História Esposo de Mentirinha - Prólogo

— Mãe, será que você pode parar de me encher o saco?! Pare de me apresentar tanta mulher estranha, merda.

Apertou o couro do volante enquanto gritava no telefone. Estava estacionado do outro lado da rua de um parque, havia se arrependido fielmente pelo barulho de bagunça que incomodava do lado de fora.     

— Você já está beirando os trinta e ainda não me deu um neto, é lógico que eu te apresente futuras noras, seu ingrato – berrou, tão estressada quanto o homem do outro lado da linha.     

— Qual é o seu maldito problema, sua velha maluca?     

— O que você acha, idiota? Eu quero o que toda mãe quer, um neto antes de morrer! E já que você não sabe usar esse pau direito, eu tenho que fazer alguma coisa!

Katsuki afastou o telefone do ouvido se incomodando com o grito.

Bufou e fechou os olhos apertando as pálpebras, aquela velha não largava nem um segundo, não era possível. Tinha jogado pedra na cruz? Se tinha, nem ele se lembrava de quando.

Suspirou mais uma vez e encarou a rua movimentava tendo uma ideia quase radical ao ver um casal atravessar o farol.    

— Mãe, eu sou gay.

— Kacchan, você fez o que?

Os lábios estavam mais prensados do que o normal enquanto prendia a risada ao mesmo tempo que o loiro exalava ódio puro.      

— Ela não parava de encher meu saco, nunca vi tanta mulher estranha em tão pouco tempo – rosnou, colocando o jaleco com certa agressividade.    

— Mas falar que é gay ajuda em alguma coisa? – As lágrimas ainda caiam pela trágica situação do amigo loiro. – Ela só vai mudar para homens, não? Acho que seria pior para você, já que não é... de verdade, sabe? – Katsuki se jogou na poltrona de rodinhas bufando em completo desgosto. – Trocou seis por meia dúzia.

Enxugou as lágrimas pelo cômico tampando a boca em seguida.     

O loiro piscou e encarou o amigo verde.     

— Talvez... – ponderou – se você me ajudar – completou, levantando-se sem tirar os olhos do outro, parecia que a ideia iria fugir caso desviasse a atenção.     

Midoriya encolheu os ombros medroso com o que pudesse escutar.     

— O que está pensando, Kacchan?

Um passo recuou quase que no automático quando o loiro se aproximou. Rezava para que a vaga ideia que havia surgido em sua mente não tivesse se transportado para o loiro.     

— Você vai ser meu esposo de mentirinha.     

— Como? – Riu sem graça ajustando os óculos pequenos no rosto que começava a corar. – Kacchan, eu sou casado.     

— Não, não é. Já deveria ter dado um pé na bunda daquela bruxa, ela quem traiu você, nem morando juntos estão mais. – Reclamou como se fosse óbvio, porém ao ver o olhar tristonho e baixo do menor, usou o indicador em seu queixo esguio para chamar sua atenção. – Venha para mim, garanto que o farei feliz, babê.

Midoriya sorriu cômico.     

— Sabe que isso é uma loucura, não é?     

Ele sorriu.     

— Sei, combina perfeitamente com minha mãe.