão de Dani que gritou chamando a atenção dos adultos. Durante alguns segundos todos eles apenas olharam para a cena como se não compreendessem que havia dois bebês brigando bem ali, desacreditando que uma pequena discussão pudesse se tornar tão física.

A dor inesperada fez Dani soltar o patinho e Rose o puxou, completamente feliz por ter ganhado a disputa, mas a felicidade não durou muito tempo; Daniela ficou de pé e deu um tapa tão forte na orelha de Rose que o som ecoou pela sala, o patinho foi jogado no chão e ela o pegou de volta. Ethan pegou Rose que estava aos berros no colo para tentar acalmá-la e Alcina estava prestes a segurar Dani quando Cassandra veio correndo em defesa da irmã e precisou segurá-la antes que se envolvesse na briga, e coube a Ella pegar a ruivinha nos braços; ainda que tudo tivesse saído do controle, Alcina estava orgulhosa sobre como Daniela não havia chorado com o beliscão.

- Sinto muito por isso – disse Ethan ao dar tapinhas nas costas da Rose – Ela nunca brigou com outro bebê antes.

- Eu poderia apostar em uma rinha de bebês – Karl comentou como se não fosse nada – Esse pode ser meu novo esporte preferido.

- Está tudo bem, crianças brigam – Ella garantiu – E Dani tem irmãs mais velhas duronas que ensinam muitas coisas a ela.

Alcina colocou Cassandra no chão e mandou que não voltasse a avançar sobre uma criança menor e nem ensinar Daniela a brigar, ao que a menina respondeu que não estava ensinando a irmãzinha a brigar e sim a se defender dos outros bebês na escolinha.

Ethan tirou uma chupeta na bolsa da filha e a colocou em sua boca, Rose sugou aquela coisa com força como se fosse um tipo de droga calmante.

- Não conte pra sua mãe – Ethan avisou para a filha – Papai faz tudo por você...

- É mais como não conte para Miranda – Alcina retrucou – Terminamos porque eu não a queria perto da Bela, cobrar excelência de uma criança de dois anos foi muito pra mim.

Bela, assim como Ella, fez uma careta.

- Quer dizer que eu tive uma madrasta?

- A ex-namorada da Ella quis me mandar pra um colégio interno porque eu dei limonada com sal pra ela – Judith contou – Mas eu gosto da Alci e não faria isso com ela.

Todos os olhares se voltaram para Ella, até mesmo Alcina para provocá-la sobre isso, mas não pode deixar de sorrir para a declaração a criança, já a amava como uma das suas próprias filhas.

- Em minha defesa, eu terminei com ela e Judith está bem aqui – Ella sorriu nervosamente ao balançar Dani em seus braços – Como deveria ser.

- Eu te amo, querida – Alcina tocou a cabeça de Judith e sorriu – E sua irmã nem sempre teve bom gosto.

As coisas se acalmaram depois disso e eles puderam jantar em relativa paz, tanto quanto seria possível com três crianças e dois bebês. Pelo menos não houve mais brigas e Daniela voltou a brincar com Rose como se nada tivesse acontecido, embora seu amado patinho tenha sido colocado em um local seguro e longe de outros dedinhos pequenos.

Depois de tudo, foi um alívio quando o jantar acabou e elas ficaram sozinhas, ainda teriam muito trabalho colocando as meninas na cama mas depois de um dia agitado, e várias voltas de cavalinho nas costas do tio Karl, Alcina tinha esperanças de que não tardariam a dormir.

Como uma boa dupla trabalhando juntas, Alcina e Ella se dividiram para conquistar e conseguir coordenar sua pequena família. Enquanto Alcina se ocupou das mais velhas, garantindo que tomassem banho, vestissem os pijamas e escovassem os dentes antes que tivessem mais algum tempo brincando antes de terem que ir para a cama, Ella deu banho e trocou Cassandra e Daniela, embora Alcina tenha se arrependido da escolha ao lembrar que Dani podia ser teimosa sobre sair do banho caso estivesse entretida com seus patinhos.

Para sua surpresa, ao adentrar o quarto das mais novas, encontrou Ella ninando Dani em seus braços como se fosse um pequeno bebê enquanto cantarolava.

“No seu olhar eu posso ver

A força pra lutar e pra vencer

O amor nos une para sempre

Não há razão pra chorar

Pois no meu coração

Você vai sempre estar

O meu amor contigo vai seguir

No meu coração, aonde quer que eu vá

Você vai sempre estar aqui

E no meu coração, você vai sempre estar

O meu amor contigo vai seguir”

 

Alcina se aproximou com cuidado e abraçou a namorada por trás e balançou suavemente no ritmo da canção, dessa forma que podia ver bem sua filha ressonando tranquilamente agarrada ao seu patinho e com a chupeta preferida.

- Não sei como a faz dormir tão rápido – Alcina sussurrou – Mas não estou reclamando.

- Ela é um anjinho – Ella sorriu e beijou a cabecinha de Dani – Tão fofa.

Ver como Ella olhava para suas filhas com tamanha adoração elevou seu relacionamento a um novo patamar, Alcina também amava Judith como sua filha e isso significava que embora ainda não morassem juntas (por enquanto) já formavam uma família.

Ficaram ali por alguns minutos, Ella continuou cantarolando com Daniela segura em seus braços e com o quarto na penumbra não foi difícil fazer com que a menininha caíssem em um sono profundo. Dani foi colocada com cuidado sobre sua nova cama e suas mães puxaram os cobertores para que ficasse aquecida e segura durante a noite, beijos de boa noite foram dados e Alcina se sentiu genuinamente feliz por ter alguém com quem dividir aqueles momentos. Um dia havia sido apaixonada por Miranda e até imaginou que seria possível formar uma família ao seu lado e de Eva, mas a chegada de Bela demonstrou como a mulher podia ser egoísta e cobrar uma menininha que ainda era praticamente um bebê a fez perceber que não dariam certo; com Ella foi diferente e Alcina estava feliz, ter alguém com quem compartilhar esses momentos era indescritível.

- Então... – Alcina começou a falar assim que chegaram ao corredor – Tarzan?

- Eu conheço todas as músicas de Tarzan, Anastásia e Mulan – Ella sorriu – São meus preferidos e Judith deve ter assistido pelo menos mil vezes.

Alcina a beijou tentando colocar todos os sentimentos, todas as palavras não ditas, naquele toque singelo. No entanto, não durou muito tempo porque crianças adoram interromper seus pais em momentos como aquele e Cassandra tinha um timming quase perfeito para isso.

- Não se beijem, vão espalhar germes por aí!

A reclamação da criança as fez rir e Ella pousou a testa no ombro de Alcina para esconder que estava corando ao ser pega no flagra, mas Cassandra, que estava vestida com seu pijama preferido de dinossauros, não tinha tempo pra isso.

- Estou esperando pela minha história!

- Certo, certo... – Alcina se afastou suavemente da namorada e se abaixou para ficar mais ou menos da altura de Cassandra – Você quer chamar Bela e Judith para participarem?

Cassandra negou imediatamente.

- Só você e Ella, deixa elas lá dessa vez.

Alcina entendeu que Cass queria um tempo a sós com as duas e respeitou isso, não devia ser nada fácil ser a filha do meio quando as mais velhas viviam grudadas e a mais nova ainda era um bebê, não que Bela e Judith a deixassem de lado, mas era bom ter algum tipo de atenção individual.

Pegou a filha no colo e levou-a para seu quarto, onde as três se aconchegaram na cama, Cassandra entre as duas, e Ella se pôs a ler a primeira história do livro. Não era realmente uma história de terror, mas prendeu a atenção de Cassandra que mal piscava enquanto Ella narrava os acontecimentos, sua voz suave e melódica rapidamente envolveu e conquistou a criança. Foram necessárias três histórias até que Cassandra caísse no sono, Alcina a tomou em seus braços com cuidado para que não despertasse a levou para seu quarto; Ella as acompanhou para dar um beijo de boa noite em Cass e desejar-lhe bons sonhos, porque aparentemente elas eram esse tipo de mães que colocavam as crianças na cama juntas e garantiam que estivessem bem.

Deram uma passada rápida no quarto das mais velhas, estava muito silencioso e toda mãe sabia muito bem que silêncio é sinal de que alguma coisa não está certa.

O quarto encontrava-se na penumbra, iluminado apenas pelas luzes de fada espalhadas ao redor, e um cobertor fora preso na cama de cima do beliche e estendia-se o chão, criando uma pequena barraca segura e aquecida. Ella aproximou-se com cuidado e ergueu o cobertor, revelando as duas meninas dormindo juntas, praticamente coladas uma à outra, enquanto o segundo cobertor jazia aos seus pés; Alcina as cobriu para que não sentissem frio durante a noite e precisou se abaixar para não bater a cabeça ao lhes dar um beijo, Ella fez o mesmo com as duas e saíram tão silenciosamente quanto entraram.

- Duas camas e elas ainda dormem juntas – Alcina riu e balançou a cabeça, passou o braço ao redor dos ombros de Ella e a puxou para mais perto.

- São crianças, é muito mais divertido dormir em um forte do que em uma cama.

Alcina a guiou para o quarto, fechou a porta atrás de si e jogou a namorada na cama, arrancando uma risadinha que morreu assim que subiu sobre ela.

- Alci, as meninas mal dormiram.

- Não estou fazendo nada, draga mea.

Aplicou alguns beijos carinhosos em seu rosto e pescoço, mas resignou-se a isso.

- Já pensou no halloween? – Ella perguntou – Judith quer se fantasiar de Harry Potter este ano.

- Oh, é por isso que Bela quer ser Luna Lovegood? – Alcina sorriu – Podemos lidar com isso.

- E vestir Daniela como Dobby ou uma mandrágora?

Alcina não conhecia Harry Potter o suficiente para saber do que se tratava, mas Ella riu como uma criancinha.

- É brincadeira – a loira disse por fim – Cassandra quer ser uma vampira, então podemos procurar uma fantasia de abelha ou de patinho para Dani. Ela não seria a coisinha mais fofa em uma fantasia de patinho...

Não pode deixar que continuasse a falar. Alcina pressionou seus lábios juntos com força e a beijou com sofreguidão, ouvir Ella falando com tanto carinho e atenção sobre suas filhas só fazia amá-la ainda mais, por isso não teve dúvida alguma sobre as próximas palavras que saíram de sua boca.

- Venha morar comigo.

Ella a olhou assustada, como se não compreendesse bem.

- Venha morar comigo – Alcina repetiu – Seremos uma família completa.


Notas Finais


Se vocês gostarem e quiserem vai ter parte dois!

por favor, comentem o que vocês gostariam de ver pra eu saber qual direção tomar e o que mostrar pra vocês aqui!

Além disso, o que acham que a Ella deve responder heim? To no aguardo



beijooooooooooooooos


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