1. Spirit Fanfics >
  2. Escape >
  3. Capítulo 19

História Escape - Capítulo 19


Escrita por: pfthoranxx

Capítulo 20 - Capítulo 19


Fanfic / Fanfiction Escape - Capítulo 19

Mary's POV

A ansiedade estava tomando conta de mim. Eu estava confusa e com certo medo de Niall por saber que ele estava escondendo algo realmente sério, mas estava ansiosa acima de tudo. Sabia que fazia apenas alguns minutos que eu estava ali, mas parecia que horas já haviam se passado. A sala parecia engolir meu corpo pequeno com sua imensidão no momento em que eu estava sozinha no sofá esperando Niall voltar. Ele dissera que telefonaria para nossos amigos, pois preferia dizer o que tinha para dizer à todos. 

Passei as mãos pela minha calça jeans para secar o suor que se acumulou ali devido ao nervosismo no momento em que Niall surgiu no cômodo, guardando o telefone no bolso. 

— Eu falei com o Harry. Eles já estão vindo. — avisou. 

Assenti, sem saber o que dizer realmente. Ele colocou uma bandagem no lugar aonde o soco de Brad o acertou e essa ficou encharcada de sangue em poucos minutos. Eu queria lhe dizer que aquilo não adiantaria para parar o sangramento e de que ele precisaria fazer um curativo melhor, mas preferi ficar calada. Se ele era esperto o suficiente para brigar com Brad, era esperto também para perceber isso. 

Mesmo sabendo que finalmente saberia a respeito do seu grande segredo eu estava receosa em relação a isso. Passar esses dias longe do rapaz me fez perceber o quão complicado ele era. Não duvidava de suas emoções, mas não era apenas nosso romance que estava em jogo. Eu sabia que havia algo muito maior que separava meu mundo do dele. 

Foi estranho vê-lo armado e ameaçar Brad da maneira que fez e quanto mais eu parava para pensar no que aconteceu, mais achava que nunca o conheci de verdade. Era uma questão difícil. Eu precisava aprender a lidar com ela de forma madura. Apenas ficar com medo e confusa não iria me ajudar a superar nada disso. 

— Olha, eu sei que voc... 

— É melhor esperarmos os outros chegarem. Eles vão querer ouvir tudo o que você tem a dizer desde o início. — lhe interrompendo antes que ele pudesse inventar qualquer coisa para me distrair. 

— Você tem razão. — concordou com a cabeça. 

Eu não tinha ódio de Niall, mas sentia como se ele tivesse me feito de boba. Diziam que a sinceridade machucava, mas eu acreditava que a mentira fazia um estrago bem maior. Meus sentimentos por ele não mudaram em tão poucos dias e eu só esperava que ele tivesse uma desculpa boa o bastante para explicar seu comportamento de ultimamente. 

Passamos o restante do tempo em silêncio. Eu andando de um lado para outro em um ritmo harmônico e ele sentando no sofá com os cotovelos apoiados nos joelhos. Depois de alguns minutos alguém tocou a campainha e parei minha caminhada para erguer a cabeça em direção à entrada ao mesmo tempo em que Niall se levantou para receber nossos amigos. 

Eles pareciam tão confusos quanto eu e a expressão de Susan entregava o quanto desconfiada ela estava da situação. Eu não a julgava, também estaria assim se Niall não tivesse brigado com Brad pela segunda vez na minha frente e me levado para sua casa alegando que tinha algo importante para me contar. 

— Está tudo bem por aqui? — a loira indagou, se aproximando de mim. 

— É melhor se sentarem. — disse Niall, indicando o sofá à sua esquerda. 

Os garotos tomaram seus lugares e Susan passou a mão pelas minhas costas de forma amigável antes de sentar no colo de Harry. Eu fui a última a me sentar ao lado de Louis vendo Niall caminhar até uma das poltronas para ocupá-la, porém, ele interrompeu-se quando ouvimos passos apressados soarem pela casa. 

— O que vocês estão fazendo aqui? — Liam perguntou ao adentrar o cômodo, um tanto confuso. Ele tinha uma expressão séria e não parecia muito feliz em nos ver ali. 

— Eu os convidei. — disse Niall. 

Os primos passaram um tempo se encarando, sem trocar uma palavra se quer. Ambos pareciam se comunicar ou entender um ao outro apenas pelo olhar. Em nenhum momento eles suavizaram a expressão séria e determinada. 

— Você não vai fazer isso. — Liam arregalou os olhos e negou com a cabeça quando finalmente entendeu o que Niall faria. 

— Não há volta, Liam. Eu já tomei minha decisão. — o loiro permaneceu determinado. — Sugiro que tome a sua também.

Por um segundo achei que Liam protestaria e tentaria impedir Niall, mas ele passou mais alguns instantes analisando o primo como se na verdade analisasse toda a situação, tentando decidir se era uma boa ideia confiar no rapaz. 

— Você não nos chamou aqui para ficarmos vendo vocês dois discutirem, não é? — questionou Susan irritada. 

— Porque a Sophia não está aqui? — Liam perguntou, se dirigindo a Niall e ignorando complemente a minha amiga. 

— Não sabia se você gostaria que ela viesse. Pensei que pudesse me ajudar a contar a eles primeiro e quando estivesse pronto contaria a ela. — respondeu o loiro.

— O que lhe faz pensar que algum dia eu estarei pronto? — ele arqueou as sobrancelhas.

— Porque eu estou. E sei que você também estará, mas até lá pode me ajudar se quiser. 

— Você sabe que o papai não vai gostar nem um pouco quando souber. — advertiu. 

— Eu cuido disso depois. — Niall deu de ombros, vendo Liam suspirar frustrado. 

Sem outra escolha, o primo de Niall passou por ele e escolheu a outra poltrona marrom para ocupar, fazendo com que o loiro fosse o último a se sentar. Assim que a situação com ele pareceu se resolver, Niall tomou o seu lugar e passou os olhos por nós.

— Você disse que tinha algo para nos dizer. Somos todos ouvidos. — disse Harry de forma impaciente. 

— Eu já devia ter dito isso há muito tempo, mas não achei que vocês estariam preparados para lidar com isso. 

— Oh, por favor! O que pode ser tão ruim assim? — Louis revirou os olhos. 

— Estou falando sério. O que vocês vão ouvir agora é algo realmente sério e eu preciso que acreditem em mim mesmo que pensem que eu sou louco. — o olhar de Niall parou em mim. Ele parecia aflito.

— É melhor falar logo se não quiser que eu perca minha paciência com você. — falou Susan de forma irritada. 

Niall se manteve em silêncio por mais algum tempo. Parecendo pensar nas palavras certas a usar ou no modo mais apropriado para contar seja lá o que precisasse. Eu estava começando a ficar angustiada com a sua demora, mas fiquei calada esperando que ele começasse a falar. Ele engoliu em seco e abaixou o olhar para suas mãos. 

— Sou Niall James Horan. O segundo filho de Bobby Horan e herdeiro legítimo da coroa do Reino Collen. Sou o príncipe de Emperiuns.

Minha primeira reação foi querer rir e depois gritar. O que ele estava querendo dizer? Como assim ele era um príncipe? Por acaso estava de brincadeira com a nossa cara? Eu já havia ouvido muitas coisas loucas e histórias absurdas, mas isso ultrapassava todos os limites. Qualquer outra pessoa contaria que era adotado ou que os pais morreram em um acidente de carro. Aquilo era a coisa mais insana que alguma vez eu já ouvira. Era algo quase impossível de acreditar, mas quando parei para pensar isso explicava muita coisa. 

A superproteção de Liam e seu anti socialismo. A coleção de armas na garagem da casa e a habilidade de Niall de manusear uma faca mais cedo ao brigar com Brad. Seu comportamento estranho ao me querer longe dele por saber que estavam expostos mais do que nunca. Tudo fazia sentindo, de alguma maneira. 

— Tudo bem, você já pode falar a verdade agora. — zombou Louis, exibindo um sorriso nervoso que desapareceu quando ele percebeu que Niall não estava brincando. 

O loiro mantinha uma expressão séria e seu olhar estava fixo no moreno. Eu podia deduzir que ele estava irritado por não ser levado a sério, mas se controlou quando percebeu que não conseguiria nos convencer através de xingamentos.  Eu continuava perplexa, mas queria ouvir o que ele tinha a dizer.

— Não é mentira. Eu não teria razão para inventar uma coisa dessas. 

— Se você é mesmo um príncipe o que está fazendo em Holmes Chapel? Não deveria estar no seu reino aprendo a governar um povo? — perguntou Susan com uma sobrancelha arqueada. 

— Acredite, era tudo o que queria, mas as circunstâncias em que o reino se encontra agora não são as melhores. 

Niall respirou fundo e engoliu em seco, parecendo se preparar para o que teria que nos dizer. Meu coração acelerou e senti uma reviravolta no estômago. Eu não me sentia assim há dias, desde a última vez em que Niall me beijou. Já havia me esquecido como era ficar nervosa. 

— Liam e eu morávamos em Emperius. Meus pais eram o rei e a rainha e tudo se mantinha em paz, até uma rebelião começar uma guerra e tentar tomar o reino quando eu tinha dezesseis anos. A princípio não tínhamos muita noção do que estava acontecendo e eu só me lembro do caos tomando conta de tudo. Não havia nada que eu pudesse fazer e presenciar todas aquelas pessoas morrendo e se sacrificando por nós foi uma das piores coisas que algum dia já vi. — ele parou um pouco e limpou a garganta. — Meu pai precisou pensar e agir rápido. A única solução foi a guarda real se dividir em dois. Um grupo ficou responsável por nos manter seguros e o outro de proteger e lutar pelo reino. Porém, as coisas saíram do controle. 

— O que aconteceu? — as palavras escaparam da minha boca como um extinto e quando percebi o que  falara, já era tarde demais. 

Niall olhou para mim, seu olhar vazio e seu rosto inexpressivo. Mas seus olhos se afastaram rapidamente dos meus e encararam o espaço à sua frente, como se procurassem uma resposta. 

— As mortes só aumentaram e nosso povo foi se reduzindo de um jeito que meu pai nunca pode imaginar. Precisávamos deixar o reino se quiséssemos viver, mas ele não queria desistir ou parecer um covarde. Então, ele mandou meu irmão e eu, às pressas, para o mais longe possível enquanto ele e minha mãe ficariam para lutar pelo povo e pelo o reino. 

Subitamente, senti-me pesada. Jamais conseguiria me imaginar em uma situação dessas. Ter que deixar as pessoas que amava para trás e sem me prender ao fato de que não saberia como eles estariam daqui a alguns dias era assustador. Eu não queria nem pensar como seria ficar longe dos meus pais, mas, principalmente, de James. 

— Acabamos nos separando quando um grupo de soldados inimigos nos perseguiu e precisamos seguir por caminhos diferentes para nos mantermos vivos. Geoff e Liam me acompanharam na minha jornada e passamos um tempo em vários lugares antes de virmos parar aqui. 

— E por que seu tio escolheu acompanhar você? Quero dizer, seu irmão é tão sobrinho dele quanto você. O que lhe faz mais especial? — perguntou Harry.

— Geoff não é meu tio. — confessou e ouvi Susan soltar uma risada debochada. — Ele era o braço direito do meu pai e prometeu a ele que me protegeria até a morte se fosse necessário. 

— Assim como eu não sou o primo do Niall. — Liam falou pela primeira vez e de repente ele pareceu o centro de todas as atenções. — Achamos melhor usar desse artifício para parecer algo mais natural. Dois amigos indo juntos para a faculdade todos os dias não é algo tão comum, mas dois primos que vivem juntos parece colar melhor. 

Eu não deveria estar surpresa, mas estava. Sabiam-se lá quantas mais mentiras Niall e Liam haviam contado e como fomos feitos de bobos pelos dois. Tinha certeza que não era a única com vontade de me levantar e ir embora, mas por alguma razão nenhum de nós fez isso. Talvez por que quiséssemos muito saber tudo sobre os dois rapazes. 

— E por que Holmes Chapel? — questionou Louis. — Com tantos lugares no mundo não é possível que esse seja o único seguro.

— E não é. Na verdade, nenhum é. — Niall negou com a cabeça. — Mas nossos inimigos são incansáveis. Se nós passamos tempo demais em um lugar eles acabam nos achando, por isso precisamos estar em constante mudança. 

— Isso quer dizer que vocês terão que ir embora daqui uma hora ou outra? — deduziu Susan. Sua irritação não parecia ter evaporado por completo, mas ela estava mais calma e paciente. 

— Provavelmente. Sabemos que eles ainda estão atrás de nós e se não tomarmos os devidos cuidados não poderemos passar nem mais um dia aqui. 

— Por isso tivemos que nos afastar depois da briga com Brad. — disse Liam. — O vídeo daquela noite está em vários lugares e é só uma questão de tempo para ele cair nas mãos erradas. 

— Acha que se afastar foi realmente a melhor solução? — indagou Susan, voltando sua atenção para o moreno. — Qualquer pessoa pode estar com o vídeo da briga. Vocês não aparecerem por uma semana na faculdade não significa que alguém vai esquecê-los. 

— Sabemos que não, mas Geoff achava imprudente voltar para faculdade depois de tudo o que aconteceu. — explicou Niall. — As pessoas vão me reconhecer e sabe-se lá o que estão pensando de nós agora. 

— Pensam que vocês são loucos. — confessou Louis sem cerimônia. — Sumir depois de uma briga como aquela e aparecer do nada não é a melhor opção quando se está tentando passar desapercebido. 

— Talvez, mas de alguma maneira funcionou. — Liam deu de ombros. — Não somos mais o assunto do mês e as pessoas parecem ter deixado um pouco de lado o que aconteceu. 

— E seus pais? Tem notícias deles? — não pude evitar perguntar. 

A troca de olhares parou quando minha voz se fez audível e Niall virou a cabeça para o lado para fixar os olhos em mim. Eu nem percebera que estávamos relativamente perto e era primeira vez desde que aquela conversa começou que olhou para mim por tanto tempo.

— Não muitas. Perdemos qualquer contato que tínhamos com eles depois de alguns dias que chegamos ao primeiro lugar em que paramos. — seu tom de voz mais baixo ao tocar em um assunto tão delicado. Parecia que eu havia achado o seu ponto fraco. 

— Isso é loucura, cara. Como uma coisa desse tipo acontece em pleno século vinte e um? — questionou Louis com uma mistura de irritação e revolta em sua voz.

— Datas são só números. A crueldade existe desde que o mundo é mundo e não acredito que isso vá deixar de existir. — disse Niall, após erguer a cabeça. — Acontece que certas pessoas estão longe de algum dia lidar com ela e acabam tendo mais sorte que outras. 

— Vocês acham que podemos ter alguma relação com isso? — Harry perguntou o que nós queríamos saber desde o princípio. — Agora que os conhecemos e sabemos de tudo podemos ser um alvo para eles. 

— Eu não duvidaria. Eles são capazes de tudo e se usassem vocês para chegar até nós eu não me surpreenderia. 

Eu não sabia como agir e nem pensar direito. Eles nos contaram, provavelmente, o seu maior segredo e estavam dispostos a correrem mais riscos por nos dizer o que estavam enfrentando. Em outra situação, me sentiria lisonjeada por ser uma das poucas pessoas a ter conhecimento sobre isso, mas saber que podíamos virar um alvo mortal não era nada bom. Eu precisava processar essa informação melhor.

— O que devem entender é que precisam ser mais cuidadosos do que nunca. Esqueçam todas aquelas lições sobre segurança que aprenderam quando eram criança. Isso vai muito além do que tomar cuidado com criminosos ou acidentes de trânsito. É as suas vidas que estão em jogo e se eu fosse vocês, aprenderia como cuidar de si mesmos a partir de agora. — disse Liam. 

Sabíamos que havia muito mais coisas que queríamos perguntar e que devíamos saber. Mas, por enquanto, aquilo me bastava para deixar-me realmente preocupada. 

(...)

Meu olhar estava preso no infinito que o céu abrangia. Estávamos em um dia ensolarado de inverno, onde o vento forte fazia as folhas das árvores balançarem e os passáramos voavam livremente. Seria um ótimo dia se não fosse pela noticia que eu acabara de receber. Eu podia observar tudo isso da janela do quarto de Niall e tinha que admitir que ele era privilegiado por ter um vista como aquela. Eu conseguia enxergar boa parte da cidade dali de cima. 

Por mais que ele não tivesse falado nada desde que entramos no cômodo, eu sabia que sua atenção estava presa em mim e ele me observava durante esse tempo que esteve em silêncio. Eu não sabia por onde começar. O que ele e Liam nos contaram caiu como uma bomba. Eu  ainda mal podia acreditar nas suas palavras. 

— Ainda deve ter muitas dúvidas. — disse de repente. 

Eu não lhe respondi de imediato. Passei mais algum tempo olhando para o mesmo lugar, antes de virar na direção do rapaz. Esse tinha o corpo apoiado na cômoda enquanto seus braços estavam cruzados sobre o peito. Seu olhar me analisava e eu cravei meus olhos nele. 

— Por que não me contou antes? — perguntei. 

— Não é assim tão fácil assim. 

— É claro que é, Niall. Eu pensei que confiasse em mim. 

— O que esperava que eu dissesse? — indagou irritado. Seu tronco se desencostou do objeto de madeira e ele deu alguns passos a frente. — O que iria pensar se eu lhe contasse que estava sendo procurado? O garoto ao qual você beijou pela primeira vez há poucas semanas. 

— Eu tentaria entender. — meu tom de voz um pouco mais alto. Ele podia achar que tinha razão em não ter me contado, mas as coisas poderiam ter sido mais fáceis se eu soubesse de tudo isso antes. 

— Você não entenderia, Mary. — ele elevou a voz. — Eu sou o único culpado por tudo isso. Deveria ter ficado longe de você. 

— Por que está dizendo isso? — perguntei sentindo minha garganta arranhar e as lágrimas se acumularem nos meus olhos. 

— Porque se não tivesse me aproximado, não teria me apaixonado por você. — seus olhos se mantinham fixos nos meus e demonstravam a raiva acumulada dentro do rapaz. — Não deixaria meus sentimentos falarem mais alto e acabar me importando com você de uma forma que eu nunca me importei com ninguém. 

Naquele momento o tempo pareceu parar, o sangue que fluía nas minhas veias congelou e meu coração começou a bater mais rápido assim que as palavras foram proferidas pelo rapaz na minha frente. Niall estava apaixonado por mim. Era a primeira vez que ele se abria para mim. De certo modo isso parecia ser ruim para ele, como se não bastasse se preocupar consigo mesmo e tiver que focar no seu principal objetivo, também tinha que lidar com seus sentimentos mais intensos. 

— Sabe o quanto foi difícil ter que lhe mandar embora e aceitar que talvez eu nunca mais voltasse a tocar, ver ou, se quer, falar com você? — continuou, porém, seu tom de voz estava mais controlado e passivo. 

— É claro que eu sei, Niall. Afinal, eu me senti do mesmo jeito. — admiti com a voz embargada. — Como acha que foi quando o garoto que eu gosto me mandou ficar longe? Acha que eu me senti a garota mais feliz do mundo?

— Eu não tive escolha. 

— Mas parece que não adiantou muito. Se livrar de mim não foi tão fácil, não é? 

— Eu não queria me livrar de você.  Fiz tudo isso pensando na sua segurança. Será que é tão difícil de entender isso? — sua voz elevada novamente como se toda a calma que ele reuniu tivesse ido embora. — Sabia que se ficasse longe de mim estaria segura. 

— E deixou de lado todos os meus sentimentos por você? Não se importou como eu iria ficar?

— Não foi fácil para mim também. Mas eu não podia fazer nada. — sua cabeça se abaixou, encarando o chão do quarto por alguns segundos. 

— Podia ter me contado o que estava acontecendo. — reforcei.

— Guardei para mim porque ninguém entenderia. E mesmo se entendessem, eu não falaria tão fácil. E além do mais, você não iria mudar essa situação. — ele ergueu o olhar para analisar meu rosto. 

Fiquei sem palavras. Ele tinha razão, eu não podia mudar nada. Eu era apenas uma garota comum que estava apaixonada pelo rapaz com os dias contados. Não era uma super-heroína ou algo do tipo para salvá-lo. 

— Eu não conheço mais você. — eu disse. — Pois o rapaz de meses atrás não diria nada disso ou desistiria dos sentimentos assim. 

— Você acha que me conhece só porque contei um pouco sobre mim?  — indagou com o cenho fechado. — Você sabe o meu nome, não a minha história. Você sabe a cor dos meus olhos, mas jamais saberá tudo o que eles já viram. Isso não é conhecer alguém, Mary. — ele passou algum tempo me encarando antes de virar de costas e passar uma das mãos por entre os fios de cabelos de forma frustrada. 

— Tudo bem. Você tem razão, eu nunca conheci você de verdade. Talvez porque você tenha mentido sobre tudo a todo o momento. — minha voz elevando-se de acordo com o nível de irritação. — Mas eu estou disposta a lhe conhecer agora, Niall. 

— Só uma pessoa realmente estúpida desejaria isso. 

— Bom, então parece que eu sou uma, não é? — questionei. — Ou talvez, quisesse me contar sobre você desde o início, mas por algum motivo não consegue. Por quê? Qual o problema de alguém conhecê-lo? 

— Eu não quero que qualquer um saiba pelo o que eu passei para ter pena de mim. 

— Eu não sou qualquer uma, Niall. Se fosse você sabe que eu não estaria mais aqui. — eu disse. — Além disso, você não teria me contado o que aconteceu. Se me disse é porque, aparentemente, sou mais que qualquer pessoa, hm?

— Eu disse por que não estava mais conseguindo segurar meu instinto de ir correndo lhe procurar quando preciso de você perto de mim. — admitiu quase em um sussurro, após se passar longos segundos que mais pareceram horas. — Eu não sei como, mas parece que você suga meu sangue até meu coração parar de bater. E por mais que eu tente há algo em você que me impede de me afastar.

— Tentar ficar longe de mim não diminui o que eu sinto por você. — eu disse. 

De repente, ele começou a caminhar determinado em minha direção e eu dei alguns passos para trás temerosa da sua estranha atitude. Minhas costas se chocaram contra a parede e ele parou bem a minha frente, espalmando a mão ao lado da minha cabeça e impedindo-me de ir a qualquer lugar, com o rosto a pouquíssimos centímetros do meu. Os seus olhos estavam inchados e seus lábios fecharam-se em uma linha única e tensa. 

— O que você quer afinal? Me deixar louco? Porque se for isso, parabéns você está conseguindo! — gritou e eu quase estremeci. Ele travou o maxilar, fazendo seus olhos acompanharem os movimentos dos meus com convicção. — Não sei mais o que dizer. Eu nunca quis que nada disso tivesse acontecido e ter de admitir isso me faz parecer fraco, porque eu não consigo controlar meus sentimentos por você. — os seus punhos se fecharam com força e um deles bateu na parede mesmo ao lado da minha cabeça. Se o material não fosse resistente, tenho certeza de que ele o teria partido. 

Sobressaltei com o barulho e engoli em seco ao presenciar a fúria de Niall. Toda aquela atitude estava assustando-me e eu não gostava daquilo que via. Mas não recuei. Mantive-me do mesmo jeito vendo o rapaz abaixar a cabeça, derrotado. 

— Então parece que somos dois, pois eu também não consigo. — falei com cuidado, em um tom baixo, temendo que ele pudesse se tornar violento. 

Ouvi-o respirar fundo e depois seu par de oceanos profundos voltou-se para mim de novo, mais calmo e sereno do que há meros segundos atrás. Perguntei-me como Niall conseguia lidar com seus confusos e complicados sentimentos. Talvez ele não conseguisse. 

— É errado o que fazemos, Mary. — ele soltou um longo suspiro, tentando voltar a ficar calmo. 

Meus olhos se mantiveram fixos em seu rosto e fiquei em silêncio por um tempo. Involuntariamente minha mão se ergueu lentamente. Quando alcancei o rosto do rapaz, segurei seu queixou com cuidado, erguendo-o o suficiente para que seus olhos se prendessem totalmente aos meus. Esbocei um simples sorriso e minha mão livre segurou a sua, que pendia ao lado do seu corpo, levando-a até meu peito no lugar acima do meu coração. Temia que Niall retirasse-a de lá, mas ele se manteve estático, apenas olhando para mim. 

— Acha isso errado? — questionei em um sussurro. Meu coração batia violentamente, mas esse acelerou ainda mais quando senti seu toque. Minha mão que estava em seu queixo subiu até a lateral do seu rosto, acariciando sua bochecha esquerda e tomando cuidado para não tocar o lugar atingido pelo soco de Brad com a bandagem ainda encharca de sangue. — Também acha que isso é errado? 

Seu olhar se revezava entre meus olhos e lábios, onde acabavam parando e encarando-os por um longo tempo. 

— Porque faz isso comigo? — questionou no mesmo tom de voz. 

— Eu só gosto de você, Niall. — admiti, sentindo minhas bochechas esquentarem por revelar isso pela primeira vez. — Jamais desistirei de quem eu gosto. 

Sorri docemente antes de tomar a iniciativa e aproximar meu rosto do seu, selando nossos lábios num instante. Tive receio que ele recusasse e por isso apenas mantive nossos lábios colados por algum tempo, sem movimenta-los. Meu estômago se revirou quando senti uma das mãos de Niall segurar meu rosto e ele começar a mover sua boca com a minha. Deixei que minhas mãos percorressem os seus braços, podendo sentir os rígidos músculos daquela região. O loiro suspirou profundamente contra meus os lábios e eu tive que me controlar para não sorrir entre o beijo por saber que ele queria aquilo tanto quanto eu.

Nossas línguas entraram em uma perfeita harmonia enquanto nos entregávamos cada vez mais ao beijo. O corpo de Niall fez pressão contra o meu, assim que o beijo se tornou mais intenso, e deixei um suspiro escapar quando senti nossas intimidades se roçarem. O rapaz rapidamente segurou meus braços e prendeu minhas mãos acima da cabeça, impedindo-me de tocar-lhe como eu desejava. Ele desceu seus lábios até meu pescoço, afastando alguns fios de cabelo para ter aquela região livre para distribuir beijos molhados. 

A sua mão que mantinha as minhas pressas, percorreu a lateral do meu corpo e parou no meu quadril, segurando a minha cintura firmemente juntamente com a outra mão. Ele desceu até minhas coxas apressado e em um impulso ergueu-me do chão, fazendo minhas pernas se prenderem em volta da sua cintura. Com as minhas mãos livres novamente, percorri o caminho pelos seus braços e ombros até chegar à nuca, onde aproveitei para puxar seu rosto mais para perto do meu e meus dedos se perderam no seu cabelo desgrenhado. Em nenhum momento partimos o beijo. Quando percebi, Niall já nos conduzia para a cama e se sentou na beirada do colchão, mantendo-me em seu colo. Assim que o ar se fez necessário o rapaz desceu os lábios ao meu maxilar e deixou alguns beijos por ali. 

— Você não ajuda para nos mantermos afastados. — disse ele com dificuldade. 

— Esqueça isso. Já disse que não me afastarei. — sussurrei.

Ele sorriu e colou nossas testas, liberando um tufo de ar quente no meu rosto ao expirar profundamente. Fechei os olhos para aproveitar a sensação de calor que irradiava de seu corpo. 

— Se lembra de quando eu disse que o amor não existia? — ele perguntou e abri os olhos para assentir. — Bem, eu estava errado.


Notas Finais


Hiiiii dando uma fugidinha dos estudos pra postar o capítulo rsrsrs.
Tenho certeza que essa revelação do Niall e do Liam é muito importante para a história e por isso tentei fazê-la o mais pé no chão possível. Por mais que possa parece algo fantasioso espero que vocês não tenham interpretado desse jeito e tenham gostado da notícia. Afinal, é um dos meus capítulos favoritos.
Por hoje é isso e até o próximo.
M. xx


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...