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História En cambio no - Y frente a mí, mil cosas que me arrastran junto a ti


Escrita por: MrsReddington

Notas do Autor


Demorei?
Conrado contando a partir de agora!
Explicações nas notas finais!

Capítulo 8 - Y frente a mí, mil cosas que me arrastran junto a ti


Conrado

Você é tão bonita aos meus olhos quanto eu sou nos seus.

Era a frase que Lily adora ouvir de mim. Significava muito mais do que parecia. Significava que apesar de tudo, não existia diferenças entre nós. Existia companheirismo, confiança.

No momento que meus olhos encontraram o dela, algo de Lily me chamou atenção. Cativou minha consideração. Trocar não mais que algumas palavras com ela me fez ter absoluta certeza que se eu continuasse naquele caminho, toda a minha vida seguiria por um rumo que eu jamais imaginara. Algo completamente novo e que me conectava e me puxava para onde quer que ela fosse. Eu estava perdidamente ligado a ela.

Eu era capaz de amá-la, de admirar suas expressões por horas, de derreter qualquer gelo do meu peito se a visse sofrer. Eu me sentia fraco, mas estranhamente forte.  E pela primeira vez eu não tive desejo de fugir da possibilidade de um amor. E como o amor doí! Mas mesmo assim, eu tinha coragem. Mesmo com aquele sentimento que parecia me dilacerar e me enfraquecer, eu me sentia forte. Era como se ela fosse meu lar e eu sentia que era o dela. Estávamos seguros de alguma forma, um no outro.

A primeira vez que saímos foi para um mirante. Ideia minha, mas achei que ela não fosse olhar mais na minha cara depois, afinal fomos atacados por mosquitos durante as três horas que ficamos lá.  

Era tudo tão inocente, novo e cheio de expectativas que me dava à sensação nostálgica que nada do que sucedeu conosco posteriormente tinha acontecido de verdade e que ainda estávamos lá, vivendo nosso pequeno sonho longe de qualquer maldade.

Por que quis ser do Exército?”

Ela me perguntou arrancado à grama do local simplesmente porque não conseguia parar quieta. Um mosquito pairou nas pernas dela e ela deu uma tapa forte que não serviu, o inseto alçou voo e sobreviveu.

“Quando eu era criança, minha mãe morreu, fui criado por meu pai, vivíamos mais na rua, por causa do vício dele...”

Era um assunto difícil pra mim, meu pai havia morrido cinco anos antes, graças a problemas adquiridos com a bebida. Eu o vi definhar, ao meu lado, enquanto eu tentava lutar contra meu próprio desejo de enterrar meus problemas e sofrimentos na bebida que apesar de doente, ele não parava de me oferecer.

“Sinto muito, eu não deveria ter perguntado isso...” Lily se envergonhou e afagou minhas mãos.

“Não fez nada, Lílian. Independente de ser uma parte da minha vida que doa lembrar, ainda sim, foi importante pra formar o homem que você conhece agora...”

Ela ainda retrucou dizendo que não deveria ter tocado no assunto mesmo assim. Mas eu continuei.

“E então, durante umas semanas, ficamos na rua em frente ao quartel, ele tinha amigos como ele lá. Até que um dos soldados teve pena de mim, falou algumas coisas que meu pai precisava ouvir e eu passei a admirar aquele homem. Prometi a mim mesmo que seria como ele quando crescesse, ser corajoso para defender quem precisa, e o meu país.”

Eu me sentia seguro com Lílian ali, e quando terminei de falar, foi como aliviar uma carga.

“Eu admiro você. Nunca seria tão forte assim. Lutar contra todas as circunstâncias negativas.

Eu não a via tão indefesa. Desde a primeira palavra que foi dita dela, eu senti que Lily carregava força, persistência, ousadia.

“Você é mais forte do que pensa. O bom que vê em mim, está em você. Só se reconhece algo que um dia sentido e visto.”

Os olhos dela se tornaram molhados e eu toquei uma lágrima solitária que caiu pelas bochechas coradas. Eu não esperava o abraço apertado que recebi dela. E no fim, foi no abraço dela que me senti acolhido.

“Você é meu herói, sabia?”

Aquilo não era tão certo. Eu via em Lily a supermulher. Parecia segura, forte, confiante. Todas as características que os grandes seres humanos que passaram por essa terra tinham.

Tudo que vê em mim, eu vejo em você”

A segunda vez se tornou menos desastrosa. Lily concebeu dentro da cabeça dela a brilhante ideia de me levar ao teatro.

Não tenho a mais vaga ideia de qual era a peça até hoje, estava mais concentrado em tentar ter algum assunto para saber mais dela, o que eu achei que renderia alguma espécie de raiva por parte dela, tive certeza que havia perdido minhas poucas chances, quando no meio do ato ela se levantou e me arrastou para fora.

Sua risada foi tão alta no corredor que os seguranças nos censuraram.

“ Qual o título, Conrado?”

Eu gaguejei. Busquei por um cartaz qualquer e ela me impediu de ver.

“Eu sei que é famosa... Talvez uma história de amor...” Chutei.

Lily assentiu veementemente. Seu sorriso era de provocação. Ela sabia que eu estava olhando pra ela demais pra prestar atenção no teatro.

“Do que se trata? Diga pelo menos o nome...”

Então eu sorri abertamente, ela derrubou os ombros quando apertei as mãos dela, que estavam estranhamente frias, contra meu coração que não sabia o que era uma frequência normal perto dela.

“Se for apaixonante. Uma história de fazer qualquer pessoa parar para prestar atenção, será a sua. Se for de um homem preso no desejo de receber o olhar da mulher que fez seu coração pular, seria a minha...”

Lily caiu na gargalhada e mais uma vez os olhos marejaram e com a mão livre ela tocou meu rosto, emoldurando-o com o polegar.

“Você me enrola direitinho sabia!”

Sou um homem honrado, por favor, me poupe desses termos, Sra.Lílian Castro!

É antiquado demais para que eu te beije agora, Conrado Lins?” Imediatamente ela se escondeu no meu peito.

“Só me ofenderei se não fizer isso...”

Puxei a pra mim e no primeiro toque com os lábios dela, eu tive certeza que para sentir meu estômago se encher de borboletas daquela maneira, eu poderia lutar qualquer luta, travar qualquer batalha, se ela fosse meu futuro, minha recompensa.

— Deixe-me adivinhar... Pensando em Lily? — O noivo de Louise interrompeu meus pensamentos.

Assenti. As súbitas sensações que aquelas memórias não se repetiriam me fizeram fechar os olhos com força.

— Eu sinto algo errado com ela, entende Arthur? E se Christopher fizer algo? Se não conseguirmos provar nada?! Não me peça calma pela milésima vez! — Bati com força na mesa da cozinha. — Eu... estou ficando desesperado!

Arthur deu duas tapas em meus ombros.

— Se já é difícil pra eu ver Louise se arriscar, imagine pra você. Eu te peço calma, mas no seu lugar eu também estaria louco.

Louise acompanhava a conversa da porta e Arthur se encolheu quando a viu. Provavelmente era a cara de brava que ela tinha.

— Não estimule o lado impulsivo de Conrado — Censurou. Ela veio até mim e sorriu como se não tivéssemos problemas, ou como se eles tivessem resolvidos de uma hora para outra. — Precisa conversar com seu sogro, está fugindo disso, mas precisa ouvir a versão dele. Precisa entendê-lo.

Quem eu menos queria ver era o pai de Lily naquele momento. Se havia algum outro culpado por nossa situação ali, era ele. Eu não conseguia compreender que tipo de pai entrega a própria filha para um lunático. Só o pensamento que Christopher estava de algum jeito perto do meu filho me deixava aflito.

— Por que o defende tanto Louise?  — Acusei indiretamente.

Como se esperasse por aquilo, ela riu, paciente.

— Não o defendo. Também não concordo com o que ele fez. Mas entendi, que apesar dos erros que Arthur cometeu, estamos todos do mesmo lado. Acho que o erro dele foi subestimar a situação e Christopher, foi se deixar levar pelas ameaças, desesperar-se. Mas veja por outro lado, se não fosse por ele, eu nunca teria ido te alertar na Colômbia. Você precisa ouvir dele Conrado. Não seja cabeça dura com o avô do seu filho, ou filha.

Eu concordei em silêncio. De certa forma eu estava curioso pra ouvir o que Arthur tinha para me dizer. Louise me avisou que ele estava no jardim e eu caminhei ainda com certa dificuldade até ele.

Como se soubesse que eu viria, Arthur se virou pra mim. Ele estava com o rosto molhado de lágrimas. No colo dele havia um álbum de fotos.

— Por que aceitou a chantagem de Christopher? — Fui direto.

Ele olhou para a página do álbum. Acompanhei o movimento e vi que era uma foto antiga de crianças na praia. Reconheci Louise, Lily e Christopher, mas a adulta e a quarta criança eu desconhecia.

— Você entende completamente a dimensão de ser pai? De cuidar e proteger a alguém que te tem como absolutamente tudo. De amigo para compartilhar segredos até enfermeiro particular? De a cada lágrima daquele ser que você sabe ser parte de ti, você sentir como se a dor dele fosse sua? De acompanhar o crescimento da sua menininha, que antes tinha medo de trovão, até de repente ela chegar ao portão da sua casa em um temporal com o namorado que agora a protege? De certa forma... É como perder um espaço... — Ele sorriu pra mim.

Uma noite, eu levei Lily em casa, até o portão, estava chovendo. Já planejávamos casar e eu estava nervoso com a possibilidade maluca de casar as escondidas. Não considerava certo. Na janela do primeiro andar eu vi Arthur. Apesar de surpreso, ele estava sorrindo, orgulhoso.

Meu silêncio foi um incentivo pra Arthur. Ele se afastou no banco e deixou um espaço pra mim.

— Quando chegou ao meu escritório contando da ideia maluca de Lily, eu até ri, mas por dentro eu estava bastante preocupado pelos motivos que levaram ela a ter aquele sonho insano. Uma parte de mim... Detestou o fato dela não me querer por perto, entrando com ela na igreja... Mas era o sonho dela, eu jamais interviria, sabia que não era por mal. Era só o desejo de aventura dela.

Eu recordei do dia que resolvi eu mesmo tomar uma decisão. Nunca disse nada a Lily, sabia que ela não se importaria no fundo, e conversei com Arthur, contei meus sentimentos e os planos de casamentos, incluindo o segredo, e estranhamente não foi uma conversa desconfortável, depois de minutos em silêncio e virado para a janela ele se direcionou pra mim.

“Eu respeito às decisões da Lily, até essa ideia revolucionária... Mas sabe que se eu contar pra ela que você veio aqui e destruiu as ilusões de casamento escondido, capaz de que ela até desista... e eu me livro de um genro inconveniente”

— Você criou uma mulher especial e cheia de criatividade.

— Não importa mais, quando isso tudo acabar, vão casar direito e comigo entrando do lado dela, dessa vez de verdade. Dizem que ela herdou o senso de humor de mim...

Então ele parou de falar de repente, ainda preso a alguma recordação que aquela imagem trouxe.

— Quem é a quarta criança e a mulher?

— Minha irmã e meu filho. Ela era tia de Lily...

Minha surpresa ficou muito nítida no meu rosto. Nem eu e nem ninguém que conhecesse aquela família sabia sobre alguma irmã de Arthur e muito menos irmão de Lily.

— Que história é essa? Lily tinha uma tia e um irmão?

Arthur assentiu e eu notei a dor que ele tinha em falar sobre o assunto.

— Nesse dia, nessa praia, ela saiu com o Christopher, Lily e Pedrinho para uma parte um pouco mais distante, eu confiava que ela estava cuidando dos três... — Então ele soluçou. — Lily não sabia nadar direito ainda, e quase se afogou num poço debaixo da água. Pedrinho era muito pequeno ainda, não entendeu porque Alice se jogou dentro da água e pulou junto. Alice conseguiu tirar Lily, mas Pedrinho... Pedrinho se foi. Meu filho só tinha três anos, mal falava papai.

Eu quase desisti de continuar aquela conversa e me levantei. Arthur segurou meus braços e me impediu. Esperei que ele controlasse as lágrimas para tentar continuar algum assunto.

— E Alice? Lily se lembra do irmão? — Sussurrei.

— Alice nunca se perdoou. Culpou-se por semanas por minha dor, pela dor de Maria Rita. Eu a culpei também, mesmo que indiretamente. Minha irmã não aguentou e foi embora, meses depois ela cometeu suicídio. Lily não se lembra de Pedrinho. Foi tão difícil pra nós ter que explicar algo, que ocultamos os dois da história da família. Escondemos fotos, documentos, destruímos qualquer possibilidade só para não ter que responder a uma pergunta.

Apesar de não fazer todo o sentido, de algum jeito eu poderia compreender. Esconder-se é aquilo que a maioria de nós faz para lidar com a própria dor.

— Se destruíram tudo... que álbum é esse?

— O Álbum de Armando, o pai de Christopher. — Ele esperou por minha reação mas eu não tinha. Minhas mãos soavam. — Christopher soube do casamento escondido de vocês no dia seguinte a nossa conversa, não sei te dizer como. Ele me procurou, até então eu não via nenhum traço de loucura nele, me contou sobre o casamento e quando eu não esbocei a reação que ele imaginava e disse que apoiava, ele foi embora transtornado. Eu tentei manejar a situação do meu jeito, sem me dar conta do quão obcecado por Lily ele era.

A partir daquele momento as coisas foram ficaram mais claras pra mim.

— Então ele conseguiu relembrar essa história com o general... E usou isso contra o senhor. Ameaçou contar para todos e principalmente para Lily, o segredo de vocês... se você não nos separasse.

Ele concordou.

— Eu sei que as coisas poderiam se acalmar com Lily depois de um tempo, mas eu me deixei levar, me desesperei com a possibilidade daquilo tudo vir a tona e concordei. Eu fiz um acordo com ele. Eu ainda acreditava que podia lidar com tudo aquilo. Eu achava que estava a protegendo se jogasse Lily contra você... Mas conforme os dias passavam, a loucura de Christopher crescia e a minha também. Eu perdi o controle. Procurei por Louise e pedi que ela te alertasse. Eu estava certo, ele tentou te matar lá. Entende o que é ver aquele garoto que criei como filho fazer o que fez? Com o seu desaparecimento eu fui obrigado a jogar completamente o jogo dele.

Eu estava pasmo. Arthur se levantou do banco e parou na minha frente. Eu ainda tinha motivos para julgá-lo afinal?

— Eu vi minha filha se destruir, todos os dias mais um pouco, ela lutou contra o que eu dizia, mas quando seu desaparecimento veio a público, ela passou a definhar sem você. Lílian se destruiu na minha frente! A dor dela me comovia me matava, mas eu não podia fazer mais nada Conrado! ELA ME ODIAVA! MINHA PRÓPRIA FILHA ME ODIAVA E QUER SABER? ELA ESTAVA CERTA! — Ele gritou e eu me encolhi. — E agora, minha filha está nas mãos daquele maluco, eu não sei como ela está; não sei se está se alimentando bem ou não, se sente dor ou se ainda tem alguma esperança pra confiar em mim! Entende o que é ser pai? É ver cada pequeno erro seu, machucar que você mais ama! Você será um dos bons se não for como eu.

Ele sentou no gramado aos meus pés e eu sentei com ele. Arthur chorou nos meus ombros, puxando os próprios cabelos. Desde que eu tinha chegado não o vira decair, ele estava sempre com os sentimentos presos em si mesmo para evitar julgamentos.

— Todo mundo erra, isso não te fez um péssimo pai...

— Errei por esconder esse passado, por esconder de Lily o irmão, por deixar isso se tornar uma arma na mão daquele psicopata. Errei com a minha irmã e me fechei para os sentimentos dela. Por causa do meu sofrimento egoísta, tudo isso aconteceu! Por causa dos meus erros até o meu neto pode sair prejudicado! Tudo isso é culpa minha. Eu fiquei tão aflito com a possibilidade de ter esse passado exposto, que... fui a marionete de Christopher!

Louise abraçava o próprio corpo escondida atrás da porta de entrada e eu notei que ela escutara toda a conversa. Ela caminhou até nós secando as lágrimas.

— Estou com uma mania horrível de escutar atrás das portas, me desculpem. — Ela sorriu envergonhada. — Não é aquilo que fazemos de errado Arthur, é como nos esforçamos para nos redimir. Contou sobre o nosso trunfo?

Arthur parecia destroçado demais para responder e Louise tomou o álbum das mãos dele e me entregou.

— Não se perguntou como temos o álbum de família de Christopher?

Eu neguei. Foi tanta informação que não parei para pensar em como aquilo estava ali.

— Armando Willians vai entregar o filho a Interpol. Christopher é um criminoso internacional e somente o pai, que sabia de pelos menos parte das falcatruas, poderia denunciá-lo com provas concretas.


Notas Finais


Curtiram?
Vamos a mais explicações para o pequeno desaparecimento.
Foram quase duas semanas corridas e com muitas decisões importantes, dentre elas o fato de que vou me mudar novamente!
Seriam dois capítulos. Esse e o epílogo, porém achei necessário, para melhor entendimento, dividir o capítulo em dois + o epílogo.
Suave? Certinho.
Ah, já ia esquecendo, ando nas vibes da playlists e estou pensando em algo para En Cambio no. Vamos ver se consigo organizá-la até o epílogo!
Até o último capítulo e que Deus abençoe vocês <333333333


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