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História Esperançar - Confronto


Escrita por: _hobisunshine

Notas do Autor


Olá, sentiram minha falta? Mil perdões pela demora, espero ter compensado.

Capítulo 46 - Confronto


Fanfic / Fanfiction Esperançar - Confronto

Como previsto para uma terça-feira, o restaurante por mais famoso que fosse, encontrava-se com o movimento reduzido. Sem dúvida alguma foi o fator principal para esse ter sido o dia escolhido para nossa reunião, a discrição. Nossa mesa foi em um lugar reservado, uma sala fechada longe das demais.

Tamanho resguardo se dava ao fato de que Taehyung nos apresentaria seu novo namorado, e bem, coreanos ainda não aceitam com facilidade um casal gay. Quanto mais um grupo inteiro deles.

Um grupo de homens nada heterossexuais e de algumas figuras públicas. Além do mais, nossos amigos nunca foram sinônimos de discrição, por esse motivo optamos pela privacidade.

Taehyung também nunca foi o tipo de que se apaixona, ele sempre beijou muito – tanto homens quanto mulheres – e nunca amou de verdade.

Desde a adolescência não nos era apresentado alguém, por julgar a felicidade com que andava nos últimos meses, aquele cara era mesmo algo a ser levado a sério.

Taehyung escolheu alguns dias antes do casamento de Seokjin para nos apresentar quem o acompanharia no evento, optando pela sensatez (de escolher um lugar reservado), deixando bem claro que o relacionamento é segredo.

Os pais e a sociedade não os aceitariam, assim como fizeram com Namjoon e Seokjin.

Ainda é triste o fato de que casais gays precisam envergonhar-se de amar, precisam fazer tudo às escondidas e mascarar o amor apenas como amizade para poder viver em paz.

Convivo com isso diretamente e ouço histórias de colegas de trabalho que por mais que tentem, não conseguem ser aceitos pela família do jeito que são. O que não é um caso raro de acontecer, todos nós passamos por isso pelo menos uma vez e não fomos bem sucedidos.

Exceto por meu ex-namorado, que enfrentou os pais por Jimin e se fez noivo dele mesmo estando na direção de uma empresa importante, com vários olhos do país voltados para si. Sempre tão bravo, ele é um homem corajoso que não aceitou se esconder.

— Está tudo bem? — Soonkyu perguntou carinhosamente e forcei um sorriso.

— Sim, só ansioso. Me sinto um pai conhecendo o futuro genro.

— Treine quando for o seu filho — Jimin parecia ter prazer em dizer aquelas palavras. — Ou filha, ainda não sabemos.

No momento em que Hoseok entrou pela porta com o ruivo grudado em si, soube que estavam juntos novamente. Inicialmente a ideia apenas incomodou, mas olhar para os dois sendo carinhosos um com o outro chegava a me matar um pouquinho a cada minuto.

Assim que chegaram aos beijinhos senti a necessidade absurda de um cigarro, e se não fosse Soonkyu me prendendo naquele lugar, já teria saído há tempos. Fugido, como sempre faço.

Com todos na mesa me encarando devido a frase do baixinho, tentei ser o mais normal possível e apenas concordei com um aceno. A real vontade era de pegar um dos garfos da mesa e enfiar naquele pescoço comprido demais.

Porém, foi só olhar naquela região que notei algumas marcas. O alvo mudou para Hoseok, que mexia no celular, certamente algo ligado ao trabalho.

— Nos perdoem pelo atraso — Taehyung finalmente entrou, puxando discretamente outro homem pela mão. — Meninos, este é Park Jungsu. Amor, esta é minha família.

— Jungsu? — Namjoon foi o primeiro a levantar e cumprimentar de maneira carinhosa o homem, como se fossem velhos conhecidos. — Bem, isso é inesperado.... Mas ainda é maravilhoso.

— Olhe só, nosso TaeTae tem bom gosto — minha avó se aproximou de Taehyung, abraçando-o, em seguida fazendo o mesmo ao acompanhante. — Vocês formam um lindíssimo par, querido!

Gradativamente fomos todos levantando, sendo apresentados um por um ao tal Park Jungsu que tinha os fios negros e partidos, mostrando parte da testa.

Ele e Taehyung pareciam ter exatamente a mesma altura e eram lindos na mesma proporção, formando um belo par logo de cara. O homem possui um sorriso grudado no rosto, e cada vez que mostrava aquelas covinhas, via meu amigo suspirar.

As piadas de Jungkook não poderiam faltar, porém ele e Jungsu pareciam já terem sido apresentados antes e os dois riam como amigos de longa data. Mesmo que o homem de cabelo preto parecesse pouco mais velho que a maioria de nós, ainda tinha o rosto de um jovem e um humor invejável de um.

Durante o jantar as coisas foram sendo esclarecidas, o porquê de alguns já terem conhecido o novo namorado de Taehyung.

Basicamente as pessoas endinheiradas de Seul possuem uma rede de contatos e todas as famílias são obrigadas a se conhecerem, o que explica o motivo de Seokjin, Jimin, eu e minha avó sermos os únicos excluídos naquela mesa.

Dado a leve proximidade de alguns, o papo não foi algo complicado e todos conversavam animadamente. Mesmo que por vezes parecesse um pequeno interrogatório, já que enchemos tanto o casal de perguntas que nem a comida nos impedia.

Algumas taças de vinho e risadas também foram consequência, a grande movimentação e as vozes elevadas lembravam mesmo um jantar em família. De uma família bem barulhenta.

Em meio tanta diversão tornava-se simples esquecer o fato de que eu estou infeliz, e de que Hoseok parece muito bem sem mim – melhor do que nunca imaginei que fosse ficar. Que o clima entre nós ainda era estranho, e que falávamos somente o essencial.

E que me sentia um lixo por tudo ser culpa minha. Ainda mais fácil fingir que não me pegava encarando-o.

— Você gostou dele? — o amigo com o cabelo cor de rosa perguntou, aproveitando que Soonkyu havia ido ao banheiro, tirando a atenção que dava ao meu ex que segurava a mão gordinha de Jimin sobre a mesa. — Que é bonito não podemos negar. O homem parece um daqueles apresentadores que vemos toda hora na TV.

— Eu achei muito, muito, muito bonito — comentei e nós dois acabamos rindo. — Como nunca o vi por aí? Um homem desses poderia ter caído no meu colo há alguns anos.

— Além de lindo e educado, corpo dele parece muito bom por baixo de toda aquela roupa.

— Nós dois estamos sendo muito ruins falando coisas do tipo? — preocupado, toquei o peito e Jin negou levemente com a cabeça. — Eu o achei muito simpático e tudo mais, só que não dá para dizer algo além da aparência. Ainda é muito cedo.

— Achar um homem bonito não nos faz pessoas ruins, errado seria tentar roubá-lo como você fez com Jimin.

— O que vocês estão falando? — o noivo enciumado se infiltrou em nosso papo e acabei rindo.

— Jin disse que Jungsu é bonitão e certamente acabaria interessado por ele — sussurrei como vingança e Namjoon lançou um olhar ao noivo. — E eu não posso discordar, o homem tem um sorriso maravilhoso.

— É mesmo, Kim Seokjin? Depois conversaremos melhor sobre isso...

— Não ligue para as merdas Yoongi. Eu só disse que o cara é bonito — o mais velho me jogou um guardanapo e levantei enquanto ria satisfeito, empurrando a cadeira e atraindo alguns olhares.

— Com licença, vou esperar vocês lá fora, com meu cigarro — aproximei-me do nosso convidado para me despedir devidamente. — Foi um prazer conhecer você Park, espero que faça meu amigo feliz ou vai se ver comigo.

— Pode deixar, Yoongi-ssi — educado como era, se levantou para se despedir de mim e por fim abracei Taehyung bem forte.

— Eu amo você, espero que seja muito feliz — foi tudo que disse ao meu amigo sorridente antes de sair.

Assistir Hoseok e Jimin segurando as mãos poderia nem ser nada aos olhos dos outros, mas para mim era incômodo. Incômodo ao ponto de fazer o jantar revirar-se e ameaçar sair.

Como não queria vomitar no sapato caro de ninguém ali, deixei o restaurante antes que fizesse algo ainda pior. Já estávamos decidindo ir embora de qualquer forma, não foi de um todo falta de educação.

Minha avó me lançou aquele olhar preocupado, mas acabei tranquilizando-a antes de respirar o ar puro. Andei na calçada ao redor do restaurante, parando na esquina para retirar o maço de cigarros do bolso.

Mesmo estando pisando sobre uma placa de proibido fumar, não dei atenção ao aviso naquele momento.

Passei horas daquela noite fingindo um sorriso que não era meu, sendo amigável quando não deveria ser, quando não queria ser.

A notícia recente de que Jimin havia tomado meu homem de volta realmente abalou, por mais que fingisse que não, me fez pensar seriamente em desistir todo o lance de família e roubar Hoseok para mim outra vez. Ele deveria ser meu e de mais ninguém.

— Min Yoongi, sempre infringindo a lei — zombou Hoseok, que me tirou dos devaneios e parou logo atrás de mim.

— Jung Hoseok, sempre me seguindo por aí.

— Você se superestima, Min Yoongi — levantou a mão direita que tinha um celular com o visor ainda aceso. — Eu vim para atender um telefonema importante, te vi por aqui e decidi dizer que essa droga de cigarro vai acabar te matando.

— O cigarro, não é da sua conta — chutei o ar, guardando o maço de volta no bolso junto do isqueiro e deixando a mão lá. Um silêncio constrangedor se instaurou, então não me contive em perguntar. — Você e Jimin, hein? Finalmente vão casar?

— Isso também não é da sua conta — ri soprado e ele apenas sorriu de canto quando espiei sobre os ombros. — Estou me dando uma chance, se é o que quer saber. Uma chance para ser amado, para ser feliz. Uma chance de futuro com alguém que enxerga um comigo. Acho que sabe, estou velho demais para aventuras.

— Sei... Jimin vai te fazer muito bem, vai te fazer feliz.

— Ele já faz, todos os dias. Em cada pequeno gesto.

A imaturidade trouxe lágrimas aos meus olhos, por sorte não estávamos nos encarando e pude limpar uma que caiu com o polegar enquanto tragava mais do cigarro.

Em busca de uma fuga eficaz, permaneci em silêncio e encarei o céu. Porém era difícil lidar com a realidade, mais ainda aceita-la, então alfinetei:

— Uma pena que você não o ama...

— E quem disse que não? Eu amo Jimin, ele sempre foi um ótimo amigo, é um namorado melhor ainda e me... — se freou, negando levemente com a cabeça. — Não deveríamos estar falando disso, sinto muito.

— Nós somos adultos agora, Seok. Eu posso lidar com algumas verdades.

Mentira, não conseguiria. Ouvir aquilo estragou a noite, o dia, a semana que havia sido pacífica desde meu último surto. Hoseok tem a capacidade de me manter perfeitamente bem quando estamos juntos, mas destrói bem mais quando separados.

— Mas eu não, ainda nem consigo acreditar que vai ter uma família com outra pessoa. Eu planejei a nossa vida toda, entende?

— Me perdoe, por tudo que te fiz passar... Não queria que descobrisse daquela forma.

— Está tudo bem, suas decisões estúpidas tem um ponto positivo, elas me afastam cada vez mais. Mostram que não está preparado para enfrentar o mundo por nós.

— Eu estou! Enfrentaria qualquer coisa por você! — finalmente virei para encará-lo e apontei o cigarro aceso de modo acusador no rosto bonito, contudo enxerguei uma cabeleira ruiva se aproximar preocupada. Jimin tinha o cenho franzido e andava a passos rápidos. — Pena que não sou o único.

— Hobi — chamou manhosamente, grudando em um dos braços dele. — Eu estava te procurando no estacionamento.

— Eu vim atender ao telefone e acabei esbarrando com o Yoongi, amor. Me perdoe.

O castanho levou a mão aos fios ruivos que pareciam tão macios, deixando um carinho calmo ali, o que me fez bufar. Não sei o que era pior, a mentira esfarrapada ou o grude daqueles dois.

— Tudo bem — tentou inutilmente soar calmo, já que o bico estava ali para contradizer a frase anterior. — Vá buscar o carro, por favor. Já estão todos indo e eu estou com sono. Vai ter que me carregar quando chegarmos em casa.

A voz soou infantil, manhosa, como uma criança de cinco anos idade. Hoseok sorriu e concordou sem dizer nada, desprendendo-se de Jimin para ir. Mas antes que pudesse dar um passo, o baixinho o manteve ali.

Segurou o rosto longo e ficou na ponta dos pés antes de selar os lábios aos dele. Não foi um selar inocente, foi um beijo, mesmo que rápido, ainda era um beijo no meio da rua.

Decidi desviar o olhar novamente, preservando assim minha saúde mental e privando todos da minha cara patética. Minha presença patética como um todo.

A vontade de chorar veio intensa, e estava a ponto de deixar todo o orgulho de lado e desabar em lágrimas quando os dois se separam com selares estalados.

O real desejo era de apagar o cigarro na cara de Jimin que tinha um sorriso no rosto, mas o bom senso falou mais alto e o fiz no poste que estava encostado.

Entendi que aquela era minha deixa, deveria sumir o mais rápido de perto de Jimin e toda essa confusão. Entretanto, quando estava prestes a sair, tive o braço preso pela mão gordinha.

— Não é hora de desistir?

— O quê? — desviei o olhar de Hoseok que andava mais à frente para o homem que me prendia ali.

— Você sabe do que estou falando — sorriu, mas a doçura não chegou aos olhos pequeninos dessa vez. — Hoseok é meu, espero que tenha entendido.

— Isso foi uma ameaça?

— Entenda como quiser.

 

 

 

 

{...}

 

 

 

 

 Por fim era chegada a semana do casamento de Seokjin, Ryeowook é um dos convidados e foi bastante compreensivo junto dos outros ao me liberar dois dias antes do previsto para a viagem.

Mal pude dormir nesse meio tempo pelo simples motivo de que dividiria o carro com o casal do ano, e provavelmente Jimin já sabia de tudo.

Digo provavelmente porque é bem possível que Hoseok tenha contado tudo ao reatarem, ele é o tipo de homem honesto demais para voltar sem uma explicação verdadeira.

E ao julgar pela ameaça contida do ruivo há alguns dias, as horas dentro do veículo não seriam tão agradáveis.

— Eu posso dirigir, tenho um carro, habilitação e sou completamente saudável. Não entendo por que querem me obrigar a ficar no mesmo lugar que aqueles dois.

— Tem os convidados, já conversamos sobre isso — Seokjin se aproximou e me abraçou bem apertado. — O fone de ouvido está aí, não está? Use-o e finja que eles não existem como faz com a coitada da sua namorada.

— Seu filho da... — tentei acertá-lo, mas ele correu para os braços de Namjoon em meio às gargalhadas estranhas.

— Pense pelo lado bom, vai ficar perto de Hoseok — sorriu e lhe mostrei língua.

— Você não entende, não é? Eu não posso ir, não quero olhar para aqueles dois juntos.

— Eu conversei com Hoseok, ele não vai fazer nada que te deixe desconfortável. Fique tranquilo, grandão.

— O problema não é ele, Joon...

— Yoongi quer ficar sozinho com Hoseok — Seokjin cantarolou como uma criança que quer provocar e se aproximaria, mas foi parado pelo noivo.

— Eles chegaram.

A mão grande apontou para o carro luxuoso de Hoseok, o que me fez rolar os olhos. Qual a necessidade de sair com esse tipo de coisa por aí? Já não seria desconfortável o suficiente para mim?

Todos se cumprimentaram e segui o conselho de Seokjin, pluguei o fone de ouvido ao celular e tomei o lugar no banco de trás.

De imediato pensei em desistir, contudo o casal que conversava pareceu ler meus pensamentos e entrou no momento que ameacei descer. Não restou nada a fazer além de colocar o cinto, mostrando o dedo do meio para Seokjin que acenava da porta da nossa casa, que na próxima semana seria apenas minha.

Posteriormente a nossa partida, o casal de noivos viria juntamente da minha avó para que chegássemos quase ao mesmo tempo lá, eles prometeram não me deixar sozinho por muito tempo como pagamento por ter sido obrigado a isso.

Os dois apenas arrumavam as coisas de Jin, que sem exagero, poderiam facilmente lotar dois carros. Penso como minha avó viria em meio toda aquela zona.

— Hoseok... Isso é realmente incrível!

Inicialmente possuía planos de ignorar o casal apaixonado, todavia a conversa se tornou alvo de curiosidade após aquela frase. Não é possível que os dois falassem de algo impróprio ali, bem em minha frente, ou sei lá, estavam se esfregando.

Por um momento desviei o olhar da janela, vendo o sorriso lindo do castanho sendo destinado ao baixinho no banco do carona. Aproveitando a calma do trânsito após entrarmos na rodovia, Hoseok esticou a mão e tocou a bochecha gordinha do outro, deixando um carinho ali.

Por um momento o peito se comprimiu, então novamente desviei o olhar e fingir não ver nada, colocando a música que tocava no último volume.

Os meus braços estavam cruzados junto do peito, em uma das mãos segurava o celular e encostei a cabeça no apoio, caindo no sono em algum momento.

Consequência das noites mal dormidas apenas por pensar na viagem, cochilei por um tempo, me dando conta apenas quando o aparelho caiu e o fone foi solto, fazendo a música tocar alta e atrair o olhar dos dois.

Precisei soltar o cinto de segurança para pegar e silenciar o barulho que havia enchido o carro que agora parecia tão silencioso.

— Você está bem, Yoongi?

— Estou, Se-... Hoseok — corrigi-me a tempo de o apelido carinhoso sair, mas ele notou o que falaria e vi um sorrisinho pelo pequeno espelho.

— Vamos parar mais em frente para abastecer e comprar algo para comer, me avise se quiser algo.

Nem bem concordei, e já vi o carro diminuir a velocidade aos poucos. Meu cochilo que dava a impressão de ter durado segundos, levou algumas horas e já estávamos bem adiantados.

Nesse ritmo logo chegaríamos ao destino. Não poderia estar mais aliviado por aquilo.

— Eu vou ficar aqui esperando, Hobi. Compre algo bem gostoso para mim — a voz infantil que Jimin usava para falar com Hoseok estava presente. — E não demore ou eu vou ficar com saudades.

Imediatamente me praguejei por não estar mais ouvindo a música ensurdecedora, aguentar tamanho grude era de longe a pior coisa que fiz em dias.

Qualquer pessoa sã não acompanharia a cena, mas ao ver as mãos gordinhas de Jimin puxarem a roupa de Hoseok, continuei olhando para os dois no banco da frente.

Como o imaginado, um beijo foi iniciado lento e carinhoso como meu sol sempre foi. A vontade de chorar foi engolida e fiquei olhando aquilo até eles se separarem com sorrisos cúmplices.

Mesmo que doesse não conseguia desviar, sentia-me preso naquele carinho que deveria ser apenas meu. No momento em que meu ex-namorado saiu pude finalmente respirar bem fundo, ato que não passou despercebido por Jimin, que olhou para trás.

— O carro de Namjoon passou por nós um pouco antes de você acordar — comentou casualmente e concordei com um aceno apenas, recusando-me a encará-lo. — Está tudo bem, Yoongi? Você parece estranho.

— Estou ótimo, não se preocupe.

— Não é o que parece... — ouvi o “click” do cinto dele ao ser solto, mesmo assim não desviei o olhar da janela. — Me parece que você fica incomodado quando eu beijo meu Hobi, ou quando estamos juntos e ele é carinhoso comigo. Quando vê o quão felizes somos, o quão bem eu faço para ele. É isso não é, Yoongi? Você sente inveja.

A surpresa foi tanta que senti as palavras presas, só conseguia encarar aquele lado maldoso até então desconhecido com os olhos arregalados. A boca abria e fechava diversas vezes, só que nenhum som saía.

— Eu posso ver em seus olhos que queria ser você a beijá-lo, a receber esses carinhos em público e a ser assumido. Estou certo, não estou? É uma pena, já que Hoseok não enfrentou os pais quando namoravam e agora entendo o motivo. Você é patético! — riu debochado e senti o sangue ferver.  — Homens do seu tipo são escondidos de todos, acho que já deve ter se dado conta disso.

— Me diga você, já que parece saber tanto sobre mim. Sobre meu namoro com Hoseok.

— Eu pensei que conhecia, pensei que fosse meu amigo. Mas então descobri que não, que no fundo você é a última pessoa em quem deveria ter confiado.

— Não sei do que está falando — desviei o olhar novamente.

— É tão triste, sabe? Ver seu rostinho choroso todas as vezes em que estamos juntos, ao ver que perdeu. Se eu realmente me importasse, poderia até repensar sobre reatar esse noivado...

— Aonde quer chegar com tudo isso? — finalmente virei para olhá-lo e dei de cara com um sorriso perverso nos lábios carnudos, algo que nunca havia visto antes.

A gargalhada infantil se alastrou pelo carro aos poucos, em seguida o ruivo se colocou de joelhos ainda com aquela superioridade irritante, agarrando ao banco como apoio.

Ao ter o rosto inclinado em minha direção, os fios ruivos caíram na testa e cobriram os olhos que sempre me passaram tanta inocência.

— Ai, é tão divertido ver o seu desespero, sabia? O seu sofrimento — com desdém, Jimin tocou uma parte do meu cabelo desbotado e arrumou atrás da orelha. — Eu não quero chegar a lugar algum, só queria que soubesse que Hoseok me contou tudo, eu sei de tudo. Fiquei sabendo que todas as vezes em que ouviu meus lamentos e fingiu ser meu amigo, logo em seguida transava com meu noivo.

— Jimin, eu...

— Eu confiei em você, seu verme!

— Eu sei que foi errado o que fizemos, e que deveria me desculpar. Mas olhando suas provocações e esse seu esforço para me ferir, você não parece muito diferente de mim agora.

— Não me compare com você! — esbravejou, apontando o dedo pequeno em meu rosto, bem próximo ao meu nariz. — Eu estou me vingando, é diferente. Avisei que assim que descobrisse com quem o meu Hoseok dormia, a pessoa iria pagar caro. Você estava avisado, agora lide com as consequências. Além disso, eu vou ter o prazer de esfregar nossa felicidade em sua cara, será convidado de honra em meu casamento. E é apenas o começo...

— Escute aqui, você não-

Fui impedido de continuar pela porta que se abriu, revelando um Hoseok confuso.

— Está tudo bem aqui?

— Está sim, amor. Trouxe algo para o seu Jiminie?

— Trouxe sim, amor — curvou-se no banco do motorista, entregando uma sacola ao ruivo que sorria como se nada tivesse acontecido. — Está tudo bem mesmo?

— Claro que sim, Hobi Hobi. Estávamos apenas conversando.

Ainda com o sangue fervendo, bufei de forma audível e tive o olhar Hoseok outra vez. Diferente de Jimin, não conseguia fingir e nem moldar as emoções de acordo com a companhia.

A raiva era quase palpável, e me conhecendo como ninguém, meu ex-namorado apenas beijou a bochecha gordinha e foi encher o tanque como havia prometido.

— Ainda não acabamos, Min Yoongi — o ruivo que revirava a sacola murmurou como aviso.

— E você ainda não ganhou, Park Jimin.


Notas Finais


E aí, o que acham que tá rolando com o Jimin?

Quem ficou curioso sobre o Jungsu, abaixo tem algumas fotos. Quem manja de SuJu sabe quem é

https://68.media.tumblr.com/529d32edee4b79225fec1456ae70372b/tumblr_oj6c83Mko31sd7v0ho1_1280.jpg
https://68.media.tumblr.com/77fbd7e6df95bb866e984cb9cd3b0973/tumblr_oiar4aSIsR1sd7v0ho1_500.jpg

*edit


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