Melissa: Pra que uma casa tão grande só para duas meninas? - Fechou a porta atrás de si.
A casa realmente grande só para duas pessoas. Melissa deixou suas coisas sobre a mesa, foi olhando cômodo por cômodo e não deixou de arrumar algumas coisas fora do lugar.
Meia hora depois Melissa já estava indo embora. O caminho de voltar havia sido tão curto que ela nem acreditou. Ouviu o barulho da tv ligada, encontrando Hanna a olhando.
Hanna: Achei que ia pro hospital encontrar a Alex.
Melissa: Não. Eu tinha que ir em outro lugar. E eu que achei que você ia lá com ela.
Hanna: Não. Não quero entrar naquele hospital novamente. Deus me livre.
Melissa: De qualquer jeito, daqui a pouco ela já chega. Eu vou fazer o almoço, qualquer coisa me chama na cozinha.
Hanna: Ta bom. - Voltou sua atenção para seu celular, ao contrário do que Melissa pensava, a estava ligada, mas Hanna nem sabia que canal estava. - Assim que eu gosto.
Melissa: Hanna?
Hanna: Oi? - Bloqueou a tela do celular.
Melissa: Já coloquei tudo no fogo. Pode olhar as panelas enquanto tomo banho?
Hanna: Isso foi bem rápido. Eu olho sim.
Melissa: Eu já tinha deixado tudo pronto, era só colocar no fogo. Eu não demoro.
[...]
Peter: Você está livre do hospital. Vamos passar em um lugar antes de ir para casa? Tipo uma comemoração.
Alex: Que lugar seria esse?
Peter: Você vai gostar. - Alex viu seu pai indo para o caminho oposto de sua casa e estranhou.
Alex: Me conta, pai.
Peter: Você tem duas tentativas. Quero ver se você é boa.
Alex: Mercashopnema?
Peter: O que é isso? - Franziu o cenho.
Alex: Mercado, Shopping e cinema. - Começou a rir.
Peter: Perdeu feio, mas vou contar. Já que eu te dei suas chances e você usou três.
Alex: Eu tentei, vai. Você disse que eu ia gostar e eu chutei as coisas que gosto.
Peter: É uma coisa que você tinha e deixou ir embora.
Alex: SÉRIO? - Cobriu a boca após o grito que deu.
Peter: Quer me deixar surdo? É sério sim. Mas vai ter que cuidar.
Alex: Eu vou cuidar.
Minutos depois Alex já tinha escolhido seu mais novo bichinho de estimação. Era um filhote que estava longe dos outros, só dormindo. Pegou tudo o que um filhote precisava e o que ele iria precisar.
Peter esperou por longos minutos até Alex levar tudo até o caixa para pagar e ir pra casa. Não ligou para o tamanho da conta. O sorriso no rosto de Alex valia muito mais e era o que importava.
Peter: Já escolheu um lugar pra colocar o filhote?
Alex: Dentro de casa. No fundo. No meu quarto. - Pegou o filhote no colo e fechou a porta.
Peter: Dessas opções sua mãe vai aceitar só uma. No fundo.
Alex: Mas ainda é filhote, não pode ficar no frio.
Peter: Por mim não tem problema, mas sabe que é sua mãe que manda. - Abriram a porta da frente, dando de cara com Hanna.
Hanna: De onde saiu esse cachorro? - Franziu o cenho.
Alex: Meu pai acabou de me dar. Não é uma gracinha?
Hanna: É sim.
Alex: Quer pegar?
Hanna: Não, não. - Deu alguns passos para trás.
Peter: Cadê a Melissa?
Hanna: Foi tomar banho. Acabei de desligar as panelas e vocês chegaram.
Alex: O cheiro está bom. Meu estômago dói só de sentir.
Melissa: É strogonoff, querida. Seu prato preferida. - Desceu a escada.
Alex: Adoro, vou comer até não tiver mais nada. Acho bom pegarem na minha frente.
Melissa: E essa bolinha na sua mão? - Acariciou a mini cabecinha do filhote, que ainda estava dormindo nos braços da Alex.
Peter: Gostou, amor?
Melissa: É bem fofinho. Mas eu acho bom a senhorita cuidar desse aí. Não te quero chorando porque não prendeu no lugar certo.
Alex: Vou cuidar. Peguei tudo o que preciso pra não deixar escapar dessa vez.
Hanna: Qual é o nome dele ou dela?
Alex: Ainda não tem nome. E é fêmea. Mais uma mulher nessa casa.
Peter: Estou perdido. - Fingiu falsa indignação.
Melissa: Coloca ela lá no fundo, depois a gente arruma um lugar pra ela dormir. Some para tomar banho enquanto arrumamos a mesa.
Alex: Estou morrendo de fome mesmo. Já falei? Já falei que sua comida é a melhor do mundo?
Melissa: Para de enrolar me rasgando elogios. Coloca ela lá e sobe correndo.
Alex: É pra me esperar descer, hein. - Todos assentiram. Alex levou sua filhotinha até os fundos da casa e correu de volta.
Melissa: Não corre na escada, Alex.
Alex até pensou em voltar e falar que a mãe tinha mandando ela correr e depois mandou não correr, mas preferiu tirar suas roupas e entrar no chuveiro.
Com ajuda de Peter, Melissa começou a colocar as panelas sobre a mesa. Hanna se encarregou de pegar os copos e o suco, já que os pratos e os talheres já estavam postos na mesa.
Melissa: E como foi lá, Peter? Teve alguma coisa que deixa a Alex triste? Por isso comprou o cachorro?
Peter: Ela está bem, nem parece que ficou em coma. O Rodrigo fez os últimos exames e não apontaram nada. Eu só comprei o filhote porque estou sentindo falta dos sorrisos da Alex.
Melissa: Ela não é mais a mesma. Mas ainda bem que não deu nada, deveríamos agradecer a Francielle. - Alex estava prestes a entrar quando ouviu o nome de Francielle e voltou para trás.
Hanna: Por que? - Perguntou com arrogância.
Melissa: Porque foi ela que não deixou desligar os aparelhos, além de passar dias e noites com ela. Acha pouco falar pelo menos um obrigado?
Peter: Foi uma coincidência, Mel. Já falamos sobre isso.
Melissa: Coincidência ela se mexer bem na hora que a Francielle deu um beijo nela? Se a Francielle não tivesse se aproximado naquela hora, não iríamos ver a nossa filha mexendo na mão dela.
Hanna: Isso já foi, deixa pra lá.
Melissa: Eu não deixo não. Lembra da vez que a Francielle falou que sentiu a Alex apertar a mão dela e você disse que era coisa da cabeça dela? Desde esse dia Alex estava nos avisando e só a Francielle percebendo. - Alex ouvia tudo em silêncio e lágrimas. Uma raiva surgiu dentro dela e uma alegria também.
Hanna: Aquela menina é uma intrometida. Nem da família ela era pra querer ficar com a Alex.
Melissa: É precisa ser da família pra se preocupar? - Nenhum dos dois responderam. - Eu nunca vou cansar de agradecer e de ter ido atrás dela quando vocês dois fizeram ela ir embora do hospital.
Peter: Não vamos discutir de novo, Melissa. Isso é uma página virada nas nossas vidas. E daqui a pouco a Alex vai descer.
Melissa: Faz o que você quiser, Peter. - Alex secou o rosto, pronta para entrar e fazer cara de paisagem. - Pensamos diferente.
Alex: Quem pensa diferente de quem? - Entrou com um sorriso fraco nos lábios, sendo percebido só por Melissa.
Peter: Nada, meu bem. - Deu os ombros.
Hanna: Nada. Vamos comer?
Melissa: Vamos.
Peter: Estamos todos famintos.
Melissa foi a primeira a se sentar no lugar de sempre. Peter achou que também iria, mas Alex tomou a frente e se sentou ao lado da mãe. Deixando Hanna e Peter do outro lado.
Melissa estranhou o ato da filha, mas não questionou. O almoço era regado de conversas e risadas entre Peter e Hanna. Alex a olhava sem saber o que poderia fazer primeiro com ela, sua raiva só aumentava a cada risada que Hanna dava.
Hanna: Tem alguém aí? - Bateu as mãos. - Alex?
Peter: Alex? Oi? Dormiu com os olhos abertos?
Alex: O que foi? - Disse seca. Por baixo da mesa, Melissa colocou a mão sobre sua perna em uma pedido mudo de calma.
Hanna: Não ouviu o que a gente falou? Viajou para o mundo da lua e esqueceu de avisar?
Alex: Claro. Não está me vendo lá na lua? Pega um telescópio e veja se estou rindo?! - Todos olharam para ela. - Eu não ouvi do que estavam falando.
Hanna: Qual vai ser o nome da cachorrinha? - Cruzou os braços.
Alex: Ainda não sei, não pensei nisso. Tenho várias coisas pra pensar e organizar na minha cabeça. - Se levantou. - Eu vou lá cuidar dela
Melissa: Você falou que estava com fome e nem comeu direito. Não está se sentindo bem?
Alex: Eu estou bem, mãe. Depois eu como. Pode guardar pra mim?
Melissa: Claro, filha. - Alex deu um sorriso para mãe e saiu pisando firme.
Hanna: Acho que o almoço acabou. Eu lavo a louça.
Peter: E eu vou voltar dar uma corridinha no banheiro e vou pro trabalho. Beijo pra vocês, até mais tarde. - Jogando beijos no ar, Peter subiu as escadas.
Melissa: Precisa de ajuda para tirar a mesa? - Hanna negou. - Eu vou lá ajudar a Alex.
Hanna: Ta bom. Qualquer coisa eu vou subir.
Melissa: Eu aviso a Alex que você subiu. - Deu uma última olhava para Hanna, só para ter certeza que ela iria mesmo fazer alguma coisa e foi atrás da filha. - Querida?
Alex: Aqui atrás das caixas.
Melissa: Achei que você estava com a cachorrinha.
Alex: A Nikita tá dormindo, podemos conversar?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.