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História Erase This - Heal


Escrita por: CrazyGates e CrazyShadows

Notas do Autor


Mais um na sequência, quero ver se consigo terminar tudo ainda nessa semana.
Bom capítulo, bjs.

Capítulo 151 - Heal


Acordei na manhã seguinte com alguns raios solares alcançando meus olhos. Continuei deitada como estava, irritada com a intravenosa na mão. Algo faltava em mim.

 

Eu só não sabia dizer o que.

 

É claro que eu estava triste por ter perdido o bebê. Ou feto. Embrião. Mas como sentir falta de algo que eu não tinha? Ou achava não ter... Um conflito aos poucos surgia em mim. Uma parte dizendo que eu devia estar arrasada por ter perdido... Meu filho. Mas outra dizia simplesmente que eu não era... Mãe. A maior parte pedia que eu voltasse a dormir. E assim eu fiz.

Movimentação pelo quarto me fez despertar, ainda grogue me virei e vi Matt sendo segurado contra a parede por papai que o acusava pelo o que tinha acontecido. Imediatamente meus instintos despertaram e me sentei na cama gritando para ele soltá-lo. Mamãe surgiu ao meu lado pedindo calma ao meu pai e quando comecei a lutar para me levantar ela gritou trazendo a atenção dos dois para nós.

Isso fez com que Matt se soltasse do agarre do Sr. Harley e viesse até onde eu estava, vi Robert ensaiar o impedir, mas isso foi impossível. No segundo em que meus braços encontraram seu lugar em volta de seus ombro, o choro irrompeu pelos meus olhos por algum motivo que eu não entendia. Ou negava...

- Deixe ele em paz. – disse para Robert o olhando por cima dos ombros de Matt, que pude sentir pela umidade em meu ombro, também chorava.

- Madson nós precisamos conversar querida. – se pronunciou Sara colocando as mãos em minhas costas. Me soltei aos poucos de Matt e pedi com o olhar para ele não sair do meu lado. – Os pais de Matthew estão lá fora, acho que devíamos chamá-los também.

- Não acho que seja hora para uma reunião familiar mãe... Nem lugar. – sugeri. Não queria ouvir o que estava por vir.

- Você não está em posição de achar nada Madson. – cortou papai saindo do quarto para chamar o Sr. e Sra. Sanders. Segurei a mão de Matthew e sequei suas lágrimas sorrindo de lábios fechados e ele fez o mesmo, secando meus olhos. Não demorou para os pais dele chegarem...

     O clima dentro do quarto instantaneamente obscureceu. Os pais dele me culpavam, e os meus o culpavam... 

Kim e Gary não sorriram, apenas perguntaram se eu estava bem, meneei a cabeça que sim e assim eles se calaram. O silêncio imperou até que Robert falou:

- Eu não quero eles juntos mais. – num reflexo um riso sarcástico escapou da minha garganta. – Olha aqui Madson... – começou papai, mas Matt tomou a frente o enfrentando.

- Olha aqui você Sr. Harley, aliás, todos vocês. – olhou para seus pais e para minha mãe. – Tanto eu quanto a Mad estamos cansados, física e emocionalmente. Vocês devem estar pensando no que podia ter acontecido caso ela tivesse um filho agora, mas eu digo para vocês o que nós estamos pensando. – olhou para mim e continuou – Nós perdemos o nosso filho em menos de 24 horas, e eu tenho certeza que vocês podem imaginar como é isso... Sim, foi uma irresponsabilidade nossa, sim ela podia ter morrido nesse aborto, mas ela está aqui, viva. E a consequência da nossa irresponsabilidade, morta. Nós vamos continuar juntos, - olhou para papai que parecia bem bravo – porque eu amo a sua filha e vamos enfrentar juntos o que só nós dois sabemos o que sentimos. Fim de papo. – segurei seu braço e o puxei para perto de mim, escondendo meu rosto contra sua pele. Eu concordava com tudo o que ele havia dito, e não queria conversar com ninguém.

Kim e Gary suspiraram e pediram ao filho para irem para o lado de fora do quarto, para poderem conversar. Muito relutante Matt os acompanhou e assim que a porta se fechou eu sabia que escutaria mais um pouco. Papai imediatamente tomou fôlego para falar, porém mamãe foi mais rápida:

- Filha... – começou se sentando ao meu lado, mantendo a voz calma. – O que Matthew disse é verdade... Mas você entende por que estamos... bravos. – assenti com a cabeça. É óbvio que eu sabia, não era burra nem nada do gênero, eu tinha apenas 16 anos e já estava abortando, tal pensamento me entristeceu… Infantilmente, eu não queria abortar. – O que eu quero entender é, vocês não usam proteção?

- Eu tomo remédio mãe... – ela já sabia disso, mas parecia querer ouvir da minha boca.

- O irresponsável do seu namorado não usa camisinha? – perguntou papai, revoltadoi.

- Matthew não é o único culpado aqui pai – o olhei impaciente – nós nunca pensamos em usar porque eu tomo remédio, não víamos a necessidade.

- Espero que vocês tenham aprendido a lição. – tornou a dizer. – Você tem noção de onde eu estava Madson? – neguei com a cabeça, não me importava também. – Na Alemanha, perdi uma reunião importante para poder voar de volta o mais rápido o possível.

- Podia ter ficado por lá... – rebati indiferente, não estava com cabeça para discutir com eles. – Eu queria ficar sozinha um pouco mãe... – pedi para Sara que parecia me entender melhor naquele momento.

- Claro filha... – se levantou e tenho certeza que olhou feio o bastante para papai que a acompanhou.  

Assim que a porta se fechou deitei na cama, me encolhendo nela e abraçando com cuidado minhas pernas. Ao olhar para meus membros ainda um pouco avermelhados pelo sangue que não havia saído, um aperto tomou conta do meu coração. Eu havia perdido um filho, sem saber que o teria. Era algo extremamente confuso…

Aos poucos o pensamento que já havia tomado conta de mim algumas vezes foi se infiltrando em minha mente. Um bebê com olhos verdes, cabelos lisos negros... A pele suave e branquinha... Eu e Matt brincando com ele no chão do quarto.

Enquanto as imagens se fortificaram em minha mente a dor em meu peito aumentou gradativamente. Eu queria um bebê, um pequeno ser parte minha e parte dele, aquele pelo qual eu morreria e viveria. 

Impossível conter o soluço que subiu junto às lágrimas, todas as imagens que antes enchiam minha mente se desfazendo, em sangue e lágrimas. Não importava se eu queria, ou o quanto eu queria nosso bebê estava morto. Eu não o carregava mais comigo.

A vontade de ter algo em meus braços, contra meu peito foi aumentando também e com isso os apertei em volta das minhas pernas. Negando encostei a cabeça no joelho e respirei fundo, uma, duas, três, dez vezes e aos poucos o choro foi cessando. Levei a mão aos olhos os secando, fui desenrolando o corpo e me sentando na cama novamente.

Não adiantaria de nada eu me martirizar por algo que não tinha volta... A vida perdida não voltaria a mim independente de eu gritar, espernear... Mas eu ainda era nova, minha lógica me dizia, e eu e Matt ainda tínhamos muitíssimo tempo juntos pela frente. Podíamos ter vários bebês ainda. Sorri débil com a ideia olhando para a parede na minha frente.

Olhei para minhas pernas com sangue e eu podia sentir minha barriga melada pelo produto de higienização que usavam antes de cirurgias. Queria tomar um banho, com isso apertei o botão da enfermaria e esperei.

Não demorou muito para a enfermeira entrar no quarto acompanhada de Matthew e mamãe. Sorri brevemente para eles e disse à ela que queria tomar banho a mesma saiu para pegar uma cadeira própria para a ação enquanto eu já ia colocando meus pés para fora da cama. Matt se aproximou de mim e segurando minha mão perguntou:

- Tudo bem Mad?

- Sim... – sorri para ele e ele me olhou em dúvida. – Você sabe quando eu vou ter alta mãe? – perguntei a Sara que também me olhava estranha.

- Amanhã Mad...

- Ah... – em um perfeito timing a enfermeira voltou ao quarto e sorriu pedindo à ambos um pouco de privacidade para me ajudar, mamãe avisou que havia uma muda de roupas para mim dentro do armário antes de sair do quarto e me animei com a ideia de não ter que ficar nua com aquela camisola de TNT apenas, sentada na cadeira a enfermeira me levou para o banheiro.

 



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