História Eu tenho um pequeno problema - As plantas também amam

 

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– É uma ideia estúpida!

 

– Mas você não pode decidir isso sem tentar!!

 

– Jessica! Não vai dar certo!

 

– Vai sim!

 

– Não! Não vai!!!

 

– Eu estou dizendo que vai funcionar!!

 

– Só por ser você falando é que nunca vai dar certo!!!

 

– Stephanie você ao menos tentou!!

 

– Eu não preciso tentar!

 

 

Duas peças ao lado Taeyeon e Krystal apostavam com Hyoyeon qual das duas daria o braço a torcer primeiro.

 

– Você apostou seis na sua irmã? – Hyoyeon ficou surpresa, Soojung estava creditando Tiffany como a mais teimosa.

 

– Sou eu contra vocês duas. – Taeyeon tinha apostado suas oito balas na Jung mais velha, acompanhando a sunbae na aposta.

 

– Vamos comer muitas balas hoobae Kim. – a loira acotovelou Taeyeon.

 

– Não, ainda não sabemos se ganhamos. – Taeyeon encarava Soojung enquanto falava e as duas riram.

 

– As vezes eu sinto que estou atrapalhando. – Hyoyeon queixou-se com falso incômodo, as duas deram continuidade as gargalhadas.

 

No quarto de Tiffany a discussão continuava acalorada. As duas pareciam um casal de velhos. Não importava quanto uma explicasse os motivos para o evidente fracasso, a outra jamais assumiria que sua ideia era ruim, por mais horrível que ela fosse.

 

– Elas vão ficar nisso por quanto tempo?

 

Taeyeon deu de ombros. Conhecia muito bem a teimosia da ex namorada, mas Jessica Jung era uma adversária a altura. Sempre esgotando as pessoas ao limite com sua insistência inabalável e por consequência conseguindo aquilo que queria. As duas eram assustadoras quando se tratava de defender um ponto de vista, por mais estúpido que ele fosse.

 

– A unnie é bem teimosa. – Soojung falou aleatoriamente, para não deixar a sunbae sem resposta.

 

– Por que elas estão discutindo mesmo? – Hyoyeon estava um tanto alheia a tudo que aconteceu nos últimos três dias, o período de tempo que a saga encontro de Yuri acarretou. – Vocês já tinham me explicado, mas eu não prestei atenção. – riu nervosamente no final da frase.

 

– É por causa de Yuri.

 

– A confeiteira gostosa? – sua confusão parecia ter dobrado de tamanho. – O quê ela tem a ver com isso?

 

– Yuri saiu com um colega da Tae-unnie. – para deixar sua explicação ainda mais realista Soojung apontou para a loirinha. – E a minha irmã e a Tiffany-unnie seguiram os dois por algum motivo que eu ainda não entendi direito.

 

– Elas estavam com medo dele se aproveitar de Yuri. – Taeyeon interveio.

 

– Isso mesmo! Obrigada! – Krystal continuou. – Só que enquanto patrulhavam o encontro dos dois elas descobriram que Yuri estava apaixonada por alguém.

 

– Não estava esperando por isso. – Hyoyeon não convenceu ninguém com seu falso entusiasmo.

 

– E esse alguém na verdade é uma mulher.

 

Soojung finalizou, sorrindo consigo ao conseguir o efeito desejado em Hyoyeon. A cara de espanto da sunbae agora era verdadeira. Ela permaneceu alguns instantes em silêncio com os olhos arregalados.

 

– Dessa vez eu não estava preparada. – Taeyeon riu, sendo acompanhada pela Jung caçula. – Yuri disse pro cara que não gostava do que ele tinha entre as pernas?

 

– Claro que não sunbae! – Krystal resmungou. – Se tratando de Yuri você devia saber que ela nunca seria direta.

 

– O que Soojung-ah quer dizer é que Yuri disse para o rapaz que não podia mais sair com ele porque estava gostando de outra pessoa e foi embora.

 

Hyoyeon gargalhou bastante antes de se recompor e deixar que suas hoobaes lhe terminassem de contar toda a história. Ela conseguia imaginar a cena direitinho, a confeiteira tapada dando as costas ao macho frustrado. Era hilário demais para ela.

 

– Eu sempre gostei dessa confeiteira. – disse mal conseguindo respirar direito, engasgava-se com suas risadas. – Continuem… por favor… – ela tentava conter o riso mas falhava continuamente.

 

Depois de uma troca de olhares um tanto suspeita com Taeyeon a Jung mais nova prosseguiu.

 

– Segundo minha irmã e Tiffany-unnie elas escutaram Yuri falar alguma coisa como “Só pode ser uma das duas” logo depois que disse pro carinha que não podia sair com ele.

 

– Hm… – Hyoyeon agora estava um pouco mais séria, não tinha perdido sua característica postura de deboche e descaso generalizado, contudo podiam descrevê-la como pensativa. – E as duas deduziram que a confeiteira só podia estar se referindo a uma delas? – Krystal assentiu de imediato.

 

– Nós pensamos o mesmo. Já que Yuri não tem quase nenhum amigo além da gente e as opções para uma possível paixão são poucas. – Taeyeon explicava seu raciocínio que era compartilhado por Soojung. – Você foi descartada de primeira já que nunca conversa ou socializa com ela. Seohyun não é nem mesmo uma possível opção. Krystal mesmo sendo mais próxima não passa tempo suficiente com Yuri para ela ter tempo de se dar conta que sente alguma coisa.

 

– E quanto a você? – Hyoyeon interrompeu.

 

– Eu? – a resposta de Taeyeon foi instantânea.

 

– Tae-unnie é desclassificada pelo mesmo motivo que eu. As únicas pessoas que sobram como possíveis alvos da paixão de Yuri são Tiffany-unnie e a minha irmã.

 

– Faz sentido. – era claro como água, a sunbae não botava um pingo de fé nessa teoria. – Mas vocês esqueceram de levar em consideração um fato importante.

 

– Qual? – a pergunta saiu em uníssono.

 

– Yuri é completamente lesada. Ao ponto de nem mesmo saber por quem está apaixonada! Uma pessoa assim dificilmente se apaixonaria previsivelmente! Pensem um pouco!! Yuri diz estar apaixonada, mas não tem ideia de por quem, ela pode estar gostando de uma das duas, sim ela pode. Entretanto vocês não pensaram nem por um segundo que Yuri pode estar apaixonada por alguém que a gente não conheça?!

 

Taeyeon e Krystal ficaram assustadoramente quietas. Quietas o suficiente para a discussão de Jessica e Tiffany surgir de volta ao ambiente. No quarto ao lado uma gritava com a outra, alguns xingamentos mais agressivos se destacavam nas frases berradas.

 

– A senhoria vai reclamar se elas fizerem mais barulho. – Taeyeon murmurou, retomando a consciência.

 

– O quê você falou tem muito fundamento sunbae. – Soojung respondeu ao que interessava.

 

– Mas a probabilidade de Yuri gostar de alguém que ela não conhece direito é quase nula.

 

Hyoyeon estava começando a ficar irritada. Não sabia ao certo o porquê. Talvez fosse a gritaria do quarto ao lado que a deixava incomodada, ou quem sabe o fato de Taeyeon e Krystal ficarem completando o argumento uma da outra toda hora. Era irritante. E nenhuma das duas parecia ter levado a sério o quê ela tinha dito. O que era mais irritante ainda.

 

– Yuri é extremamente tímida com pessoas que não conhece. – Krystal retomou.

 

– Pode não parecer. – Taeyeon pegou o gancho. – Mas ela evita estranhos. Quando tentamos apresentar nossos amigos da faculdade ela sempre dá alguma desculpa sem sentido.

 

– Ela foi tão sociável no seu aniversário Soojung-ah. – Hyoyeon cortou aquela corrente viciosa de frases completadas, estava a irritando demais.

 

– Bem observado. Yuri mudou. – a Jung caçula concluiu.

 

– CHEGA STEPHANIE!!!!

 

O grito as pegou desprevenidas. Fez Krystal pular e berrar como um gato assustado, Hyoyeon cair da cadeira e Taeyeon levantar num pulo do chão, tropeçando nos caramelhos que apostavam.

 

– FAÇA O QUE VOCÊ QUISER!!! E QUER SABER!! EU QUERO MESMO É QUE VOCÊ E YURI SE FODAM!!! LITERALMENTE!!!

 

Jessica berrava corredor afora, atravessou a sala enquanto mandava sua irmã vir consigo e bateu a porta atrás delas. Antes de Soojung sumir atrás da irmã mais velha Taeyeon conseguiu ler a frase que ela sussurrou. “Eu ganhei”. Poucos segundos após a porta ser fechada de forma agressiva por uma Jung em fúria Tiffany surgiu do seu quarto. Hyoyeon e Taeyeon a observavam, sedentas por qualquer informação que sanasse sua curiosidade.

 

– Jessica é uma lunática. – a Hwang reclamou desabando no sofá. – Acha que ficar brava e sair gritando grosseiras por aí resolve alguma coisa.

 

Hyoyeon riu fraquinho. Para ela Tiffany não poderia estar mais correta. Taeyeon não sabia ao certo o quê fazer. Tudo que lhe vinha em mente parecia um gatilho para sua ex namorada explodir igual a amiga. E ela já tinha presenciado momentos assim. Era horripilante.

 

– Então? – a sunbae foi mais ligeira, deixando o mísero descanso da Hwang ser resumido aos poucos instantes que haviam passado desde que ela sentou no sofá.

 

– Jessica sair gritando e batendo nas coisas não foi o suficiente para você perceber que não chegamos a nenhum consenso? – Tiffany estava esgotada e consequentemente com raiva.

 

– Eu achei que isso poderia significar um impasse na discussão de vocês, digo, conversa civilizada. – Taeyeon suspirou, a sunbae era tão irritante quanto uma Jung encurralada quando queria.

 

– Vocês vão começar outra discussão? É sério? – a loirinha voltou a se sentar, recolhendo todas as balas.

 

– Ei! O quê vocês tá fazendo?

 

– Vou guardar para Soojung-ah.

 

– Não me diga que vocês estavam apostando. – Tiffany sequer precisou de uma resposta para confirmar sua suposição. – Vocês são demais.

 

– Para de fiasco Hwang. – Hyoyeon encarou-a, não estava feliz. – Você e Jessica ficam quase uma hora gritando uma com a outra para terem como resultado uma mau humorada aqui e a outra mau humorada na casa dos pais. Se a grande conversa de vocês era isso, nossa! Conversem de novo porque alguma coisa deu errada!

 

Não entendam mal. Toda essa grosseira não era desconsideração pelos outros, Hyoyeon simplesmente era assim. Prática ao extremo e nada compreensiva. Esses defeitos só eram potencializados em sextas feiras quando ela, por algum motivo infeliz, não conseguia sair para se divertir (beber) com os amigos do campus. Coisa que acontecera no dia, para piorar, Tiffanye e Jessica fizeram do apartamento o campo de batalha da discussão Yuri.

 

– Sunbae…

 

– Para mim já chega disso! – Hyoyeon se levantou rumando diretamente para o seu quarto.

 

Taeyeon escutou o suspiro de Tiffany que veio tão logo a sunbae bateu a porta do quarto. As duas podiam não saber, mas pensavam a mesma coisa. A senhoria, com certeza, reclamaria do barulho.

 

– Ainda bem que Seohyun não está aqui. – a loirinha murmurou.

 

Tiffany não disse nada. Só se levantou e foi para o quarto. Ao contrário de Hyoyeon não bateu a porta. Ela estava com dor de cabeça para se dar a esse trabalho. Taeyeon havia terminado de juntar as balas do chão. Colocou os caramelhos em um pacote que antes tinha sido usado para abrigar alguns biscoitos que sua ex namorada trouxe do trabalho na padaria. Entregaria para Soojung amanhã.

 

 

 

 

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Taeyeon chegou no horário no dia seguinte. Como o previsto Seohyun já estava lá. Esperava no mesmo banco de sempre, com seus livros pesados deixados de lado e o cabelo preso em um rabo de cavalo arrumado. A maknae sorriu quando avistou sua unnie baixinha no meio dos estudantes que chegavam em bandos.

 

– Bom dia Seo! – Taeyeon lhe devolveu o sorriso.

 

– Como você está unnie? Jantou direito ontem? – a loirinha reprimiu uma risada.

 

– Eu repeti ontem.

 

Seohyun pareceu satisfeita com o relato. Ela passou o domingo inteiro na casa dos pais. Tinha prometido fazer isso quase toda semana, todavia eram raros os finais de semana que a mais nova voltava para casa. Taeyeon e a sunbae tinham o palpite secreto de que Seohyun na verdade abominava seu lar. Essa crença só era agravada com a postura que a maknae tomava quando era interrogada sobre suas visitas aos pais. Seohyun nunca dizia claramente como havia sido e mudava de assunto rapidamente. Era evidente seu desconforto com as perguntas. Para piorar ela sequer comentava sobre a família quanto estava com as outras.

 

Entretanto, se uma análise justa fosse feita, nenhuma das moradoras do apartamento falava sobre família. Taeyeon era praticamente muda sobre esse tópico, se reservando a breves e superficiais comentários quando lhe questionavam sobre o assunto. Tiffany costumava falar bastante da mãe e dos irmãos, mas desde sua discussão com o pai ela cortou relações com todos eles e nunca mais ouviu-se sair de sua boca algo relacionado a seus familiares. Já a sunbae ninguém sabia ao certo quem eram seus pais, se é que ela os tinha. Hyoyeon podia ser muito aberta em vários aspectos. Em contrapartida vários tópicos de sua vida eram incógnitas que nem Jessica tinha ideia.

 

Quem bancava a faculdade e o aluguel do apartamento? Hyoyeon não trabalhava, ela gastava seus dias na faculdade e pulando de bar em bar em Hongdae. Isso custava dinheiro, um dinheiro que nenhuma das colegas de moradia dela sabiam de onde vinha. A sunbae nunca atrasou sequer uma vez sua parte do aluguel, que era até mesmo um pouquinho maior que a das outras. Hyoyeon também tinha várias roupas caras, de marca, sem contar nos incontáveis pares de sapato que mal cabiam em seu armário. Hyoyeon parecia não passar por dificuldade financeira alguma. Nunca reclamava das mensalidades da universidade, nem mesmo quando elas aumentaram. Nos feriados ditos como familiares a sunbae permanecia no apartamento. Se sua família existia (o que era confirmado por Jessica) eles não se importavam em tê-la longe nos feriados.

 

– Você tem notícias da sunbae? – Seohyun perguntou enquanto as duas caminhavam para a sala.

 

– Ela disse que não viria nos primeiros tempos porque estava com dor de cabeça.

 

– E Tiffany-unnie? Ela não costuma se atrasar.

 

– Ela provavelmente não pegou carona com Yuri hoje, por isso vai vir de ônibus. – a mais nova concordou.

 

– Elas ainda estão se evitando?

 

Antes que Taeyeon respondesse Yoona surgiu de algum corredor. Ela parecia sempre radiante e bem arrumada. O sol mal podia ter raiado e todos os seres humanos comuns se dariam ao luxo de parecerem cansados por acordar cedo, mas Yoona não. Ela era sempre como um holofote bem vestido de energia e beleza que irradiava seu bom humor e graciosidade para os outros mortais.

 

– Como estão meninas? – o perfume dela era doce demais para Taeyeon, Seohyun o achou divino. – Mal nos vimos semana passada, essas provas não são brincadeira!

 

– Bom dia Yoona-ssi.

 

– Aigoo! – enlaçou o pescoço de Seohyun, apertando-lhe as bochechas de leve. – Você está tão fofinha hoje Seo! Aparou a franja?

 

– Impressão sua Yoona-ssi.

 

Seohyun adorava Yoona, mas as vezes a achava um tanto abusiva. Hyoyeon dizia que ela era assim porque sabia que era bonita e todos faziam questão de relembrá-la disso a cada passo que dava, por esse motivo a sunbae acreditava que inconscientemente Yoona se sentia superior aos outros e no direito de dar opinião sobre tudo. Até para quem não queria seus comentários metidos. Claro, essa é a visão de Kim Hyoyeon.

 

– Vocês viram Tiffany? – as duas negaram em silêncio. – Bom dia sunbae!

 

Yoona querendo ou não tinha se tornado popular muito rapidamente dentro do campus. Todos sabiam, e ela não era exceção, de que sua popularidade se deviam muito a sua aparência. Por isso andar com ela pelos corredores era estar vulnerável a cumprimentos intermináveis com metade do campus, abordagens no meio das conversas de desconhecidos e pedidos de número, além de confissões um tanto atrapalhadas. Seohyun uma vez testemunhou um aluno recebendo um fora enquanto acompanhava a novata até o banheiro.

 

– Queria falar com ela. – Yoona fez biquinho. – Ela tinha me dito que Yuri me traria cup cakes.

 

– Você é próxima de Yuri-ssi? – Seohyun perguntou inocentemente, se a pergunta viesse de Hyoyeon com certeza teria um duplo sentido desnecessário.

 

– Não na verdade. Fui na confeitaria uma vez e ela me atendeu, eu estava procurando por Tiffany.

 

– Yuri disse que te faria cup cakes? – Taeyeon perguntou sem pensar duas vezes. – Vocês só conversaram uma vez certo?

 

– Acho que sim. Conversei com ela algumas vezes quando ela vinha buscar Tiffany. Yuri é uma pessoa legal. Ela também é muito bonita.

 

O último comentário surpreendeu muito as duas que não evitaram entreolharem-se um pouco alarmadas. Seohyun ficou sabendo da paixão desconhecida de Yuri, só não deu a mesma importância que as outras para o assunto. Entretanto o caso sofria uma reviravolta de níveis gigantescos. Yoona afirmou que teve contato com Yuri, a confeiteira vai fazer cup cakes para ela, Yoona diz que Yuri é linda. Isso tudo devia ter uma relação! Precisava ter!

 

– É uma pena que eu seja hétero e ela esteja apaixonada por Tiffany. – Yoona riu sozinha.

 

Taeyeon sentiu todas as suas esperanças sendo despedaçadas em milhares de pedaços, para depois um caminhão atropelar os restolhos e um meteoro soterrar o que sobrou. Toda essa desolação passou no instante que a Kim lembrou-se da lerdeza aguda de Yuri. Mesmo que Yoona não tivesse quaisquer interesses na confeiteira isso não a impedia de gostar da caloura. Só podia ser isso! Yuri estava apaixonada por Yoona! Não poderia existir outra explicação. Yoona era extremamente sociável, educada, engraçada, sabia puxar assunto e era inteligente, sem contar com toda a sua beleza de bônus. Qualquer pessoa sonharia em ter Yoona como namorada. Por que com Yuri seria diferente?

 

– Seohyun você pode vir comigo na biblioteca? – Taeyeon interrompeu o quase monólogo de Yoona para arrastar a maknae consigo antes mesmo que ela respondesse.

 

Yoona ficou observando as duas saírem praticamento correndo pelo corredor, a dupla catastrófica trombou com três pessoas no caminho até a dobra do corredor. Ela riu, adorava essas garotas, sabia que Seohyun a achava metida e Hyoyeon simplesmente a odiava. Mas as adorava. Era divertido acompanhar os dramas diários em que as pobrezinhas se metiam.

 

– É mais legal desse jeito. – murmurou antes de entrar na sala.

 

Yoona se perguntava com quem Yuri ficaria no final. E tinha uma forte intuição de que não seria com Tiffany, por mais que a ideia delas juntas fosse agradável e conveniênte.

 

 

 

 

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– Você tem certeza disso? – Seohyun não estava nem um pouco convencida das coisas que sua unnie vinha falando desde o começo da manhã.

 

Taeyeon veio com uma história sem sentido algum sobre Yuri estar gostando de Yoona. Seohyun não via motivo nenhum para isso estar acontecendo, mas nada que ela dizia parecia fazer com que Taeyeon mudasse de ideia. E lá pela metade da manhã Seo já tinha desistido de tentar convencê-la. Não contrarie, seu pai lhe dizia quando sua mãe estava brigando com alguém. Mesmo não apoiando esse tipo de comportamento Seohyun se via sem escolha. Nada no mundo convenceria Taeyeon de que sua teoria era totalmente equivocada e sem sentido.

 

– Seo! – Taeyeon reclamou. – Não precisa ficar questionando, vai dar tudo certo!

 

– Mas unnie-

 

– Você sabe o quê fazer, então não me deixe na mão. Vou convencer Yoona.

 

– Taeyeon-unnie!

 

O tom elevado e olhar sério fizeram a loirinha parar no ato. Ela nunca tinha visto Seohyun fazer essa cara e usar esse tom de voz, estava um tanto assutada, precisava assumir.

 

– Você vai mesmo fazer isso? Vai passar por cima da opinião de Yuri e Yoona sobre um assunto que diz respeito somente a elas. Vai forçar uma relação que talvez sequer devesse existir. Taeyeon-unnie isso não parece familiar?

 

Seohyun podia estar sendo um pouco cruel. Ela odiava ter que apelar desse jeito, porém o que Taeyeon queria fazer era totalmente errado. A Kim planejava juntar Yoona e Yuri na festa que aconteceria no final de semana. Seohyun foi contra desde o início, entretanto a medida que falava as ideias de Taeyeon se tornavam cada vez mais absurdas. Seohyun precisava dar um basta naquilo.

 

– Desculpe… – Taeyeon murmurou perdendo completamente o entusiasmo que transbordava de seu pequeno corpo segundos atrás. – Eu não pensei direito antes de falar. Vou só convidar as duas. – acrescentou timidamente, olhando para a maknae em busca de aprovação.

 

– Tudo bem. – Seohyun suspirou. – Mas deixe que eu falo com Yuri-ssi, convide Yoona-ssi, entenda unnie, é só para convidar.

 

– Entendido Seo! – a continência no final da frase e o sorriso sapeca indicavam que ela tinha voltado ao normal.

 

Satisfeita com Taeyeon, Seohyun a deixou sair quase correndo novamente. Ela não entendia muito bem todo esse alvoroço que suas unnies estavam fazendo com a paixonite de Yuri. Ás vezes queria perguntar, entretanto por causa de situações como essa evitava questionamentos, se Taeyeon já estava estranha, como andariam as outras?

 

 

 

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– Tiffany-unnie não veio trabalhar hoje? – indagou quando Jessica veio até si.

 

– Ela deve estar fingindo alum resfriado para passar o dia inteiro na cama. – Seohyun tinha certeza de que outra pessoa se encaixava perfeitamente naquela situação. – Ou ela só quer evitar Yuri.

 

– Por quê?

 

– Dãã! Ela acha que a lesada gosta dela! – Jessica decidiu parar de fingir que estava trabalhando quando sentou ao lado de Seohyun no balcão. – E queria manter seu espaço, alguma coisa assim… não me olhe assim! Tiffany é estranha!

 

– Yuri-ssi mostrou alguma diferença de comportamento?

 

– Você falando assim parece um médico interrogando a mãe de um paciente. – reclamou a Jung antes de responder sua dongsaeng. – Yuri continua a mesma sonsinha de sempre. Ontem ela me perguntou por que os ratos ficavam na terra quando a lua é feita de queijo.

 

Foi impossível não rir daquele absurdo.

 

– Essa garota tem problemas, sempre que eu falo isso Tiffany me xinga. Eu acho que já deviam ter procurado um terapeuta para Yuri há muito tempo.

 

– Ela não está aqui hoje? – Seohyun perguntou olhando em volta, não encontrou a tão falada confeiteira, só outras funcionárias que não conhecia.

 

– Yuri saiu não tem muito tempo. Ela não disse aonde ia e eu não perguntei. – Seohyun assentiu. – Vou voltar pro meu balcão, a Primeira Tia está me olhando feio.

 

Dito isso a Jung escapuliu mansamente e de forma natural de volta para o seu posto. Como Tiffany não foi trabalhar pegando todos de surpresa pois não avisou ninguém. O trabalho de Jessica foi dobrado. Para a sua sorte o movimento estava bem tranquilo naquele dia. Poucas pessoas apareceram e as entregas foram terminadas durante a manhã. Seohyun tinha vindo até a padaria depois da faculdade a procura de Yuri. Estranhou encontrar somente Jessica, previsivelmente com cara de cu, trabalhando. Como não tinha nada que pudesse fazer de mais interessante, optou por comer alguma coisa calórica e deliciosa enquanto esperava a confeiteira voltar. Seohyun também tinha sorte, não precisou esperar muito. Yuri entrou pela porta de vidro cerca de quinze minutos depois que a maknae tinha chego.

 

– Olá Seo! – ela cumprimentou sempre sorridente e feliz. – Gostou? – emendou a segunda pergunta indicando o croissant pela metade no prato de Seohyun.

 

– Yuri-ssi! – sorriu-lhe de volta. – Estava delicioso, como sempre!

 

A morena abriu um enorme sorriso satisfeito. Era engraçadinho vê-la sorrir assim por tão pouco. Seohyun acabou sorrindo de volta.

 

– Onde está Jessica? – Yuri perguntou enquanto deixava um vaso com uma pequena planta em cima do balcão.

 

– Ela estava aí há pouco. – Seohyun observava com curiosidade o que Yuri fazia.

 

A confeiteira arrumava carinhosamente a plantinha sobre o balcão. Organizando os produtos que estavam ali em cima para poder deixar sua mais nova aquisição próxima ao computador do caixa. Não contendo sua curiosidade e abandonando de vez o croissant, Seohyun se levantou.

 

– O quê está fazendo Yuri-ssi?

 

– Ah você voltou! – Jessica surgiu com uma torta em mãos. – Sua mãe estava precisando da sua ajuda para finalizar aqueles doces que o Senhor Yang encomendou.

 

A Jung colocou a torta no refrigerador do balcão. Só depois notou que as duas estavam a encarando. Jessica também notou a planta em cima do seu balcão. Sim, o balcão passou a ser dela desde que assumira o posto. Era o seu balcão, e no seu balcão, ela não queria nenhuma planta enxerida.

 

– O quê foi? – diante de nenhuma resposta decidiu melhorar sua pergunta. – Por que estão me encarando? E que planta é essa?

 

– É uma planta da felicidade! – Yuri respondeu prontamente. – Eu notei que você e Tiffany andavam meio cabisbaixas nos últimos dias. Então eu arrumei essa planta para vocês.

 

Jessica encarou Seohyun desesperadamente por um mísero segundo para voltar a olhar atônita à Yuri.

 

– Uau! Isso é incrível Yuri! – o sarcasmo de Jessica era conhecido, Seohyun só não achava que fosse tão exagerado.

 

– Eu sei! – a confeiteira quase dava pulinhos de felicidade. – Essa arvorezinha vai deixar todos felizes com suas vibrações positivas! Viu como você já está rindo! – e Jessica ria mesmo.  

 

– Eu estou rindo do quão tosca é essa explicação! – Jessica segurava a barriga e retorcia-se encostando-se no balcão de tanto rir. – Yuri peça seu dinheiro de volta, estão te fazendo de boba! – a Jung não parava de rir e Seohyun começou a se sentir um pouco mal pela confeiteira que começava a murchar o sorriso.

 

– Yuri-ssi sua árvore é linda. Não acha que devia colocá-la em um lugar mais ensolarado para que ela cresça mais rápido? – tentou apaziguar a situação, Yuri se animou um pouco, contudo ainda estava um pouco desconfortável. 

 

– Bem pensado Seo! Já volto! – dito isso saiu saltitando com a plantinha em mãos, as duas acompanharam-na de vista até ela sumir confeitaria adentro.

 

– Ás vezes eu penso em pedir demissão. – confidenciou Jessica. – Você sabe, ter que aturar esse tipo de coisa diariamente é um tipo diferente de martírio.

 

Seohyun riu. Compreendia que Yuri podia ter suas esquisitices, mas não pensava que eram tantas assim. Quem sabe Jessica estivesse exagerando um pouquinho.

 

– Eu não falo isso por ser exagerada. – lendo exatamente o que se passava na mente de Seohyun, Jessica se defendeu. – Semana passada ela colocou na cabeça que trevos de quatro folhas eram presentes dos gnomos para os humanos e saiu no meio do expediente para conseguir um para ela.

 

Seohyun continuava rindo, desacreditando o relato da Jung. Yuri não podia ser tão sem noção assim.

 

– Falo sério! Yuri voltou lá pelas sete com o seu trevo! – de repente a expressão dela tornou-se um tanto maldosa, seu sorriso não era benevolente. – Tiffany colocou o trevo dela no lixo pensando que era uma erva daninha. – agora quem ria era Jessica.

 

– Ela ficou triste?

 

– Quem? – Jessica ergueu apenas uma sobrancelha. – Yuri? Não seja boba Seo! Tiffany substituiu o trevo dela por um comum e a tapada ainda não percebeu! – o sininho da porta da doceria gritou e a Jung foi atender o cliente enquanto se recuperava de suas risadas de deboche.

 

Seohyun não entendia como ela conseguia ficar tão feliz presenciando a desgraça alheia. Era claro o deleite dela ao contar a segunda parte da história. A maknae só sentia pena de Yuri. E essa compaixão a fez esperar até que a confeiteira morena e com delay crônico retornasse à frente do estabelecimento. Nem precisou esperar muito. O motivo dos pensamentos de Seohyun surgiu dos fundos da loja com uma bandeja cheia de pãezinhos dourados que inundaram a recepção com seu cheiro apetitoso. Enquanto ela estava concentrada colocando os pães no mostruário, Seo aproximou-se do balcão.

 

– Yuri-ssi. – chamou.

 

Ela estava de costas arrumando os pães, Jessica passou por elas apressada, estava arrumando o pedaço de torta que o mais novo cliente tinha pedido.

 

– Pois não? – ela emergiu atenta. – Ah Seo! – sorriu.

 

– Eu tinha uma coisa importante para falar contigo.

 

Yuri abriu bem os olhos, depois piscou algumas vezes antes de retornar a sua natural expressão afável. Seohyun informou-se sobre a discussão de Jessica e Tiffany. A Hwang, quando acordou, fez questão de descarregar toda a sua incomodação em (literalmente) 145 mensagens para a maknae. Por meio desse bombardeio online Seohyun tomou consciência da discussão. O motivo era ridículo. Tiffany defendia que elas deviam levar Yuri à festa do sábado para ela esquecer dessa paixão que ainda era secreta para o grupo. Jessica pensava que se Yuri fosse exposta a esse tipo de situação a pobre e inexperiente confeiteira teria um surto. Segundo a Jung o melhor seria marcar encontros com pessoas extremamente apaixonáveis. Jessica já tinha preparado até uma lista dos mais desejados do campus, que, com certeza, ela faria saírem com Kwon Yuri.

 

– Oh sim! – ela notou rapidamente uma senhora entrando na confeitaria. – Só um momento Seo, vou atender aquela senhora e já conversamos. – disse com um sorriso, depois se virou e sua atenção se focou completamente na velinha.

 

A esse ponto Jessica já tinha retornado ao seu posto no caixa. Seohyun aproveitou que este estava vazio e pagou pelo seu delicioso croissant.

 

– Escutei você dizendo alguma coisa para ela, o que era? – enxerida como sempre Jessica Jung não deixaria uma fofoca passar.

 

– Eu apenas quis agradecer pela comida, estava muito bom. – confessou sorrindo, com direito a uma risadinha e uma mão nervosa escondendo os dentes.

 

Se essa desculpa, seguida desse gesto, viesse de qualquer outra pessoa Jessica teria detectado a mentira. Entretanto era Seohyun, e isso, se não fosse esperado, era no mínimo um ato previsível vindo dela. A maknae estava pensando em uma estratégia para despistar a Jung quando o destino a ouviu e a dita cuja foi chamada na cozinha. Resmungando algumas coisas que Seohyun sentiu-se grata por não ouvir a Jung se retirou dando um breve adeus para sua dongsaeng. Instantes após a saída dela, Yuri tomou seu lugar no caixa.

 

– Então Seo, o que você queria falar comigo? – sua curiosidade era genuína e ela parecia muito interessada.

 

– Não é nada demais. – Seohyun riu brevemente. – Eu fui convidada para ir a uma festa nesse sábado, só que não queria ir sozinha. Você iria comigo, Yuri-ssi?

 

Não a entendam mal. Seohyun concordava com Jessica e com Tiffany. A maknae acreditava que Yuri poderia sim, ter um surto, como também poderia se divertir muito se fosse colocada nesse tipo de ambiente. Desde que ela fosse com alguém responsável e cuidadosa (ela mesma Seohyun) não haveriam maiores problemas. E além disso tudo, Seohyun estava curiosa para ver como isso afetaria a paixão, ainda, secreta de Yuri. A mais nova ainda não tinha criando um palpite conciso sobre esse tópico tão comentado. Porém, tinha um forte pressentimento, e estava começando a considerá-lo como uma verdade.

 

– Claro Seo! Eu adoraria lhe fazer companhia! – a resposta gentil e sorridente era tudo o que ela precisava para se convencer de que estava fazendo a coisa certa.