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História Esperançar - Desencontros


Escrita por: _hobisunshine

Notas do Autor


Capítulo importante. Quem leu atentamente as cenas em que a Soonkyu aparece, vai catar muita coisa. Essa da foto é a Lee Soonkyu, a Sunny de Girls Generation,
Boa leitura. Encontro vocês nas notas finais com bastante calma?

Capítulo 45 - Desencontros


Fanfic / Fanfiction Esperançar - Desencontros

   

O sol mal dera as caras e eu tive um par de braços apertando-me junto de si. Quando dormimos juntos, Hoseok costuma ser carinhoso e me mostra um pedaço do paraíso, para em seguida fazer com que acorde para a realidade.

Hoje não foi diferente, tinha um abraço gostoso e alguns carinhos no cabelo enquanto recusava a abrir os olhos e gemia manhosamente buscando mais daqueles carinhos.

— Que neném mais preguiçoso...

— Não me chame assim! — lhe soquei o braço bem fraquinho enquanto ele ria.

— Bom, isso sempre funciona — inclinou-se sobre mim e uniu nossos lábios pela primeira vez naquele dia. — E você acordou. De vez em quando até gosta, eu posso ver em meio aos seus gemidos gostosinho.

— Cala a boca, Hoseok.

Havia sido enganado, ele conhecia até mesmo minhas manhas estúpidas e usou daquilo para me fazer acordar. Por mais que fingisse estar zangado, não conseguia continuar por um longo período com a atuação. Muito menos quando recebia alguns beijinhos.

Os momentos só nossos pareciam aquelas cenas de filmes bem clichês, porém sempre foram os mais felizes da vida. Sentia aquela sensação gostosa no peito, era amor, sempre foi muito amor.

Por isso sempre me questionava o porquê de acabarmos sempre separados. Entendo que amor assim não se encontra em qualquer lugar, e até alcança-lo teríamos um caminho árduo. Mas não sabia que teria que lutar tanto – principalmente comigo mesmo.

Segurei o rosto longo entre as mãos e aprofundei o beijo que iniciou calmo e carinhoso, recusando-me a deixa-lo ir mesmo ao fim. Ao abrir os olhos bem lentamente para me certificar de que não era mais um de meus sonhos, fui recebido com aquele sorriso gigantesco.

Do tipo que ilumina o quarto inteiro, digno do meu sol.

— Alguém acordou de bom humor? — arqueou as sobrancelhas e me presentou com um novo e rápido selar.

— Isso vai depender da sua resposta para minha pergunta.

— Manda — ele sorriu antes de descer os beijos para meu pescoço.

— Ainda temos tempo para um banho juntos?

— Sempre temos.

No final era tudo uma grande mentira, não tínhamos tempo para tomar banho juntos, nem para transar na banheira. A mania de Hoseok de não saber me dizer não nos atrasou.

Na verdade, minha estúpida mania de querer sempre mais dele foi que nos atrasou, por isso corremos como dois malucos por todo o caminho.

Estranhamente não recebi mensagem de Soonkyu, o que não sabia ser um bom ou mau sinal tendo em vista meu telefonema sinistro da noite passada.

Meu ex-namorado vestia as roupas de exercício e comprou flores para minha avó enquanto tomávamos o café da manhã.

Porque incrivelmente é quando estamos atrasados que extrapolamos e exageramos. Uma cafeteria lotada foi o nosso destino, o que atrasou até a subida no elevador.

Com o coração a mil e já suando tão cedo, recebi alguns beijos apressados na porta de casa antes de entrar e dar de cara com as duas mulheres da casa nos esperando no sofá.

— Você passou a noite fora? — minha namorada mal deixou que entrasse e já lançou aquela pergunta. — E tomou banho, seu cabelo está molhado.

— Bom dia, Soonkyu — Hoseok se curvou educadamente e passou direto em direção a minha avó para entregar-lhe o buquê. — Bom dia, flor do dia.

— Não seja bobo, garoto — ganhou um tapa leve e uma risadinha. — Vocês estão com fome?

— Não, já comi — respondemos juntos e eu bati em minha própria cabeça.

— Vocês estavam juntos?

— É a nossa hora de ir, Hoseok — minha avó deixou o buquê na mesinha de centro e se aproximou do meu ex. — Vamos deixar os dois conversarem sozinhos.

As duas pessoas mais amadas por mim saíram pela porta de braços dados e me deixaram com uma mulher assustadora para trás. O rostinho tão delicado parecia vermelho vivo de puro ódio e eu nem sabia por onde começar.

— Me responda, vocês estavam juntos?

— Sim, estávamos — respirei fundo, me aproximando. — Eu preciso te contar algumas coisas, vamos sentar.

O olhar que recebi não foi infantil e doce como costumava ser, era cruel e me mataria se pudesse. Em busca de força e alguma coragem, respirei fundo algumas vezes enquanto me sentava na poltrona e ela no sofá livre.

Aquela conversa não seria fácil, como dizer para sua namorada que está transando com o ex há semanas? Não existe um jeito menos traumático de contar, nem um de receber. Por esse motivo me preparei para apanhar quando comecei.

— Sim, eu estava com Hoseok. E se é o que quer saber, sim, estávamos juntos. Dormimos juntos — os olhos maquiados se arregalaram e engoli em seco. — Eu precisava te contar, antes de namorada, te tenho como uma amiga e me sentia péssimo por estar mentindo e enganando. Se tornou insuportável para mim porque eu te amo também, mas infelizmente não é do jeito que queria, só que ainda é amor. E me sinto horrível por tudo que fiz, espero que possa me perdoar.

— Espera... Calma aí...

Uma risada totalmente sem humor saiu dos lábios carnudos e ela levantou, com a mão bagunçando os fios castanhos enquanto se movia lentamente. Parecia processar minhas palavras dessa forma, com lentidão.

Não demorou para o som dos saltos ecoando no piso chegar até mim aumentando o nervosismo. Virei e dei de cara com ela andando para lá e para cá com seu conjunto chique. Nem consigo imaginar o quão cedo acordou para se arrumar tão bem e ainda chegar aqui antes de mim.

— Sei que fui um canalha, que deveria ter terminado com você antes de pensar em começar tudo isso. Só que aconteceu tão rápido que me dei conta do que fazia há pouco tempo, do quão estúpido estava sendo. Hoseok terminou tudo com Jimin e eu conversaria com você hoje — respirei fundo e virei de frente para o sofá de novo, olhando para minhas próprias mãos. — Me perdoa por tudo ter acontecido dessa forma, e por ter te contado isso de um jeito tão ridículo, só que eu não sou o tipo que se expressa bem falando. Eu só não queria te ver sofrer ou esconder tudo e terminar sem um motivo. Senti que devia explicações.

— Devia ter pensado bem antes de me trair com um... Cara! Um homem que te deixou, Yoongi! Ele te abandonou! — senti algo acertar minhas costas e quando virei ela procurava outra coisa para jogar em mim. — O que eu faço com o tempo que perdi com você?

Não poderia falar nada, nem se quisesse. Não poderia imaginar o que sentia naquele momento, nem o que se passava pela cabeça dela. Diante disso só fiz pegar uma das almofadas e levantei em frente ao rosto, me protegendo de um dos porta-retratos que voou em minha direção.

Por sorte bateu no estofado e logo encontrou o chão, deixando-me a salvo. O tapete felpudo também me salvou de um barulho e sujeira ainda maiores.

Evitava encará-la, porque as mãos trêmulas denunciavam que o autocontrole sempre presente havia abandonado Soonkyu e aquela era uma situação com a qual não sabia lidar.

— O que eu faço com todos esses anos todos que perdi do seu lado? Te apoiando, te ouvindo chorar e falar daquele infeliz com quem agora está me traindo — os gritos vieram finos e ensurdecedores, capazes de quebrar todos os vidros do lugar. — E nem me dói ser traída de fato, me dói saber que não poderei recuperar o tempo perdido e que dinheiro nenhum me trará isso de volta!

— O quê?

No momento em que abaixei o travesseiro para olhá-la mais uma coisa voou em minha direção, dessa vez foi um dos vasos e precisei abaixar para não ter a cabeça partida ao meio.

O barulho do objeto espatifando foi alto e tenho certeza que logo teríamos vizinhos reclamando de tanto alvoroço pela manhã.

Entretanto não poderia pedir calma quando mal conseguia sair do lugar, só estava em condições de assistir e me esconder das coisas arremessadas atrás de móveis e almofadas.

Fugindo todas as vezes que ela se aproximava com o intuito de me bater. Seja com as próprias mãos ou com as coisas que tinha alcance.

O ataque de fúria durou por longos minutos e vi nossa sala ser destruída objeto por objeto, até mesmo os preferidos de Seokjin. Pelo tanto que conhecia meu amigo, sabia que teria problemas assim que ele chegasse.

A mesa de centro foi lançada para longe e o vidro trincou no momento em que o telefone tocou. Fui até lá e era o porteiro reportando a reclamação dos vizinhos, o que era de esperar.

O que me restou foi rasgar-me em pedidos de desculpas e finalmente respirar aliviado ao ver que ao fim da chamada ela tinha terminado e minha cabeça permanecia inteira.

Sabiamente preferi o silêncio e demorei um tempo até dar o primeiro passo, enxergando-a atrás do sofá abraçando as próprias pernas. Para minha surpresa não havia lágrimas, uma tristeza escancarada. Ela só tremia e parecia ser de puro ódio.

— O que eu faço com esse bebê? — sussurrou e prendi a respiração.

— O que disse?

— Eu acho que tem uma droga de um bebê aqui, e essa porra de filho é seu! Seu infeliz!

 

 

 

 

{...}

 

 

 

 Seokjin havia tingido os fios de rosa especialmente para a festa de casamento que seria daqui a algumas semanas. Na verdade, ainda testava as cores e estava em fase de escolher uma que melhor caísse com a época do ano.

Porém aquela tinta casou perfeitamente com a primavera e torcia para que fosse a escolhida. Já de férias, meu amigo ficava em casa para acertar os últimos detalhes e parecia cada vez mais tristonho com as desistências.

Alguns familiares e amigos ligaram e disseram que não poderiam ir devido a viagem ser cansativa ou pela falta de tempo, a verdade é que é muito difícil ver um casal de homens casando em nosso país e isso ainda assusta um pouco as pessoas.

Ainda mais o casamento não tendo validade legal, sendo apenas uma cerimônia simbólica. Ouvi Namjoon dizer uma vez que muitos achavam tudo ridículo e um desperdício de dinheiro.

— Sim, tudo bem. Eu entendo. Ok, obrigado por avisar. Tenha um bom dia — a falsa animação desmoronou ao fim da chamada e ele me olhou com um biquinho. — Chega mais perto, eu preciso de um abraço.

— Você é mesmo um bebê grande.

Apesar da falsa repreensão, não pensei duas vezes antes de me aproximar e apertá-lo junto de mim em um abraço longo.

Meu amigo se recusava a chorar, mas eu sabia que aquilo acabava machucando-o e que hora ou outra ele acabaria desabando em lágrimas. E eu estaria ali para limpar todas elas.

— Que carinhas tristes são essas? — minha avó chegou com Hope animado na coleira e algumas sacolas nas mãos. — Eu vou fazer o melhor jantar que já provaram em toda vida, quero ver um sorriso nesses rostos quando os outros chegarem.

— Eu posso ajudar — minha namorada entediada levantou e ajudou a carregar as sacolas. — Esses dois me excluem da conversa mesmo. Não faz diferença estar aqui ou não.

Como o esperado de alguém com decisões estúpidas, eu fiz o que qualquer pessoa no meu lugar não deveria fazer. Decidi tentar.

Tentar dar uma família feliz ao meu filho que viria, tentei dar mais uma chance ao meu namoro com Soonkyu e a nossa vida juntos. Tentei ser “normal” e seguir um relacionamento mais aceito pela sociedade.

Faz um tempo desde que sumi sem explicações e bloqueei Hoseok em todas as redes sociais, proibi sua entrada no meu trabalho e troquei de número.

Durante as manhãs não saía do quarto para não correr o risco dar de cara com o rosto bonito, deixei até mesmo de tomar café em casa. Fugia dele e me recusei a trocar uma mínima palavra por mais que ele tentasse. E como tentava, insistência devia ser seu nome do meio.

Aquilo doía em mim, me fazia chorar baixinho em algumas noites e amaldiçoar todas as minhas gerações e a do Jung. Ao destino, por ser tão cruel conosco e ao futuro por ser tão sem graça sem ele.

Sofrer era o que fazia na maior parte do tempo, além de fugir das investidas da minha namorada, é claro. O que se espera de um casal que acabou de reatar são noites seguidas de sexo de reconciliação e muitas juras de amor.

O problema é que eu não sentia ânimo para nada, e não importava a quantidade de esforços por parte dela (e eram muitos), eu simplesmente não queria qualquer aproximação.

Assim que chegava em casa, dormia. Aos finais de semana auxiliava Namjoon e Seokjin nos preparativos para o casamento que estava próximo e nos últimos detalhes com os convites e os convidados.

Como padrinho, sentia-me na obrigação – na verdade abusava desse título – e afundava de cabeça na festa como se fosse a minha.

Em meio a tanto trabalho, fugir das reuniões em grupo se tornou fácil, só que como nem tudo dura para sempre, minha fuga teve um fim hoje.

Uma reunião de amigos para informar a todos que viajaríamos antes dos convidados e passaríamos dois dias a mais lá para dar apoio emocional, aproveitar a casa e também para participar dos ensaios da cerimônia.

— Você não vai beber? — Taehyung sentou ao meu lado e notei que passei tempo demais olhando para porta. — Está tudo bem mesmo? Parece em outro lugar...

— Só estou preocupado com os preparativos, afinal de contas serei o padrinho. É uma responsabilidade muito grande, estou praticamente assinando uma espécie de contrato de que cuidarei desses dois irresponsáveis para sempre.

— Todas essas desculpas são para evitar me dizer a verdade? Certo...

No momento que a porta aberta revelou o último convidado senti o peito comprimir e novamente toda aquela dor retomar. Diferente da nossa última manhã juntos, não era uma dor gostosa, era uma dor que chegava a sufocar.

A situação piorou quando a cabeleira castanha andou natural e alegremente pelo cômodo. Hoseok vestia um terno e eu sabia que havia acabado de sair do trabalho, todos os nossos amigos ficaram de passar depois do trabalho.

Hipnotizado, acompanhava todos os passos sem ter o que fazer e vi quando ele cumprimentou todos com a calma e o bom humor de sempre, ignorando minha presença como havia feito consigo durante todo esse tempo.

A pequena pontada no nariz estava lá outra vez e só não chorei porque Soonkyu se aproximou, observando minha reação e marcando território.

Todos pareciam perdidos com o tratamento hostil vindo de alguém tão doce como Hoseok, mas ninguém perguntava nada. Nem precisavam, os olhares preocupados diziam tudo.

Até mesmo o clima estranho que se instalou falava por si. Como resposta à indiferença dele, grudei na mulher emburrada e assim passei a noite inteira, perto dela para não fazer besteira alguma.

Após o jantar estávamos todos sentados na sala outra vez. Um dos sofás era ocupado por Taehyung e Jungkook, no outro estavam Seokjin, Namjoon e eu, com Soonkyu em minhas pernas.

Enquanto Hoseok estava sentado em uma das poltronas e minha avó em outra. Meu ex-namorado falando animadamente com todos e me ignorando como fez a noite inteira.

— Eu e Namie pensamos em juntar dois ou três de vocês para irem no mesmo carro, já que precisaremos da vaga para os convidados e somos todos muito próximos. Não esqueçam de que algumas pessoas ficarão lá para dormir pelo fato de a viagem ser cansativa, então precisaremos dividir tudo — virei para olhá-lo e fui ignorado. Não sei que tipo de plano era aquele, mas parecia estúpido. — Além do quê, Jimin não está aqui, mas prometeu ir. Seria bom se um de vocês levasse ele.

— Acho que Hoseok podia leva-lo, pelo que entendi terminaram em paz — Namjoon concluiu e já me sentia incomodado só de imaginar os dois viajando sozinhos.

— Sim, eu posso combinar melhor com ele. Sem problema, eu levo o Jiminie.

Automaticamente me remexi no sofá ao ouvir o nome de Jimin sendo falado tão carinhosamente pelo meu ex-namorado, aquilo irritava em proporções absurdas.

— Eu posso levar Kookie — Taehyung adicionou. — Ainda tem meu convidado e a convidada dele, então já temos um carro cheio.

— Eu só vou viajar até lá um dia antes da cerimônia — minha namorada justificou. — Tenho trabalho a fazer.

— Sua avó vai conosco — Namjoon ditou, aquilo não era um pedido, e ele falava diretamente comigo. — Você vai com Hoseok e Jimin, já temos muitas tralhas de Seokjin enchendo o carro.

— Ei, não chame minhas coisas de tralha!

— Desculpe, meu bem.

— Eu posso ir dirigindo...

— Assunto caronas encerrado, queríamos falar sobre a festa — Seokjin me ignorou e inclinou sobre a mesa pegando a garrafa para se servir de mais vinho. — Namjoon e eu vamos sair no meio dela, mas a coisa toda vai rolar até o amanhecer com a supervisão de Yoongi. Mais alguém aqui pode ficar responsável?

— Eu vou estar muito bêbado para ter condições de me responsabilizar por algo — Jungkook justificou.

— Terei companhia, não vai ser muito legal me dividir em dois — Taehyung também tirou o dele da reta.

— Eu tenho o bebê, e provavelmente ficarei muito sonolenta e cansada como ando ultimamente.

— Bebê? — a pose inabalável desmanchou e Hoseok aumentou a voz, encarando-me como se eu fosse algum tipo de animal horrendo.

— Sim, bebê. Vamos ter uma família — Soonkyu levou minha mão até a barriga dela. — E estamos muito felizes com a notícia, planejamos até casar antes do nascimento.

— Eu posso ajudar o Yoongi — minha avó desde então ocupada com os convites falou algo, provavelmente vendo o desespero na face de todos meus amigos. — Não bebo, posso ficar responsável e ajudar no que mais for preciso.

— Você é um anjo, vovó. Sério — Seokjin deixou a garrafa no balde de gelo outra vez e tudo virou aquele silêncio constrangedor.

— Desculpem, mas eu preciso mesmo ir. O que ficar resolvido vocês mandem por e-mail ou podem ligar. Não estou me sentindo muito bem.

— Seok... — tentei chama-lo, talvez levantar. Queria poder me explicar.

— Você! — apontou o dedo para mim e gritou de forma tão assustadora que todos se encolheram. — Não me chame mais assim, nunca mais. E se puder me fazer um favor, fale comigo somente o essencial. Eu não quero ter que olhar para essa sua cara.

Se os nossos amigos desconfiassem de algo, naquele mesmo momento tiveram a certeza de que eu e meu ex-namorado tínhamos algo antes, e que escondi dele o assunto gravidez.

Ele parecia tão furioso que ninguém atreveu a falar, ou sequer se aproximar. Apenas ficaram todos quietos enquanto o homem irritado andava pelo cômodo em busca de suas coisas.

Hoseok parecia transtornado, com os olhinhos se abrindo e fechando um número maior de vezes do que poderia contar. Aquela dor piorou consideravelmente e sentia o peito pesar em vê-lo se afastar tão perturbado com a notícia que mal tinha a decência de disfarçar.

Taehyung foi o primeiro a se mexer e se ofereceu para ir junto. Senti-me enciumado pela segunda vez naquela noite, por mais que não tivesse esse direito.

Jungkook notando o clima ruim logo se foi, e não foram necessários longos minutos para que todos fossem aos respectivos quartos e eu ficasse sozinho na sala.

Soonkyu retornou um tempo depois e eu permanecia na mesma posição, com o vinho intocado desde então em mãos. Ela me olhou por alguns segundos, tentou contato e sem resposta também decidiu ir embora.

As pessoas próximas geralmente sabiam quando não estava em um bom momento, quando não deveriam mexer comigo ou tentar qualquer tipo de aproximação. Logo ninguém era maluco o suficiente para falar algo, nem minha namorada insistente.

Quando a porta fechou respirei fundo e fiquei me culpando pelo climão que aquele jantar se tornou e por ter destruído algo importante para meus amigos.

Algum tempo depois minha avó apareceu vestida com os pijamas para recolher as taças que sobraram, inclusive a que estava em minha mão.

Depois de tudo limpo ela apagou as luzes e sumiu pelo corredor, me deixando sozinho. Alcancei um dos travesseiros e senti aquela vontade de chorar vindo forte outra vez, como há muito tempo não acontecia.

— Yoongi — a voz calma de Seokjin chegou sussurrada aos meus ouvidos e engoli as lágrimas que estavam a ponto de sair. — Quer conversar?

— Essa não é uma boa hora.

— Não posso nem tentar imaginar o quão confuso está, mas eu só quero ajudar.

Por mais que meu amigo quisesse mesmo ajudar e possuísse as melhores intenções do mundo, aquela não era uma boa hora e ele sabia daquilo. A vontade de chorar voltou com tudo, mas engoli o choro e transformei toda a tristeza em ódio, jogando a almofada longe.

— Não estou confuso, estou com muita raiva. Isso... Raiva! Hoseok descobriu tudo da pior forma possível. E o que mais me deixa irado, é finalmente perceber que fui o único imbecil em toda a situação — grunhi completamente frustrado e soquei a parede ao meu alcance. — Não perdi o nosso nós agora, eu o perdi há tempos quando escolhi não deixar tudo para trás imediatamente e ficar apenas com ele. Passei o tempo todo pensando que ele não me amava, que me deixaria, para descobrir que amava e faria tudo por mim quando já era tarde demais.

Como resposta senti o olhar de pena de Seokjin, o que fez que abaixasse a mão que socava a parede para trazer até meu rosto. As lágrimas que nem notei cair atrapalhavam a visão e iam sendo limpas, porém novas caíam sem cessar como resposta ao desabafo, resolvi externar toda aquela dor e continuar.

— Hoseok decretou nosso afastamento, não quer falar comigo. Não olha mais nem em meus olhos, me trata como se fosse alguém invisível e com todo o direito. Fiz com que ele sofresse hoje, Jin. E isso dói muito em mim porque não fui maduro e conversei, só fugi como sempre faço — solucei, gritando mais uma vez para deixar toda aquela dor escapar no momento em que lembrei o rosto choroso. — Agora não tenho mais o direito de falar, nem mesmo posso mais dizer o quanto fiquei furioso antes. Ou o quanto me doeu quando fui deixado, ou o quão triste e desolado fiquei por todos os malditos anos em que esperei por ele...

Não me dei conta no momento em que as luzes foram acesas novamente, nem meu amigo se mover para fazê-lo. Agora podia ver os ferimentos que meus dedos tinham devido aos repetidos socos, a parede ser suja com pouco sangue e o volume dos soluços aumentarem.

— Ou o quanto fiquei assustado e desorientado quando ele voltou porque eu soube no momento que o vi que nunca tinha deixado de amá-lo. Porque ele tem esse maldito dom de foder com tudo na minha vida e deixar tudo de cabeça para baixo, mas mesmo assim, ainda é a melhor coisa que me aconteceu todos esses anos. Me causou a melhor sensação que já experimentei e me dá uma felicidade que ninguém é capaz. Eu não queria admitir, Jin. Mas não existe vida em mim sem ele.

Ao fim da última fala, não tinha mais o que liberar e caí no chão, sobre o tapete macio. Meu corpo era apoiado pelos joelhos e eu tinha as mãos espalmadas no chão e encarava os ferimentos que estavam em um tom de vermelho assustador.

Os soluços ainda permaneciam e mal podia respirar em meio ao choro. Sem aviso da aproximação, Seokjin se jogou ao meu lado e puxou-me para seus braços.

Como nos velhos tempos, me permiti chorar e caí contra seu peito, sentindo Namjoon se juntar ao nosso abraço e repetir bem calmo que tudo ficaria bem ao mesmo tempo em que meu amigo chorava e eu já me sentia estúpido por ter criado toda aquela cena.


Notas Finais


Senta que la vem textão....

Então, gente. Primeiro de tudo, gostaria de pedir perdão por não responder os comentários do capítulo anterior, em dezembro tudo fica realmente puxado aqui e tenho muita coisa pra fazer. Perdão. Enfim, pode ser que para alguns de vocês esse capítulo tenha sido uma enorme bosta (e talvez esteja mesmo), mas é algo que tinha em mente desde o começo da fanfic e que precisava colocar para fora. Pode não parecer, mas ele é muito importante e possui detalhes que farão toda a diferença logo mais. Sejam pacientes e não desistam de mim pelo amor de Deus! Eu tinha planos para terminar a fanfic antes de completar um ano, só que não vai ser o possível. Os próximos capítulos – que vão ser os últimos – serão mais trabalhados e mais detalhados, tentarei dar o meu melhor para não decepcionar vocês.

Para quem leu tudo e não me odeia, um feliz natal adiantado e muito obrigada por ainda acreditar em Esperançar. Nos vemos em breve! <3


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