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História Escape - Capítulo 13


Escrita por: pfthoranxx

Capítulo 14 - Capítulo 13


Fanfic / Fanfiction Escape - Capítulo 13

Niall’s POV

Eu ainda tentava processar o que havia acontecido há alguns minutos atrás, desde que deixei Mary em casa. Nossa ida ao restaurante foi boa, mas tê-la lavado ao cais pode ter sido uma ação precipitada. Eu não havia planejado lhe mostrar o lugar, mas eu queria tanto passar mais tempo com ela que foi a única ideia que tive em poucos minutos que tinha para pensar.

Não queria considerar nossa saída como um encontro, porque eu realmente não acreditava que era. Mas o nome pareceu apropriado no momento em que cogitei beija-la. De forma alguma devia ter deixado minha vontade sobressair minha razão, mas Mary estava tão maravilhosa sob a luz do luar, com os olhos atentos em mim de maneira tão cativante. Jamais pensei que estabeleceria esse tipo de relação com ela. Esse não era o meu objeto, mas como já havia ouvido muita gente dizer; nós não mandamos no coração, ele é um órgão involuntário.

Voltei para casa assim que me certifiquei de que a garota ficaria bem. Ela não sabia, mas passei mais alguns minutos parado na rua, com o carro escondido em baixo de uma árvore há algumas casas de distância, para ter certeza de que ela estava segura e de que eu podia ficar sossegado. Assim como fiz quando saí, tentei ser o mais discreto ao abrir o portão e estacionar o carro na garagem. Tirei a chave da ignição e preferi não acionar o alarme para não fazer barulho quando deixei o veículo.

Peguei minhas chaves do bolso traseiro e abri a porta com acesso a cozinha. Logo, a escuridão me engoliu e dei alguns passos até achar o interruptor da luz e liga-la. E junto aos móveis e objetos do cômodo um vulto surgiu na minha frente, tão rápido quanto um raio ou preciso quanto uma bala, me jogando contra a parede mais próxima com tamanha força que senti uma pontada aguda nas minhas costas.

— Você é o ser humano mais estúpido que eu conheço. — Liam gritou com tanta fúria que seu cuspi atingiu meu rosto em determinadas partes.

Eu teria lhe respondido ou tentado me soltar, o que seria o mais óbvio a se fazer, mas eu mal tive chance de pensar quando seu punho atingiu meu queixo em cheio, fazendo minha cabeça se erguer com o impacto. Não dei tempo para a dor me dominar e sem pensar muito, elevei meu joelho e lhe atingi na região da virilha. O impacto fez ele me soltar e curvar o tronco para frente, me dando a oportunidade de lhe acertar uma cotovelada no meio das costas.

Eu sabia que Liam era mais forte que eu e que uma briga com ele era derrota na certa, porém, eu não toleraria esse tipo de coisa. Nossas discussões nunca passaram de agressões verbais e se ele me agrediu fisicamente era porque estava disposto a apanhar também.

O empurrei para longe de mim a fim de ter um pouco mais de vantagem, mas ele segurou meu braço e o torceu para o lado. Rugi de dor e, enquanto estava distraído, ele me deu uma rasteira levando-me ao chão. Liam se lançou na minha direção, meio agachado, e socou meu estômago. Não lhe dei tempo de continuar com o golpe e usando o joelho mais uma vez, chutei o final da sua espinha, onde os seus glúteos começavam. Usei os poucos segundos a meu favor para segurar seus braços firmemente e nos trocar de posição, prendendo suas pernas com os meus joelhos e ficando por cima do rapaz. Vi-o erguer a cabeça com os dentes cerrados e mirar o punho direito na lateral do meu rosto. Me desviei do soco bem a tempo em que esse atingiu o ar e aproveitei para depositar-lhe dois socos na lateral esquerda da sua cabeça.

De repente, Geoff surgiu no cômodo e agarrou meus braços e me puxou para longe de Liam, erguendo-me do chão. Esforcei-me para me aproximar dele novamente, mas fui impedido pelas mãos fortes a apartarem meus braços firmemente. Tentei ignorar a culpa que apertou meu estômago assim que vi o rapaz no chão a tentar normalizar a respiração.

— Por acaso vocês dois ficaram loucos? — ouvi Geoff atrás falar de mim. — O que aconteceu?

— Niall sabe muito bem. — meus olhos estavam fixos em Liam como se ele fosse a presa e eu o predador.

— Posso lhe garantir que não sei. — eu disse entre dentes. Eu estava com tanta raiva de Liam que não conseguia falar normalmente.

— Você saiu para se encontrar com alguém. Eu vi as filmagens da câmera de segurança. — ele cerrou os dentes.

Todo o sangue do meu corpo gelou. Eu realmente não esperava que ele fosse checar as filmagens e, consequentemente, descobrir o que eu tinha feito. Sabia que ele havia me ouvido sair, mas não achei que ele daria tanta importância para isso. No momento as palavras não saíram da minha boca.

— Você tem noção do problema que isso pode nos causar? — indagou irritado. — Você sai desse jeito e para quê? Por um capricho!

— Não há nenhum problema. — me soltei do aperto de Geoff em um gesto brusco e preciso. Liam arqueou as sobrancelhas e eu o enfrentei da mesma forma. — Você é tão paranoico que chega a ser doentio.

— Você não pensa em nós? — apontou seu dedo indicador na altura do meu peito. — Com esse seu deslize ficamos cada vez mais expostos.

— Oh! Então é só essa a sua preocupação?

— Obviamente não. — disse ríspido. — Daqui a pouco vão descobrir onde moramos e somos descobertos. Obrigado, Niall.

Por um lado ele estava certo, mas se alguém quisesse já teria vindo atrás de nós. Eu não acreditava que nossa relação com as pessoas influenciaria nisso. Não com as pessoas certas. Já fazia mais de dois meses que havíamos chegado à cidade e se Mary e seus amigos fossem as pessoas erradas já teriam nos dedurado há muito tempo. Ou, quem sabe, feito coisas piores.

— Eu sei muito bem com quem você saiu. — ele continuou, com sua voz mais baixa. Porém, mantendo a mesma irritação.

Cerrei meus punhos e travei meu maxilar. Sim, eu havia saído com Mary e o faria novamente se precisasse. Não aceitaria Liam dizer que a culpa era dela ou ousar falar algo a seu respeito. Mary era uma das únicas pessoas que conseguia me deixar sã, mesmo não sabendo que fazia isso. Eu não deixaria Liam afasta-la de mim. Mesmo que eu próprio soubesse que não deveria mantê-la por perto.

— Como você soube?

— Não é difícil supor. Eu não precisei nem me esforçar para isso.

Eu me sentia sufocado por Liam estar constantemente atrás de mim, sabendo de tudo o que eu fazia e seguindo os meus passos. A raiva começou a me dominar e cerrei os punhos para tentar manter o controle.

— Eu não deveria estar surpreso por você sair com a Mary, mas parece que fui apunhalado pelas costas. — ele negou com a cabeça como se estar com ela fosse a coisa mais errada que eu pudesse fazer. Mas não era. Não podia ser.

— Isso é ridículo, Liam.

— Ridículo? — seu rosto se contorceu em desaprovação. — Você é ridículo. Por se envolver com a última pessoa com a qual deveria.

— Tudo bem. O que quer que eu diga? Que sinto muito por sair de casa para me encontrar com uma garota?

— Você sabe que ela não é qualquer garota.

— E daí? — ergui as sobrancelhas. — O que devo fazer quando não consigo lutar contra mim mesmo? Quando não consigo lutar com o que sinto?

— Oh meu Deus, Niall. — ouvi Geoff lamentar. Ele deu alguns passos para longe de nós, passando os dedos entre os fios de cabelo grisalho.

— É isso que vocês querem ouvir? — indaguei cada vez mais irritado. — Que não sei como lidar com a garota que eu devia manter distância?

— Mesmo sabendo das regras você insiste em infringi-las. — Geoff murmurou.

— Quantas vezes eu vou precisar dizer que Mary não nos trás perigo? Nós somos o perigo. — eu disse. — Ela está do nosso lado. Você sabe disso.

— Oh vamos lá, pai. — o moreno virou para o pai procurando algum vestígio de apoio. — Você não pode concordar com isso. Deixar que ele aja desse jeito depois de tudo o que nos foi estabelecido.

— Liam tem razão. — o mais velho se virou para mim. — Eu deixei que vocês fossem garotos normais. Aceitei que conhecessem outras pessoas e, até mesmo, fizessem novas amizades. Mas não isso. — ele se aproximou de mim com as sobrancelhas juntas. — Não esse tipo de relacionamento.

— Você nunca aceita nada. Esse é o problema. — lhe encarei. — Mesmo quando não há com o que se preocupar você insiste em afirmar que qualquer um pode ser perigoso.

— E não? Você sabe que não podemos confiar em ninguém, Niall. — preferi não responder nada, pois eu conhecia as consequências por discordar dele e se concordasse estaria afirmando que Mary não era confiável. — Você vacilou. Lembra-se do que eu disse que aconteceria se algum de vocês vacilasse?

Eu lembrava perfeitamente de todas as suas palavras. E eu detestava estar fora da minha razão. Talvez eu tivesse mesmo passado dos limites e não queria admitir. Lembrei-me de ter pensado seriamente em sair com Mary. Eu só queria agrada-la. Ela merecia. Queria dizer que Liam passava tanto tempo com Sophia quanto eu passava com Mary, mas isso não iria adiantar. Aquilo acabaria se tornando uma discussão infantil para ver quem estava certo e errado. Respirei pesadamente lembrando-me de como havia sido minha noite com Mary e relaxei meus músculos tensos. A voz de Geoff veio com toda a sua autoridade enterrando meus pensamentos.

— Não quero mais ver você com ela. A relação de vocês vai voltar a ser como era. Puros negócios. — eu levantei meu rosto assim que as palavras escaparam da sua boca. Meus olhos semicerraram na sua direção.

— Você não pode fazer is...

— Você sabe das consequências. Por isso, longe dela. — ele me interrompeu novamente, sem se importar minimamente com a minha fala. Nunca tinha visto Geoff tão frio e eu nunca tinha ficado tão indignado com isso.

Um grito de raiva ficou preso na minha garganta. Eu não ia gritar. Não ia deixar transparecer a minha raiva. Era isso que Geoff e Liam queriam ver. Eles queriam me levar ao limite para ver o quanto eu suportaria e agiria de acordo com o que me foi ensinado.

— Liam, eles são nossos amigos.  Foram umas das poucas pessoas que nos aceitaram. — travei o maxilar, dirigindo-me ao rapaz. — Tem medo de encarar a realidade, mas devia agradecer por ter alguém que ainda se importe com você.

— Essa é a realidade, Niall. Não podemos ter amigos ou relacionamentos. — sua voz monótona e grave.

Com o ódio a me dominar cada vez mais, dei as costas para eles e peguei as chaves do carro de cima da bancada, que havia deixado assim que adentrei a residência, e segurei-as com tamanha força que senti o material pontiagudo machucar a palma da minha mão. Meus pés batiam contra o assoalho enquanto eu sentia meus olhos enevoarem, mostrando a minha fraqueza. O caminho até a garagem nunca tinha sido tão difícil de completar. Os meus olhos turvos pelas lágrimas, que tentavam escapar de qualquer maneira, não me permitiam enxergar o caminho perfeitamente. Eu não queria ser fraco e chorar. Engoli em seco. O nó na minha garganta tornando até isso difícil de completar. Eu me sentia feliz com Mary e com os amigos que fiz nas últimas semanas. Por que quanto mais perto da felicidade estamos tudo se torna mais difícil?

Entrei no carro novamente e liguei-o com rapidez. De repente, ouvi um barulho vibrante soar pelo espaço e meus olhos capturaram o banco ao meu lado, quando finalmente achei a origem do som. Nem percebi que havia deixado o celular em cima do banco do carona e ao segura-lo vi que era Louis quem estava ligando. Eu não tinha a intenção de atende-lo. Não estava com cabeça para bater papo com ele, mas o rapaz parecia tão disposto a falar comigo que depois de vários toques insistentes, resolvi atender a chamada.

— O quê? — não me importei em ser educado ou algo do tipo.

— Hey, cara, o que acha de jogarmos algumas partidas de FIFA? Estava pensando em chamar o Harry e nos reunirmos na minha casa. — disse o rapaz parecendo tão animado quanto uma criança ansiosa por uma ida ao parque.

— Agora não, Louis. Eu não posso.

— Ué! Por quê? Pensei que você tinha dito que não faria nada hoje a noite.

— Eu disse, mas... — fiz uma pausa sem saber como dispensar o rapaz. — Olha, eu preciso desligar. — eu estava começando a me atrapalhar com apenas uma mão segurando o volante para fazer a manobra de sair da garagem.

— Espera! Onde você está indo? — quando eu já tinha tirado quase todo carro da garagem e conseguia enxergar o ambiente externo, olhei para o lado esquerdo para ver um carro prata estacionado na frente da minha casa. Era Louis.

Eu não precisei de muito esforço para o reconhecer. O rapaz inclinou, um pouco, o corpo para fora e ainda com o celular encostado na orelha  me analisou com uma expressão confusa. Eu não sabia o que fazer. Não esperava me encontrar com ele dessa maneira e mesmo que estivesse tentando entender sua aparição, tratei de sair dali o mais rápido possível.

— Droga. — praguejei, revezando meu olhar entre o rapaz e o espelho retrovisor.

Afundei o pé no acelerador enquanto ouvia seus gritos de protestos atrás de mim. Joguei o celular no banco novamente e segurei o volante firmemente com as duas mãos, aumentando a velocidade a cada rua deserta que eu atravessava. Eu sabia que Louis estava me seguindo, pois conseguia ver seu carro pelo espelho retrovisor. Não tinha um rumo certo e nem sabia para onde podia ir. Eu só queria esvaziar a minha mente, mesmo achando isso quase impossível naquele momento.

Liam e Geoff queriam uma reação, mas eu não daria isso a eles. Eu não cairia nessa. Eles não podiam pegar o que era meu. Embora Mary não pertencesse a mim, ela parecia ser meu ponto fraco para ambos. Eu havia me aproximado mais dela do que deveria, mas a verdade é que era difícil encontrar alguém como ela e eu não conseguia me afastar.

Seria tão mais fácil se eu pudesse controlar os meus próprios sentimentos. O problema é que não mandamos no que sentimos e a cada dia a experiência de gostar de alguém se torna algo pior. Eu não sabia se gostava de Mary como um homem ama a sua esposa, mas eu gostava de estar com ela e pensar em ter que me afastar ou perdê-la parecia perturbador demais.

Eu gostaria muito de entender o que estava acontecendo comigo. Afinal, não sabia como lidar com assuntos que mais pareciam problemas de adolescente. Nunca pensei que teria que lidar com situações tão insignificantes se comparadas com algumas que já havia passado durante os últimos anos. Mas eu era assim. Sentia falta de quem não devia, errava mais do que aprendia, lembrava quando deveria esquecer e falava quando deveria escutar.

Quando sai dos meus devaneios e minha mente se concentrou no caminho que eu percorria, percebi que eu não sabia onde estava. Mas isso não importava. Não importava o quanto eu dirigisse sem rumo e acelerasse o carro, o vento frio não carregava consigo meus pensamentos perturbadores e nem libertava-me dos meus demônios.

Por um tempo parei de pensar. Não achei que isso fosse possível, mas me desliguei do mundo de forma que minha mente retardou e viajou para longe. Todos os meus músculos relaxaram e com eles, minha consciência também. Eu parecia não conseguir pensar em mais nada a não ser no vazio que minha cabeça abrangia. E quando menos esperei um impacto brutal fez-me voltar a realidade por breves segundos para me levar para longe novamente.

(...)

Eu fazia tremendo esforço que parecia que estava lutando contra pesadas correntes de ferro, mas quando percebi que minha força estava voltada para a parte superior do meu rosto, eu me senti apreensivo. As minhas pálpebras estavam tão pesadas que apenas depois de muito esforço e tempo consegui abrir os meus olhos. Quando a claridade os atingiu eu voltei a fechá-los, temeroso de que a luz forte pudesse me cegar.

Levando alguns segundos para me acostumar com o novo ambiente, pisquei algumas vezes e quando consegui manter minhas pálpebras abertas detectei um quarto todo branco e tão limpo quanto a enfermaria da faculdade. Acima de mim duas cabeças aparecerem e seus olhos curiosos analisaram meu rosto.

— Ele está acordando. — uma voz masculina e única soou e eu não demorei a reconhece-la. — Como se sente, cara?

Franzi a testa e tentei mexer a cabeça, sentindo-a ferrugenta. Os meus músculos estavam doloridos da cabeça aos pés e ao rolar o pescoço para minha direita notei a agulha na veia do meu braço transmitindo o soro do saco transparente pendurado um pouco acima da minha cabeça.

Meus olhos passearam ao meu redor e um pequeno quarto com uma porta à minha esquerda e a cama em que eu estava deitado ocuparam a minha visão. Meus ouvidos identificaram o barulho da máquina de batimentos cardíacos, indicando que eu estava em um hospital. Eu não estava muito familiarizado com esse tipo de ambiente e me sentia desconfortável mesmo com o lençol branco a cobrir a parte posterior do meu corpo e com minha cabeça aconchegada  em um grande travesseiro abaixo dela. Todas as vezes em que me machuquei tratei dos meus próprios ferimentos e só quando esses foram mais graves precisei me dirigir a um hospital. Eu tentava evitá-lo ao máximo.

— Já estive melhor. — Louis e Liam se mantinham acima de mim, bloqueando a passagem da luz emitida pela lâmpada e formando uma sombra que cobria boa parte do meu rosto. — O que aconteceu?

Levei minha mão à testa e senti um curativo próximo ao meu supercílio. Havia alguns arranhões distribuídos pelos meus braços e sentia os músculos do meu peito doerem sempre que eu respirava. Lembranças dos últimos instantes antes de eu perder a consciência vieram a tona, fazendo-me soltar um breve suspiro.

— O seu carro bateu em uma árvore.  — explicou Louis. — Se considerar a velocidade em que você estava dirigindo, ficar apenas com alguns aranhões foi um milagre de Deus.

— Você teve sorte de Louis estar lá na hora. Foi ele quem lhe trouxe para cá. — disse Liam. Seu olhar mais  suave desde a última vez em que o vi.

Eu não havia me esquecido da nossa briga e das ordens de Geoff. A raiva por ser controlado por eles e ter de aceitar certas imposições não tinha diminuído nem um pouco, mas eu me sentia tão cansado que minha mente parecia não conseguir relembrar-me o quão, realmente, eu estava com raiva deles.

— Obrigado, dude. — voltei a minha atenção para Louis e sorri brevemente.

— Eu só não queria perder meu parceiro de vídeo game. — ele deu de ombros. — E afinal, eu não sabia se você aguentaria a ambulância chegar. Você estava inconsciente.

— Eu não m....

— Oh meu Deus, Niall. — fui interrompido com um par de braços a envolverem meu pescoço e seu corpo se chocando com o meu. Fechei meus olhos com o impacto brusco, mas preferi não reclamar da dor que o abraço me causou.

— Me desculpe, mas eu... eu não sabia muito bem o que fazer e assim que lhe trouxe para o... para o hospital liguei para ela e para o Liam. — Louis disse um tanto atrapalhando e com sua voz carregada de culpa.

— Está tudo bem. Eu estou bem agora. — falei baixinho. Tentei tranquiliza-la acariciando suas costas e permitindo-lhe ficar na mesma posição por um bom tempo.

— Por favor, nunca mais faça nada do tipo. — eu não conseguia ver seu rosto, mas podia jurar que ela estava com os olhos fechados. Pois suas mãos seguraram o tecido da minha camiseta com mais força quando ela proferiu tais palavras.

Mary cheirava a amaciante de roupa, vento noturno e, principalmente, a paz. Tais cheiros poderiam ser ridículos se comparados com fragrâncias verdadeiras, mas esses tinham um significado para mim maior do que qualquer vidro de perfume. Eles simbolizavam uma noite de sono bem dormida após ter em mente que uma casa e a cama de um quarto eram os lugares mais seguros para escapar da solidão e dos perigos da noite. Mary conhecia essa sensação tão bem que eu me sentia feliz por a garota poder aproveitar o momento de descanso sossegada. Se eu não podia desfrutar disso, pelos menos ela podia.

Fechei os olhos e permitir minhas narinas de absorverem o máximo do seu cheiro que elas conseguiam. Eu queria agradecer tanto a Louis por ter ligado para ela. Eu não sabia que a queria por perto até sentir a angústia no seu abraço e sua respiração pesada no meu pescoço. Não fazia ideia que precisava tanto de Mary como naquele momento.

Na verdade eu não fazia ideia que precisava dela em qualquer situação. Eu não estava acostumado a me apegar a ninguém, não depois de tudo que passei nos últimos anos. Mas lutar contra o instinto de ficar perto dela era como lutar com um opoente superior. Uma luta quase impossível de ser vencida. E mesmo que eu tentasse negar, sabia que ambos éramos muito mais que meros jovens adultos nas desventuras da vida.

A vida era uma tempestade, eu era um barco e Mary era a âncora. Ela me trazia para baixo e mantinha meus pés firmes no chão, impedindo que a vida me derrubasse com suas artimanhas e dificuldades.

— Eu preciso de uma xícara de chá depois de tudo isso. O que acha de vir comigo, Liam? — ouvi Louis dizer e abri os olhos para vê-lo revezar o olhar entre eu e o rapaz parado ao seu lado.

— Tudo bem. Eu vou avisar ao meu pai que você acordou. Estaremos logo ali se precisar. — ele se dirigiu a mim e deu algumas batidinhas no pé da cama. Limitei-me a assentir, vendo-o tomar o caminho para fora do quarto, logo atrás de Louis.

— Louis me disse que você bateu o carro, mas como isso aconteceu? Achei que você tivesse ido para casa depois que me deixou. — Mary me soltou depois que os rapazes deixaram o quarto e se afastou para analisar meu rosto. Ela tinha o olhar tão preocupado que mais parecia minha mãe após eu ter me machucado por andar de bicicleta pela primeira vez.

— Essa é uma longa história, Mary, que com certeza você vai querer ser poupada de ouvir. — suspirei cansando só de pensar em quão complicado era tudo aquilo.

— Eu já acordei mesmo. Agora tenho o resto da noite para ouvi-la. — ela encolheu os ombros.

— Tudo bem. Se você quer tanto saber eu posso lhe contar, mas não agora. — fechei os olhos e respirei fundo, permitindo-me sentir mais aconchegado na cama. — Eu só quero descansar, pelo menos, um pouco.

— Quer que eu pegue alguma coisa? — prontamente ela começou a passar os olhos pelo cômodo a procura de algo. — Está com fome, sede? Eu posso p...

— Mary! — lhe interrompi e seus olhos se voltaram para mim. — Eu só quero que você fique aqui comigo.

Percebi o rubor nas suas bochechas, mas a garota logo tratou de esconder sua vergonha baixando a cabeça e seus olhos encaram o chão. Mary não era do tipo que gostava de expor suas fraquezas ou vulnerabilidade. Para ela, estar com vergonha era como estar vulnerável a mim.

Lembrei-me do dia em que apareci no seu quarto de surpresa após a discussão com a sua mãe. Ela não estava tão abalada como deveria e só notei sua fraqueza, porque agiu de maneira diferente. Ela parecia estar com um vazio dentro de si e suas palavras não soavam suaves como de costume, além de seus olhos não encararem os meus, pois quando esses fizeram entregaram tudo o que ela estava reprimindo dentro de si.

— Tudo bem. Acho que posso fazer isso. — disse, voltando o olhar para mim, após alguns instantes, e eu não pude evitar sorrir.

Assisti-la pegar uma cadeira do canto do quarto e encosta-la à cama. Ela se sentou próximo a mim e seu braço descansou no colchão para conduzir sua mão até a minha, que estava pousada descontraidamente no meu colo, e segura-la com delicadeza. Quase suspirei ao sentir a temperatura quente da sua pele em contato com a minha gelada. Mary começou com uma leve carícia na minha pele e permiti que ela continuasse, pois me acostumei com a sensação relaxamento no primeiro segundo em que nossas mãos se tocaram.

— Sabe, às vezes, tudo o que precisamos é apenas uma pessoa que se importe. — eu disse, de repente, captando sua atenção.

 — Você realmente acredita nisso? — questionou com os olhos fixos em mim.

— É claro. Você não?

— Se eu não acreditasse acha que eu estaria aqui? — ela ergueu as sobrancelhas e não consegui esconder um simples sorriso.

Era tão injusto não poder contar toda a verdade a ela, mas eu não estava disposto a perdê-la. Não antes de se quer tê-la. Se alguma vez Liam e Geoff acharam que eu iria me afastar apenas porque o mais velho ordenou, eles estavam muito enganados.


Notas Finais


Desculpa a demora para postar o capítulo, meus amores, mas eu fiquei com um bloqueio mental absurdo em certa parte e eu não conseguia terminar de jeito nenhum. Mas agora que tudo já está resolvido, espero que vocês tenham gostado e deixem seu comentário aqui embaixo. Até a próxima!
M. xx


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