História Espere a Tempestade Ceder - Trabalho, Marimo Perdido e... Ciúmes?!

Muito próximos da costa de uma ilha de verão no Novo Mundo, o sol da tarde se esmaecia mesmo faltando muitas horas para o anoitecer, o céu se tornava prateado com algumas nuvens rosas, como se rechonchudos algodões-doces flutuassem sobre o mar azul, comprovando o quão estranho era o clima e o tempo deste lado da Grand Line. Na cozinha, Luffy encarava Nami fazendo uma careta contrariada, os Mugiwaras ignoravam a intensa paisagem externa, envolvidos em uma discussão acalorada.

— O Natal é depois de amanhã! Não há outro jeito, Luffy! — Nami falou passando a mão no cabelo, cansada, ela sentou na cadeira, e pendeu a cabeça para perto de Usopp na mesa, ele observou silencioso os cabelos ruivos caírem como uma cascata em direção ao seu colo.

— Há sim!! E o dinheiro da poupança? Todos os tesouros que tínhamos e não gastamos nada? — Luffy respondeu aborrecido, sentado do outro lado do atirador.

— Eu já falei, é a reserva, não podemos gastar à vontade, e mesmo se gastássemos, não há bancos nesta ilha, não poderíamos trocar o ouro por dinheiro!

— Não vou trabalhar! — Zoro declarou irresoluto, sentando emburrado no sofá ao lado da mesa.

— Você nunca trabalha, Marimo Preguiça! — Sanji declarou com desdém, mas sentou ao lado do espadachim. — Se a Nami-san diz que precisamos arranjar dinheiro, nós vamos e pronto.

— Não é como se você tivesse trabalhado muito... — Zoro respondeu, e eles se encararam por um momento, dois brilhos diferentes se formando rapidamente, mas Chopper gemeu do outro lado da mesa e desviou a atenção.

— Ah... eu trabalhei demais da outra vez! Atender as pessoas não foi ruim, mas aquele trabalho de engraxate, foi tão cansativo... — A pequena rena fez sua feição amuada.

— Eu também posso ajudar, né? Da última vez me diverti, inclusive! — Declarou Robin, sorrindo. Ela acariciou o nariz azul de Chopper com as costas dos dedos, ele sorriu satisfeito.

— Foi um dia muito pesado aquele! — Usopp falou repentinamente, sentado ao lado de Nami, ele aparafusava alguma coisa no Kuro Kabuto enquanto observava com o canto do olho, o cabelo ruivo balançando suavemente quando ela se movia acompanhando a conversa.

— Usopp-san, eu não tinha ideia que vocês tinham trabalhado tanto! — Brook percebeu, levando uma xícara de chá em direção ao próprio maxilar descarnado.

— Quem disse que o Usopp trabalhou? Ele apenas contou o dinheiro! Eu tive que ficar pra lá e pra cá servindo aqueles marinheiros nojentos. — Nami ergueu a cabeça e respondeu para Brook, mas ela encarava Usopp com farpas nos olhos.

— Mas era muito dinheiro! A Robin foi excepcionalmente popular naquele dia! — Usopp se defendeu, encolhendo-se para o lado de Luffy.

— Robin ganhou uma bolada mesmo, ela dançou super sensualmente, e o Chopper faturou muito também, o dinheiro foi suficiente para comprar muitos equipamentos e combustível para o Sunny! — Franky comentou, ele erguia um polegar enorme em direção a Robin e Chopper, sentados à frente dele.

— Eu não vou ficar feliz com você dizendo isso, desgraçado! — Chopper respondeu, mas ele sorria prazerosamente.

— Bem, se vocês querem uma ceia de natal, com árvore e presentes, vamos ter que arranjar o dinheiro! — Nami determinou, olhando altiva para os outros.

Luffy amuou, Zoro simplesmente virou o rosto, e os outros começaram a dar ideias.

— Eu poderia construir um super parque temático na ilha mais próxima e cobramos ingressos! — Franky disse entusiasmado.

— Não... isso necessitaria de um local e muito desprendimento de tempo e material, sem contar que teríamos de investir dinheiro. — Nami respondeu com a sobrancelha arqueada, Franky encolheu os ombros enormes em resposta.

— Sanji poderia fazer alguns bolos e biscoitos natalinos, e venderíamos na Ilha! — Usopp disse.

— É, isso poderia ser uma boa ideia! Essas coisas sempre vendem muito nesta época! — Ela trocou um olhar com Usopp, sorrindo. Algo naquela ideia a animou além do normal.

— Siiim, Nami-swaaan! Se é o que você deseja deste seu servo do amor!! — Sanji se derreteu, um coração já pulava em seu único olho exposto.

— Lá vai o idiota escravo. — Zoro implicou, mas Sanji apenas jogou-lhe um olhar frio e continuou a falar com Nami.

— Eu não me oponho, tenho os ingredientes!

— Então vamos fazer isso! Robin, poderia ajudar Sanji no que for necessário? Franky, prepare o Mini Merry II, os outros esperem um minuto, vamos fazer o sorteio para ver quem vai à ilha concluir as vendas!

Franky e Robin acenaram, ela se ergueu e caminhou elegantemente até o balcão, onde Sanji, frenético já dispunha alguns ingredientes, enquanto isso Franky se dirigiu ao deque.

Nami preparou os papéis marcados, e empurrou a mão para cada um dos mugis, Zoro pegou o primeiro, que estava marcado indicando que ele era um dos escolhidos para a tarefa, logo depois dele Sanji percebia que seu papel era totalmente branco, Zoro olhou parecendo desinteressado, ele simplesmente lançou a Nami um olhar indiferente, e foi cuidar do leme.

Luffy pegou o dele, e gritou em êxtase quando viu a ponta vermelha. Chopper trêmulo, apanhou o papel dele com os olhos fechados, e sorriu suspirando quando viu que não fora um dos sorteados. Brook ficou um pouco chateado pois o papel dele estava completamente branco também.

Nami empurrou a mão com os papéis para Usopp, ele se encolheu, dobrando-se, colocou a mão na barriga.

— Nami, eu não... eu não disse a vocês, mas tenho uma séria doença...

— Pegue o papel logo, Usopp!

Ele fez um sorriso forçado, o suor já escorrendo descaradamente pela sua face, Nami bufou, e ele finalmente arrancou um papel da mão dela em um gesto muito teatral, Nami ficou com um último papel. Ela olhou para Usopp com a sobrancelha arqueada, ambos foram sorteados.

— Pense pelo lado bom, estaremos com Zoro e Luffy! — Nami sorriu, mas seu sorriso não passava confiança alguma.

Algumas horas depois, Sanji, alcançava caixas para Robin, que com um olho fechado observava cada uma atravessar seu campo de braços, indo em direção ao Mini Merry II, eles carregavam a pequena embarcação com biscoitos e bolinhos prontos para serem comercializados na ilha mais próxima.

Nami e Usopp ajudavam a organizar tudo em uma embarcação adjacente construída por Franky para a ocasião, enquanto Zoro estava, tranquilamente, dormindo no último banco, e Luffy pulava e batia palmas ao mesmo tempo, animado com a perspectiva de uma nova aventura.

Depois de todas as caixas empilhadas harmonicamente, eles partiram, Usopp no leme, Nami ao lado dele fazendo algumas anotações de preços e dando rápidas olhadas para o atirador que guiava concentrado, Zoro e Luffy sentados atrás, um dormindo e o outro acenando para o convés do Sunny-go.

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Usopp foi o último a pular do Mini Merry II, ele atracou o pequeno barco, prendendo-o com cuidado, e cobriu a carranca, para o caso de não serem reconhecidos na ilha. Zoro e Luffy foram na frente levando uma imensa parte das caixas nos braços, Nami levava algumas em um carrinho de lanches, algo também improvisado por Franky “com sobras da última reposição” dissera ele, mesmo que o carrinho tivesse acabamento impecável, e uma carranca idêntica à do Sunny-Go.

O atirador do bando escolheu um local um pouco adiante do porto, com boa circulação de pessoas, mas que manteria o perfil deles incógnito, não seria bom que o governo mundial descobrisse que os “desprezíveis Mugiwaras” estavam vendendo produtos natalinos em plenos olhos da população.

O carrinho que Franky fizera, foi facilmente transformado em um balcão de vendas, e assim que eles organizaram todos os produtos ali, e em poucos minutos, as pessoas já se aproximavam, escolhendo sempre mais do que uma opção.

Luffy estava comendo várias mercadorias, mas Sanji estivera preparado para algo assim, e fez uma quantidade absurda, mesmo com Luffy comendo, Nami já tinha um maço de bellys respeitoso nas mãos.

— Nami, me alcance mais daqueles pãezinhos de mel, por favor? — Usopp pediu sem olhar para Nami, uma senhora com três crianças o observava empacotar vários itens, enquanto as crianças riam com Luffy fazendo palhaçadas. — Nami... o que você está...? Hm?

Ele rodou os olhos, Nami contava o dinheiro fervorosamente, seus olhos pareciam realmente dois enormes cifrões de belly. Usopp olhou em volta, Luffy entretinha crianças e Zoro estava envolvido em uma difícil contagem de biscoitos, o atirador não viu mais ninguém com quem ele pudesse contar para algo, então pediu licença aos clientes, que ainda gargalhavam a ver Luffy engolir um bolo inteiro, e ele mesmo pegou as mercadorias, e em seguida, para delírio de Nami, colocou mais dinheiro no caixa.

Cerca de duas horas depois que chegaram, Usopp entregou uma caixa de muffins decorados para um senhor alto, e logo atrás dele surgiu uma moça, que sorriu imensamente para o atirador, fazendo com que ele derrubasse o dinheiro que entregava para Nami, a moça se aproximou do balcão improvisado, quase se jogando em cima do atirador.

— Ah! Olá! Você deve ser Usopp dos Mugiwaras, não é? Não acredito que fui capaz de encontrá-lo! — Os olhos azuis dela percorreram Usopp com clara expressão de felicidade. — Gostaria de agradecer, sabe... o que você fez em Dressrosa foi incrível, né... meu pai... ele estava entre os brinquedos que você...

Mas Usopp não esperou ela terminar, ele apoiou uma mão por cima do carrinho e saltou, cobriu a boca da garota com uma mão, enquanto a outra segurava-a, evitando que ela caísse pelo susto.

— De onde tirou esta ideia insana? Não tenho nada com esses piratas...! — Ele começou, sussurrando desesperado, mas ela segurou a mão dele firmemente, desobstruindo os lábios.

— Foi incrível, Usopp-sama!

— Ah, sa... sama?

— Estou realmente encantada! E devo dizer que pessoalmente você é ainda mais bonito do que no cartaz!

A esta altura Usopp já estava corado, a moça sorria para ele como se estivesse vendo um salvador de fato, Nami observava tudo com uma expressão indefinível.

— Então, onee-chan, que tal um panetone de chocolate? — A ruiva se meteu entre Usopp e a moça, separando-os discretamente. — Se por acaso a marinha tiver espiões aqui, pode acabar pensando que esse aí é mesmo o tal que você disse.

As últimas palavras foram ditas secamente, Usopp sentiu um frio na espinha, e não saberia explicar se foi pela imagem que surgiu na mente dele onde a marinha ancorava e os prendia, ou se foi pelo olhar de desdém que a ruiva lhe dirigiu.

— Ah, hm, gomenasai... — A moça falou, tentando tocar a mão de Usopp para fortalecer o pedido de desculpas, Nami a empurrou gentilmente.

Usopp, olhando meio desconfiado para todos os lados, colocou em uma sacola o que vinha a ser o último panetone de chocolate para a cliente loira. A moça sorriu imensamente, e foi embora, acenando até desaparecer de vista.

Nami observou Usopp com o canto do olho, sorridente e entregue, ele acenava de volta para a moça, sem poder se conter, a ruiva o acertou com o cotovelo direto na barriga, ela não sabia de onde vinha aquela dor que irrompeu de repente em seu peito, mas ia dividir com Usopp de qualquer forma.

— Nami!! Por que fez isso? — Ele questionou irritado.

— Volte ao trabalho. Temos que vender isso antes que Luffy coma tudo! E onde está o Zoro, afinal?

De repente esquecendo da dor no estômago e ignorando as feições emburradas da ruiva, Usopp notou que Zoro realmente desaparecera, o atirador olhou em volta procurando, e encarou a Nami de volta.

— Ele... ele sumiu? E agora?

— Ele vai ficar bem, deve ter apenas ido dar uma volta... — Ela respondeu se afastando, Nami não tinha certeza e nem queria pensar sobre isso, ela só queria ficar um pouco longe de Usopp por agora.

— Oi! Onde você vai, Nami?

 

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Duas horas se passaram e o crepúsculo avançara, deixando o céu azul escuro, e apesar do clima de verão, um vento frio sacudia os cabelos deles. Usopp olhava admirado para as caixas vazias, eles venderam tudo em tempo recorde, e mesmo com Luffy comendo grande parte da mercadoria, Nami tinha um saco de dinheiro! Com certeza não precisariam gastar o ouro do navio.

Mas havia um problema que eles não esperavam ter que resolver: Zoro havia desaparecido realmente.

— Vamos procurar ele! — Determinou Usopp, ele encarava Nami esperançoso, mas foi Luffy quem respondeu.

— Ele vai ficar bem. O Zoro é forte.

— ISSO NÃO IMPORTA! — Usopp gritou.

Nami observava o porto pensativa, ela deslizou os olhos de Usopp para Luffy, uma ideia surgindo rapidamente.

— Luffy, você volta para o navio, eu e o Usopp vamos comprar algumas coisas e procuramos o Zoro, o que acham?!

Usopp devolveu o olhar desconfiado, Nami girou os olhos, ela o conhecia bem o bastante para saber que ele não queria ter de andar em uma ilha cheia de marinheiros.

— Que outra opção temos? Estamos só nós aqui, alguém precisa voltar ao navio e o Zoro não pode ficar zanzando perdido por aí! — Ela falou diretamente com Usopp, pois Luffy coçava o nariz, totalmente alheio.

— Ahhh, por que algo assim sempre acontece? E se a marinha nos encontrar? Odeio isso! — Usopp declarou frustrado, Nami o encarou compadecida, mas não havia outra coisa a ser feita neste momento.

— Pense Usopp, será muito pior se a marinha encontrar o Zoro antes de nós, ou antes de terminarmos as compras de natal!

Isso ela tem razão, ele pensou.

— Vamos pedir para o Sanji ajudar, acho que ele tem mais chances de achá-lo. — Ele falou um pouco mais confiante.

— Sim, bem observado! Vamos mandar uma mensagem para ele e os outros no Sunny!

Nami segurou a mão de Usopp ternamente, ela sabia que o atirador havia compreendido, e confiantes, eles trocaram um longo olhar, o calor da mão dele unida a dela confortando-a imensamente, mesmo que um pequeno arrepio percorresse seu corpo com o contato.