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História Entre o amor e a amizade (RayEmma) - De volta à ativa.


Escrita por: Bianzinz

Notas do Autor


Nossa, esse eu fiquei até tarde fazendo porque eu nem estive em casa... Tive simulado e não voltei pra casa desde então, mas ainda tentei postar o mais rápido possível!

Capítulo 22 - De volta à ativa.


Fanfic / Fanfiction Entre o amor e a amizade (RayEmma) - De volta à ativa.

O moreno estava deitado na sua cama como sempre. Ele já tinha todos os livros que Norman havia dado a ele, agora o rapaz estava relendo. Não sabia que horas eram e nem se importava. Ele colocou os braços atrás da cabeça e olhava para as cortinas que Anna tinha aberto aquela manhã. Agora dava para ver a Lua e o céu estrelado. Ele sentiu saudades da época em que eles eram apenas adolescentes se divertindo dentro do abrigo. Agora parecia que aqueles tempos tinham se afastado deles, os dois ainda se falavam, mas a diversão que eles tinham antigamente já não era mais a mesma.

Ainda assim ele não tinha o que reclamar. O rapaz sentia falta da ruiva, das pessoas e ficar deitado em uma cama não ajudava. Ele nunca achou que iria ter esse tipo de pensamento, mas agora o garoto estava pronto para abandonar os livros e ter contato humano com qualquer pessoa. Pelo menos Norman vinha o visitar de vez em quando...

-Ray, sou eu. – a voz do albino escorreu por trás da porta. – Posso entrar?

-À vontade. – o moreno respondeu. ‘’Falando no diabo. ‘’ Ele pensava, mas estava agradecendo do fundo do seu coração que ele tinha voltado.

-Eu não vim aqui para fazer uma ronda médica, vim porque o Oliver me pediu para te avisar que eles já reviraram o abrigo inteiro e a Emma não estava em lugar nenhum. Então agora eles vão entrar mais afundo na floresta para procurar por ela.

-Mas já? Eles reviraram o abrigo todo em tão pouco tempo? – o rapaz estava surpreso.

-Sim, tinha muita gente participando. Eles reviraram tudo isso em menos de um dia, mas ela não estava aqui. Sinto muito, eu também queria muito que ela estivesse aqui. – ele disse antes de fechar a porta e ir embora.

‘’Eles já procuraram pelo abrigo inteiro? ‘’ ‘’Tão rápido... ‘’ ‘’Acho que deve ter mais gente trabalhando do que eu pensei. ‘’ O rapaz não sabia do que achar daquilo. Ele estava confuso, mas ao mesmo tempo triste. A questão é que ele não estava só triste porque a ruiva não tinha sido encontrada ainda, mas porque eles estão movendo tão rápido e ele não está lá para ajudar. O moreno queria com todas as forças encontrar a Emma, só que mais do que isso, ele queria que ele fosse a primeira pessoa que ela visse. Era como se a saudade dele superasse a de todas as pessoas que estivessem lá em baixo juntas. Ele sabia que era uma sensação boba, por isso tentou não dar muita importância para ela nem pensar sobre isso direito. Ele apenas tentou focar sua atenção em outra coisa.

E foi assim que o moreno fez durante toda a semana. Era uma vida monótona e com a mesma rotina: De manha, Anna trazia seu café e checava para ver como ele estava e fazia algumas perguntas de rotina, tipo como ele dormiu ou se ele ainda estava sentindo dor. Depois, um pouco antes do horário normal do almoço, Norman vinha e trazia uma bandeja de comida ruim do hospital e trocava seu curativo e o soro que passava pelo seu braço. Mais de tarde, lá pelas seis horas o mesmo albino vinha e o ajudava a tomar banho, ir ao banheiro (o que ele prometeu que não iria contar para ninguém) e conversava com ele por um tempo antes de ir embora. Durante esse tempo todo livre, a mente do garoto vagava pelo quarto e ele viajava na maionese, ou lia alguns livros que Norman trazia de vez em quando.

Mais tarde depois, o albino removeu os ligamentos da perna dele, como havia prometido. E durante esse tempo, as equipes de busca voltavam sempre sem a ruiva, e toda vez as expectativas do garoto quebravam, porque ele sempre olhava para a porta esperançoso, querendo que a menina aparecesse ali e fosse o dar um abraço. Mas isso nunca aconteceu.

Quando Anna começou a o instruir na fisioterapia, o rapaz percebeu que Norman o estava visitando cada vez menos. Sempre que ele deveria vir para fazer um check-up, a loira acabava vindo no lugar dele, dizendo que Norman estava ocupado fazendo outra coisa. A boa notícia para Emma, é que agora o rapaz conseguia ficar de pé e andar sozinho, então a loira não precisou o ajudar a tomar banho.

Quando estava completamente preparado e andando de novo, o moreno não perdeu tempo. Ele saiu imediatamente quando deram alta para ele e foi botar a par como as coisas estavam lá dentro.

Ray subiu as escadas até chegar ao escritório do Norman, e nem se preocupou em bater, apenas abriu a porta.

-Boa tarde Ray! Como se sente estando de volta? – o albino levantou da cadeira e foi em direção ao rapaz com os braços abertos e um sorriso no rosto, partindo para um abraço.

-Bem, obrigado. – o moreno o abraçou, mas não foi para carícias que ele tinha ido ali. – Eu quero saber quando que eu vou poder entrar para uma equipe de busca.

-Direto ao assunto, como sempre. – Norman dizia contente, mas logo tirou seu sorriso do rosto, pensante – Se eu não me engano você pode entrar a hora que quiser, mas tem que esperar a equipe voltar primeiro.

-E quando eles voltam?

-Esta noite.

-Hoje à noite? Pode deixar que eu vou até lá caminhando mesmo. – o moreno decidiu e foi embora.

-Mas você vai até lá a pé? Você nem sabe onde eles estão! – Norman tentou explicar os fatos, mas o garoto não ouvia.

-Eu descubro. Pode deixar Norman, eu consigo sozinho. – ele falou sem demonstrar hesitação e sem olhar para o albino.

-Espera eles voltarem primeiro! Você vai cansar muito se for até lá sozinho!

-Eu já descansei bastante por uma semana. Não tente me impedir Norman, eu já fiz essa decisão há muito tempo. – o moreno sem mais delongas abriu a porta e foi embora, deixando o outro sozinho com seus pensamentos. Norman sabia que era uma loucura o que ele estava fazendo, mas por um lado era meio errado tentar impedi-lo. Era o paradeiro da sua melhor amiga que estava em jogo. Ele suspirou e sentou na sua cadeira, rodando ela para longe.

Ray descia as escadas novamente e seguia o caminho para fora do abrigo. Apesar das recomendações de Norman e os avisos de Anna, ele já tinha se decidido faz tempo e tinha certeza do que iria escolher. O rapaz iria atrás da garota, mesmo se todos estivessem contra ele. O moreno já havia esperado demais, era tudo culpa dele que ela ainda não tinha sido encontrada. Só de imaginar o quanto ela devia ter sofrido e todas as possibilidades que podiam ter acontecido ele já sentia nojo de si mesmo e culpa por não ter sido mais útil.

Mas agora a história iria ser diferente. Ele passou a última semana planejando exatamente cada detalhe e cada situação específica que poderia acontecer para que ele esteja 100% preparado para esse momento. Ele não iria deixar Bárbara escapar, não tão facilmente.

O rapaz estava super confiante em suas habilidades e em todos seus requisitos, ele não planejava perder de jeito nenhum. Pulando os degraus das escadas ele chegou até a saída em pouco tempo e foi caminhando com ambas as mãos nos bolsos e a mochila nas costas.

A área de fora do abrigo estava completamente vazia. E de pensar que talvez todos estavam lá fora procurando por ela e não tiveram achado... Eram más notícias. Já havia passado sete dias, pelo menos alguma pista, algum sinal dela as equipes deveriam ter achado. Era isso que o rapaz pretendia descobrir.

Passando por baixo dos galhos das árvores e pulando as raízes, o rapaz tinha memorizado cada canto daquela floresta quando eles chegaram ali pela primeira vez. Ele poderia passar por ali de olhos fechados, de tanto que ele estava familiarizado com o lugar. O garoto percebeu que estava tudo tão quieto, tão pisoteado e deixado de qualquer jeito que parecia que as pessoas tinham escapado às pressas dali por causa de alguma bomba, ou algo parecido. Ele foi adicionando informações na sua mente enquanto ele andava.

Passando pelo grande galho torto que ele iria usar de referência, o menino checou sua bússola para se decidir à qual direção o moreno iria seguir. A direção óbvia seria o Norte, onde foi provavelmente que Oliver teria ido. Mas Bárbara não estava Norte, era a primeira direção que todos pensariam que ela iria correr. E como já faz uma semana desde que eles estiveram ali, o rapaz manteve sua decisão de seguir ao Noroeste, como ele havia planejado e iria mudar sua estratégia de acordo com as informações que ele iria adquirindo através do tempo.

O moreno andou por mais meia hora, até ele sentir uma leve mudança de temperatura e a direção do vento vindo diretamente para ele. Isso significava que a quantidade de árvores estava diminuindo, o ar estava passando com mais facilidade e as folhas das copas das árvores não eram grudadas mais como eram antes. A floresta estava ficando menos densa e mais aberta.

Ray subiu nos galhos de uma árvore de pedra bem alta, até chegar a um galho tão grande que parecia mais um tronco. Ele foi até a ponta onde a madeira ainda segurava seu peso e tirou um binóculo da mochila, observando a paisagem.

Lá de longe, o rapaz conseguia ver um movimento, de vários seres, o que ele adivinhou que deveriam ser pessoas, mais especificamente as pessoas do abrigo. Ele agilmente desceu dos galhos e aterrissou sem se machucar. Começou a acelerar o passo para tentar alcançar as pessoas antes que elas caminhassem demais e ele os perdesse de ponto de vista.

Depois de sete minutos mais ou menos, a temperatura estava ficando mais quente e o ar mais leve, os raios de Sol penetravam facilmente no ambiente, Ray já havia alcançado o lugar exato em que ele tinha visto as pessoas antes, mas durante esse tempo que ele estava correndo as equipes já deveriam ter seguido em frente, então ele não parou de correr.

Após atravessar todas as pedras no caminho e pulando todas as raízes o rapaz sentiu o som de uma arma sendo sacada na direção dele. Ele andou mais devagar até parar e levantando as mãos para cima. Oliver saiu detrás de uma árvore com a mira apontando para ele, mas após ver para quem ele estava mirando, o mais velho rapidamente abaixou a arma, confuso.

-O que você está fazendo aqui? Não era para estar no hospital? – o mais velho cruzou os braços.

-Pois é, né. As coisas mudam. – o moreno respondeu abaixando seus braços e com a mesma expressão indecifrável de sempre.

-Sua perna já está melhor? – Oliver tentou olhar para a mesma, mas ele estava usando calças pretas compridas que iam até as botas que o moreno estava usando.

Ray bateu sua perna recém-sarada no chão para demonstrar a estabilidade dela – Eu persegui vocês a quarenta e cinco quilômetros por hora, o que isso diz para você?

-Ranzinza como sempre. – ele guardou a arma na cintura – Você não respondeu minha pergunta, o que você veio fazer aqui?

-Não é óbvio? Patrulhar. – o moreno começou a andar para frente passando o Oliver e ignorando a presença dele, seguindo reto. O outro parecia confuso, mas ainda assim obstinado.

-Eu tenho quase certeza que você não deveria estar aqui. - Oliver disse acompanhando o garoto andando do lado dele.

-Você e mais meia dúzia de pessoas, mas eu vim do mesmo jeito. – ele respondeu sem desviar seu olhar do horizonte e sem mudar a expressão séria.

-Ray, eu entendo que você está tentando ajudar – o mais velho parou o rapaz de andar segurando no braço dele e voltando a atenção do moreno a ele. – Mas nós temos tudo sob controle, não é melhor você voltar pra casa?

-Se vocês tivessem tudo sob controle já teriam achado ela. – o mais novo respondeu, tirando seu braço das mãos de Oliver e os colocando no bolso novamente, andando para frente. O outro suspirou estressado e colocou a mão na testa.

Percebendo que não iria dar para discutir, Oliver apenas aceitou o fato que o moreno agora fazia parte da equipe deles. Ele seguiu em frente até acompanhar a velocidade do garoto e ambos caminhavam na mesma direção sem dizer uma palavra.

Os dois chegaram a um ponto onde mais pessoas começaram a aparecer espalhadas pela área, todas procurando até perceberem a presença dos dois garotos chegando.

-Bem, esse é meu grupo. Você pode ficar com a gente por enquanto. – Oliver estendeu sua mão demonstrando as pessoas que estavam ali.

-Ray?! Mas você devia estar descansando! – Mark ficou surpreso ao ver o moreno parado ali com eles.

-Ele não estava com a perna machucada? – Theo olhava para seus companheiros, confuso, e Mark deu uma confirmação para ele acenando com a cabeça.

-Não se preocupe, eu já estou bem e vim ajudar vocês. – o moreno respondeu reconfortando a todos. Theo deu de ombros, contanto que ele viesse para auxiliar não tinha problema para ele, quanto mais gente melhor. Já Mark não tinha tanta certeza, até onde ele estava preocupado, Ray deveria estar de cama há essa hora.

Nigel estava olhando toda a situação um pouco duvidoso, sem saber o que pensar. Ele não disse nada e apenas aceitou o fato de ter um novo integrante no grupo, voltando a fazer o que ele estava fazendo.

-O que vocês acharam? Ela está por aqui? – o rapaz não perdeu tempo e foi logo perguntando para todo mundo para se manter a parte do que eles haviam descoberto até agora. Mas nenhuns dos integrantes pareciam promissores.

-Nós temos pessoas separadas procurando por todas as direções. Quando alguém encontrar alguma coisa esse grupo irá sinalizar e todos nós vamos se juntar, mas por enquanto temos razões para acreditar que elas estariam nessa região. – Oliver tentou explicar tudo que eles estiveram coletando até agora.

-E que razões são essas?

-A direção do vento está favorável para eles se esconderem desse lado, os animais estão menos frequentes aqui do que em qualquer outro lugar também. Está vendo como não tem sinais de coelhos e vaga-lumes em lugar nenhum? Eles eram bem abundantes nessas áreas. – ele continuou confiante, se lembrando da época em que ele andava pela floresta sozinho para montar armadilhas para demônios selvagens. O mais velho até que tinha memorizado um monte de informações sobre o mundo exterior.

-Está bem então. Vamos continuar. – o moreno seguiu em frente, deixando Oliver parado sozinho.

Todos estavam atentados procurando entre os troncos, as moitas a grama e o solo para encontrar qualquer pista que fosse. Considerando que eles estavam quilômetros longe do abrigo, os grupos que estavam patrulhando chegaram bem longe, na média que Ray havia previsto. Eles já haviam coberto uma área bem larga comparada ao tamanho da floresta em tão pouco tempo. O Norte da área estava sendo bem explorado.

Theo parecia estar muito bem posicionado. Ele segurava sua espingarda enquanto liberava espaço no solo da vegetação com seus pés, chutando as folhas e as socando, para ter uma visão bem clara do chão.

Mark já era bem mais cuidadoso. Ele observava cada canto com muito cuidado e carinho, usando as mãos, escavando o solo, testando a temperatura... Ele havia aprendido bem esses últimos anos, era um observador e tanto.

Nigel estava bem quieto. Ele colocava a mão na sua cintura, onde seu fuzil FN-Scar estava amarrado, só em caso de acontecer alguma coisa, estando preparado. Mas ele estava muito atento aos barulhos e à paisagem, como um bom caçador. Se algo se mexesse, impossível ele não notar. Tanto que, ao estranhar uma mudança repentina no movimento das folhas no horizonte ele pediu licença ao resto do time:

-Ei pessoal, eu vou checar uma coisa, já volto. – ele avisou antes de sair em disparada ao nordeste retirando sua arma da cintura. Era um movimento bem súbito, poderia ser um animal bem pequeno ou uma criatura de pequeno porte, mas ele duvidava que fosse uma pessoa. Mesmo assim, ele preferiu sacar a arma por segurança.

Oliver concordou, mas ainda manteve seu grupo no mesmo lugar que estava. Eles ainda não tinham coberto a área inteira e preferiam manter tudo checado antes de se moverem para a próxima parte.

O jeito que o mais velho patrulhava era diferente. Ele corria disparado para uma direção aleatória e voltava brevemente, sem dizer nada. Ele continuava fazendo isso várias vezes, sem dar explicações a ninguém.

Ray preferiu usar um jeito mais tradicional. Ele escolheu a árvore de tronco mais grosso e a escalou agilmente, tanto que os mais novos nem perceberam que ele tinha se movido até notarem o desaparecimento dele. O rapaz ficou no tronco mais alto que estava mais perto da copa da árvore, mas ainda dava para ver claramente o solo e as pessoas, mesmo nitidamente.

Desse jeito o garoto tinha uma visão bem ampla do que estava acontecendo abaixo dele. Tudo estava nítido e qualquer movimento dava para ser percebido, melhor ainda com seu binóculo. Mas ele preferiu usá-lo apenas quando tiver algo para ver, usar um binóculo enquanto estiver procurando por alguém pode ser um problema, porque apesar de ampliar e dar um zoom na área, ele limitava bastante seu campo de visão por fora.

‘’Não está tão frio, fazem 19°C aproximadamente aqui fora.’’ ‘’O vento está bom e não tem predadores por perto nessa região. ‘’ ‘’Então porque aqui não está infestado de animais? ‘’ ‘’Algo não bate. ‘’ ‘’Mariposas vaga-lumes não se importam com companhia humana, elas apenas correm se expostas a um predador. ‘’ ‘’Coelhos eu até entendo, eles podem se assustar e cavar por baixo da terra. ‘’ ‘’Mas mariposas vaga-lumes... ‘’ ‘’Algo aqui não bate. ‘’ Ele apoiou seu queixo na sua mão enquanto sentava com as pernas para baixo, pensando com os seus botões.

Ele se lembrava da época em que ele e Emma andavam sozinho pela floresta caçando por comida, Naquela época era duro, os dois lutando pela sobrevivência deles e da sua família. O moreno lembra-se especificamente de ter ensinado para a garota táticas de caça que consistia em ficar abaixado e quieto, igual uma estátua, prender a respiração enquanto estava no topo de uma árvore. Quando avistasse uma presa, você iria esticar seu arco e mirar bem na perna do animal para ele não sair correndo. Se mirar no torso ou em algum lugar perto da cabeça, o animal ainda poderia sair correndo. Mas se mirrasse na perna não iria ter erro. A ruiva aprendeu a tática muito rápido, como esperado dela, e ambos conseguiram levar bem mais comida para casa. Mesmo sendo a maioria frutas selvagem e cogumelos pequenos, ás vezes eles conseguiam pegar um cervo gigante de boa qualidade. Aqueles dias eram os melhores.

O moreno teve até vontade de sorrir com aquelas lembranças, mas lembrava que talvez eles nunca poderiam passar tempo assim de novo. Apesar do quanto ele queria, a garota estava desaparecia há uma semana, ninguém a havia encontrado e o rapaz estava começando a perder as esperanças. Ele não sabia como ia lidar se ela sumisse para sempre, o que ele sabia é que ela poderia nunca mais ser encontrada de novo. Mesmo planejando durante esse tempo todo, bolando planos, estratégias, táticas e lógicas para encontrá-la, se nada disso funcionasse a causa estaria perdida, e a garota podia ser taxada como morta. O que ele iria fazer depois disso, agora era um mistério.

O garoto saiu do transe ao ouvir um barulho parecendo um gritinho feminino vindo de longe. Os mais novos pareciam ter escutado também, pois pararam tudo que estavam fazendo para prestar atenção naquilo. Oliver que tinha acabado de voltar da sua corrida aleatória pareceu estranhar aquilo também.

Ray desceu agilmente da árvore e aterrissou elegantemente. Todos foram em direção nordeste, correndo bem rápido em direção ao barulho. Quando estava ficando mais claro de ouvir, dava para perceber que realmente era um gritinho feminino. Eles começaram a andar mais devagar para quem quer que estivesse ali não os percebessem. Os mais velhos (Oliver e Ray) foram primeiro, mantendo os mais novos atrás deles.

O moreno e o de cabelos brancos foram se aproximando lentamente, com armas na mão prontos para sacar. Quando chegaram bem perto dava para perceber que o gritinho se assemelhava mais a um gemido? Os dois se entreolharam, confusos, mas decidiram averiguar. Eles fizeram sinais combinando para os dois irem à contagem do 3.

1...

2...

3...

Ray e Oliver pularam para frente mirando a arma na direção de onde estava o barulho, mas ali na frente não havia uma pessoa, haviam duas...?

Nigel estava deitado na grama em cima de Gillian, que parecia estar se não pelada com muita pouca roupa. Ela estava agarrando o pescoço dele com ambas as mãos, e o rapaz estava segurando o torso dela, com as calças abaixadas, mas ainda vestia sua camisa. Ambos estavam muito colados um com o outro, e ao ver os dois aparecendo do nada, eles deram um pulo, surpresos.

-Não é o que você está pensando! – Nigel disse nervoso e com a cara vermelha, puxando a calça para cima. Ele estava muito nervoso, o mais nervoso que ele já esteve durante a sua vida.

Gillian não dizia nada, ela apenas pegou sua roupa rapidamente e se cobriu, virando de costas para os mais velhos não verem suas partes íntimas. A garota estava muito corada, e não fazia contato visual de jeito nenhum. Ray e Oliver abaixaram as armas, mas ambos estavam chocados com a cena.

-Não vem aqui não, pode voltar, não é nada! – o moreno ainda conseguiu dizer para Theo e Mark que estavam atrás dos dois se afastarem. Eles ainda não tinham visto a situação e ambos preferiam que continuassem assim, para não ver o que estava acontecendo. Era melhor para o psicológico dos dois.

Oliver não conseguia dizer nada. Ele nunca, em um milhão de anos imaginava isso acontecendo. Dois dos seus amigos mais próximos no meio da floresta, durante uma missão... Transando? Seu queixo havia caído, e seu olhar estava perplexo.

Ray ficou bastante surpreso, ele poderia ter planejado tudo enquanto estava na cama do hospital, menos isso. ‘’Olha, eu bem que tinha planejado tudo certinho, mas isso eu não esperava que ia acontecer não. ‘’ ele pensava em dizer, mas estava cedo demais.

Nigel ficava olhando para todos os lados e com a cabeça baixa sem saber o que dizer. Gillian virou de costas e começou a se vestir, desesperadamente. A situação estava bem pesada.

Enquanto isso Mark e Theo se entreolhavam, se perguntando por que não poderiam olhar o que estavam acontecendo? Estavam bem curiosos, mas o moreno bloqueava a passagem deles e Theo não era alto o suficiente para olhar por cima do ombro do rapaz.

Ficaram um tempo assim em silêncio, buscando uma explicação, mas nenhum dos dois pareciam querer falar nada. Era uma situação muito constrangedora e ninguém estava a fim de levantar uma opinião.

-Me desculpa... – Gillian disse baixinho após se vestir completamente, evitando olhar nos olhos deles e com a cara vermelha. Ela saiu de lá aos pulos, na direção oposta, completamente envergonhada. Ninguém disse nada, apenas assistiu à loira partir.

Nigel fechava o cinto da sua calça e apertava seu chapéu de aviador, cobrindo seu rosto. A expressão dele estava impagável. Com suas bochechas vermelhas igual um pimentão ele passou pelos quatro colegas de equipe com a cabeça baixa e disse sussurrando:

-Com licença. – ele foi embora sem dizer mas nada.

Oliver não saia do lugar. Ele agitou a cabeça para tentar voltar ao normal, mas os acontecimentos dos últimos minutos não saia da mente dele. Iria demorar para poder aceitar aquilo. Ele pegou os mais novos e os trouxe de volta, sem dizer uma palavra sequer.

Ray a um certo ponto achava aquilo até engraçado. Ele não ficou tão surpreso quanto Oliver, mas demorou para cair a ficha também. Quando ninguém estava olhando ele deu uma risadinha de surpresa e voltou para onde eles estavam antes. Aquilo com certeza era uma maneira de aliviar um clima, mesmo não sendo como eles pensavam.

Todos eles voltaram a área em que estavam procurando por pistas, em silêncio. O clima estava muito mais tenso e Nigel não dizia nada, nem olhava nos olhos de ninguém, era de se esperar depois de ter passado por uma situação tão constrangedora. Oliver estava quieto no seu canto e preferiu não trazer o assunto à tona, não era uma conversa que ele queria ter. Os mais novos também ficavam quietos, mas apenas porque perceberam que havia algo errado e eles estavam muito com medo de perguntar. Se era algo que conseguia deixar todo mundo paralisado assim, eles preferiam não saber.

Ray só estava calado mesmo porque ele era quieto de natureza, mas o choque da transa no mato já havia percorrido o corpo dele e o rapaz já havia superado a situação. Gillian e Nigel eram dois adultos, podiam fazer o que eles quisessem, não precisavam ter que explanar aquilo para outras pessoas. Mas talvez tenha sido tão surpreendente, porque eles foram os primeiros na história do abrigo que fizeram sexo, pelo menos que foram pegos no flagra.

A equipe passou os próximos minutos assim, em silêncio, procurando por pistas sem falar com o outro, mesmo que precisassem. O clima estava bem pesado, mas para a sorte do garoto que estava envergonhando, Theo quebrou o gelo:

-Ei galera! Olha o que eu achei aqui! – ele apontou para uma pequena depressão que havia logo na frente dele.

Todos se aproximaram rapidamente para ver do que ele estava falando. Logo no fundo da grama, haviam marcas pretas de passos e borracha descolada das botas jogadas em todos os cantos. O solo ao redor também estava bem pisoteado, com terra fresca e bem misturada. Mark não perdeu tempo e logo desceu para examinar melhor.

-Essas pegadas aqui são recentes! Talvez sejam da Bárbara!

Todos estavam bem contentes e felizes com o trabalho duro que havia finalmente sido recompensando por todo o esforço deles. Todos comemoraram em silêncio, menos o moreno.

-Dá para a gente segui-los e logo encontraremos a Emma! –Theo disse animado.

-Elas não devem ter ido muito longe. Bom trabalho Mark. Ótimo achado Theo. – Oliver se dirigiu aos mais novos com orgulho e um sorriso no rosto. Nigel se aproveitou do momento feliz para dizer:

-Ei, Oliver, aquilo que você viu lá atrás... – ele estava aflito.

-Não precisa se explicar, cara. – o outro respondeu em um tom irritado, tentando evitar ter aquele tipo de conversa. Não estava sendo confortável para nenhum dos lados. Nigel calou a boca.

-Vou fazer um sinal para todas as equipes nos encontrarem aqui. – Oliver continuou, tirando a mochila das costas para pegar seu material, mas uma mão o parou.

-Espera. Ainda não. – o moreno disse, olhando atentamente as pegadas com o olhar frio.

-Por quê? Nós temos que ir rápido, elas podem estar se movendo agora mesmo! – Oliver contestou e todos os outros olharam para a discussão,confusos.

-Você não percebe? Isso é falso. – ele disse, sem tirar os olhos das pegadas.

-Como que é falso? Dá para ver claramente!

-Essas pegadas estão malfeitas. Está vendo essas borrachas no chão descoladas? O negócio é que Bárbara não vestia botas de borracha, ela usava de couro, como todos nós. – o moreno mostrou suas botas grandes e marrons, feitas obviamente de couro. Todos olhavam surpresos.

-Mas não precisa ser exatamente das botas... Pode ser da mochila, ou sei lá.

-Não, não pode. O único material feito de látex preto existente no abrigo são as botas de chuva para andar sob a eletricidade na tempestade e elas tem um acesso muito restrito. E ta vendo essas pegadas? Elas nem fazem sentido, estão em distâncias muito diferentes, olha – ele se ajoelhou mostrando o comprimento de um passo para outro. Realmente era bem diferente – esse aqui está 0,45 cm longe do mesmo pé, enquanto o outro está 17 cm longe do mesmo pé e lá na frente ocorre a mesma mudança, de 12 cm.

Todos olharam em transe. Ray continuava com o seu raciocínio:

-E ta vendo isso daqui? – ele pegou um pozinho do chão, cinza e quase imperceptível, era muito pouco e muito pequeno – Isso é pólvora. Provavelmente usado para espantar os animais daqui. Um barulho bem alto como o de um tiro pode assustar todas as presas e todos os predadores em um raio de quarenta e cinco metros, por isso nós não encontramos nenhuma alma viva. – ele esparramou o pó no chão provando o seu argumento.

Todos pararam para pensar. Se você analisar desse jeito, realmente, as provas pareciam terem sido inventadas. Mas eles estavam tão felizes pelo fato de terem encontrado alguma coisa que nem perceberam a pressa que aquelas evidências foram feitas, estavam muito mal feitas. Talvez lá na frente da área iria ter muito mais provas parecidas para tentar lançá-los em um caminho errado, com uma pista falsa. Bárbara quase os ultrapassou dessa vez.

-Está vendo? Ela fez tudo isso para acharmos que estávamos no caminho certo, quando na verdade ela estava do outro lado escapando de todos nós, rindo da nossa cara. Ela fez tudo isso pensando no óbvio, colocando pistas falsas onde vocês iriam pensar que seria o primeiro lugar que ela iria escapar. – ele continuou, cruzando os braços.

-Então ela deve estar do outro lado. Qual seria o último lugar que vocês imaginariam que ela fosse? – o moreno virou de costas para eles, começando a andar.

-Para o Sul. – Oliver fechou os olhos, aceitando sua derrota e ainda não acreditando o quão fácil ele fora enganado.

-O Sul? Mas esse não é a colônia dos demônios? Seria o último lugar que qualquer ser humano iria pensar em ir! – Nigel ainda não entendia aonde o rapaz queria chegar.

-Exatamente. Mas é muito fácil passar despercebido por uma colônia se você está em um grupo de duas pessoas. Principalmente se esses demônios já foram exterminados. Confie em mim, eu sei do que estou falando.

Theo e Mark se entreolharam, ainda duvidosos. Mas a lógica do moreno parecia tão certeira que eles decidiram abandonar a prova recente que eles se esforçaram tanto para conseguir encontrar e ir atrás do rapaz. Oliver também se levantou, com um ar de derrotado.

Nigel ainda ficou parado lá, coletando informações e organizando-as em sua cabeça. Mas depois ele decidiu finalmente seguir todo mundo, ainda duvidoso. Tanto esforço para no fim ser uma mera distração...

-Parece que vocês realmente precisavam da minha ajuda. – Ray disse de relance à Oliver, que não estava nada feliz com o jeito que ele liderou sua equipe hoje. O moreno percebeu isso. Não se pode ganhar todas às vezes.

‘’Cheque, Bárbara. ‘’ ‘’Qual vai ser seu próximo movimento? ‘’

 


Notas Finais


Oiii lindos, tudo bem? Espero que sim! Bom, amanhã talvez eu poste outro capítulo, mas eu nem comecei ainda... Vou ver!


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