1. Spirit Fanfics >
  2. Eu correrei até você com os pés molhados >
  3. De Volta ao Zero

História Eu correrei até você com os pés molhados - De Volta ao Zero


Escrita por: yunnami

Capítulo 16 - De Volta ao Zero


Fanfic / Fanfiction Eu correrei até você com os pés molhados - De Volta ao Zero

Um clima pesado ficou no ar enquanto Hye-Soo passava os dedos pela tela do celular de Mariana. Ninguém dizia nada. Não sabiam o que dizer. De repente, a mulher deu um sorriso cínico e falou:

- Prontinho! Agora está tudo certo! Eu apenas formatei seu celular, por segurança, ok?

- VOCÊ O QUE? - Mariana tomou o celular da mão da mulher de forma brusca e percebeu que ela não havia apenas excluído as fotos dos dois. Havia apertado reset. Todos os seus apps, contatos, notas importantes, mensagens, áudios e imagens da galeria haviam sido apagados. O celular parecia novo. - M-meus horários das aulas estavam aqui, tinha fotos da minha família e amigos que eu não salvei em nenhum outro lugar. C-como pôde fazer isso? - a jovem esqueceu completamente o coreano, falava em inglês com dificuldade enquanto olhava desesperada para a tela do celular. Tentou procurar as selfies que tirou nas bodas dos avós e suas fotos pessoais desde que chegou na Coréia. Não tinha mais nada ali. 

- Esqueceu de mencionar que também tinham muitas fotos e mensagens com Jungkook. Não te avisaram que ele é um idol? - ela cuspiu em inglês, olhando para Namjoon que era o único que entendeu de fato o que estava acontecendo. 

- Ela é de confiança, noona... - o mais velho tentou dizer de forma calma, mas foi interrompido por Seung.

- A garota pode até ser confiável, acreditamos de verdade nisso. Mas e se esse celular caísse nas mãos erradas? Se é que já não caiu... 

- Eu jamais prejudicaria o Jungkook. - A menina disse baixo, finalmente tirando os olhos do aparelho. 

- Bom, estamos só fazendo nosso papel. Agora sabe que precisa ter mais cuidado. A vida deles não é um brinquedo que você pode carregar na palma da sua mão.

- Não, pelo jeito isso é o que vocês fazem! - a brasileira olhou firme para o casal. Hye-Soo se aproximou fingindo um sorriso e colocou a mão no ombro da garota, como se fosse a consolar.

- Se você acha que os meninos não gostam de serem tratados dessa forma, pergunte a eles quem eles escolheriam: nós ou você? A carreira deles ou um pouco de diversão com uma estrangeira? Pergunte a Jungkook... - ela falou baixo em inglês no ouvido de Mariana que olhou para o grupo. Todos eles pareciam não entender direito o que estava acontecendo ou simplesmente estavam acostumados com aquele tipo de exigência. Para eles devia ser normal ter que deletar todas as informações do celular e de suas vidas pessoais para poder trabalhar. Seus olhos castanhos então pousaram nos de Jungkook, o jovem apertava os punhos inquieto, como se quisesse dizer algo, mas não o fez. Ninguém disse nada.

- Bom, meninos, agora digam tchau para a amiga de vocês. Acho que já está tarde e ela deveria ir embora. Amanhã de manhã anteciparemos uma sessão de fotos, acho bom vocês não estarem com cara de sono! - O homem sorriu tentando falar de forma paternal, mas soou um pouco forçado, então ele virou para a brasileira e terminou: - desculpa por isso, minha jovem! Você pode ir agora, os seguranças te acompanharão até a saída. 

- Obrigada por tudo, Mariana! Nós gostamos muito dos doces e da sua companhia. Nos desculpe por ter que ser assim. - Namjoon disse em voz bem alta e clara, como se tivesse sido programado para aquilo. 

- Obrigada. Nos vemos outro dia. - Os demais membros disseram um pouco cabisbaixos. 

Jungkook, porém, não disse nada, parecia paralisado. Mariana deu um último olhar triste para ele e curvou o tronco, se despedindo. Se falasse alguma coisa, poderia chorar, então preferiu sair em silêncio pela porta que Seung segurava aberta para ela. 

Ao chegar na portaria do condomínio, quando os portões foram fechados atrás dela a garota se lembrou que todos os seus aplicativos haviam sido deletados. O seu número coreano não tinha nenhum plano e tentar instalar um app usando apenas os dados móveis não funcionaria. Ela se virou para um dos seguranças novamente e tentou pedir para que ele a deixasse subir novamente, apenas para que ela usasse a internet e chamasse um carro, mas a resposta foi:

- Sinto muito, senhorita. Não pode mais subir. 

Mariana caminhou pelo bairro desconhecido até encontrar um ponto de ônibus. Se sentiu aliviada por não ter esbarrado com nenhum homem na rua. O trajeto que levava pouco mais de uma hora de táxi, levou o dobro de ônibus, contando com as paradas nos terminais. Quando finalmente chegou no corredor cheio de portas, no prédio onde morava, lembrou de mais um detalhe importante que havia sido perdido junto com a memória do celular: a nova senha da porta. "Puxa! Parece que sempre tem como piorar..." - ela pensou frustrada. O sistema de segurança havia sido alterado naquela semana e a garota ainda não tinha decorado o número. Estava tarde para ligar ou chamar a senhora Choi, dona do residencial.

Depois de algumas tentativas na esperança de se lembrar dos seis dígitos, Mariana se rendeu ao choro, deslizando as costas na porta e sentando no chão. Seria uma longa madrugada até amanhecer. Longa e fria. Ela abraçou os próprios joelhos e deixou as lágrimas caírem. Não estava só frustrada pelo celular, as fotos que havia perdido ou por não poder entrar em casa. Estava triste por precisar admitir que sua vida não combinava em nada com a de Jungkook.

_________________

Mariana's POV

Quando eu finalmente tive coragem para encarar meu celular zerado, vi que haviam algumas mensagens de um número desconhecido. É claro que eram de Jungkook. O número dele também tinha ido pelo ralo. 



Número desconhecido: Mariana, me perdoe por hoje.
Eu não queria que tivesse sido assim... eu não soube o que dizer ou fazer. Eu espero que você esteja bem. 
Mariana?
Você já chegou em casa?
Ah, só para você saber... os hyungs gostaram muito de você e todos elogiaram seus doces!
Você está brava?
Por favor, me responde...
Nós vamos ficar bem não vamos?

 

Não é que eu não queria responder. Eu só estava cansada e não queria ter que nos consolar mais uma vez. Fechei meus olhos por alguns minutos e quando os abri, a bateria tinha morrido. Minha única distração naquela madrugada também tinha me deixado. Era a primeira vez que me sentia tão sozinha, em muito tempo. Me arrependi por não ter respondido Jungkook. Com certeza ele iria ficar deduzindo que eu estava furiosa ou algo do tipo. 

Quando finalmente clareou o dia, eu levantei me sentindo toda dolorida. Nenhum vizinho apareceu, porque era domingo. Fiquei aliviada, pois eu provavelmente estava parecendo um zumbi. Se eu tinha conseguido dormir por 40 minutos naquela madrugada, já teria sido muito. Caminhei até o térreo, onde a senhora Choi tinha seu mercadinho. Estava aberto e com cheirinho de café, que delícia! Entrei no lugar tentando dar uma ajeitada nos meus cabelos, ela se assustou um pouco quando olhou para mim.

- Oh, annyeong, Anari! - era assim que a senhora Choi me chamava. An Ari ou Anarí (안 아리) era o nome coreano que acabei escolhendo em uma das aulas. Era mais curto e fácil de ser pronunciado pelos asiáticos. Além disso, meu apelido brasileiro "Mari", é uma palavra usada na Coréia para contagem de animais. Para evitar qualquer confusão ou a possibilidade de algum comentário ofensivo, os professores recomendaram que eu escolhesse um nome coreano para mim. Optei por algo que, ao pronunciado, não fosse tão diferente do que eu já estava acostumada. Anari parecia sonoramente com Mari, então estava feliz com a escolha e atendia prontamente quando era chamada.

- Annyeong, ajumma! - embora eu achasse muito informal, por eu ser uma estrangeira, chamar a senhora Choi daquela forma, foi assim que ela pediu para que eu a chamasse. Ela era uma das melhores pessoas que eu poderia ter conhecido na Coréia. Uma mulher baixinha e muito carinhosa, sempre carregada de bons conselhos e comidas gostosas. 

- O que aconteceu, querida? Parece que não dormiu muito bem! - ela veio preocupada na minha direção e me deu um ou dois apertões nos braços.

- Eu não dormi - ri baixinho - infelizmente eu perdi todas as informações do meu celular e acabei perdendo a nova senha da porta também. Acabei tendo que dormir no corredor, mas não se preocupe! Está tudo bem! Você pode me passar a senha novamente, por favor?

- Pobrezinha! Por que não me chamou? - ela passou as mãos pequenas macias no meu rosto. Ela sempre dizia que eu tinha ossos faciais bonitos, que deveria ser uma atriz ou algo do tipo. Abracei ela a deixando um pouco sem reação, mas logo ela retribuiu fazendo um carinho nas minhas costas. 

- Estava muito tarde, não quis te acordar! Hoje é domingo então eu vou poder dormir bastante. É isso! Dormirei o dia todo! - eu coloquei as mãos na cintura e dei meu melhor sorriso. 

- Na próxima vez, pode me chamar, não importa o horário! Agora venha cá, vou te dar um café com bolinhos e aí resolvemos o problema da porta, está bem? - Eu assenti. Estava profundamente grata por ter alguém como ela em minha vida.

Tudo o que uma estudante estrangeira vivendo na Coréia que passou a madrugada em claro e estava morrendo de fome precisa é de uma vovó.

 

 


Notas Finais


Quem aí ficou com o coração na mão? :(


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...