História Esquecimento - O filho protetor e inteligente

Porque tudo de mim

Ama tudo em você

Todas as suas perfeitas imperfeições

Você é o meu fim e meu começo

John Legend - All Of Me

Daisuke estava de braços cruzados, impaciente. Claro, certos minutos se passavam e nada de um certo moreno e uma certa rosada insinuarem a se levantar. 

Ela não tinha se dado conta da situação perigosa que estavam. As sensações boas que estava sentido naquele momento, pisaram em qualquer bom senso que tinha. Porém, havia algo dentro dela que gritava por atenção dizendo que aquilo não era certo. E, relutantemente, ela escutou aquela voz. que ela julgou ser irritante, dentro de si.

Se levantou, muito sem graça, evitando qualquer contato direto com Sasuke, que também saiu aos poucos. Sua verdadeira vontade era agarrar o colarinho da camisa dele, e o beijar, nem que fosse para matar sua louca vontade. A boca dele estava tão próxima que ela podia sentir seu hálito fresco. Oh, aquele hálito que a viciava continuava com o mesmo odor. O que a levou pensar em seu gosto. Já havia tantas e tantas vezes sentido o gosto de seus lábios, e olhando eles e sentindo o odor de hálito fresco, tão perto, há fazia desejar aquela boca. A sorte dela foi o pouco de juízo que havia sobrado. Convenhamos, não seria lá a melhor coisa a se fazer com seu ex namorado sem memórias e os filhos a sua frente.

Ela olhou Daisuke que agora a olhava desconfiado. Olhou Mikoto que estava recuperada de seu ataque de risos e Mia que tinha um enorme sorriso no rosto.

- An... o que... - ela estava sem graça e Sasuke pôde notar isso, apesar de não estar nada desconcertado pela situação.

- Daisuke disse que eu só sairia com você, se a fizesse rir - Sasuke disse olhando o garoto com um sorriso de canto. Daisuke fez o mesmo e aquela cena não passou despercebida pela rosada. E ela tentava controlar os fogos em seu peito a cada vez que via os homens de sua vida tão perto um do outro e com um sorriso tão gostoso de se ver. Porém, aquele sorrisos estavam a colocando em maus lençóis, afinal, olha aonde ela foi parar por causa deles, que também foram os causadores por ela não fazer nada.

- Mas você roubou - estreitou seus pequenos olhinhos negros.

- Não roubei - sorriu vitorioso - você disse que eu tinha que fazê-la rir, bem... eu fiz - Mikoto sorriu vendo o filho. Ele parecia até uma criança quando quer algo, e isso lhe deu a certeza de que não era só mais uma brincadeira boba. 

- Achei que faria outra coisa - cruzou os braços fechando seus olhos. - Mas - abriu os olhos suspirando derrotado - você tem razão, pode levar ela.

- Ei - interrompeu a rosada se colocando na altura do filho - E eu nessa história toda? Minha opinião não conta não? - Seu tom era de brincadeira, porém deixou todos quietos. Daisuke a olhou nos olhos e a abraçou forte. Sakura se surpreendeu com a atitude do filho, porém retribuiu.

- Desculpa mãe - disse em bom som com sua cabeça enterrada na curva do pescoço da rosada. - Mas se você não quisesse, teria dito antes. - Sakura sentiu seu coração palpitar e arregalou seus olhos para o garoto quando o mesmo saiu de seu pescoço e a olhou divertido. Mikoto, que agora estava com Mia no colo, entrava em mais uma de suas risadas descontroladas e Mia gargalhava por ver ela naquele estado. Sasuke sorriu largo ao ouvir o que o menino havia dito, isso o deixou feliz. - E seu silêncio agora, só prova que estava certo. - Sakura abriu mais os olhos verdes para o filho que mantinha seu costumeiro sorriso do pai. Ela abria a boca e fechava sucessivamente na tentativa desesperadora de dizer "Não! Eu não quero sair com ele". Mas ela sempre foi assim, nunca conseguiu mentir. Era difícil demais omitir o seu passado com o amor da sua vida, que diga-se de passagem se esqueceu dela. Agora imagina mentir para seu filho, cujo o mesmo é tão esperto que foi capaz de perceber o que ninguém havia percebido.

- Daisuke - deixou-se relaxar depois que viu que não tinha saída - Não importa, sempre tem que perguntar para a mamãe. - sorriu terno para o filho.

- Tudo bem... - sorriu abraçando a mãe novamente - mas eu não perguntei, porque eu sabia que você queria. - Sakura fechou seus olhos para não deixar as lágrimas descerem, apertou contra seu corpo seu pequeno que fazia o mesmo. Riu internamente do garoto, mas não podia evitar estar constrangida pela situação. Ela sabia que ele mais do que ninguém queria vê-la feliz. Mas a surpreendeu o modo de agir dele. Daisuke nunca foi sociável com ninguém que ele não conhecia, Sakura ensinou isso a ele. Porém, ele virava um bicho - um bichinho fofo, mais com um panda - quando se tratava da mãe e da irmã. Porém ele não agiu assim com Sasuke. Ele sentiu ciúmes ao constatar que ele estava interessado com sua mãe. Mas algo, não tão imperceptível, queria ver sua mãe com Sasuke.

- Bem - soltou-se do abraço a rosada - acho que é hora de irmos não é? - ele assentiu com a cabeça e ela olhou Sasuke. - Desculpa qualquer coisa.

- Desculpa? - sorriu se aproximando dela. - Por que? - Sakura não sabia exatamente o porquê de estar se desculpando, na verdade, era só uma desculpa para não ficar que nem uma idiota depois de seu filho assumir, por ela, que ela estava interessada nele. Aquilo, de fato, não era uma mentira. Oh, como não era. Mas ela estava se esforçando para se manter longe, e nada estava ajudando, pois tudo que fazia a levava até ele. 

- Bem... desculpe pela brincadeira de meus filhos - sorriu sem graça ainda com suas mãos apoiadas no ombro de Daisuke, que olhava tudo curioso. Sasuke retorceu os lábios e depois olhou para a mãe. E ela sorriu, como se soubesse o que ele lhe pedira em pensamento.

- Bom, já que vocês vão embora. - Sakura virou seu rosto para tia - vou levar as crianças para se despedir dos outros homens dessa casa - sorriu para Mia que estava sonolenta em seu colo e olhou para Daisuke que assentiu com a cabeça. Sakura mandava sinais com a cabeça para a tia que fingia não ver nada. E logo os três já não estavam mais ali. E Sakura sentiu-se uma adolescente pelo seu nervosismo. Porém, aquilo não seria um primeiro beijo, que é típico dessas borboletas na barriga. Ela estava ali, com seus sentimentos intensos e seu ex namorado sem memória.

- Se quer se desculpar - ouviu a voz dele por detrás de suas costas. Mordeu o lábio inferior na tentativa de acabar com seu nervosismo. Não funcionou. - se desculpe quando disser que não vai jantar comigo. - Assim que ele terminou, ela virou-se para ele. Ouvir algo daquilo era doloroso para ela, ainda mais com aquela voz. Aquela voz que indicava que ele estava chateado, o sentimento que só ela conseguia sentir. Ele brinca com ela, a manipula e nem tinha a consciência disso. E esse era seu ponto superior a ela. 

- Não é isso - suspirou segurando firme a barra de sua blusa. Precisava aliviar o nervosismo e aquele era o único jeito que conhecia, já que os anteriores não deram certo.

- Então diga o que é.. - se aproximou e ela quis recuar, porém nada fez.

- Bem - firmou sua voz - é que eu não acho que seja mulher para você - ela tentava, enquanto dava aquela desculpa idiota, inventar uma melhor. O que não dava certo por conta de seu nervosismo. 

- Então eu não sou bom o suficiente? - indagou com aquela voz.

- Não! - arregalou seus olhos esquecendo seu nervosismo - Nada disso, não quis dizer isso - O nervosismo havia ido embora, porém ele apenas deu lugar ao desespero. Sakura nunca, ainda que ele não fosse seu Sasuke, iria querer que ele entendesse as coisas daquele jeito. Ele era o suficiente para ela, ele era o melhor... o único. E suas palavras pareceram aliviar Sasuke, que deixou até deixou seus ombros caírem.

- Então eu não entendo. -  suspirou a fitando. O que dificultava as coisas para a rosada. Já estava difícil estar tão perto dele, imagina sobre seu olhar. E ela sabia que ele a analisava.

- É que... eu sou mãe e... - pigarreou por suas palavras - você é solteiro e... - aquilo doía nela. Ele era pai também, ainda que não soubesse.

- Ah, é isso? - sorriu dando uma olhadela pelo local - Eu não tenho nenhum problema com isso, pelo ao contrário, seus filhos são maravilhosos. - finalizou deixando seu olhar sobre ela. Ela engoliu em seco observando os olhos negros do homem. Eles estavam calmos mas conseguiam a perfurar de várias as formas. Diferente dos dela, que estava se movimentando, mostrando todo o nervosismo que estava voltando.

- É que... - olhou outro ponto qualquer.

- Se não quiser, eu vou entender - disse por fim. Sakura, de repente, viu seu nervosismo ir novamente embora. Ela estava ridícula, e percebeu isso. Estava o enrolando e não podia permitir isso. Parecia realmente uma adolescente que está em seu primeiro encontro. 

Ele só quer sair... Sakura.

Porque ele se interessou por você...

Isso não deveria ser bom?

Ah, agora você diz isso - gritou para sua consciência que não parava de gritar em sua mente. Olhou Sasuke e soltou um grande suspiro.

- Desculpa - sorriu  - Estou ridícula te enrolando assim. É que tem algum tempo... - engoliu em seco tentando disfarçar passando sua mão na testa - que eu não me envolvo com ninguém... na verdade, desde que o Daisuke nasceu - Abaixou seu olhar. Ela tinha plena consciência de que não era nada certo falar sobre aquilo com ele. Porque a verdade é que ela se envolveu em casos rápidos, alguns homens ela nem se quer lembra do nome. E isso tudo, depois que perdeu Sasuke.

- Tudo bem, se quiser adiar ou.. sei lá, se não se sente bem. - Oh, aquela voz, mais uma vez. E essa era a deixa dela, era a hora dela dizer "Vamos adiar, não estou pronta". 

Porém...

- Não, tudo bem. - olhou ele com um meio sorriso - Eu quero ir.

- Não quero forçar você - disse com um sorriso fraco e sem humor nenhum. Ela sorriu fraco também com a cena nostálgica e abaixou seu olhar, pois queria chorar. Chorar feito uma criança, aquelas que te fazem pensar que nunca irão parar. Esperou sua vontade baixar, e quando sentiu suas lágrimas voltarem pouco a pouco o olhou de volta.

- Tenho cara de quem está sendo forçada? - sorriu de canto o que o fez sorrir - Eu quero ir e isso ficou claro a algum tempo, quando meu filho mesmo disse. - Ele abaixou sua cabeça lembrando da cena e rindo junto a ela.

- Então isso quer dizer que você terá um jantar comigo - sorriu galanteador, fazendo a rosada sorrir junto

- Eu acho que sim - sorriu terna

- Bem, pode ser amanha? - ela assentiu - Então... me passa seu numero e eu te pego amanha. - Ela assentiu novamente mordendo o lábio inferior, olhando o chão. Sasuke olhou ela sem piscar. Ela era linda demais ao ver dele, e isso o trazia ansiedade, queria o quanto antes que chegasse amanha. 

Depois de trocarem números, a rosada foi se despedir de todos. Antes de entrar em seu carro, junto com Daisuke e Mia que dormia serenamente, ela ainda recebeu um último sorriso de Sasuke, o que resultou em um sorriso dela.

...

Sakura chegou com seus pequenos em casa e logo levou Mia a seu quarto. Daisuke tomou um banho e logo a mãe apareceu para colocá-lo na cama. O menino adorava quando a mãe deitava junto a ele até ele dormir. O que acontecia sempre, porém Mia sempre ficava junto e eles sempre faziam isso na grande cama da mãe, onde cabia os três perfeitamente.

- Vai ficar aqui? - indagou o garoto deitado

- Se não tiver problema para você... - ele negou com a cabeça rapidamente - eu fico então.

A rosada colocou o pequeno Daisuke entre seu braço, com ele deitando sobre seu busto.

- Mãe? - disse em tom baixo

- Sim?

- Você... - ele parecia incerto sobre o que iria falar - você gosta do Sasuke? - Sakura já não se assustava com as perguntas do filho. Mas ainda se sentia mal com elas, e com aquela não foi diferente.

- Você sabe o que é gostar? - indagou tentando mudar de assunto

- É quando você se sente bem com alguém, não é? - levantou sua cabeça olhando a mãe

- Também... - sorriu, ele era realmente esperto.

- Você ainda não me respondeu - insistiu. Sakura sorriu pelo nariz encarando ele.

- Para que você quer saber isso? - indagou o puxando mais para si

- Porque eu quero ter certeza - bufou

- Então você acha que eu gosto dele?

- Sim.

- Por que? - indagou

- Bem, você ficou boba quando estava com ele - sorriu levantando de novo sua cabeça para olhar ela - tia Hinata disse que quando a gente gosta de alguém, a gente fica bobo. - Sakura sorriu repreendendo sua amiga mentalmente.

- As vezes a gente fica bobo por outras coisas - suspirou sem saber o que falar. Ela nunca foi boa para despistar seu filho, e o mesmo nunca colaborou. No fundo, não podia repreender Hinata, nem mentalmente. O filho deve ter a torturado com perguntas antes dela lhe dizer algo.

- Mas você estava diferente, nem quis sair do chão quando ele caiu com você - resmungou e Sakura o olhou incrédula.

- Daisuke... não... 

- Ah mãe - revirou os olhinhos - Eu não sou burro, você gosta dele - Sakura ficou na mesma reação que teve há algum tempo, também com o filho. Na verdade, aquelas não foram as primeiras vezes, porém ele sempre conseguia deixá-la sem palavras.

- Tudo bem - sorriu depois de se recuperar - eu me sinto bem com ele. - sorriu confirmando e se lembrando de Sasuke.

- Isso quer dizer que você gosta dele - afirmou contente.

- Ei, me parece que tem alguém feliz aqui - sorriu ela 

- Bem, eu gostei dele - Sakura sessou o sorriso. Estava indo longe demais com aquilo, mas ao mesmo tempo não conseguia evitar e isso a deixava em um impasse mortal.

- Sério? - sorriu fraco

- Sim, ele foi o único homem que eu percebi que gosta de você - Sakura encarou o filho surpresa

- Filho... o Sasuke me conheceu agora, não pode gostar de mim ainda - suspirou

- Mas eu vi mãe, ele gosta de você. 

- Tudo bem - suspirou acarinhando o cabelo do filho. Em meio a isso, deixou algumas lágrimas escaparem de seus olhos. Limpava rapidamente para que ele não visse ou pegasse nele. As coisas não estavam nada boas, e ela sabia disso. Mas não podia evitar, queria estar com ele.

...

Sasuke saiu de sua casa e foi direto a de sua amiga, quer dizer, de seus amigos. Como era caminho para seu apartamento e sabia que eles dormiam tarde, resolveu pedir ajuda.

- Então Sasuke - suspirou Ino sentando no sofá, a frente de Sasuke, com uma xícara de café. - O que te trouxe aqui?

- Saudades - sorriu ele com sua xícara de café também.

- Aham, conta outra, essa não colou. - revirou os olhos o ruivo sentado ao lado de sua mulher.

- Bem... preciso da ajuda de vocês - parecia desconcertado.

- Sério? - Ino deixou seus olhos brilharem

- Sim - suspirou - Eu...vou sair com uma mulher amanha.

Ah.. - Ino revirou os olhos - Faça qualquer coisa, ela vai cair aos seus pés. - Gaara deu uma pequena risadinha.

- Acho que ela não é assim.. - arqueou uma sobrancelha 

- Tá, o que quer então? - indagou sem muita vontade ainda

- Que me diga um lugar que ela goste. - sorriu de canto

- Como eu vou saber onde as vadias que você sai gosta de ir? - se irritou

- Primeiro: ela não é uma vadia - a loira revirou as bagues azuis de novo - e segundo: ela é amiga de vocês, é obrigação de vocês saberem - Foi a vez de Gaara se confundir e Ino arqueou uma sobrancelha.

- Com quem você vai sair, Sasuke? - indagou Gaara só para constatar o que já sabia.

- Com a Sakura. - afirmou convicto e vitorioso.

- Você... - Ino ficou perplexa e Gaara deixou um sorriso discreto formar em seus lábios - Não... é brincadeira né? Você quer...

- Ino? - Gaara a olhou e ela já limpava seus olhos

- Droga... você quer me iludir? - Sasuke arqueou uma sobrancelha olhando Ino chorar. 

- Não, não quero te iludir... sei lá - sorriu confuso pela situação, ainda sem entender o que deu na loira.

- Droga, então ela te contou tudo e nem falou para a gente... - Gaara quase cuspiu seu café com o dito de sua esposa. Olhou Sasuke pedindo em mente para que ele não tivesse escutado aquilo, porém...

- Contou o que, Ino?