História Estrangeira - Jin

Jin

Jhey estava deitada no canto da cama da Soon mexendo no celular pouco se importando com a conversa, Soon estava sentada no pé da cama, e o resto de nos estávamos sentados no tapete do quarto dela , eu estava encostado na parede, escuto a historia ainda preocupado pois não sei se isso realmente daria certo. 

De onde estou consigo ver o rosto da Jhey , ela pega um fone de ouvido no criado mudo da Soon, conecta no celular e se ajeita, deitando na cama de costas para nos, ela parecia chateada ou brava, não sei, essa garota ainda é um enigma pra mim. 

- Não liguem pra essa doida, ela tem picos de mau humor do nada. - Soon fala apontando pra Jhey. 

Jhey tira os fones e larga o celular em cima da cama, se levanta sem falar absolutamente nada e sai do quarto, todos estão olhando pra ela sem entender, Soon suspira e fala. 

- Jin, vá atrás dela. - Ela fala me encarando. 

- Porque eu? - Pergunto desconfiado. - Eu mal a conheço, se ela realmente estiver brava não vai me querer por perto. 

- Se eu a conheço ela vai andar por ai, ela deixou a chave do carro aqui. - Ela aponta para a escrivaninha onde esta a chave do carro dela. - Apesar da boa memoria dela, quando ela sai pra andar assim ela não presta atenção ao caminho, portanto ela vai se perder, e eu também não sou boa em achar caminhos, então vai logo antes que você não a alcance mais, ela anda muito rápido. 

Enquanto ela termina de falar eu levanto e saio correndo atrás dela, olho para os lados e vejo o reflexo do cabelo dela, e saio correndo naquela direção. A alcanço e ela percebe que eu paro ao seu lado. 

- Oi. - Digo sem graça. 

- Volta pra lá, vocês precisam de um plano melhor pra defender aquela maluca, e pra defender o próprio couro não é. - Ela da uma risada soprada, muito sarcástica. 

- Aonde você vai? - Pergunto tranquilamente sem me preocupar com o que ela falou, nem eu sei de onde veio tanta coragem. 

- Andar por ai. - Ela fala dando de ombros. - Relaxa pode voltar pra lá, se eu me perder peço a um taxista para me levar ao hotel e lá eu pago. Eu tenho boa memória, lembro o endereço do hotel. 

Paro na frente dela fazendo-a parar de andar e estico a mão direita em comprimento, ela me olha desconfiada e estica a mão para apertar a minha, então eu falo. 

- Prazer, seu taxista ambulante hoje. - Ela ri e solta a minha mão. 

- Então vamos, eu não sei pra onde vou, só quero me exercitar um pouco, respirar e colocar a cabeça no lugar. 

Ela fala e eu volto a ficar do seu lado indicando o caminho a frente com as mãos para que ela possa voltar a andar, andamos e ficamos fazendo perguntas aleatórias um ao outro sobre as coisas que nos gostávamos como: cor, desenho, jogo, lugar, comida, enfim, essas coisas, até que ela parou olhou pra mim. 

- Sabe como voltar daqui? - Ela fala tranquilamente. 

- Sei. Já quer voltar? - Pergunto olhando pra ela que vira pra mim e me dá um sorriso muito bonito. 

- Digamos que eu não estou com uma roupa muito adequada para fazer exercício, e se eu me cansar de mais eu não consigo voltar, então acho melhor voltarmos, além disso, começou a ventar. - Ela me responde e eu aceno com a cabeça afirmando que entendi. Tiro o casaco fino que estou usando e coloco nos ombros dela que sorri de novo, ela veste o meu casaco e indica o caminho com a cabeça. 

Voltamos a andar pelo caminho que viemos, e continuamos conversando, quando ela segura minha camiseta e para de andar, eu olho assustado para ela tentando entender a sua reação, quando percebo o ponto para onde ela está olhando, tinha uma criança com um ramster nas mãos, brincando com seu bichinho de estimação. 

- Você tem medo de ratos? - Pergunto percebendo que não era necessário perguntar, a mão dela tremia e suava olho pra ela de novo e vejo seus olhos cheios de lagrimas, ela visivelmente tentava controlar o medo, inutilmente. - Vamos virar e ir pela outra rua tá. 

Ela balança a cabeça em negativa e eu olho pra ela confuso. 

- Ele vai ficar onde eu não posso ver. - Ela fala com a voz tremula. 

- Tá então vem para o outro lado. - Troco de lado com ela, assim eu passaria mais próximo ao animal do que ela, instintivamente para que ela se sinta protegida eu abraço-a pelos ombros e vou andando devagar. 

Quando estamos quase lado a lado com o animal ela começa a andar muito rápido e eu aumento a velocidade dos passos para conseguir acompanha-la que agora estava quase correndo, andamos mais umas duas quadras assim, ela fica sempre olhando pra trás como se estivesse sendo perseguida, quando ela para do nada para respirar e eu paro a sua frente. 

Percebo algumas lagrimas escorrendo pelo seu rosto, ela respira fundo, eu não sei o que está dando em mim hoje, me aproximo dela e levanto seu rosto com uma das mãos, ela me olha nos olhos, então eu seco suas lagrimas com as mãos. 

- Está tudo bem, já passou. -Eu falo e ela inesperadamente me abraça escondendo o rosto no meu peito, eu apenas retribuo fazendo carinho no seu cabelo. 

Alguns segundos depois ela me solta e eu a deixo se afastar do abraço. 

- Desculpa. - Ela fala baixo. - Mas é que essa droga desse bicho me deixa em pânico, eu odeio ratos, é a única coisa no mundo que me faz ter medo. 

Ela fala como se estivesse irritada consigo mesma e eu sorrio. 

- Tá tudo bem, agora vamos que já está começando a escurecer, eu seguro na mão dela e vou puxando-a, ela tem as mãos tão pequenas e delicadas que parecem sumir nas minhas. 

Chegamos à casa da Soon com aquele batalhão no portão, mal chego e já posso ouvir a voz da Soon alta. 

- Vocês querem me matar do coração, vocês demoraram muito, mas que diabos vocês estavam fazendo? - Ela fala quase gritando. 

- Calma, eu só queria andar e colocar a cabeça no lugar. - Jhey fala tranquilamente. - Parece que não me conhece. 

Todos estão com uma cara estranha, quando percebo pra onde eles estão olhando, nós ainda estamos de mãos dadas, ela parece nem perceber ou não se importar com isso. 

- Jin eu mandei você buscar ela e não sumir com ela pra namorar. - Soon fala e eu começo a ficar muito corado, Jhey solta a minha mão e aperta a minha bochecha. 

- Que bonitinho, relaxa nem liga pro que essa doida tá falando, ela tá com inveja porque o... - Soon tampa a boca dela com a mão e fala. 

- Querida amiga, se você disser mais uma palavra você volta pro Brasil em pedaços. - Dá pra ouvir a risada da Jhey mesmo com a mão da Soon em sua boca.