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História Equilíbrio. - Esperanza, Equilíbrio e os Juízes.


Escrita por: MaurraseC

Notas do Autor


Aqui finalizamos o passado de Equilíbrio, como se originaram e se desenvolveram.
E não somente eles, mas a criação de Esperanza e também o surgimento dos Juízes.
Para aqueles que ainda não leram o capítulo anterior, recomendo que faça isso para não ficar perdido na história.
Nesse capítulo, eu trabalhei bastante, pois tive dúvidas e dificuldades em preparar.
Espero que gostem. E caso tenham alguma dúvida (ou erro), podem me perguntar que irei responder.

O passado é essencial para o futuro, assim como o presente é essencial para nossa existência... Mantemos o Equilíbrio para não nos perdermos em memórias e expectativas.

Boa leitura.
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Na imagem: Orquestrando o futuro.
"A melodia começa a ser ouvida.
Um chamado para o desconhecido.
Aqueles que orquestram o futuro, bailam em harmonia...
Num único coração... Em Equilíbrio".

Artistas:
- Pinlin
- Yuumei
- Coco island
- Shilin
- Andantonius
- Aquasixio

Link:
- Unrevealed melody by pinlin
- Project we canon in d major by yuumei
- Melody in the rain by coco island.
- Maestro by shilin
- Lindsey stirling by andantonius
- Rage by aquasixio

(Obs: imagens meramente ilustrativa, sem vínculo com a realidade da história de Equilíbrio).

Capítulo 36 - Esperanza, Equilíbrio e os Juízes.


Fanfic / Fanfiction Equilíbrio. - Esperanza, Equilíbrio e os Juízes.

— Então Adam quem deu a ideia de criar Esperanza e Equilíbrio? — perguntou Alicia, ainda de boca cheia com seu sanduíche. A história começava a ficar interessante, ela não conseguia controlar a ansiedade.

— Sim, ele foi o responsável por tudo — concordou Brayan, dando uma mordida em seu sanduíche e tomando um pouco do seu Whisky. — Aquele idiota...

— O que? — Alicia não ouviu direito, por causa da mastigação rápida.

— Nada. Adam foi nosso pioneiro, mas havia algo diferente. O que quer que tenha acontecido no seu tempo de desaparecido, algo mudou ele completamente.

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“— O que você quer dizer com isso? — perguntei sem entender suas palavras, pois criar uma cidade-estado era algo acima da nossa capacidade.

— Não deveria está surpreso, alguém precisa fazer isso, cedo ou tarde — Adam me fitava, olhos penetrantes. Não havia hesitação. — Os humanos são seres facilmente controláveis, frágeis de fé e razão. Mas se mantivermos cientes que possuem um lugar nessa terra, eles não irão se perder.

— Isso está além do que podemos fazer — tentei convencer, mas não negava que a ideia era a resposta para nossos problemas. Uma cidade-estado, onde podemos deixar os civis abrigados e seguros. — É loucura, principalmente para conseguir as matérias-primas de construção.

— Victor pode ajudar com alguns preparativos, mas toda a cidade será construída pelas pessoas normais. Nada, além disso — falou num tom de censura, quase autoritário —, se usar demais os poderes, eles irão nos endeusar.

— Por quê? Se usarmos nossos poderes seria mais rápido.

— Assim eles não ficam acomodados — a voz era de Charles Cooper, um dos membros ‘administradores’ que tínhamos. Assim como eu e Lis, ele ajudava a pôr o pessoal na linha. — Adam, não sabia que havia chegado.

— Cheguei há pouco tempo — respondeu, virando-se para o homem.

Charles Cooper é o tipo de homem que se deve ficar vigilante. Não era alguém que você deve confiar totalmente, sendo ele imprevisível; e pior, era a pessoa que estava planejando algo secretamente, onde Oliver, de algum jeito, estava envolvido. Eu pressentia algo de ruim, mas ainda não sabia que seria tão desastroso”.

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— O que quer dizer com algo “tão desastroso”? — perguntou Alicia, já descansando de seu lanche da tarde. Brayan dava outro gole no seu whisky. Ele conseguia beber sem sentir os efeitos do álcool, o ardor da bebida lhe era aconchegante.

— Foi quando eles surgiram e nos separaram, acho que mais que isso... Foi quando tudo “realmente” começou... A nossa história.

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— Adam, você está de volta! — Violet não escondia sua felicidade, enquanto o abraçava. E estranhamente, ele respondeu ao afeto, abraçando-a de volta. Isso nunca havia acontecido antes.

— Me desculpe por sumir — ele mostrou um sorriso de lado, encantando a garota. — Devo ter preocupado vocês.

— Eu sempre soube que voltaria — ela disse animada.

Seria muito comovente se todos tivessem agido da mesma maneira, mas não foi. O suposto abandono de Adam trouxe desconfiava entre alguns membros, especialmente Nicolas que tinha muito apego em mim; e com o desaparecimento repentino, todo o trabalho duro ficou em minhas costas. Querendo ou não, eu não era mais o mesmo de antes, nesses dois meses tive que aprender a ser mais rígido com as pessoas. Indiretamente, eu era o líder, não podia tratar Nicolas especialmente, e isso gerou uma crise de ciúmes da qual ele culpava Adam. Mas esse não foi o motivo real de seu rancor por ele.

Oliver não se juntava mais a nós. Estava nos ignorando, sempre perto de Charles Cooper e Gracie Velasco, a mulher que tinha o poder de emanar raiva nas outras pessoas. O trio armava algo e a mudança de personalidade de Adam não os agradava. E isso fez Nicolas se sentir sozinho, pois havia perdido a atenção dos irmãos mais velhos.

Foi quando conhecemos Pietro, o homem com o poder do ventriloquismo. Rapidamente os dois viraram amigos. Fazendo Nicolas abrir sua atenção para novas amizades e sair da dependência dos irmãos. Dias depois, conhecemos Bianca. Uma garota impressionante que carregava consigo um resolver poderoso. Fiquei surpreso em ver aquele corpo magro aguentar os coices daquela arma. Ela que veio até nós e se juntou, era uma força militar forte do nosso lado.

— Vim lhes dar um aviso — Adam se colocava frente a todos os super-humanos reunidos. Eles esperavam, atentos, pelas palavras. —, mas primeiramente, bom trabalho em proteger os civis. Era isso o que eu queria de vocês.

— O que quer dizer com isso? — perguntou Nicolas.

— Vocês estavam muito focados em matar os alados, em se vingar. Acabaram se esquecendo do nosso real objetivo: salvar vidas inocentes.

— Isso é estranho vindo de você — comentou Oliver, desconhecendo aquela personalidade afável. Adam sempre foi alguém racional e frio, pois ele foi treinado por sua tribo dessa forma. Aquelas palavras meigas, todos estavam estranhando.

—Se focarmos demais na vingança, ficaremos cegos. Esses seres alados, nem todos são iguais.

— O que quer dizer? — Bianca ergueu a voz, chamando a atenção do grupo. — “Nem todos são iguais”? São inimigos, nada mais.

— Vocês estão muito focados em mata-los...

— Adam, fale o que deseja logo — Charles tinha uma voz pesada.

— Certo — Adam respirou fundo, criando coragem. — Vamos criar uma cidade-estado, onde poderemos abrigar tanto humanos normais e super-humanos e... deixaremos parte de nossas terras ignoradas, sem a necessidade de uma nova guerra.

— Só pode está de brincadeira — a voz de Gracie saiu mais alto do que ela planejava. Inconscientemente, seu poder era ativado, causando irritação repentina em todos. Rapidamente, Lis interveio usando sua habilidade, acalmando-os.

— Se deixarmos eles de lado, não irão nos...

— Do que está falando?! — Bianca avançava, ameaçando o garoto, mas Violet se pôs na frente, criando um clima de tensão. — Quer que a gente ignore os alados e abandone nossa terra?

— Quer que ignoremos a morte de milhares? — Pietro erguia a voz, complementando a garota, e incrédulo com a declaração. Não somente ele, mas muitos tinham a mesma revolta. “Adam estava louco”, era o que pensavam.

— Mortes sempre cegam as pessoas... — ele continuava com o mesmo discurso, esperando pela minha reação. Eu não sabia, mas os planos dele já havia sido posto em prática. Eu só precisei fazer meu papel.

— Já chega, Adam — não conseguia mais ouvir quieto. Ele não iria conseguir convencer os demais para, simplesmente, ignorar tantas perdas. Contudo, nem tudo era em vão. A ideia da cidade-estado não era ruim, era perfeita.

— Vocês precisam me ouvir...

— A cidade-estado será erguida — me pus na dianteira, pondo minha autoridade como ‘líder’, não que o título valesse algo. Mas eu tinha certeza, Adam devia está rindo, pois agora eu teria que pôr minha moral de ‘líder’ em prova. Entretanto, não iriam me tratar como marionete, tenho que estar no controle. — e iremos reunir os civis, protegendo-os.

— Não pode está falando sério, Brayan! — Claire, que se mantinha quieta, não conseguia mais manter a passividade. — Se ignorarmos o perigo, hora ou outra ela retornará de forma violenta...

— Não estou dizendo que iremos ignora-los — lhe interrompi, com a voz firme. Depois fechei meus olhos; ainda podia ouvir os gritos dos aldeões do deserto Exile, os Vergessen, ecoando na minha mente. A aldeia em caos, local onde meus irmãos poderiam estar mortos; não era algo que eu pudesse esquecer. — Nós vamos ter nossa terra de volta, nossa honra e nossas vidas.

— E como pretende fazer isso? — Adam não tinha a mesma expressão de antes, meigo. Mostrava um sorriso de aprovação, juntando-se aos demais ouvintes.

— Vamos fazer uma expedição e nos estabelecer numa terra onde possamos nos reestruturar. Iremos começar do zero, está na hora de fazermos isso! Não podemos mais deixar que esses abusos permaneçam, vamos lutar por um objetivo maior... Vamos nos tornar a esperança do mundo!

O público ficou em silêncio por alguns minutos. As palavras haviam tocado eles, lhes surpreendidos. Seus corações aceleravam de emoção, empolgados, podendo imaginar um novo mundo. ‘Vamos nos tornar a esperança do mundo’, tais palavras lindas fizeram com que sorrissem. Fazendo-os se sentirem, realmente, especiais. Antes só matávamos os alados por vingança, mas dessa vez teríamos um objetivo maior. Sim, não éramos mais um simples grupo de super-humanos, seriamos algo maior.

— Eu discordo — a voz que ecoou na sala era de Charles Cooper. — Isso não é diferente de antes. Palavras bonitas, convencimento emocional, promessas falsas... Você pretende criar um novo governo. Uma nova Daath, talvez? Como eu havia imaginado.

— Charles, nós conhecemos os humanos. A liberdade irrefreável é perigosa — tentei convencê-lo, compreendendo suas palavras. Podíamos ter um mundo onde o governo não existisse mais, a liberdade seria possível e todos fariam o que quisessem. Mas era arriscado demais. Dar tamanha liberdade sem repreensão, só traria mais tragédias. Talvez, tenha sido isso que Adam quis me mostrar quando decidiu se ausentar. Me pôr na liderança para que eu percebesse que precisava agir  com rigidez, pois sem isso não teria conseguido chegar até aqui. — Precisamos estabelecer uma ordem, leis e regras. Sabemos do que a humanidade é capaz quando se tem liberdade... e poder.

— Está falando que irá criar uma ditadura? Censurar s todos? — era a voz de Lis, preocupada. Não estava gostando daquelas palavras... de como eu me portava.

— Censurar não, mas pôr limites. Antigamente, Gran Tierra era dividida em várias cidades, cada qual com sua ideologia. Agora podemos mudar isso — fui em direção de Lis, pondo minhas mãos em seus ombros e em seguida me virei aos demais. — Podemos criar uma nação unificada, o mundo que conhecíamos acabou, precisamos criar um novo, melhorado.

— E você será o líder que guia a todos? Nosso... Messias? — Charles provocou.

— Não me importo de ser o líder, mas se for da vontade de todos de eu não ser, aceito a decisão.

— Já vi governos se mostrarem perfeitos no começo, mas bastava uma crise para as máscaras caírem — Charles ia em direção à saída.

— Então me ajude a vencer essa crise — falei, forçando-o a parar. — Se for embora, como seremos fortes... separados?

— Você está certo em uma coisa — Charles se virou, voltando seu olhar para o meu. — Leis e regras precisam ser estabelecidas. Eu estava sendo muito ingênuo em acreditar que a liberdade humana poderia ser benéfica. Mas é como você disse: nós conhecemos os humanos. Sabemos do que eles são capazes.

— Então?

— Percebo que vocês hesitariam em tomar decisões difíceis e alguém precisa tomar elas — enquanto ele falava, Gracie e Bianca se posicionavam ao lado dele; assim como Oliver. Confirmando minhas suspeitas, algo de terrível iria acontecer e eu não poderia parar. — Brayan, eu acredito em suas palavras, mas não em seus métodos. Esse sentimentalismo tosco é o que faz os humanos serem fracos.

— Espere! — lhe chamei. — E o que pretende fazer lá fora? Temos que trabalhar em grupo, agir juntos.

— Eu trarei a ordem que você anseia... mesmo que signifique matar quem vocês querem proteger.

— Matar? — os outros membros começaram a murmurar, espantados.

— Parem eles! — alguém gritou no fundo. — Não podemos deixar que fujam e matem nossos entes queridos!

— Não! Esperem... — tentei acalmar os ânimos, mas em vão. Já começava a se tornar um caos, logo iria começar um confronto, seria um desastre.

O homem que havia gritado se chamava, Travis Brown. Era novato no grupo e ainda muito assustado. Ao ouvir a palavra ‘matar’, teve lembranças se sua família morta pelos alados. Saber que poderia reiniciar a vida com uma nova família, e perde-los novamente lhe era doloroso. Seu poder era controlar o magnetismo, mas ele não usou, preferiu avançar no combate físico. Quando estava para aplicar um soco na face de Charles, Gracie se pôs na frente, segurando seu braço e desferindo um golpe de queda. Travis caiu no chão de costas. Quando tentou se levantar, a mulher pôs sua mão em sua face, permitindo que os olhos enxergassem pelas brechas dos dedos.

O restante do grupo ficou paralisado pela reação rápida da mulher. Gracie se mostrava firme e decidida, seu golpe havia sido perfeito, forçando-os a terem cautela para se aproximar. Lis tentou usar seu poder para acalmar todos, mas já havia usado demais e continuamente, estava cansada. ‘Pelo menos a confusão acabou’, pensei; nunca estivesse tão enganado.

— Vocês entenderam errado — explicou Charles, encarando Travis de cima. — A morte só será dada para aqueles que perturbarem a ordem... perturbarem a paz. Qualquer um que consideremos perigoso será eliminado... Esse será o julgamento.

— Julgamento? — repeti aquelas palavras, com gosto tão amargo e pesado.

— Você perturba a paz e por isso você será considerado: culpado — falou Gracie, liberando seu poder. O homem começou a se debater, violentamente. Urrando de dor e sofrimento. Como ela estava lhe segurando, ele não conseguia se mover livremente. Segundos depois, o corpo de Travis ficou inerte, encerrando sua vida.

— O que você fez? — gritou Nicolas, assustado.

— Aqueles que trazem desordem, acreditam que podem viver tranquilamente. Eu não vou permitir isso...

— Do que está falando? — perguntou Victor, ficando do meu lado.

— Eu sou Guerra — ela se levantou, soltando a cabeça de Travis. — O fim da paz dos julgados.

— O que está acontecendo? — eu estava abalado, Gracie havia acabado de matar um de nós, facilmente, e sem remorso algum. A situação estava fora de controle. — Oliver? É isso que você quer? Está ao lado deles?

— Devemos eliminar aqueles que perturbam a paz, irmão. — Oliver se virou para Nicolas, que tinha os olhos lacrimejantes. — Isso é um adeus.

— Não deixe que ele vá, Brayan! — implorou Nicolas, tentando segurar as lágrimas. — É nosso irmão!

— Eu sei... — cerrei os punhos, impotente. Não podia usar a força para segura-los, se fizesse isso seria pior. Pois iríamos ser vistos como inimigos que perturbam a ‘paz’. ‘Mas que tipo de paz era essa?’.

— Adam, devo a você por ter salvado minha vida ­— Oliver se direcionou ao garoto que, diferente dos outros, não se mostrava abalado. — Quando vi você matando aqueles três alados, apenas com a força bruta, eu quis o mesmo. Não ser como você, mas salvar vidas... E para isso, preciso eliminá-los.

— Se essa é sua vontade... Faça — foi tudo o que Adam respondeu.

— Maldito! — Nicolas avançou contra ele, pegando-o pelo colarinho da camisa. — Você também tem culpa disso, resolva! Não é você quem tem a solução para tudo?

— Crianças devem chorar longe dos adultos, pirralho — a voz de Adam era diferente do normal. Um tom mais grave, bruto e cruel. Os olhos meigos de antes havia desaparecidos para ficarem frios e ameaçadores, como se fosse outra pessoa.

— O que? — Nicolas se preparava para soca-lo, mas foi interrompido por mim.

— Já chega! — eu não podia mais ficar passivo naquela situação. Era meu dever pôr todos na linha, mesmo que signifique retirar alguns. Eu já havia decidido isso antes, com Nicolas, não podia tratar meus irmãos com especialidades. Agora, eu tinha a responsabilidade de vidas comigo, não posso ser egoísta. — Se é isso que você deseja, vá! Mas saiba que sempre terá um local aqui... conosco.

Oliver nada respondeu, mas as palavras haviam lhe tocado. Gracie saia do alcance dos olhos do grupo, já se afastava do local, assim como Bianca sendo seguida por Oliver. Charles foi o último a ficar, ainda fitando a mim e Adam, analisando-nos e preparando-se para a despedida.

— Não se preocupem. Diferente de Guerra, Morte será discreta — ele fez uma reverência, em forma de respeito e se despediu, afastando-se da gente.

Ficamos em silêncio, por longos minutos. Estávamos fragmentados, abalados mentalmente. Um novo grupo havia se formado, e parte disso por nossa causa. Contudo, era agora que tudo começava. Não podíamos ficar deprimidos. Havia pessoas que dependiam da gente e agora estava por nossa conta”.

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— Então foi assim que se formaram os Juízes? Não imaginava — Alicia e Brayan estavam no escritório. A lua já estava alta. Ela não tinha sono, sua cabeça tentava armazenar tantas informações.

— Desde então, Nicolas passou a repudiar Adam — explicou Brayan, olhando para um pequeno diário que ele tinha. — Não é que nós odiamos os Juízes. Como já deve ter visto, vez ou outra, trabalhamos juntos. Seguimos o mesmo objetivo, mas com caminhos diferentes.

— E o que aconteceu depois? — perguntou curiosa.

— Bem, chegamos à parte final.

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“Havíamos encontrado uma cidade central, tinham alguns alados ocupando-a, mas conseguimos limpar a área. Estávamos unidos, éramos um forte grupo. Os humanos normais já estavam cansados de viajar entre as cidades. Graças a Victor, tínhamos conforto e aconchego nos locais que residíamos temporariamente. Nessa cidade a destruição era menor e muitos locais estavam preservados. Antes de iniciarmos o plano para conquistarmos a cidade, Adam e eu tivemos uma conversa séria. Não era surpresa para ninguém, ele queria que eu liderasse o grupo. Obviamente, aceitei. Mas tinha algo que eu precisava saber:

— Por quê? Por que me escolheu, desde o começo, para essa responsabilidade?

— Você tem algo que não tenho... — Adam mostrava um sorriso, uma reação anormal vinda dele —, carisma. A capacidade de conquistar as pessoas apenas pela presença, com palavras doces.

— Está me elogiando? — não consegui esconder meu sorriso de aceitação.

— Apenas lhe respondendo — ele não era bom com elogios. — Brayan, preciso que me faça um favor.

— O que foi?

— Quero que vença essa guerra, que traga um pouco de paz nesse caos.

— Isso não é óbvio? Claro que sim.

— Obrigado.

— O que aconteceu? — eu sabia que ele não era do tipo que falava essas coisas.

— Eu estou morrendo, Brayan.

— Do que está falando? — perguntei, assustando.

— Meu poder suga minha vida, pois está incompleto.

— Seu poder? Você conseguiu um?

— Esse foi o motivo de eu ter me afastado.

— E o que quer dizer com ‘está morrendo’? É algum tipo de brincadeira, não é? — tentei não fraquejar na voz.

— Temo que não. — seu tom tinha melancolia. — Não posso falar muito, pois nem mesmo eu entendo sobre. Eu possuo outra existência dentro de mim, graças a ele, consigo lutar junto de vocês. Porém, toda vez que o libero, é como se ele tentasse assumir o comando do meu corpo. É uma batalha constante, onde as vezes eu venço... outras vezes não.

— Ainda não consigo...

­— Haverá momentos que parecerá que estou diferente. Saiba que independente do que eu fizer no futuro, você não deve vir atrás de mim.

— Espere! — eu lhe segurei pelos ombros, forçando nossos olhares a ficarem próximos. — O que quer dizer com isso?

— Nosso grupo ainda é muito fraco, não de poder, mas de mentalidade, são muito inexperientes.

— Já vencemos tantas batalhas, isso não é o suficiente?

— Vencer as batalhas não é ganhar a guerra.

— Isso até parece uma despedida, Adam.

— Eu não sei quando vai ser, mas isso é uma despedida... Brayan — sua voz vacilou, quase soluçando. Pela primeira vez, vi seus olhos umedecerem. Adam estava segurando as lágrimas.

— Você não vai morrer, está me ouvindo! — apertei seus ombros, com mais força. — Nós começamos isso... Você começou isso, droga!

— E eu quero que você termine, por nós dois... Não, por todos nós.

— Não, estaremos juntos...

— Já estou no meu limite, não consigo contê-lo por hora — Adam retirou minhas mãos de si. Mesmo eu apertando, ele conseguiu retirá-las facilmente, uma força anormal. Adam se afastou de mim, mas antes de dar as costas deu um sorriso. — Transforme a cidade em esperança para a o mundo, para que se encontrem e não voltem a se perder. E não se esqueça de trazer equilíbrio aos humanos, estamos quebrados, por isso... Traga o Equilíbrio nos nossos corações.

— Espere, Adam — por um momento hesitei. Eu não conseguia chegar perto dele, alcançá-lo. Não estou falando de distância em metros, estou falando como pessoa. ‘O dono daquela cadeira é alguém avante nosso tempo’, as palavras do líder dos Vergessen surgia na minha mente. Ele não estava errado, Adam estava muito longe para ser alcançado. — Obrigado por tudo, muito obrigado mesmo.

O sorriso que Adam mostrou começou a desaparecer, assim como o brilho de seus olhos. Sua face, quase chorosa, se tornava inexpressiva, fúnebre. Sem conseguir transmitir nenhuma emoção, ele deu as costas e começou a se afastar. Eu só pude vê-lo ir embora e se preparar para a tomada da cidade principal, a mesma que um dia chamaríamos de Esperanza e formaríamos Equilíbrio: a esperança de ter um local para chamar de lar e o equilíbrio para não se perder novamente.


Notas Finais


A história daqueles que lutam, são feitas de sentimentos e dor.
Na luz, ele luta para guia-los.
Nas sombras, ele luta para protegê-los.

No próximo capítulo: Trigésimo sétimo ato – Decisão de risco.

Há duas formas de conhecer a guerra.
Ir até ela, ou...
Esperar que ela venha até você.

Não perca o Equilíbrio do próximo capítulo.


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