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História Escape - Capítulo 14


Escrita por: pfthoranxx

Capítulo 15 - Capítulo 14


Fanfic / Fanfiction Escape - Capítulo 14

  Mary's POV

A semana de provas se aproximava e todos os alunos se preparavam para enfrentar os mais difíceis testes. Eu não estava diferente. Havia estudado com Niall depois da aula nas últimas semanas, mas sentia que não era o suficiente para conseguir tirar uma boa nota, já que a quantidade de assuntos que tínhamos para estudar era excessiva se comparada com os semestres anteriores.

Mesmo assim eu sempre achava um tempo entre uma revisada de matéria e outra para lanchar com meus amigos e discutirmos os assuntos da semana. Dirigimo-nos ao refeitório quando o sinal do intervalo tocou e eu caminhei para a mesa escolhida por Harry, com Susan ao meu lado, após me servir com uma fatia de pão e vitamina de morango.

— Se antes das provas já estamos desse jeito eu não quero nem imaginar como vou estar depois delas. — disse Louis quando eu ocupei o lugar entre ele e Susan.

— Pense que você vai adquirir mais conhecimento. — o moreno olhou com tédio para Sophia e não pude evitar rir da sua expressão hilária.

— Sabem o que devíamos fazer? Um grupo de estudos. — sugeriu Susan, dando uma mordida na sua maçã.

— Não é uma má ideia. — concordou Liam.

Eu estava feliz por Liam estar um pouco mais próximo de nós. Mesmo que sua implicância não tenha evaporado, sabia que ele estava se esforçando para se enturmar e tentar participar de mais atividades conosco. Niall me contou sobre a briga e que ele não ficou nada feliz ao descobrir sobre nosso encontro. De qualquer maneira, ele não parecia se preocupar tanto com isso nos dias que se seguiram.

Eu não sabia ao certo o que tinha acontecido para ele deixar sua implicância de lado e até passar a andar mais conosco. Talvez a companhia de Sophia tenha ajudado, principalmente, quando o rapaz passou a fazer parte do grupo de economia com a minha amiga. Pelo o visto os dois estavam se entendo cada vez melhor.

— Podemos nos reunir na minha casa. — sugeri.

Do outro lado da mesa o olhar de Niall se encontrou com o meu e seus lábios se curvaram em um sorriso discreto. Ele já havia se recuperado do acidente e os machucados em sua pele não passavam de cicatrizes. Eu me sentia muito mais aliviada por ele estar assim, pois ter que vê-lo no hospital após o ocorrido foi uma das piores coisas que presenciei em meses. Pela primeira vez a sensação de perdê-lo veio à tona e logo eu soube que jamais queria ter que passar por nada igual. Era difícil admitir, mas  eu estava cada vez mais preocupada com ele e, consequentemente, me importava um pouco mais a cada dia.

— Concordo. A casa da Mary é grande o suficiente para todos nós. — disse Harry.

— Podemos começar hoje depois da aula. — precisava me aprofundar mais em certas matérias e achava a ideia de Susan muito boa. Eu queria começar o quanto antes. — Já que não temos muito tempo até as provas começarem.

— Então está decidido. O grupo de estudos está oficialmente aberto. — Susan bateu palmas como uma criança e ninguém conseguiu evitar rir da loira.

(...)

Ouvi o barulho da campainha e desci as escadas correndo. Quando abri a porta vi Susan e Harry parados no lado de fora. Não pude evitar reparar nos sorrisos que ambos esboçavam.

— Nossa! Que animação. — observei enquanto os dois entravam e eu fechava o material de madeira.

— É a alegria por estar aqui. — disse a loira, me abraçando de lado.

— Onde está o James? — Harry perguntou passando os olhos pelo interior.

— Eu o coloquei para dormir. Caso contrário ele iria nos atrapalhar enquanto estudamos.

Os dois me seguiram até a sala e Harry abriu seu notbook em cima da mesa de centro, sentando no tapete. Susan ligou seu tablet e me mostrou algumas apostilas que baixou da internet enquanto nossos amigos não chegavam. A campainha tocou novamente, depois de algum tempo, e Harry se ofereceu para abrir a porta, logo surgindo no cômodo  acompanhado por Louis e Sophia.

Louis pegou algumas latas de refrigerantes e salgadinhos para nos distrairmos e alguns minutos depois Niall e Liam chegaram. Com o grupo completo e alimentado podíamos começar nossos estudos.

— Então, o que nós vamos fazer? — Harry perguntou sem tirar os olhos do notbook.

— Acho melhor nos dividirmos por cursos e cada um ajuda seu  companheiro de grupo. — sugeriu Sophia revezando seu olhar entre cada um de nós.

— Tudo bem. Vamos começar.  — disse Susan, juntando as mãos em um único soar de palmas e sem demora cada um se juntou ao parceiro de curso.

Eu estudava juntamente com Niall, Sophia e Susan usavam o tablet da loira enquanto Liam se juntava a Harry e Louis no notbook do rapaz tatuado. Algumas horas se passaram e continuávamos ocupados com diversos assuntos, tentando tirar qualquer dúvida que tivéssemos. Em certo momento, Louis e Niall buscaram comida para todos e eu fui grata pela gentileza deles.

Depois de um bom tempo de cálculos e assuntos complexos olhei na tela do meu celular e vi que o relógio marcava 5 p.m. Eu gostaria de parar e descansar um pouco, mas mesmo assim continuamos com o trabalho. De repente escutamos um choro vindo do andar de cima, fazendo-me interromper o meu raciocínio de uma conta de física. James havia acordado.

— Parece que alguém acordou. — Harry sorriu, fazendo com que suas covinhas aparecessem em ambas as bochechas.

— Acabou a nossa paz. — meus dedos se perderam entre meus fios cabelo.

Eu teria que dar atenção a James e isso dificultaria em continuar a ajudar meus amigos com os estudos. Levantei-me no intuito de ir pegá-lo, mas Susan foi mais rápida, se levantando antes de mim.

— Deixa que eu o pego. — disse e agradeci com um sorriso.

Em pouco tempo ela voltou com James no seu colo e agarrado ao seu pescoço, demonstrando o quão sonolento ainda estava. Harry o pegou e colocou entre suas pernas acomodando meu irmão no sofá enquanto ele se despertava aos poucos. Quando a preguiça pareceu passar, o pequeno insistiu em mexer no notbook de Harry, alegando que queria jogar Bob Esponja e o moreno atendeu o seu pedido para que ele ficasse quieto e não nos atrapalhasse.

O estudo rendeu por mais algum tempo, até Louis se irritar com o cansaço que sua expressão demonstrava. Ele jogou o livro que tinha em mãos para o lado e puxou os cabelos lisos para trás, soltando um longo suspiro.

— Chega! Eu não aguento mais. É informação demais para o meu cérebro. — ele disse.

— Precisa de tudo isso?! — Susan o repreendeu.

— Ele tem razão, precisamos parar. Eu não estou nem mais enxergando as letras desse livro. — Harry admitiu largando o marca texto em cima da mesa.

— Tudo bem. — Susan suspirou derrotada. — Já que vocês não aguentam algumas horas a mais estudando vamos parar por um tempo.

— Meus neurônios estão fritando dentro da minha cabeça. — Louis massageou a cabeça com as pontas dos dedos.

— Menos drama, Louis. — Sophia pediu se levantando do sofá.

Louis imitou o ato da morena e se dirigiu ao quintal. O restante também se levantou e Harry pegou James para que pudéssemos ir para o lado de fora. Ao nos acomodarmos em algumas cadeiras na borda da piscina, os garotos acharam uma bola e começaram a jogar futebol na grama. Meu irmão corria atrás deles na tentativa de conseguir tocar na bola, mas seu esforço era em vão, afinal os rapazes eram mais rápidos e bem maiores.

Susan, Sophia e eu preferimos ficar perto da piscina apenas os observando enquanto conversávamos. O restante do dia passou rapidamente e usamos o tempo que ainda nos restava para nos divertirmos. O restante do estudo ficaria para o próximo encontro do grupo.

Harry me ajudou a preparar algo para comermos e a refeição escolhida foi sanduíche e suco para todos. Quando terminamos, Louis insistiu para que voltássemos para o quintal para contar histórias de terror. Não que eu fosse fã de histórias desse gênero, mas podia ser um pouco divertido. Porém, James foi nosso maior problema ao não aceitar que não poderia se juntar a nós. Tive que fazê-lo parar de chorar e tentar explicar o motivo por ele não poder participar.

— Mas po que eu não posso fica? — perguntou emburrado.

— Porque nós vamos ter uma conversa de gente grande. — Sophia tentou explicar. Harry e Niall, assim como eu, estavam ajoelhados à frente do garoto para ficar da sua altura.

— Mas eu já sou gande. — ele insistiu, esticando os braços para mostrar o quão alto era. Não me contive em rir do pequeno.

— Só que essa conversa é para gente maior que isso. — Harry afagou seus cabelos loiros.

— Se você prometer que vai ficar lá dentro brincando, Harry e eu podemos brincar depois de carrinho com você. — Niall apontou em direção a sala e James acompanhou com o olhar o caminho que seu dedo indicador percorreu. — O que me diz?

Ele ficou calado, provavelmente,  pensando na possibilidade de brincar com os rapazes.

— Vocês pometem? — perguntou e vi Niall assentir. — 'Ta bom.

Não pude deixar de rir quando ele sorriu abertamente, mudando sua expressão de séria para divertida. Beijei o topo da sua cabeça e me levantei, pegando-o no colo para levá-lo para dentro. Quando tudo estava resolvido, voltei para a grama e sentando ao lado de Niall, formamos uma roda quase perfeita. Louis começou a contar uma história e não demorou a todos demonstrarem indícios de medo. Sophia abraçou Liam que envolveu os ombros da garota com um de seus braços para mostrar que estava tudo bem. Percebi Susan segurar a mão de Harry firmemente, vendo-o retribuir seu gesto um tanto nervoso. Eu sabia que Niall olhava para mim certas vezes e, de alguma forma, me sentia sem graça.

Quando cansamos de ouvir e contar casos horripilantes nos deitamos no gramado, observando o céu estrelado. Assim como já havia me dito, Niall contou para todos um pouco do que sabia sobre as constelações e nossos amigos acharam interessante o seu conhecimento sobre o assunto.

Fechei os olhos, satisfeita com a sensação que o vento me causava ao bater no meu rosto, e dei um longo suspiro ao sentir uma rajada mais forte. Senti alguém se aproximar e abri os olhos, encontrando Niall deitado ao meu lado. Ele me observava com um leve curvar de lábios. Seus olhos estavam em um tom de azul intenso e seu cabelo não me parecia tão arrumado como de costume, devido a bagunça que o vento lhe causava.

— O que foi? — perguntei de uma forma suave ao perceber que ele me fitava a algum tempo.

— Nada. É só que... — vi suas bochechas ficarem vermelhas enquanto ele fazia uma pausa para continuar. — Eu gosto de estar aqui. Não pensei que acharia isso, mas é bem legal.

— Não sei por que pensou diferente, mas que bom que percebeu que estava errado no final das contas. — eu disse. — Você devia ir se acostumando.

Ele riu abafado e, em seguida, se manteve calado, sem tirar os olhos de mim. Sorri tímida desviando meu olhar do seu por alguns instantes. Eu não podia negar o efeito que Niall causava em mim. Ele era um rapaz realmente atraente e sempre me deixa sem-graça ao me olhar daquele jeito. Eu gostava do jeito que ele se referia a mim; parecia sempre tão carinhoso e atrevido ao mesmo tempo.

Quando ergui a cabeça novamente, nossa troca de olhares foi rapidamente interrompida com Susan parando à nossa frente e olhando para baixo, fixando seus olhos em mim.

— Acho que está na hora do James dormir. — ela estendeu o celular, mostrando o relógio que marcava 8:30 p.m.

Sem opção me sentei e recebi a ajuda de Niall para ficar de pé. Ele segurou minha mão direita e me puxou na sua direção, colando nossos corpos com o impulso. Nossos peitos se colidiram um com o outro e a respiração pesada de Niall bateu no meu rosto provocando uma onda de calor. Ele tinha os olhos tão penetrados em mim que achei que esses seriam capazes de perfurarem-me.

— Eu... eu vou colocá-lo para dormir. — eu disse um tanto desconcertada com a proximidade que criamos.

— Claro. — Niall assentiu, parecendo sair do transe que ele próprio criou.

Virei-me em direção a minha amiga e notei o seu olhar desconfiado ao nos examinar. Afastei-me, caminhando para o interior da casa, em direção a sala. Ao passar pela cozinha percebi que Niall me seguia e logo conseguiu me alcançar. Quando chegamos a sala, vi James deitado no sofá com a barriga para cima. Não havia nenhuma almofada abaixo da sua cabeça e alguns brinquedos lhe cercavam. Ele não parecia muito confortável, mas mesmo assim dormia de uma forma tranquila.

— Pelo menos não foi preciso brincar para ele dormir. — Niall comentou com um breve sorriso.

— Vocês se livraram. — imitei seu gesto.

— Eu lhe ajudo a levá-lo para cima. — ele se sentou na beirada do sofá. Ergueu meu irmão e pegando-o no colo, tomou o devido cuidado para não acordá-lo.

Lhe acompanhei ao subir as escadas e ao chegarmos ao quarto Niall o deitou na cama. Enquanto ele tirava os tênis de James, eu procurava um pijama em uma das gavetas da cômoda. Com a ajuda do rapaz tirei a roupa do pequeno e substitui pelo pijama confortável, sempre tomado cuidado para não despertá-lo.

Subi o lençol na altura da sua cintura e lhe dei um beijo na testa, deixando ao seu lado um dos ursinhos de pelúcia. Niall me esperava encostado no batente da porta, observando a cena. Ao me certificar de que meu irmão ficaria bem, desliguei a luz e deixei o cômodo tentando não fazer muito barulho.

— Você é uma boa irmã. — comentou Niall, assim que fechei a porta e nos dirigimos à escada. Sorri tímida com seu um elogio.

— James também é um bom menino.

— Ele é. — Niall concordou, me acompanhando ao descer os degraus.

— Obrigada. — eu disse ao chegarmos à cozinha e parar antes de alcançarmos o jardim novamente. — Você é tão cuidadoso com ele e eu nunca lhe agradeci por isso.

— Não precisa agradecer. — um sorriso discreto mantinha os cantos dos seus lábios erguidos. — Eu gosto muito dele. E assim como você ele, ele é especial para mim.

Niall’s POV

Voltamos para o jardim e nos sentamos na grama. Eu me sentei ao lado de Mary enquanto todos tinham uma taça de sorvete na mão. Resolvemos que seria um bom jeito de agrada-los depois de uma tarde cansativa de estudo. Estávamos no início do inverno, mas mesmo assim a temperatura não era tão baixa a ponto de não conseguirmos tomar nem sorvete. Eu acreditava que o inverno rigoroso, com noites frias e ruas repletas de neve, ainda estava por vir.

— Minha barriga já estava com saudade de ficar cheia. — Louis comentou, massageando a barriga.

Louis era um cara engraçado e essa era a qualidade que eu mais admirava nele. Por mais que estivéssemos cansados ou tensos ele sempre dava um jeito de arrancar risadas de todos. Assim como os outros, ri do seu drama e no meio da empolgação acabei derramando sorvete na minha camiseta. Eu era um imbecil mesmo, até quando não me esforçava acabava fazendo besteira.

— Droga. — grunhi, atrapalhado com o gelado a escorrer pela T-shirt branca. Fiquei mais nervoso quando a maioria começou a rir da situação.

— Acho melhor limpar isso. — disse Mary, me fazendo erguer o olhar para ela que tinha os lábios curvados em um pequeno sorriso. — Vem comigo!

Ela se levantou, adentrando a cozinha e eu fiz o mesmo, deixando meus amigos conversarem de uma  forma descontraída. Pelo menos eles pareciam esquecer aos poucos o episódio constrangedor. Vi quando Mary pegou um pano de prato e molhou certa parta, fez um sinal para que eu me aproximasse e obedeci um pouco receoso. Ela começou a esfregar com cuidado um tecido no outro e certas vezes sua mão roçava na pele da minha barriga. O seu toque me causava arrepios e uma onda de choque percorria o meu corpo ao senti-lo.

— Parece que isso não vai sair tão fácil quanto pensei. — uma curva se formou entre suas sobrancelhas enquanto ela fazia esforço para tentar tirar a mancha. — Espere aqui.

Observei-a enquanto vasculhava os armários da cozinha a procura de alguma coisa. Não pude evitar olhar para o seu corpo que estava apoiado na ponta dos pés ao tentar alcançar um dos armários mais altos. As calças justas definam ainda mais suas curvas nada exageradas. A T-shirt simples vestia perfeitamente em seu corpo enquanto seu cabelo caia como cascatas até o meio das costas. Tentei me controlar ao baixar meu olhar, mas isso era praticamente impossível. A cada caminho que meus olhos percorriam eu me sentia mais ansioso e sabia que esse era o efeito que ela podia me causar. Eu tinha que me segurar para minhas mãos não avançarem em sua cintura e prendê-la contra o meu corpo e a bancada da cozinha.

Sai do transe quando ouvi a porta do armário à esquerda se fechar e Mary se virou com um sorriso vitorioso no rosto.

— Isso deve ajudar. — disse se aproximando. Ela tinha um pote de lenços na mão e pousou ao meu lado, em cima do balcão de mármore.

— Como lenço umedecido vai ajudar a tirar a mancha? — questionei erguendo o pote na altura dos meus olhos e lendo o rótulo. — Pensei que usassem isso para limpar bunda de bebê.

Ela riu com o meu comentário e balançou a cabeça negativamente, continuando a esfregar a T-shirt.

— Usamos para limpar James quando ele se suja muito. É de ótimo uso.

— E acha que vai funcionar? — soltei um riso nasalado. — Eu não sou criança.

— Se funciona com ele, deve funcionar com você. — disse por fim.

Enquanto a mancha não saia fiquei admirando o jeito como Mary parecia prestar atenção no que fazia.  Alguns fios de cabelo liso caiam sobre seu rosto, parecendo atrapalhar seu serviço. Sem pensar muito bem no que fazia, tratei de ajudá-la e coloquei a mexa para trás da sua orelha. Mary ergueu o rosto até seu olhar encontrar o meu e sorriu de uma forma doce, agradecida pelo meu ato. Retribui com um sorriso atrapalhado.

— Pronto. — sua voz soou no silêncio que se manifestara, parando de esfregar minha camiseta.

Olhei para o lugar da mancha e vi apenas um molhado com uma cor clara devido à coloração do sorvete.

— Isso faz milagre! — acabei por admitir. Mary tinha razão ao falar que os lenços resolveriam o problema. — Deveriam vender como tira manchas.

Ela sorriu tímida e lhe agradeci por ter me ajudado. Retornamos ao lado de fora e fiquei conversando com os rapazes, porém, não deixei de observá-la. Por mais que Mary estivesse um pouco mais afastada, não dificultava para que eu tivesse meu olhar preso em seu rosto. Adorava vê-la sorrir e admirar seus dentes brancos que apareciam sempre que alguém fazia um comentário engraçado.

— Niall, parece que tem uma formiga no seu ombro. Fique quieto. — ouvi Susan ao meu lado, quebrando minha visão com Mary e me obrigando a olhar para o local indicado. Vi quando ela passou a mão pelo meu ombro, expulsando o inseto de lá.

— Obrigado. — sorri brevemente.

Susan se sentiu a vontade para se deitar no gramado e fez minhas pernas de travesseiro. Eu estava um pouco receoso. Não sabia aonde por as mãos e temia que Mary interpretasse a cena de maneira errônea. Mesmo assim, deixei que a loira permanecesse de maneira confortável.

A escuridão já predominava no céu e Liam parecia se divertir com Sophia. Ele nunca escondeu que sentia atração por ela e eu ficava feliz por ele. Finalmente, ele estava aceitando um pouco mais meu convívio com Mary e os outros, principalmente depois do acidente. Eu seria sempre grato a Louis por ter me salvado, mas sua bravura e lealdade pareciam ter aberto os olhos de Liam de uma maneira espantosa. A sua convivência com a rapaz era tão frequente quanto comigo e Geoff. Ele parecia estar voltado a ser um cara normal. Não só preocupado com a nossa segurança e todo o resto.

De repente, o barulho de um celular tocando chamou a atenção de todos e Harry se levantou para atender a chamada, se afastando do grupo. Em pouco tempo ele voltou guardando o celular no bolso dianteiro.

— É melhor nós irmos, Susan. Já está tarde. — disse parando a nossa frente e olhando para a garota que ainda tinha a cabeça apoiada nas minhas pernas.

— Mas já? Agora que a conversa estava boa. — ela tentou protestar, mas acabou se levantando sem escolhas. Ao se por de pé, a parte despenteada do seu cabelo ficou a amostra. Não pude deixar de rir. — O que foi? — indagou sem entender o motivo da minha risada.

— Seu cabelo. — indiquei e, só então, ela entendeu ao que eu me referia.

Ela só teve tempo de arruma-los de uma forma rápida antes de Harry se despedir de todos e adentrar a casa, se dirigindo até a entrada. A garota se despediu de todos e Louis pediu uma carona, alegando que estava sem carro e não tinha como voltar para casa.

— Você vem, Sophia? — perguntou Susan.

— Não, podem ir. — ela sorriu tímida. É claro que ela não iria. Ficar na companhia de Liam era muito mais interessante do que ir para casa. — Eu vou depois.

— Tudo bem. — ela deu de ombros. — Nos vemos amanhã então.

Mary e eu os acompanhamos até a porta da frente e assim que eles se foram o tédio pareceu reinar entre nós. Eu não gostaria de ficar com Liam e Sophia no jardim. Tinha certeza que eles não gostariam se eu atrapalhasse o momento deles.

— Nem parece que a casa estava cheia até a alguns minutos atrás. — Mary comentou se sentando no sofá e eu imitei seu ato.

Eu não queria que ficasse um clima chato e silencioso entre nós, em que só ouvíamos os grilos, e nesse caso, os risos de Liam e Sophia vindos do lado de fora.

— Mary!

— Sim. — ela voltou sua atenção para mim, cravando seus olhos nos meus. Por mais que seus olhos não fossem claros eu gostava do tom de marrom da sua íris, eles me transmitiam uma sensação de tranquilidade.

— Toca pra mim. — pedi tombando, levemente, a cabeça. Sua expressão se tornou confusa e eu ri abafado. — Quero ouvir você tocar piano.

Percebi um certo brilho invadir seus olhos e ela sorriu tímida. Continuei a fitá-la enquanto a via se levantar e estender a mão na minha direção.

— Tudo bem, eu toco pra você.

Segurei sua mão e caminhamos até o piano, me sentando ao seu lado no pequeno banco. Ela começou a deslizar seus dedos pelas teclas do instrumento, tocando uma música calma. Eu observava um sorriso discreto crescer em seus lábios e como Mary fazia aquilo com tanta perfeição. Ela desviou o olhar das teclas, por alguns instantes, para mim, sorrindo de uma forma sincera. Ela simplesmente não fazia ideia o que causava em mim.

Suspirei tentando tirar tais pensamentos da cabeça e voltei a prestar atenção no que ela tocava, porém, era mais difícil do que pensei que seria. Sempre acabava pensando nela. Eu não sabia o que ela estava me causando ao certo, mas gostava de ter meus pensamentos perdidos na sua imagem.

— Niall? — me despertei ao ouvi-la me chamar.

— Eu só estava me lembrando de uma coisa. — forcei um sorriso.

— Quer aprender? — perguntou animada pela minha resposta.

— Tudo bem. — dei de ombros.

Ela teve liberdade para segurar minhas mãos e as colocou em cima das teclas do piano, posicionando-as de forma que eu deduzi ser a correta. Suas mãos se sobrepuseram as minhas e nossos dedos se afundaram com delicadeza até uma nota ser soada.

— Você coloca seus dedos aqui. — Mary nos trouxe para a esquerda e mais uma nota foi emitida. — E terá um Sol.

Ela continuou com os movimentos e aos poucos uma melodia desajeitada começou a ser formada. Não parecia nada com a música que Mary havia tocado há alguns minutos atrás, mas eu gostava. A nossa proximidade era tamanha que era preciso me controlar para não lhe beijar ali mesmo. Céus, o que eu estava pensando?

— E como é aquele trecho que você tocou? — perguntei com a intenção de me distrair.

— É fácil, você só precisa apertar Dó e... — ela se interrompeu quando virou o rosto na minha direção e viu meu olhar fixo em seu rosto.

Um desejo fervia dentro do meu corpo e eu não sabia mais o que fazer para me acalmar. Meu olhar se revezava entre seus olhos e lábios, onde paravam por um longo instante. Eles me pareciam tão convidativos. Sem que fosse capaz de controlar meus sentidos, comecei a me aproximar, podendo sentir sua respiração bater no meu rosto. Antes que pudesse fazer qualquer outra coisa, ouvi o barulho da porta sendo aberta e rapidamente me afastei. O momento se tornou constrangedor e eu me esmurrei por dentro. Onde eu estava com a cabeça ao tentar beijá-la?

— Niall, que bom lhe ver aqui. — a voz e a imagem de Patrick, pai de Mary, a chamar minha atenção. — Como está?

— Bem. Muito bem. — sorri meio atrapalhado. Voltei meu olhar para Mary, por breves segundos, e a vi encarando as teclas do piano. Ela parecia sem graça.

— Isso é ótimo. — o mais velho retribuiu com um sorriso. — Eu tive um longo dia no trabalho, por isso vou subir. Se divirtam.

Assisti ele subir as escadas logo em seguida. Um turbilhão de pensamentos bombardeou a minha mente e eu não sabia como agir. O que Mary iria pensar depois do que eu tentei fazer?

— Vou chamar o Liam. — eu disse, me levantando. — É melhor nós irmos.

Ela voltou o olhar para mim e me fitou por alguns segundos antes de se levantar, dizendo que iria me acompanhar. Quando chegamos ao jardim vimos Sophia sentada ao lado de Liam em um dos bancos de balançado. Os dois me pareciam muito próximos para quem apenas conversavam. Soltei um pigarro tendo a atenção dos dois voltada para mim.

— Nós precisamos ir. — anunciei. Lancei-lhe um olhar sério e ele pareceu entender o que eu queria dizer.

— É, nós precisamos. — seu olhar voltou para a garota ao seu lado antes de me olhar pela última vez.

— Tudo bem, eu só tenho que pegar minha bolsa.

Os dois passaram por mim e foram em direção à porta da frente. Os acompanhei com Mary logo atrás de mim. Deixei que ambos fossem na frente e ao chegar à varanda da casa, paramos. Desde que deixamos a sala Mary se manteve calada e o seu silêncio estava me matando.

— Está tudo bem? — me atrevi a perguntar.

— Sim. — afirmou, tentando soar naturalmente. — Obrigada por ter vindo.

Eu não esperava que ela me agradecesse por isso. Quer dizer, passamos praticamente a tarde toda  estudando. Se eu, pelo menos, tivesse ficado a sós com ela o resto da tarde poderia entender os seus agradecimentos.

— Eu me diverti muito. — admiti, vendo-a sorrir timidamente. — Qualquer dia podíamos repetir.

— Claro. — ela me olhou pela última vez antes de se aproximar e passar seus braços em volta do meu pescoço, me abraçando brevemente. Só tive tempo de rodear seu corpo com um dos braços e sentir a fragrância do seu perfume, antes que ela se afastasse novamente. — Boa noite, Niall.

Assenti, fitando seus olhos. Ela logo desviou o olhar e fui obrigado a me afastar, eu teria que alcançar Liam. Após o acidente, meu carro foi para a oficina e desde então era Liam quem nos levava para os lugares. Ele provavelmente iria deixar Sophia em casa e os dois me esperavam no carro.

Olhei pela última vez para Mary, vendo-a se preparar para abrir a porta e voltar para dentro. Fiz meu caminho pelos pequenos degraus da varanda, mas me interrompi quando pensei no que eu estava fazendo. Qual era o meu problema? Era a chance perfeita e eu estava desperdiçando.

— Eu sei que vou me arrepender por isso. — disse de repente, fazendo a garota interromper seu ato de abrir a porta.

Ela girou nos próprios calcanhares e se virou na minha direção enquanto eu me aproximava em passos largos. Sem pensar direito nos meus atos e não lhe dando tempo para me questionar sobre o que eu falava, cheguei perto o suficiente para segurar seu rosto com as duas mãos  e selar nossos lábios. Tudo a minha volta parecia explodir como fogos de artifício e comecei a achar que estava delirando. Ou, talvez, fosse só o efeito do beijo.

Suas pequenas mãos agarraram o tecido da minha T-shirt enquanto eu não perdi tempo para pedir passagem com minha língua pelo seu lábio inferior. Ela entreabriu a boca me dando permissão e senti vontade de sorrir por saber que ela realmente queria que eu a beijasse. Uma das minhas mãos caiu no meio de nós dois apenas para eu segurar firme em sua cintura e a aproximar o máximo de mim. Seus lábios finos e macios se moldavam aos meus num movimento calmo. Segurei sua nuca com a outra mão ao sentir o frio percorrer minha barriga quando suas mãos deslizaram para cima de meus braços indo em direção aos meus ombros. 

Minha língua bateu com a dela e eu podia sentir todas as palavras sendo transmitidas naquele beijo, todas as emoções que sentíamos. Quebrei o beijo ainda segurando sua cintura assim como ela fazia com a minha nuca, nos deixando ainda próximos o suficiente para juntarmos nossas testas e olharmos olhos nos olhos. Ela era a garota mais linda que um dia eu conheci. Um sorriso tímido apareceu no seu rosto corado e selei nossos lábios de forma prolongada antes dela voltar a falar.

— Nunca diga que se arrepende por isto.
 


Notas Finais


Finalmente o beijo tão esperado!! Vamos aplaudir o casal hahahaha. Espero que vocês tenham gostado e possam deixar seus comentários logo abaixo.
Semana que vem é meu aniversário e se esse capítulo tiver um bom número de visualizações eu postarei dois capítulos na próxima semana para comemorar. Já que isso depende de vocês, espalhem para os amigos, parentes ou whatever.
Por hoje é isso, amores.
M. xx


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