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História Escape - Capítulo 23


Escrita por: pfthoranxx

Capítulo 24 - Capítulo 23


Fanfic / Fanfiction Escape - Capítulo 23

Mary's POV

De repente, perdi a vontade de dividir o mesmo cômodo com as duas garotas sentadas próximas a mim. Deixei o copo de suco, pela metade, em cima da mesa e me dirigi a sala, aonde os garotos continuavam a se divertir com o vídeo game.

Harry brincava com James de alguma coisa parecida com joquempô. Liam e Louis disputavam uma partida de futebol e Niall assistia aos rapazes, recostado ao sofá em que esses ocupavam. Ao me aproximar, ele se desencostou do móvel e estendeu o braço para pousar a mão em meu ombro assim que parei ao seu lado.

— Você está bem? — perguntou ao percorrer meu rosto com os olhos.

— Sim, estou bem. — forcei um sorriso e virei meu rosto na direção da televisão.

Não queria que Niall visse o que o meus olhos escondiam assim como  viu no dia em que entrou no meu quarto de surpresa, minutos depois de eu ter brigado com a minha mãe. Naquela ocasião ele soube que eu não estava bem apenas fitando meus olhos. Talvez não fosse uma boa ideia deixá-lo perceber que alguma coisa estava errada comigo. De fato, eu havia ficado chateada com as garotas pelo modo como me julgaram, mas não queria encher a cabeça de Niall com coisas desse tipo. Ele tinha motivos suficientes para se preocupar com coisas mais importantes.

O barulho da porta sendo destrancada chamou a atenção de todos, e quando voltei meu olhar para a entrada vi duas silhuetas passando pelo espaço. O primeiro rosto a ser revelado foi o de Gemma, seguida por Peter. Ambos estavam rindo e pareciam tão a vontade quanto crianças em um domingo no parque. Eles tiraram os casacos e Peter ajudou a garota a pendurá-los nos cabides que ficavam próximos a porta.

Pelo visto eles ainda não tinham percebido nossa presença na casa e quando olharam na nossa direção as risadas foram substituídas pela a expressão de espanto em seu rosto. Eu tive vontade de rir da situação, porque era evidente que eles não esperavam ter companhia quando adentrassem a residência e por um momento me questionei se algo estava acontecendo entre eles.

Eu sabia que Gemma havia se tornado amiga de Peter assim que Harry começou a namorar Susan, mas nunca consegui perceber nenhum interesse no rapaz por parte dela. Talvez porque eu sempre achei que seria curioso demais os irmãos namorarem os outros dois irmãos, mas era evidente que eu era a única que pensava assim. Eles não precisavam estar necessariamente namorando, mas eu tinha quase certeza que ambos estavam passando mais tempo na companhia um do outro do que de costume.

— Hey! Não sabia que vocês vinham para cá. — disse a garota ao deixar o molho de chames sobre a mesa de canto e adentrar o cômodo em passos lentos.

— Resolvemos relaxar um pouco depois do jogo. — Louis explicou. — Além disso, não tínhamos nada fazer pelo resto do dia.

— E quanto a festa mais tarde? Achei que fossem ajudar com os preparativos.

— Festa? Que festa? — perguntou Harry, parando por um instante de brincar com James para olhar para a irmã.

— Não me diga que você esqueceu da maior festa anual.

— Oh é claro! O aniversário de cidade. — o rapaz tatuado suspirou frustrado. — É. Parece que eu esqueci mesmo.

— É estranho. Todos os anos nós ajudamos ou nos envolvemos de alguma maneira. Com a temporada de futebol começando hoje eu não pude nem se quer pensar na possibilidade de ajudar. — observou Louis.

— Peter e eu fomos levar alguns potes de vidro, que encontramos aqui, para o Billy. Segundo ele, vão usar como luminárias no galpão principal. — disse Gemma. — Vocês deviam ir lá dar uma força. O que não falta é serviço.

Todos os anos, no aniversário de Holmes Chapel, havia uma festa para toda a cidade. As pessoas cooperavam com qualquer coisa. Desde ajuda com a decoração ou organização do espaço até madeira e lona para a construção das barraquinhas de comida e bebida. Eu costumava me envolver muito mais quando era menor e com o passar dos anos acabei me afastando da responsabilidade. Acho que o encanto havia acabado e com ele o meu tempo disponível para ajudar também. Portanto, fazia quase três anos que eu não aparecia pela área de exposição, que ficava no lado leste da cidade, desde o início da manhã até o final tarde, auxiliando quem quer que fosse com pequenos serviços.

Louis era o único que ainda se envolvia totalmente com isso. Todos os anos ele levava as irmãs e incentivava-as a ajudar, alegando que era uma tradição que ele gostaria de manter até quando não lhe restasse nem um dente na boca ou ele não conseguisse mais andar. Era um pouco exagerado, mas eu continuava admirando o seu patriotismo.

— Não acho que vá adiantar muita coisa. Já estamos no meio da tarde e daqui a pouco eles terminam de montar tudo. — eu disse.

— Mas vocês podem pelo menos ir quando a festa começar. Liam e Niall nunca foram e pode ser interessante eles verem como funciona uma festa por aqui. — Peter sugeriu, ocupando o lugar ao lado de Liam.

— Concordo. — Harry levantou a mão como se pudéssemos contar com a sua presença na festa.

— Bom, podemos ir no início da noite. Se for como todos os anos, vamos chegar no melhor horário, e de cara descolar um bom lugar perto da fogueira. — disse Louis, começando a ficar animado.

Susan e Sophia surgiram da cozinha, provavelmente ouvindo toda a falação, e se juntaram a nós na sala. Sophia sentou no braço do sofá ao lado de Liam enquanto Susan ocupou um lugar no tapete e se colocou entre as pernas do namorado. Harry informou a elas nossa programação da noite e ambas ficaram tão animadas quanto Louis.

Eu estava tentando me convencer de que poderia ser bom fazer algo diferente com meus amigos. Mesmo que o clima ainda não estivesse o dos melhores com as garotas, eu tentei ignorar a conversa que tivemos há alguns minutos e focar nos momentos em que teria ao lado de Niall, que era quem eu realmente devia agradar.

(...)

Ás 19:00 p.m. chegamos ao lugar onde a festa estava acontecendo. O céu já estava completamente escuro, mas o grande investimento na iluminação fazia parecer que estávamos no meio da tarde, com os  grande holofotes na área das apresentações musicais e as centenas de lâmpadas espalhadas no restante do espaço aberto.

Nos dirigimos às mesas que ficavam em uma localização privilegiada: próximo às barraquinhas de comida e ao galpão principal. A fogueira só estava à 80 metros de distância e poderíamos ver perfeitamente quando as atividades envolvendo-a começassem. Era uma atração bem interessante.

James estava tão empolgado que não parava de repetir que queria andar nos brinquedos que ficavam mais afastados de onde estávamos, e enquanto tomávamos os nossos lugares Susan disse que o levaria para se divertir um pouco. Eu deixei porque achei que o clima de tensão entre nós duas diminuiria e ainda por cima meu irmão ficaria quieto.

Peter e Louis se ofereçam para pegar bebidas para todos e agradeci mentalmente por na precisar fazer isso. Na verdade, foi bem gentil da parte deles pagar por elas. Percebi como Niall estava impressionado com tudo o que via. Seus olhos rolavam de um lado pro outro, indecisos para qual lugar olhar primeiro, e por um momento me senti feliz por ele estar aproveitando como achei que poderia fazer.

— Você devia ir ao galpão principal, Niall. — disse Harry, chamando a atenção do loiro e fazendo-o fixar os olhos nele. — As danças são tão boas que contagiam qualquer um.

Niall rolou os olhos e Harry teve a oportunidade soltar uma gargalhada enquanto os rapazes voltavam com as bebidas. Eles distribuíram os copos de plástico pela mesa retangular e cada um pegou um copo para si. Ao dar o primeiro gole, senti um frio percorrer minha espinha e por um momento desejei que fosse uma xícara de chocolate quente ao invés da cerveja gelada naquela noite de inverno.

Passamos algum tempo jogando conversa fora antes de nos separarmos para explorar o lugar. Sophia foi mostrar tudo à Liam. Louis disse que visitaria o galpão principal. Harry foi procurar por Susan, achando que ela pudesse precisar de uma ajuda com James. E Peter e Gemma preferiram ficar na mesa, temendo que pudessem perder nosso lugar privilegiado. Assim, resolvi levar Niall até a fogueira para que ele pudesse entender um pouco da tradição da festa anual.

Entrelacei a sua mão à minha e o conduzi à roda de pessoas próxima as chamas dançantes, colorindo e iluminando a noite. Não escolhemos muito e acabamos por nos sentar perto de uma família com três filhos, que mais corriam ao redor dos adultos do que se sentavam para admirar a grande fogueira. Niall colocou os braços para trás e apoiou todo o peso do corpo nas mãos espalmadas na grama. Encostei meus joelhos no peito e abracei minhas próprias pernas para me aquecer um pouco enquanto o calor da fogueira não nos envolvia por completo.

— Então, o que achou? — perguntei depois de algum tempo em que nos mantivemos em silêncio, olhando para as altas chamas à nossa frente.

— Com certeza é a maior fogueira que eu já vi. — Niall riu abafado.

— Não é a melhor atração da noite, mas é ótima para nos manter aquecidos. Com a festa sendo todos os anos no inverno, os organizadores precisaram pensar em algo que atraísse o público e o deixasse aquecido ao mesmo tempo. — expliquei.

— Foi uma ótima ideia.

— E, além disso, as histórias contadas ao redor da fogueira sempre são as melhores.

— Que tipo de histórias eles contam?

— Sobre como a cidade foi descoberta ou cresceu culturalmente, financeiramente e, claro, popularmente com o passar dos anos. Não é nenhum conto de fadas ou história para as crianças então é uma das últimas atrações da noite, quando apenas os adultos ou adolescentes ainda estão por aqui.

— Parece que tudo foi muito bem pensado. — observou Niall.

— Acho que é por isso que as coisas funcionam, sabe. Nada é feito simplesmente de qualquer jeito. Há sempre um planejamento até mesmo por trás de qualquer festividade ou algum evento marcante.

— Você gosta disso, não gosta? — perguntou Niall, seus olhos, que estavam escuros devido à sombra que se formava acima de nós, fixos em mim. — De toda essa organização. É exatamente como você é.

— O que quer dizer? — indaguei um tanto confusa ao ponto em que Niall queria chegar.

— Você está sempre pensando em como fazer as coisas darem certo e já tem toda a sua vida planejada. — ele fez uma pausa, desviando os olhos dos meus antes de continuar. — E qualquer coisa em relação a mim é uma tremenda bagunça. Me pergunto como alguém como você pode achar que existe algo organizado dentro de mim.

— Por que está falando isso?

— Eu não sei. — ele encolheu os ombros. — É só que eu tenho pensado muito nisso ultimamente. Que eu possa tornar a sua vida tão bagunçada quanto a minha.

— E se isso acontecer? Qual o problema? Eu realmente não me importo, Niall.

— Você não pode estar falando sério. — o rapaz balançou a cabeça, me encarando com uma ruga entre as sobrancelhas. — Tem ideia de quantas vezes eu desejei ter uma vida normal ou pelo menos um objetivo a não ser me manter vivo?

— Não, eu não tenho. Mas você também não sabe como é difícil ficar sempre na mesmice e manter-se na sua zona de conforto por tantos anos. — admiti. — Eu finalmente estou pronta para me arriscar, Niall. Não acho que seja loucura pensar dessa maneira.

— Perder o controle da vida não é a solução.

— Talvez, mas de qualquer maneira eu não estou perdendo o controle. Só estou permitindo que ela fique um pouco mais agitada. — dei de ombros e Niall balançou a cabeça ao não conseguir evitar soltar uma risada. — Eu fiz minha escolha. Não se culpe por isso.

No fundo eu sabia que minhas palavras não adiantariam muito, mas pelo menos fariam Niall pensar sobre o assunto e isso já era alguma coisa. Além disso, eu não queria desperdiçar minha noite com aquele tipo de conversa. Só desejava poder passar um tempo com Niall, longe de qualquer problema. Aproximei-me um pouco mais dele e pousei minha mão em seu ombro para me equilibrar. Ele ergueu seu rosto e nossos olhos conectaram-se.

— Esqueça isso por um tempo. Não foi para isso que viemos para cá. — pedi e o vi esboçar um breve sorriso antes de eu colar minha boca à sua.

Eu queria poder passar a noite toda ali, beijando Niall até me cansar ou estar quente demais para aguentar, mas ainda havia muitas coisas para mostrar a ele e talvez não tivéssemos muito tempo para isso.

— Vamos ver se os outros já voltaram e podemos ir ao galpão principal ou assistir a uma apresentação. — sugeri, me afastando e quase fazendo Niall cair por cima de mim por ter interrompido o beijo tão repentinamente.

— Você e Harry querem mesmo que eu dance hoje, não é?

— Quem sabe. — dei de ombros e Niall suspirou irritado.

— Tudo bem. Vamos continuar nosso tour pela feira.

— Como ousa chamar a nossa maior festa de feira? — questionei, fingindo estar ofendida.

— Porque parece uma. — Niall se levantou e me puxou pela mão, ajudando-me a estabilizar-me quando fiquei ereta.

Fizemos o mesmo caminho que nos levou até a fogueira, mas dessa vez Niall passou o braço pelos meus ombros e me manteve próxima a ele enquanto nos deslocávamos tranquilamente pelo espaço aberto. De longe avistamos a mesa, que agora estava ocupada por quase todos os meus amigos, exceto por Sophia e Liam que pareciam não ter voltado de seja lá onde tenham ido.

Antes que pudéssemos alcançar o grupo, Susan se aproximou em passos largos e a primeira coisa que notei foi a expressão de angústia dominando seu rosto. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas senti meu estômago embrulhado ao vê-la daquele jeito.

— Mary eu sinto muito. Eu... eu realmente não sei como aconteceu. — as palavras atropelaram umas as outras e quase não entendi o que ela disse.

— Ei, Susan! O que houve? — perguntei assustada.

— Eu estava com James no parquinho e ele me pediu para comprar uma pipoca. Juro por tudo o que é mais sagrado que eu não tirei os olhos dele por nenhum instante, mas eu me distraí por alguns segundos pegando o dinheiro e quando voltei a olhar para baixo ele havia sumido. É como se uma hora ele estivesse lá e outra não estivesse mais.

Todo o sangue do meu corpo pareceu congelar e parar de circular nas minhas veias. Meu estômago começou a revirar ainda mais e senti vontade de vomitar. Um soluço ficou preso na minha garganta e juntamente com ele a minha respiração. Achei que não conseguiria mais respirar e levei algum tempo para processar o que estava acontecendo. O desespero me dominou em segundos.

— Onde está o meu irmão? — perguntei em um sussurro, não conseguindo falar nem um tom mais alto.

— Eu não sei. Eu realmente não sei. — ela balançou a cabeça, deixando as lágrimas escorrerem livremente pela sua pele pálida.

— Oh, meu Deus. — me afastei de Niall e levei as mãos à minha cabeça, achando que se eu a balançasse aquilo acabaria ou acordaria do pesadelo que tudo aquilo se tornou. — O que você fez, Susan?

Vi o restante dos meus amigos caminharem na nossa direção e Harry foi o primeiro a nos alcançar. Ele abraçou Susan que agora chorava de maneira descontrolada. Seus soluços estavam chamando a atenção das pessoas ao redor e pela primeira vez eu não me importei. Não me importei com ela, porque estava assustada e com raiva demais para isso.

— Mary, olhe para mim. Está tudo bem. Nós vamos encontrá-lo. — Niall se aproximou e colocou as duas mãos nos meus ombros, virando-me na sua direção e obrigando-me a encarar seus olhos.

— Ele deve estar morrendo de medo e... Oh, Deus! — eu não sabia o que fazer e uma vontade enorme de chorar me dominou, mas eu estava tão apavorada que não conseguia fazer mais nada além de arregalar os olhos.

Ouvi passos rápidos ficarem mais altos e virei-me rapidamente para ver Liam se aproximando de nós juntamente com Sophia. Ambos estavam quase sem fôlego e Liam precisou respirar fundo antes de falar:

— Nenhum sinal na área de apresentações. Olhamos atrás de todos os palcos e perguntamos para várias pessoas, mas ninguém viu ele em lugar algum.

— Tudo bem, vamos manter a calma. — eu sabia que Peter falava aquilo mais para mim, mas ele elevou o tom de voz para que todos o ouvissem perfeitamente. — Antes de qualquer coisa precisamos pensar em que lugar iríamos se fôssemos ele.

— O parquinho é claro. — respondeu Louis prontamente.

— Eu já olhei lá. Foi a primeira coisa que fiz antes de vir para cá. — disse Susan, um pouco mais calma dessa vez.

— Precisamos nos separar. Isso aqui é muito grande e vamos perder muito tempo se nos mantivermos juntos. — Niall desviou a atenção de mim por alguns instantes para percorrer os olhos por todo mudo. — Harry, você e Susan procuram por aqui. Peter e Gemma olham perto da fogueira. Louis, no estacionamento. Liam e Sophia vão até o parquinho e deem mais uma verificada por lá, Susan estava nervosa e ela pode não ter procurado tão bem quanto achou. Eu e Mary vamos olhar no galpão principal. Se alguém achar qualquer pista, avisem imediatamente.

Ninguém confirmou que havia entendido ou esperou por mais ordens, apenas cada um seguiu seu caminho como se houvessem sido treinados para fazer isso diariamente. Niall tomou a frente e eu segui atrás dele em passos apressados. Não me preocupei em guiar-lhe, pois o galpão estava bem visível e o rapaz não teria dificuldade em achar o caminho até lá.

Quando alcançamos a construção eu suava frio e sentia meu rosto queimar. Percorri meus olhos pelo local e comecei a afastar as pessoas da minha frente para chegar mais rápido ao palco enquanto Niall se deslocava pelas mesas perguntando a todo mundo se tinham alguma informação sobre o paradeiro do meu irmão. Não vi nenhum vestígio dele perto da estrutura de madeira e ninguém próximo a mim sabia qualquer coisa.

Ficando cada vez mais desesperada e me sentindo muito mal, me dirigi a entrada do galpão e não esperei por Niall para procurar no espaço aberto. O rapaz me alcançou segundos depois de eu ter me exposto ao ambiente externo e continuamos a andar olhando para todos os lados ou qualquer pequeno espaço que achássemos que James pudesse se esconder. Eu duvidava que meu irmão estivesse fazendo tudo àquilo por brincadeira, como esconde-esconde, mas era melhor alimentar essa esperança do que pensar que algo pior pudesse ter acontecido a ele.

Niall me chamou para lhe acompanhar para a esquerda e mesmo um tanto zonza, compreendi quando ele indicou a direção. Eu estava começando a ficar cansada. Acompanhar o ritmo de Niall não era nada fácil, mas pela primeira vez não reclamei por sentir meus joelhos bambearem ou minhas pernas formigarem. Porém, minha visão estava ficando turva e precisei piscar algumas vezes na tentativa de voltar a enxergar normalmente. Atribui minha rápida cegueira à escuridão do lugar, já que esse era mais afastado da área de exposição e as luzes quase não o alcançavam, mas mais tarde percebi que na verdade aquilo eram sintomas de que o pânico estava me dominando sem nem eu ao menos perceber.

— Mary, venha aqui! — a voz distante de Niall me trouxe a realidade e só quando olhei para frente percebi que ele já estava a mais de dez metros de distância de mim.

Apressei o passo e ao lhe alcançar,  ele voltou a andar em direção ao espaço escuro atrás do galpão que a pouco havíamos explorado. Quando pensei em lhe perguntar aonde estávamos indo, ele parou abruptamente e meu corpo quase colidiu ao dele, mas parei bem em cima de suas costas e ao olhar para o mesmo lugar em que seus olhos estavam fixos meu coração quase saiu do lugar.

— James! — eu quase gritei e não pensei duas vezes em correr na direção do meu irmão e apertá-lo contra o meu peito ao erguê-lo do chão. — Graças à Deus. Você está bem?

Afastei-o rapidamente, apenas para me certificar de que ele não estava com nenhum arranhão ou havia sofrido nenhum dano maior, e assim que o vi assentir voltei a pressionar o seu pequeno corpo contra o meu.

Po que você 'ta cholando, Maly? — eu não teria percebido que eu chorava se James não tivesse dito. Mas não me importei em parecer fraca, porque eu realmente me sentia uma.

— Onde você estava? — questionei, ignorando completamente a pergunta do pequeno.

Eu não conseguia parar de apertar James e de lhe garantir que estava tudo bem. Coisas horríveis passaram pela minha cabeça e desejei nunca mais me sentir daquele jeito. Fechei meus olhos para reprimir tais pensamentos. Só de vê-lo são e salvo já me deixava emocionada.

— Eu tava com o Blad. Ele me deu um pilulito. — o pequeno conseguiu se afastar assim que diminui meu aperto sobre ele ao ouvir o nome do meu ex-namorado.

Abri meus olhos e só então percebi a presença do rapaz robusto ali. Ele estava parado onde antes estava James e cravou o olhar em mim, seguido de um sorriso ladino. Olhei de relance para Niall e entendi o motivo pelo qual ele ficou sem reação e parou tão repentinamente.

— Você devia cuidar melhor do seu irmão, Mary. Se não fosse por mim ele ainda estaria vagando sozinho por aí. — a voz de Brad quebrou o silêncio que se formou entre nós.

— Cala a boca, seu idiota. Não me diga o que fazer. Eu devia c... — senti a raiva subir pela minha espinha e tentei avançar em sua direção, mas fui impedida com Niall segurando meu pulso firmemente.

— Mary, não! — ele me encarou com severidade. — Nós já o encontramos, não há mais nada para fazer aqui.

Eu queria gritar com Niall por ele me repreender ou impedir de fazer qualquer coisa, mas no fundo eu estava chocada por ser ele a manter o controle e não tive nenhuma reação. Brad assistia a tudo com o mesmo sorriso, que por vários momentos desejei poder arrancar-lhe dos lábios.

— Obrigado por cuidar dele. — Niall voltou a atenção para Brad e assentiu brevemente. — Vamos nessa, Mary.

Senti a mão de Niall no meio das minhas costas, obrigando-me a virar na direção contrária a Brad e caminhar de volta para a área das barraquinhas de bebida e comida. Não me dei ao trabalho de olhar para ele, mas percebi quando o loiro encarou o rapaz pela última vez antes de seguir ao meu lado enquanto James se deliciava com o seu pirulito como se houvéssemos acabado de deixar o parque e nada tivesse acontecido.

Niall avisou aos nossos amigos que estava tudo bem e havíamos achado James e marcou de nos encontrarmos novamente na mesa que ocupamos assim que chegamos  ali. Caminhamos mais devagar dessa vez e assim que alcançamos o local combinado todos vieram na nossa direção, nos cercando para certificarem-se de que James estava bem. Deixei que Harry o pegasse no colo para que eu respirasse um pouco e tentasse me recompor. Eu ainda me sentia muito apreensiva.

— Está se sentindo melhor? — Peter perguntou e eu apenas assenti.

— É melhor nós irmos embora. Já chega de emoções por hoje. — senti Niall se aproximar e espalmar a mão no final da minha espinha, deixando pequenas carícias nas minhas costas na tentativa de me deixar um pouco mais relaxada.

— Niall tem razão. Está na hora de ir. — disse Harry enquanto cada um se afastava um pouco e abria espaço para que ele pudesse caminhar para longe.

Não esperamos muito para fazer o mesmo e quando menos percebi já estávamos na área do estacionamento, e Niall ajudava Harry a por James no meu carro. Eu havia me esquecido que foi o loiro quem dirigiu até ali e ainda estava com as minhas chaves.

— Mary, me desculpe. Eu não consigo parar de me sentir culpada. Me desculpe mesmo. — ouvi a voz de Susan próxima a mim e ao olhar para a direita, percebi que ela apressava o passo para me alcançar.

— Está tudo bem, Susan. Eu só preciso ir para casa. Nos falamos depois. — eu disse secamente.

No fundo eu havia ficado chateada com Susan e aquele não era o melhor momento para nos falarmos, por isso preferi deixar para conversar com ela quando estivesse mais calma e não corresse o risco de acabar agindo pelo calor da emoção.

Me despedi dos meus amigos e agradeci por qualquer ajuda que tivessem me dado. Deixei que Niall dirigisse e assim que ele entrou no carro e manobrou para sair do estacionamento, eu virei meu corpo para trás para ver se James estava bem. O pequeno estava com a cabeça apoiada na cadeirinha e olhava pela janela em silêncio, demonstrando os primeiros indícios de sono. Voltei meu corpo para frente e suspirei aliviada, assistindo Niall dirigir em direção a sua casa.

Levamos poucos minutos para chegar à residência e assim que ele estacionou o carro na frente da garagem, sua atenção se desviou para mim ao mesmo tempo em que tombei minha cabeça na sua direção.

— Você quer entrar? — perguntou com a voz baixa, em partes porque ele aparentava estar tão cansado quanto eu e também para não acordar o meu irmão.

— Não sei se é uma boa ideia. É melhor eu levá-lo para casa. Ele não parece muito confortável. — desviei meu olhar para James, que dormia com a cabeça caída para o lado direito e respirava tranquilamente.

— Eu posso deixá-lo no meu quarto enquanto tomamos alguma coisa. — sugeriu, olhando na mesma direção que eu.

— Tudo bem. Eu ainda preciso me acalmar por completo. — admiti com um suspiro frustrado.

Niall saiu do carro e tirou James, com cuidado, da sua cadeirinha, acomodando o pequeno nos braços enquanto eu travava o automóvel e seguia atrás do rapaz em direção à residência. O interior estava vazio e ao adentrarmos Niall ligou o interruptor do hall de entrada para conseguirmos enxergar melhor o que estava a nossa frente.

Ralph surgiu de repente, fazendo a coleira em seu pescoço balançar enquanto ele corria na nossa direção e iniciava o seu ritual de boas vindas, pulando e arranhando nossas pernas. Tirei meu casaco e o pendurei nos cabides próximos à porta enquanto Niall se dirigia ao andar de cima para colocar James em seu quarto. Ralph me acompanhou até a cozinha e manteve-se em constante movimento enquanto eu procurava pela cerveja na geladeira.

Quando encontrei, peguei duas garrafas e levei-as até a pia para abri-las. Não tive o mesmo sucesso com o abridor e tentei tirar a tampa metálica com a ajuda do pano de prato, mas não importava a força que eu fizesse, nada fazia a tampa se desenroscar.

Passos soaram pelo cômodo, mas não me dei ao trabalho de olhar para trás, pois eu sabia que só podia ser Niall. Ele abraçou minha cintura por trás, descansando o queixo em meu ombro direito ao momento em que eu lutava contra a pequena tampa.

— Você sabe que eu posso fazer isso, não é? — ele disse em um tom de voz baixo.

— Eu sei, mas quero fazer. Não é possível que eu não consiga abrir uma garrafa de cerveja. — confessei, sentindo-me cada vez mais frustrada por não conseguir realizar uma tarefa tão simples.

Seus dedos faziam círculos em volta de minha cintura e Niall ficou esperando eu tirar as tampas de ambas as garrafas. Quando finalmente consegui, virou-me para encarar-lhe. Suas bochechas estavam rosadas, devido a baixa temperatura no lado de fora, do jeito que eu gostava de vê-las, porque deixava-o ainda mais atraente. Meu corpo se apoiou contra o balcão e um suspiro cansado caiu de meus lábios, dando a oportunidade para o rapaz juntar nossos corpos.

— Está cansada? — ele levou os lábios até minha testa e balancei a cabeça afirmativamente antes de ele se afastar para beijar a minha boca suavemente.

Eu sorri e tentei me deslocar para o seu lado, na tentativa de lhe fazer sair do meu caminho, porém, seus braços desceram para cada lado do meu corpo, apoiando-os no balcão e me deixando encurralada.

— Eu sei que já passamos por bastante coisa hoje, mas eu não posso deixar de pensar na nossa comemoração. — admitiu quase em um sussurro.

— Eu achei que tivesse esquecido isso.

— Como é possível? Você me deixou atiçado desde a hora em que falou sobre isso. — pelo olhar que Niall me lançou, eu sabia exatamente o que ele queria.

Seu topete loiro havia se desfeito quando começamos a procurar por James na festa do aniversário da cidade e desde então Niall não tinha se preocupado em arrumá-lo novamente, deixando que os fios se mantivessem caídos em seu rosto quando ele sorriu maliciosamente e mergulhou a cabeça para baixo, podendo beijar meus lábios.

Ele invadiu minha boca com sua língua, fazendo a minha se mover junto com a dele, lentamente. Eu poderia agradecê-lo por estar facilitando as coisas. Nossas bocas se separaram e eu, ofegando, sorri. Quando dei por mim o rapaz já havia me impulsionado para cima do balcão de centro e descansava entre minhas pernas. Nos beijávamos intensamente como se esperássemos por esse momento totalmente a sós e quase íntimo a muito tempo. Suas mãos me puxavam fortemente contra ele, inclinando-se sobre o meu corpo magro e traçando suas mãos pelos meus lados.

Ele gemeu em minha boca quando eu puxei seu cabelo e quebrei nosso beijo. Soltei um risinho puxando-o contra mim para pressionar nossas intimidades. Niall suspirou fortemente enquanto minhas mãos viajavam até a barra  da sua calça jeans, mas ele agarrou meu pulso antes que eu pudesse chegar aonde queria. Encarei-lhe de maneira confusa por ele ter parado meus movimentos.

— Não, honey, eu primeiro. — disse com dificuldade.

O meu suéter, que cobria a minha t-shirt branca, foi jogado longe. Afastei os cabelos da sua testa antes de ele se abaixar para pressionar beijos na minha clavícula, afastando a gola larga da minha camiseta e dando-lhe mais espaço para distribuir beijos úmidos.

— O quer que eu faça, Mary? — perguntou pressionando nossas intimidades enquanto um gemido saia de meus lábios. Meu corpo estava quente e minhas calças começavam a parecer cada vez mais coladas em meu corpo.

— O qu... — me engasguei quando ele colocou sua mão dentro da minha camiseta e desceu-a pela minha barriga, parando-a no botão da minha calça jeans para abri-lo e conduzir seus dedos ágeis até a minha intimidade.

Ajudei-lhe a abaixar um pouco a peça de roupa enquanto ele afastava a minha calcinha, pressionando minha entrada com seus dedos.  Suguei o ar entre os dentes e me apoiei em seus ombros.

— Você acha que isso pode ficar melhor? — perguntou, olhando em meus olhos ao mesmo tempo em que eu movia os quadris contra seus dedos, implorando por contato. Não respondi. Pequenos suspiros saiam de minha boca indicando que eu queria aquilo mais do que nunca.

Seu dedo pressionou meu clitóris e eu cravei minhas unhas em seus ombros. Sua boca desceu até a minha, num beijo forte, fazendo todo o ar dos meus pulmões escaparem. Niall penetrou dois dedos em minha intimidade e girou-os enquanto eu gemia contra os seus lábios.

— Merda. — murmurei em um fiasco de voz, fechando os olhos.

— Eu poderia dizer que esta será a melhor noite da sua vida, mas isso significaria dizer que as outras em que passaremos juntos serão como outra qualquer. — sussurrou calmamente. — E eu não quero isso. Quero que todas sejam especiais.

Em outras circunstâncias eu teria apreciado suas palavras, mas Niall sabia que eu estava pronta para ele e estava totalmente sem reação. Ele não estava muito diferente, mas tinha o total controle da situação, com sua experiência admirável. Sua cabeça abaixada admirava meus quadris rolarem sobre seus dedos, os quais não cessavam os movimentos, entrando e saindo as vezes rápido e outras lentamente, o que me fazia apertar os olhos por excesso de prazer.

Segurei sua nuca, olhando profundamente para os seus olhos. O suor descendo pela pele das minhas costas ao mesmo tempo em que emplastava o cabelo de Niall com as centenas de gotículas. Seu lábio inferior foi preso entre meus dentes e eu mordi fortemente.

— Niall... — grunhiu quando seus dedos rolaram dentro de mim antes de sair e entrar mais uma vez. — Por favor...

Ele segurou minha cintura rolando os seus dedos mais uma vez e suspirando pesadamente contra o meu rosto. Mas o barulho da porta de entrada sendo aberta fez seus movimentos cessarem e ele tirou seus dedos de mim, nos afastando. Não importava quem houvesse chegado, eu só queria me vestir e me normalizar o mais rápido possível. E como se eu só tivesse tempo para subir minhas calças jeans, Liam surgiu na cozinha, dando um leve sobressalto ao nos encontrar no cômodo.

— Wow! Eu acho q...

— O que você está fazendo aqui? — Niall indagou irritado.

— Essa é a minha casa, caso você não saiba. E além disso, pensei que vocês estariam em outro lugar. Bem longe daqui.

— Foda-se, Liam. Você não podia ter aparecido em outra hora? — ele praguejou sem acreditar, correndo os dedos pelo seu cabelo despenteado.

Tentei relaxar e parecer o mais controlada possível, mas a protuberância nas calças de Niall confirmava qualquer suspeita que Liam tivesse sobre o que estivéssemos fazendo. E foi exatamente para onde o olhar do moreno de desviou. Respirei fundo e vesti o meu suéter azul escuro.

— Não achei que vocês estariam aqui, 'ta bom? Se queria privacidade devia ter ido para o quarto ou me avisado que a cozinha estaria ocupada.

Minhas bochechas estavam fervendo e abaixei o rosto para Liam não percebesse isso. Eu não sabia o que era pior; permanecer onde estava ou me levantar para sair dali e acabar deixando mais evidente o que estávamos fazendo.

— De qualquer maneira, foi mal. Podem continuar o que estavam fazendo. — Liam jogou as chaves sobre a mesa e tomou o rumo da escada, desaparecendo do nosso campo de visão em segundos.

Soltei um longo suspiro, vendo a expressão nada agradável no rosto de Niall. Ele coçou a nuca na tentativa de manter a calma. Claro, quem não estaria irritado após uma interrupção como essas? Qualquer clima que ele se dedicou para construir desde o momento em que chegamos à residência havia ido por água abaixo depois da aparição de Liam.

— Depois disso, definitivamente, a minha noite acaba aqui. — comentei, procurando as chaves do meu carro e passando as mãos pelo meu cabelo para tentar arrumar os fios rebeldes.

— Eu juro que vou matar o Liam. — murmurou, apoiando os braços no balcão e deixando a sua cabeça cair no vão entre eles.

Não consegui evitar soltar uma risada abafada antes de Niall ser obrigado a pegar James no andar de cima e me acompanhar até o carro novamente. Eu não era nenhuma entendedora, mas tinha certeza que a noite não tinha acabado como ele havia planejado.


Notas Finais


Oi, amores! Depois de muita espera eu estou back. Me desculpem mais uma vez pela demora, mas como disse eu estava me recuperando e apenas essa semana consegui escrever. Espero que tenham gostado e possam expressar suas opiniões nos comentários.
Eu gostaria, também, de agradecer à @harrylust que me ajudou a escrever esse capítulo.
Por hoje é isso e até a próxima.
M.xx


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