História Erase This - Set Me Free

Sentei na cama de Matt esperando ele terminar de se arrumar, iríamos ao bar hoje, não aguentava mais ficar em casa. Estávamos aos poucos voltando à nossa relação normal, ele controlava a raiva e eu evitava falar. Quando voltou do banheiro puxou um de seus bonés que estava pendurado ao lado da porta.

- Bonito? – perguntou sorrindo de lado, concordei com a cabeça e pedi:

- Vamos lá em casa só pra eu passar uma maquiagem e colocar uma roupa mais legal?

- Claro... – pegou as chaves do carro, a carteira e estendeu a mão para que eu fosse com ele.

Nos despedimos dos seus pais, em frente de casa encontramos Anabelle e Brian nos esperando. Belle encheu o saco por eu ainda não estar pronta, dizendo que seria rápido fui para dentro de casa. 

Não conseguia correr como faria antigamente, os pontos do corte já haviam sido retirados, mais ainda doía se eu forçasse o abdômen. Matt se sentou na minha cama enquanto eu ia ao banheiro lavar o rosto e passar a maquiagem nova.

- Matt, pega uma calça jeans e uma blusinha pra mim por favor? – gritei enquanto ligava a chapinha.

Ouvi as portas do armário se abrirem, com isso me concentrei em terminar rápido a maquiagem, não demorei no cabelo também, apenas reforçando o liso dos fios. 

Quando voltei ao quarto congelei...

Matt segurava uma sacola que definitivamente não podia ter visto, em uma de suas mãos um pequeno sapato de bebê era observado. Seus olhos me fuzilaram, pude ver um misto de raiva, pena e a tensão que era evidente pela mandíbula travada.

- Não era pra você ter visto isso... – me adiantei tirando tanto a sacola quanto o sapato da mão dele e os colocando dentro do armário novamente, no fundo.

- Por que você tem isso no armário Madson? – perguntou e eu sabia que ele estava controlando a voz para não gritar.

- Eu achei bonitinho e comprei. – expliquei superficialmente enquanto de costas me trocava, ouvi uma risada sarcástica.

- VOCÊ TEM QUE SUPERAR ISSO MADSON! – gritou explodindo, ignorei entrando na calça jeans que ele havia jogado na cama – Olha pra mim... – me puxou pelo braço obrigando nossos olhares se cruzarem e vendo algo que o fez bufar algumas vezes. – Foda-se, vou esperar lá em baixo. – imediatamente suas mãos escorregaram e numa rapidez ele saiu do quarto.

…

Entramos no bar, o qual estava estupidamente cheio, por conta disso Matt segurou firme minha mão. Não tínhamos trocado mais nenhuma palavra desde que ele havia gritado…

Não estava brava, sabia que ele queria o melhor para mim, que estava ficando desesperado com meu comportamento... Mas eu não sabia como frear isso, era um impulso que me levava a falar, agir e pensar diferente.

Um corpo alto esbarrou em mim e involuntariamente falei um “ai”. Automaticamente Matt se virou já empurrando  quem havia me acertado, coloquei a mão em seu peito assustada pela ação inesperada dele. O garoto pediu desculpas dizendo que havia sido sem querer, Matt ainda o encarava pronto para usar essa desculpa e cair na briga. Segurei seu braço sentindo os músculos tensos, o chamei mostrando a mesa onde os garotos já estavam e relutante ele se virou para mim, nos puxando para longe.

Jimmy nos recebeu com abraços e não pude conter o sorriso sincero, ele me alegrava, ao perceber como o amigo estava o puxou, pedindo ajuda para ir buscar cerveja para todos. Acabei concordando em beber, apesar de não saber se causaria algum efeito contrário pelos remédios que estava tomando, me sentei entre Zacky e Johnny.

Virei-me para Johnny perguntando onde estava a garota da noite que usaria meu gnomo favorito.

- Pra começo de conversa, gnomo é a sua bunda. – ri alto com isso dando um soco leve no braço dele – E a escolhida da noite ainda não apareceu, esse bar não está muito bem frequentado hoje. - comentou dando uma risada.

-Ei olha lá como fala. – retrucou Belle sentada do outro lado da mesa.

- Menores de 15 anos ficam quietos beleza? – pediu Johnny e Belle ficou vermelha imediatamente.

- Tenho que concordar com o Jojo pirralha... – passei o braço pelos ombros dele piscando para ela que brava se virou para Brian pedindo para que ele a defender.

- Mas você é pirralha amor... – com isso o guitarrista levou uma série de socos e todos, inclusive Gena, riram.

- Vaza... – ouvi Matt dando um leve tapa na cabeça de Johnny que se levantou e após o cumprimentar foi se sentar na ponta da mesa. 

Ele se sentou ao meu lado colocando quatro garrafas de cerveja no centro da mesa, abriu uma para mim e outra para si. Jimmy acrescentou mais algumas e cada um foi pegando a sua. Após dar um gole suspirei, colocando a mão na coxa de Matt, não queria ficar de mal com ele e parecia que a recíproca era verdadeira, pois sua mão foi de encontro a minha, a apertando.

…

Saímos do bar e Matt estava bêbado, segurava sua cintura rindo com Jimmy que fazia diversas palhaçadas, caminhávamos para o carro e infelizmente alguns garotos estavam parados encostados no veículo. Instantaneamente Matt endireitou a postura, pude ver Zacky e Brian mais atrás se entreolhando, Jimmy segurou no ombro do amigo e Johnny deu um passo para o meu lado. Olhei confusa para os garotos estranhos, os reconhecendo como do time de basquete da escola. O mais alto se desencostou do capô do carro, dando um sorriso malicioso na minha direção deixando Matt visivelmente irritado, com as mãos em punhos.

- Sanders... – cumprimentou, Matt se manteve em silêncio. – Bela garota. – o olhei assustada, ele não tinha medo não? (indaguei mentalmente). 

- O que vocês querem? – perguntou Matt me colocando atrás de seu corpo, olhei para Johnny procurando respostas, mas ele se encontrava fixo nos garotos. Virando para trás observei Anabelle tão confusa quanto eu.

- Você ainda não respondeu se vai voltar para o time ou não cara... – ouvi a risada sem humor dele.

- Nunca. Agora saiam do meu carro... – respondeu dando um passo para frente e assustada segurei seu braço.

- Certeza que não quer voltar Sanders? – o garoto que falava avançou mais em nossa direção sendo seguido pelos outros.

- Absoluta. – Matt deu mais passo para frente e com isso o puxei com força.

- Matt vamos embora, por favor. – ele me olhou por cima do ombro por alguns segundos, bufando segurou minha mão com força, e abriu caminho pelos garotos estranhos para que tivesse acesso a porta do passageiro, onde fui colocada. Depois deu a volta ignorando a todos e entrou no carro, em seguida dando partida, cantando os pneus.

Suspirei nervosa, com medo dele explodir de verdade, fiquei calada o percurso inteiro até que ele parou em frente de casa, ainda com o motor ligado, destravou a porta para que eu descesse.

- Você não quer dormir em casa? – perguntei na esperança que ele ficasse mais calmo, apenas recebi seu aceno negativo com a cabeça.

Suspirei mais uma vez e me inclinei, alcançando seus lábios, permanecemos com os lábios selados por alguns segundo, quando nos separei olhei no fundo de seus olhos… meu porto seguro esverdeado estava com problemas, eu precisava calar meus demônios para o ajudar. Juntei nossos lábios novamente e Matt respondeu com um beijo lento... Aos poucos nos afastamos, voltei a olhar seus olhos. – eu te amo Matt… - sussurrei a centímetros do seu rosto. 

- Eu também... – respondeu rouco, fazendo meu coração derreter… senti as lágrimas acumularem nos olhos e com isso me virei saindo do carro.

Caminhei até a porta de casa e ao abri-la voltei a olhar para Matt, ainda dentro do carro, ao me ver em segurança ele acelerou disparando pela rua. Senti meu coração se apertar, com medo dele fazer algo do qual se arrependeria... Medo dele fazer algo que acabasse com nós dois.

Deixei as lágrimas ganharem a luta contra meu controle, subi cansada as escadas, a ansiedade crescendo em meu peito, comecei a passar mal. 

Sentei na cama e a maquiagem em meu rosto começou a incomodar, minha própria pele causava esse sentimento. Suspirei contendo um soluço, fui ao banheiro, tirando as roupas, as tacando com força no chão, entrei no chuveiro sentindo um nó em minha garganta se formava, queria gritar e espernear. 

Eu queria ele comigo.

Após o banho ainda me sentia ansiosa, temerosa, mas mesmo assim resolvi deitar, precisava dormir, sentia meus ombros cansados, no entanto meu cérebro ainda me mostrava milhares de possibilidades que impediam meus olhos se fecharem. Derrotada me levantei da cama e me sentei na janela do quarto, olhando para a garagem dos Sanders, onde o carro de Matthew já devia estar. E ali eu fiquei... Esperando ele voltar para casa. Para mim...