“Vá em frente e ria mesmo se doer. Vá em frente e puxe o alfinete. E se pudéssemos arriscar tudo o que temos e deixar nossas paredes desmoronarem?”
— Heart - Sleeping at Last
Scarlett entrou no quarto como um furacão, batendo a porta atrás de si e jogando sua bolsa longe antes de se jogar de bruços na cama. Estava com as mãos geladas e a ponta dos dedos doloridas por ter esquecido a luva para a aula de Astronomia, mas esse não era nem de longe seu maior incômodo naquela noite. Se em algum momento pensou que sua vida seria mais fácil só porque estava em Hogwarts, tudo à sua volta estava provando que ela estava mais do que errada.
Imelda veio logo atrás, abriu a porta e a fechou decentemente, revirando os olhos para a garota jogada na cama. Tirou sua capa, o cachecol e agarrou Senhor Bigodes antes de sentar-se em sua cama.
— Qual foi dessa vez? — A voz arrastada dela entregava que já estava impaciente.
— Nada, estou só cansada. — murmurou contra o travesseiro.
Imelda bufou no mesmo momento; sacou a varinha e lançou um filete vermelho até a bunda de Scarlett, que gritou ao pular da cama. Senhor Bigodes pulou do colo da dona e parou próximo da porta, sentou-se e enrolou o rabo felpudo em si.
— Qual foi, Imelda?!! — Esfregando a mão ali, Scarlett rolou na cama, grunhindo.
— Qual foi o caramba, Scarlett! Cansei de você assim desde sábado passado! Ou você me conta agora o que tá acontecendo ou eu juro que eu nunca mais olho na sua cara! Odeio que me façam de idiota e suas mentirinhas já passaram da cota. Ou você é a minha amiga e confia em mim ou acabou!
Scarlett controlou bastante a respiração, inspirando devagar e expirando mais lentamente ainda. Não era como se ela pudesse estar se dando o luxo de perder amizades, muito menos a de Imelda, que tinha se dado tão bem desde o primeiro momento. Ela se sentou e prendeu os cabelos negros no alto da cabeça com um coque desajeitado.
— Eu beijei o Sebastian. — admitiu de uma vez.
A garota do outro lado ficou sem esboçar reação nenhuma. Os olhos negros impassíveis e a expressão vazia por quase meio minuto até que se levantou, e saiu pela porta sem dizer mais nada. Scarlett ficou boquiaberta. Não era possível que a repulsa dela pelas meninas que ficavam atrás do Sebastian poderia ser tão grande até aquele ponto. Pensou em ir atrás dela, mas o medo da reação que poderia receber foi maior.
Não demorou cinco minutos e Imelda estava voltando com duas xícaras de chá de camomila. Sky fungou em um riso de alívio quando a viu colocar as bebidas ao lado, na mesinha de canto, e sentar-se na sua frente, convocando uma caixinha de feijãozinho de todos os sabores.
— Desembucha.
Sky pegou um pouco do doce e o balançou na mão fechada antes de levar dois à boca.
— No dia da festa, que eu disse que estava indo encontrar o Ominis, eu fui encontrar o Sebastian. — Imelda semicerrou os olhos e a reprovou com um mover lento da cabeça. — Conversamos, tivemos um bom momento até que ele me beijou.
— Safado… — murmurou com a boca cheia.
— Eu poderia ter ido embora, mas beijei ele de volta. E… a gente meio que deu um amasso. — Estava envergonhada de admitir aquilo, mas o alívio que foi tomando Sky, a impulsionou a falar mais. — Eu sei que disse que não seria como as meninas que morrem por ele, mas, acho que agora eu as entendo. Ele é tão… hipnotizante… E o beijo dele me deixa fora de mim.
— É tesão o nome, Scarlett, não Sebastian Sallow. — Imelda revirou os olhos.
— Tesão por tesão eu já senti lendo, é Sebastian Sallow o nome.
Imelda pegou a almofada ao lado e bateu com força na cabeça de Scarlett.
— Que nojo!
Scarlett riu e as duas tiraram os sapatos para se acomodarem melhor na cama. Scarlett lançou um feitiço na bandeja de bolinhos que tinha ali e a fez flutuar até as duas. Imelda pegou uma das xícaras e bebericou, articulando com a mão para que ela prosseguisse logo com a história.
— Combinamos que não íamos mais fazer nada disso e fomos para a festa. Eu bebi muito e não lembro de muita coisa depois daquele jogo de desafios, só de acordar na cama dele.
A garota arregalou os olhos como nunca e o queixo caiu, deixando a comida mastigada à vista, arrancando outra risada de Scarlett.
— SAFADA! — gritou de boca cheia, mastigando tudo com pressa para engolir logo, bebendo um longo gole do chá para desentalar. — Você deu pro Sebastian?
— NÃO! Por Merlin, Imelda! Eu nunca faria uma coisa dessas. Imagine com Ominis dormindo do lado.
— Você também disse que não o beijaria, e olha onde estamos!
— Tudo tem limites! — bufou, puxando a caixa de feijõezinhos dela.
— Tá, mas até agora você não me disse nada que justificasse sua cara de bunda e os choros durante essa semana.
— Brigamos, por um completo mal-entendido. Eu estava tão cansada e ele tinha ficado estranho e deu no que deu aquele dia lá fora. — continuou, fazendo uma careta por conta do gosto amargo de cera de ouvido. Pegou seu chá para tentar limpar o paladar. — Na detenção, brigamos. De novo. Só que acabamos nos beijando. De novo.
— Você vai ficar igual a Violet. — Agora foi a vez da Sky bater com a almofada na cabeça de Imelda, quase derrubando o chá dela, que teve a sorte de já está acabando.
— Vai se catar! E outra, eles nunca tiveram nada, ela que é emocionada. Esquisita. — As duas riram antes de Sky continuar após um suspiro: — Eu realmente gosto muito de beijar ele, Meldy… Calma! Não me bate! — Ela abaixou devagar a almofada, estreitando os olhos até ocupar a mão com mais doce. — Eu tive que escolher me afastar dele por isso. Passamos dos limites na detenção e eu não posso deixar que isso avance mais.
— Passaram quanto? — Terminava de dar seu último gole no chá para soltar a xícara e ocupar-se só com os doces e os bolinhos.
— Meio… que… eu toquei no… — falou baixo, muito baixo, e apontou para o meio das pernas, esperando que Imelda entendesse sem que transformasse isso em algo ainda mais embaraçoso. Imelda arregalou os olhos mais uma vez. — E ele chupou o meu… peito…
Imelda não segurou a gargalhada, jogou a cabeça para trás, bateu as palmas. Ela riu tanto que acabou caindo da cama, deixando Sky ainda mais constrangida, enquanto se contorcia até seu rosto ficar vermelho e ela perder o fôlego.
— Eu sempre soube que você era uma indecente, Scarlett Callaghan! — Imelda disse, sem ar, apoiado o queixo no colchão e buscando recuperar o fôlego.
— Para! Foi só uma vez! Por isso eu me afastei, meu pai já está com muita raiva de mim para eu ser pega assim com um garoto e ter que casar com ele por isso.
— Ai, Sky, raiva de pai sempre passa! Se ninguém ficar sabendo, não tem porque você ficar chorando por aí!
— Eu não tô chorando por isso. — Sky bufou, colocando os bolinhos e seu chá, na metade, na mesa ao lado da cama. — Às vezes eu me sinto uma fraude aqui… Nunca esperei que o Sirius fosse me dar trégua, mas todo mundo aqui me conhece por ser a aborto da família puro-sangue.
— Você não é aborto, Sky!
— Eu sei que não, mas…
— Mas nada! — Ela se levantou e voltou para a cama. — Larga de ser besta e deixa eles pra lá! Você é uma bruxa extraordinária! Está se tornando uma das melhores alunas do sexto ano, estando aqui há dois meses! Sempre vai ter alguém para te diminuir, fica de você deixar isso acontecer ou não. Revida como você fez com o Sallow, eu te ajudo a dar uma lição neles, qualquer coisa! Só para de se vestir como os rótulos que te dão e seja você.
Scarlett sorriu, os olhos marejando, e um calor no peito que cresceu a ponto dela abraçar Imelda com força, deixando a garota sem graça no início, mas logo a abraçando de volta.
— Vamos fazer eles pagarem por te chamar assim. — sussurrou Imelda e Sky se afastou.
— Eu não posso correr o risco de pegar outra detenção por mau comportamento… Se meu pai souber, ele me trucida.
— Até o recesso de natal, ele já esqueceu. — Imelda deu de ombros, mas a outra negou veementemente.
— Meu pai não é assim, Meldy, ele não esquece e nem deixa a raiva passar.
— Todo pai é assim, Sky, você tá longe agora e… — Imelda franziu o cenho quando Scarlett bufou e colocou-se de pé.
Foi necessária muita coragem para que Scarlett prosseguisse com aquilo, porém menos do que pensou que teria. Sentia-se confortável o suficiente com a amiga para aquilo, mas suas mãos ainda tremiam enquanto tirava a meia calça grossa — passara a usar por conta de Sebastian, para evitar que ele tocasse em sua pele como quase aconteceu na Galeria Subterrânea. Subiu a saia de modo nervoso até mostrar apenas metade de sua coxa, onde algumas cicatrizes apareciam, apenas aquelas que ficavam na parte da frente, que não eram as grossas ou maiores, pois era onde apenas a ponta do açoite pegava.
Imelda levou as mãos à boca, olhando horrorizada para Sky a ponto de seus olhos se umedeceram um pouco mais. Scarlett nunca se imaginou mostrando aquilo para alguém, mas dormia e acordava com Imelda, era mais fácil ela saber disso do que tentar esconder para sempre, mesmo que fosse esconder as piores. E, apesar do alívio de poder contar aquilo a alguém, não gostava daquele olhar de pena que a amiga tinha agora.
— Por isso eu não posso ficar perto de Sebastian, por isso eu não posso revidar. — Voltou-se a sentar, cobrindo as penas com a saia do uniforme. — E eu confesso que queria muito continuar com ele… Vê-lo, como hoje na aula de Astronomia, quando tudo o que eu queria era estar com ele igual à última semana, é terrível.
— Eu não sabia que seu pai era assim… — murmurou — Acho que superestimei demais o seu nome. Pensei que ser da realeza era uma coisa incrível, cheio de privilégios…
— Tá tudo bem, fazemos de tudo para acharem isso mesmo. — Deu de ombros.
— E sobre o Sebastian… ele sabe que você está se afastando? Eu posso não ser a maior fã dele, mas acho justo ele saber os motivos.
— Conversei com ele. — Abraçando seu travesseiro, bufou, derrotada. — Digo, ele não sabe tanto quanto você, mas disse que não podemos continuar.
Imelda esticou a mão e acariciou os cabelos negros de Sky, passando a mão ali como se fosse um pente até que o coque se soltasse e os fios caíssem como cascata pelos ombros.
— Você gosta dele, Sky? — sussurrou — Prometo não te julgar. Assim… seria justificável se acontecesse.
Scarlett riu nasaladamente e deitou-se no colo da amiga, em busca de qualquer alento naquele cafuné gostoso que recebia.
— Não sei, acho que não. É confuso… Nunca passei por isso antes. Acho que gostar seria demais, mas eu o queria por perto. Gosto de conversar com ele, da risada dele… — Outro suspiro lhe escapou — Queria ao menos que ele tivesse tentado me impedir, feito qualquer coisa, mas ele aceitou fácil demais.
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As duas conversaram até tarde naquela noite, era madrugada quando decidiram ir dormir, mesmo sem sono. O dia começou cedo, mais cedo que o normal por se tratar de aula de voo. Imelda sempre chegava mais cedo para ajustar sua vassoura, levando Sky consigo sem que ela pudesse pestanejar. As duas tagarelaram pelos corredores com apenas uma maçã verde de café da manhã. Imelda usava o uniforme verde-esmeralda do time e Scarlett reclamava de ter que usar o uniforme comum.
As temperaturas estavam abaixando rapidamente. As Altas Terras eram mais frias que Gales, sem dúvidas, de modo que usar as luvas de couro para voo não eram mais opcionais se você quisesse o mínimo de conforto no ar. As duas sonserinas foram as primeiras a chegarem, mas não ficaram sozinhas por muito tempo, Kogawa chegou e recolheu os deveres extras de Scarlett antes de toda a turma aparecer e Sky ser finalmente autorizada a voar junto aos outros alunos, começando a treinar as manobras básicas de voo.
Ela voou com Ominis durante toda a aula, fazendo o mesmo circuito dele. Ele contou que usa a varinha no ar do mesmo jeito que usa no chão e a luva de voo dele tinha uma espécie de encaixe para a varinha não cair. Em contrapartida, ele não poderia voar tão rápido quanto gostaria para não acabar topando em alguma árvore ou morro qualquer.
Mesmo que se engajasse com as conversas de Ominis, seus olhos estavam focados no campo, onde todo o time estava reunido e, às vezes, via Sebastian cortar os ares, ouvindo o eco de seu bastão nos balaços. Queria chegar mais perto e ver o que acontecia ali, mas estava presa com os outros alunos que não eram jogadores.
Quando a aula acabou, ela devolveu a vassoura e caminhou para o brunch com a manada de alunos, interceptada por Garreth no meio do caminho, acompanhado de Natty, que parou do seu outro lado.
— Se você descobrir quem fez aquilo, me avisa. Criei uma poção que dá para colocar nos doces e o resultado são furúnculos na cara de quem comer. — dizia Garreth com os olhos verdes escorrendo perversidade.
Ele tinha o ousado costume de passar o braço pelo ombro de Scarlett quando andavam juntos, mas quem o afastou foi a própria Natty, empurrando seu braço e entrelaçando seu braço no dela. Isso assustou a própria Sky, que arregalou os olhos e piscou algumas vezes, não se sentia próxima o suficiente de Natty para isso.
— Não cai na dele! Aposto que Sebastian sabe lidar com isso melhor do que esses doces nojentos.
Os ombros de Sky se retesaram e ela forçou um sorriso para Natty. Sebastian até poderia saber lidar, mas não é como se ele fosse fazer alguma coisa por ela, ainda mais na situação que estavam.
— Na verdade… eu gostei da ideia do Garreth.
— HA! — Ele apontou o indicador na cara de Natty — Fica com a gente hoje! Pelo menos não vai ter torta explodindo.
O convite foi repentino. Ela nunca tinha comido em outra mesa, mas tinha problemas em negar algumas coisas e os pedidos de Garreth estavam nessa lista. Anuiu com um risinho e ele a puxou para a mesa da Grifinória pelo pulso. Natty apenas revirou os olhos e acompanhou os dois, sentando-se de frente para Sky.
Ela olhou para os amigos do outro lado do salão, recebendo uma grande incógnita desenhada nas feições de Imelda; ela cochichou algo para Ominis, que também fez a mesma expressão, e logo Sebastian se virou, encontrando com os olhos de Scarlett de modo que um arrepio correu em um milésimo por toda sua espinha. Ele desviou rapidamente, voltando-se para frente.
Queria dizer que se lembrava de alguns dos milhares de assuntos e ideias mirabolantes de Garreth que eram desencorajadas por Natty, mas Sky não prestou atenção na metade deles. Ela riu quando achou que tinha que rir, negou e assentiu quando percebia ser o que deveria fazer para manter o garoto entretido o suficiente para não perceber que ela não o ouvia por estar ocupada demais olhando Sebastian.
Seu coração estava pesado no peito, a comida amargava em sua boca e sentia suas mãos dormentes quase tanto quanto suas pernas. Não sabia o que poderia ser aquilo, cogitou até mesmo ir para enfermaria, poderia estar doente ou morrendo, mas apenas bebeu seu suco de e despediu-se dos dois para ir para a aula de Runas Antigas, com o coração acelerando cada vez mais.
Será que ele ficaria em silêncio a aula toda como tinha ficado nas anteriores? Será que eles conversariam? Que ele a olharia, pelo menos?
Pela pressa que caminhava, não demorou muito para ocupar seu lugar na sala, colocando seu material na mesa e escondendo os dedos nervosos na manga da capa.
A sala ficou cheia de repente. Devia faltar poucos minutos para começar. A cada pessoa que surgia na porta, Scarlett sentia seu coração bater na boca e voltar, a deixando tonta de ansiedade. Isso aconteceu cinco vezes até que Sebastian entrasse na sala no mesmo momento que Wilder saía da sua para iniciar a aula.
Ela sentiu um forte frio no estômago quando os olhos dele pousaram nela. A franja castanha caía perfeitamente em sua testa, as sardas se aguçaram pela iluminação das altas janelas que rompiam até ele e aqueles olhos, como cobre no fogo, arrancaram-lhe o ar. Ela desviou o olhar e Sebastian se sentou em silêncio, seu perfume inebriando Sky de modo que ela se obrigava a respirar manualmente para captar mais o cheiro dele.
Wilder iniciou a aula, pedindo para que cada dupla fizesse uma mandala rúnica, separando um círculo em quatro partes, depois em seis, explicando o princípio da criação de runas a partir do estudo nórdico. Sebastian molhou a pena no tinteiro e começou o desenho da forma que foi pedido, com muita maestria e movimentos que pareciam comuns para ele.
— Sabe completar? — Sebastian falou com ela pela primeira vez desde terça. Sua nuca se arrepiou e ela afirmou. Já tinha estudado isso antes da aula.
Ela puxou o pergaminho para próximo de si e começou a deslizar a ponta molhada da pena pelo papel grosso em desenhos pontuais. Desenhou com o máximo de atenção que conseguiu exercer, ainda que sua mão tremesse. Sebastian aproximou-se, colocando um braço atrás da cadeira dela e o outro apoiado na mesa.
— Cuidado para não errar o Dagaz, ele é importante. — sussurrou próximo demais do ouvido dela. — Ele significa recomeços.
— Não irei. — resmungou e terminou de completar a mandala, arrastando o pergaminho para o centro da mesa e se encostando na cadeira.
Sebastian fizera questão de deslizar sua mão pelas costas dela ao tirá-la do espaldar e ajeitar sua postura.
A aula prosseguiu com o professor explicando como usar a mandala para criar as próprias runas mágicas, inclusive o ritual necessário para fazê-las funcionar. Todos anotavam tudo com afinco, era uma aula relativamente silenciosa por ser mais teórica e só estava ali quem realmente se interessa por ela. Sebastian costumava amar isso, todavia, naquela manhã ele estava tão focado quanto qualquer outro ali, mantendo os dedos na mesa enquanto anotava as falas do professor com a outra.
— Me empresta seu livro de tradução? Esqueci o meu. — pediu ele.
♪
Ela entregou com o cenho franzido, não estavam usando aquele livro naquela aula, mas não contestou. Sebastian folheou-o e abriu na página com o quadro de runas escandinavas. Molhou a pena no tinteiro e desenhou alguns símbolos no cabeçalho, devolvendo o livro para Scarlett depois.
Ela arregalou os olhos por ter seu livro rabiscado aleatoriamente e a curiosidade não a fez esperar um segundo sequer para abrir a mesma página.
“ᚠ ᛁ ᚲ ᚨ ᚲ ᛟ ᛗ ᛁ ᚷ ᛗ”
Ela correu os olhos rapidamente na tabela de tradução. Fehu. Isa. Kaunan. Ansuz. Kaunan. Othala. Mannaz. Isa. Gebo. Othala. Ela piscou algumas vezes. Leu de novo. Dessa vez pegou sua pena e escreveu as letras correspondentes abaixo dos símbolos desenhados por Sebastian.
“F I K A K O M I G O”
“Fica comigo”
Não eram exatamente as mesmas palavras, mas era isso que significavam. Tinha certeza disso. Uma certeza convicta demais até para a sua insegurança tentar minar seus sentimentos. Leu de novo. E de novo. Mais uma vez.
“Fica comigo”
Ele se curvou sobre a mesa e tocou delicadamente a mão dela que estava pousada ali. Primeiro deslizou seu mindinho no dorso, depois passou seus dedos por entre os dela. Ela prendeu a respiração e ele trocou a mão, agora deslizava a destra. Seus dedos escorreram pela palma de Scarlett em uma carícia cálida, seu anelar tocou o pulso dela e ele fechou a mão ali, sem parar de acariciar, mas dando um leve aperto.
A mente de Sky virou um turbilhão, seu estômago se agitou, gelando, esquentando, se revirando, e ela quase se esqueceu de como continuar respirando. O coração batendo forte contra a costela e uma tensão se acumulando em suas costas. Os dois ficaram em silêncio, os olhos fitos no professor, mas os ouvidos afogados demais para algum som fazer sentido. Era uma bolha onde só eles dois tinham senso e forma, cheiro e calor.
De repente, a aula correu e quando piscaram, já tinha acabado e os alunos estavam se levantando. Scarlett se afastou de uma vez, mas guardou seu material muito lentamente, aturdida demais para conseguir fazer mais rápido, de modo que eles foram os últimos a sair, pois Sebastian enrolou o máximo que pode para isso, não iria deixá-la sozinha.
Os dois começaram a descer as escadas velhas de madeira emudecidos. Engolidos por um silêncio gritante que ecoava na cabeça e os deixava tontos. O coração de Sky não tinha se acalmado um segundo sequer, aumentando a ansiedade em que corpo até que essa mesma ansiedade grudasse seus pés no degrau.
— O que você quis dizer com isso? — As palavras escorregaram de sua boca de uma só vez.
Sebastian estava um degrau abaixo, virou-se para ela e capturou as jaspes de Scarlett para si, levando-a a mergulhar naquele castanho intenso e profundo. Eles estavam da mesma altura, extremamente próximos. Ele ergueu a mão e a serpenteou nas bochechas enrubescidas, até que parasse em seu queixo; dedilhou o lábio inferior dela, macio e rosado como uma pétala de flor. O ar saiu da boca entreaberta dele.
— Eu não vou te deixar viver mergulhada no medo, Scarlett. — murmurou — Apenas… fica comigo… Não se afasta de mim. Não é justo com você deixar de viver por conta de hipóteses e suposições.
Ela suspirou tremulamente. Era tão difícil lutar contra sua cabeça, que gritava para negar aquele pedido enquanto seu coração reverberava para que o beijasse. “Se ninguém ficar sabendo…” lembrou-se de Imelda. Também lembrou-se do que Fig a disse sobre os Sallow, não é como se ele fosse um nascido trouxa para o seu pai se incomodar. Além do mais, estava em Hogwarts, não é? Bem longe de Gales.
— Eu sei que você sente o mesmo por mim, eu vejo como me olha, então, por que você foge? Por que luta tanto contra? Por que, Scarlett?! — O tom dele aumentou, estava urgente, soava como a súplica que pintava o castanho de seus olhos.
Ela fechou as mãos em punho com força suficiente para sentir a dor de suas unhas em sua palma.
— Eu não…
— Sem desculpas, só o que eu te peço. — Ele engoliu as palavras dela. — Você merece viver, Sky… E faça isso comigo... Deixe que o mundo desmorone pelo menos uma vez, um pouco de caos não é ruim.
Scarlett suspirou pesadamente. Os olhos marejados pelas lágrimas que não desceram. Ela soltou a bolsa no degrau, agarrou Sebastian e o beijou. Beijou-o como se precisasse disso para viver, como se seu corpo precisasse para manter-se de pé e sua alma para voltar à vida. Entrelaçou os dedos nos cabelos macios de sua nuca e entregou-se a ele como queria ter feito tanta e tantas vezes depois que sentiu aquele beijo. Ele tocou o lábio dela com a sua língua e pediu passagem, seus gostos se misturando ao par que a temperatura dele aumentava a sua.
Sebastian apertou a cintura de Sky com urgência, sentia o mundo a sua volta se dissolver, escorrer como vela ao fogo. Scarlett era posta por ele em um pedestal de oblações que seu âmago tecia sem que ela fizesse ideia disso.
Ela podia não saber e ele poderia negar, disfarçar e dissimular, mas Scarlett era tudo o que Sebastian queria.
O pigarreio do professor Wilder alguns degraus acima foi o que os separaram subitamente, ofegantes e trêmulos. Scarlett abaixou a cabeça, sentindo o pulsar de seu sangue no pé da orelha. Sebastian ajeitou a capa nos ombros e limpou a garganta, desconcertado.
— Esse não é exatamente o resultado que espero das duplas que formo… — Thaddeus colocou as mãos atrás do corpo, exibindo o fraque verde-musgo aveludado, e descendo alguns degraus. — Não irei puni-los com perda de pontos, como costuma acontecer. Ainda. Não repitam esse ato indecoroso novamente ou eu serei testemunha contra vocês.
— Sim, senhor. — responderam juntos.
— Vamos, desçam! — Ele os enxotou, movendo as mãos para que se apressassem.
Sebastian pegou a bolsa de Scarlett e os dois correram até a Grande Escadaria, respirando fundo só então. Eles se olharam e ele leu tudo o que poderia ser dito.
— Eu já sei! — Scarlett iria abrir a boca, mas Sebastian tomou a frente. — Foi você quem me beijou, mas… vamos manter a calma.
— E o controle. — Ela sorriu, estava sentido litros e litros de serotonina correr em suas veias.
— E o controle. — Sebastian segurou a mão dela e deixou um beijo casto ali, fitando seus olhos.
Scarlett ficou rubra e ele sorriu, oferecendo o braço cortesmente. Ela hesitou um pouco, olhou para os lados e mordeu o lábio inferior. Tinha muita gente transitando por ali àquela hora, as escadas sumindo e ressurgindo. Sua destra deslizou pelo tecido da capa, sentindo os músculos do braço de Sebastian até que pousou sua mão no antebraço.
— Ainda temos bastante tempo antes do almoço. Para onde quer ir, miss Callaghan? — Sebastian galanteou próximo aos ouvidos dela.
Não se arrepiar era impossível quando o sentia tão perto. Ela riu, sem graça e o empurrou.
— Ainda não terminei meu dever extra de T.C.M. E tem prova chegando… Podemos ir para a biblioteca?
— Pode ser, vou aproveitar e terminar meu relatório de História da Magia sobre a Revolta dos Duendes de 1287. — Ele revirou os olhos e ajeitou as duas bolsas no ombro livre. — Falando em duendes… nunca mais conversamos sobre… aquilo. Voltou à Câmara do Mapa?
— Sim… Estou fazendo alguns testes, mas o Professor Rackham disse que eu tenho que esperar antes de ir para o próximo. — lufou, impaciente. Quase uma semana e nada de novidades. Tinha ido à câmara ainda no dia anterior, mas os dois não estavam em seus quadros.
— Se precisar de ajuda, sabe que estarei aqui, não sabe?
Ele parou diante da porta da biblioteca, a olhando sugestivo. Ela assentiu, seria difícil pedir ajuda na situação que estava, mas gostou de ouvir aquilo. Sebastian abriu a porta e os dois foram para o andar superior. Ele pegou os livros que precisaria para sua redação e Scarlett pegou os que precisaria para a sua pesquisa. Sentaram-se na mesa mais afastada, um do lado do outro, enchendo a mesa de livros e pegando o pergaminho e a pena.
Sebastian a ensinou a enfeitiçar a pena para que ela escrevesse o que ela quisesse, como se compartimentasse os pensamentos e focasse parte dele apenas naquela magia enquanto lia outras coisas. Não era uma magia simples de fazer, mas ele a garantiu que ficaria mais fácil com o tempo.
— Não é mais fácil escrever do que focar na pena para ela fazer?
— Não quando estamos em período de avaliação e temos dez matérias para estudar. — riu e deixou sua pena preta escrevendo a sua redação. — Além do mais, com a pena ocupada sozinha, você pode ter a mão livre.
— E livre para quê? — Arqueou as sobrancelhas pretas e escassas de sua face lívida.
Sebastian tinha um sorriso maroto pintando em seu rosto sardento. Ele simplesmente segurou a mão de Scarlett e entrelaçou seus dedos ali. A pena dela parou de escrever e ela sentiu seus ombros tencionarem e seu rosto ficar quente. Ele era ousado demais. Demais mesmo.
— Livre para segurar a minha mão. — sussurrou e beijou os nós dos dedos dela.
Scarlett segurou o riso, mordendo o lábio inferior, mas não tirou sua mão da dele, a deixou pousada em sua perna enquanto tentava focar em terminar sua pesquisa. Sebastian acariciava a mão dela devagar com o polegar, em movimentos circulares, voltando a ler o livro a sua frente com naturalidade demais. O coração dele era de gelo para não se desesperar como o dela?
Os dois acabaram por perder o horário do almoço. Não sentiram fome ou viram a hora passar, mergulhados na presença um do outro. Presos na pequena bolha que formaram. Pelo sol no rosto, deveria ser algo por volta das três horas da tarde quando Scarlett terminou sua pesquisa. Entretanto, Sebastian ainda estava focado em sua redação, escrevendo a segunda página entre pesquisas e leituras.
Scarlett se permitiu ousar ao encará-lo sem pudor. O sol rompia pelas altas janelas e acariciavam a pele quente de Sebastian, destacando suas constelações de sardas, abraçando seus lábios e iluminando suas íris, como se o dourado dos raios lançasse fogo no castanho acobreado. Ela soltou a mão dele apenas para segurar com a canhota para ter a destra livre para deslizar nos cabelos bem cortados de sua nuca, lisos e macios.
Sebastian sorriu ladeado, sem parar de fazer o que estava fazendo. Ele tinha um sorriso lindo, sagaz. Era encantador. Seu nariz perfeitamente desenhado para o seu rosto. Assim como suas pestanas e seus cílios que intensificavam seu olhar. Ela dedilhou o maxilar anguloso dele, tocando a pele de seu pescoço.
— Quer uma foto? Dizem que dura mais. — murmurou e virou-se para ela.
Sky negou, umedeceu os lábios, abaixando o olhar para a mão deles. Ela odiava ficar sem palavras e ele a deixava assim com frequência. Um suspiro e sua mão escorreu pela dele, brincando com seus dedos, sentindo as texturas, a temperatura até tocar o pulso, ainda com a fita verde amarrada. Ela sorriu.
— Nunca mais vai devolver a minha fita, não é?
Sebastian ficou em silêncio por um pequeno tempo, a pena deslizou no pergaminho, escrevendo a última palavra e pousou no tinteiro, só então ele se virou para ela, as pernas intercaladas e os joelhos se tocando.
— Não. Coloquei um feitiço pra não cair e pra você não tentar pegar de volta.
Sky passou a unha no nó apenas para testar a veracidade daquelas palavras, mas ele não se desfez. Mordendo o interior da bochecha, ponderou todos os riscos do que faria a seguir, olhou para trás, por cima dos ombros de Sebastian, e aproximou-se muito devagar, até que sentisse seus lábios tocarem os dele em um beijo que durou o suficiente para ela nunca mais querer se afastar, mas não o suficiente para minar suas forças de fazê-lo.
— Podemos ir para a Galeria amanhã… ou mais tarde… e eu te conto tudo o que descobri até agora. — murmurou, estava pensando no que dizer para não quebrar o clima.
— Ou podemos ir para Feldcroft. — respondeu, no mesmo tom baixo, colocando uma mexa de sua rebelde franja atrás da orelha dela. — Iria ver Anne de qualquer forma, amanhã. Mas ir com você seria ainda melhor. O que acha?
— Ela não vai se incomodar? Tem certeza?
— Tenho, mas, se te acalmar, posso mandar uma coruja avisando que levarei alguém.
— Tudo bem… — apertou os lábios em um sorriso.
— Quer assaltar a cozinha e comer algo?
— Dá para fazer isso?
— Precisamente, miss Callaghan! E ainda poderá escolher qualquer coisa. — Uma piscadela de Sebastian e ela se derreteu por completo.
Assentiu prontamente e os dois guardaram tudo, seguindo pelo caminho mais longo. Ele apresentou as rotas, possíveis para parar ali, passagens pouco habitadas para invadir a cozinha de madrugada, apontou onde ficava a sala comunal da Lufa-Lufa e disse para ela não chegar perto se não quiser um banho de vinagre.
A porta da cozinha era escondida por um quadro grande de uma fruteira. Scarlett riu quando ele disse ter que fazer cócegas em uma pêra, mas quando Sebastian sacou a varinha e de fato fez cócegas em uma pêra, que riu e a porta se abriu, ela não sabia se gargalhava ou se ficava surpresa. Hogwarts, às vezes, era estranha.
A cozinha era enorme, cercada de muitos e muito elfos domésticos que se dividiam muito bem entre as milhares de tarefas para fazer tudo funcionar. Tinha muita comida por ali e o cheiro fez a barriga de Scarlett roncar.
— Eles não acham ruim a gente estar aqui não? — sussurrou ela.
— Se você não atrapalhar nada, eles fingem que não te viram.
Sebastian segurou na mão dela e um arrepio correu nas costas de Sky no mesmo momento. Borboletas seriam pouco para o que sentia. Era todo um zoológico brigando em seu estômago. Desviaram dos elfos e foram para o fundo, onde tinha muitas sobremesas postas em um enorme armário. Na mesa ao lado tinha sobras do almoço, incluindo a torta de carne de cordeiro com purê de batata que fez os olhos de Sebastian crescerem na hora.
Ele pegou dois pratos e entregou um para Sky, atacando a torta como se não comesse há eras. Ela colocou a mão na boca e um riso nasalado lhe escapou.
— O que foi? É a minha comida preferida! — levou a primeira garfada à boca, grunhindo e relaxando os ombros quando o tempero tomou seu paladar.
Sky sentou-se ao lado, servindo-se da mesma torta, mas não antes de dar uma mordida na tortinha de abóbora com açúcar que tinha pego junto das sobremesas.
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— Acho que eu nunca comi tanto na minha vida! — dizia Scarlett, jogada no sofá da sala comunal.
— Pelo menos tá comendo, já que não foi para o almoço. Ou estava comendo com a Grifinória de novo? — Ominis provocou, não parecia estar brincando.
— Estava estudando, na verdade. Desculpa o sumiço…
— Ela estava estudando comigo. — Sebastian completou, recebendo no mesmo momento o olhar afiado de Imelda que apenas Scarlett percebeu.
Virou sua atenção para amiga em uma dezena de perguntas silenciosas, passando por seus olhos e sendo traduzidas por suas sobrancelhas arqueadas. Sky meneou disfarçadamente para ela parar.
— Ah, que ótimo. Voltaram a se falar. — Ominis bufou, passando a página do livro em sua mão com brutalidade, deslizando a varinha pelo papel enquanto lia.
— A gente não brigou. — Scarlett pontuou, tímida.
— Não, só foram vocês. Inconstantes e esquisitos. — Ominis virou outra página com exagero.
— Ai, o que você tem? — Ela bufou, cansada daquela aspereza de Ominis.
— Ele tá com raiva de vocês porque você — Imelda apontou para Sky — passou quase uma semana sem falar com ele direito, e você — apontou para Sebastian —, nas palavras dele, “está perturbando a paz da Scarlett”.
A voz dela estava carregada de uma provocação velada de quem sabia toda a verdade e provocava Sebastian por isso, querendo saber todas as suas reações.
— Que besteira. — Sebastian rolou os olhos.
— Besteria pra você, Sebastian. Eu tô saturado de vocês nesse pé de guerra. — Ominis fechou o livro de uma vez. — Agora, me surpreende você me afastar sem motivo algum. — Ele se virou para Scarlett.
— Mas eu não te afastei! — Sky se defendeu. — E não estamos em pé de guerra algum. Só estava no meu canto.
— Com a Grifinória. — Ele pontuou rancoroso.
— Ah! Ele está com ciúmes, Sky! — Sebastian zombou pulou ao lado de Ominis, esfregando seu cabelo que estava muito bem penteado.
Scarlett não deu tempo para que ele se irritasse com isso e também foi para cima de Ominis, fazendo-o cócegas até que ele finalmente gargalhasse.
— Tá, tá! Chega! — Ominis gritou e os dois se afastaram.
— Vocês três são péssimos. — Imelda murmurou e eles riram em malícia.
Ela arregalou os olhos, mas antes que pudesse protestar estava com seis mãos a fazendo cócegas até que começasse a gritar pleno desespero entre as gargalhadas que faziam a barriga doer.
Scarlett caiu sentada no tapete e Sebastian sentou ao seu lado, recuperando o fôlego enquanto Ominis e Imelda ocuparam todo o sofá.
— Eu odeio vocês. — Meldy reclamou, ainda rindo.
Scarlett deitou-se no colo de Sebastian de modo impensado. Estava sem fôlego, a barriga doía e ainda estava cheia após ter comido dois pratos de torta atacado as sobremesas até não ter mais espaço nem para o suco de groselha.
— Sallow, namorando a aberração? — Sirius vinha da parte mais ao fundo da sala, passando pendurado na Eglantine Lestrange. — Eu sabia que tinha algo de errado em você, só não imaginei que seria tanto.
Scarlett se afastou no mesmo momento, ajeitando a capa nos ombros.
— Vai cuidar da sua vida, Black. — Sebastian ralhou.
— Não enche, Sirius. — disparou, o rosto contorcido em desagrado e nojo pela presença do primo. — Você sabe que isso nunca aconteceria.
— Ainda mais com você prometida a um desafortunado. — Seus olhos singraram pelo grupo e parou em Ominis, depois voltou para Scarlett. — Tsc… Meu tio odiaria saber disso… — Ele soltou seu veneno e puxou a noiva.
Os dois saíram, rindo, afundando Scarlett no desconforto. Quando Sirius sumiu da visão deles na escada serpenteante, Sky subiu para o sofá atrás de si, afundando o rosto nas mãos.
— Do que ele tá falando? — Imelda foi quem perguntou.
— Sirius é um babaca, só isso. — Ominis respondeu.
Sebastian estreitou os olhos para o amigo, mas o suspirar de Scarlett chamou sua atenção. Ela tinha murchado novamente. Como uma flor-da-noite exposta à luz excessiva, ela era delicada demais em certos assuntos.
— Ele gosta de me tirar do sério. Só para isso que ele abre a boca. — grunhiu, jogando sua cabeça para trás e fitando o teto de pedra que mais parecia uma caverna.
— Então por que você ainda responde? — Sebastian a questionou.
— Já te disse o motivo. — disparou e ele apenas negou, estalando a língua no céu da boca.
— Mas você é prometida a alguém? — Imelda perguntou novamente.
— Claro que não. — Ela cruzou os braços e virou a cara para a lareira. — Nunca e nunca serei.
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