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História Eu tenho um pequeno problema - Planos desfeitos por mal planejamento


Escrita por: hollyshit-

Notas do Autor


Olá galerinha

Ando bem sumida e eu sei disso, também não fico feliz com essas atualizações demoradas e aleatórias :/

Estou me organizando melhor agora, comecei alguns projetos e espero em breve normalizar a situação xD

(Sobre o nome do capítulo eu tava sem inspiração nenhuma, desculpem)

Capítulo 23 - Planos desfeitos por mal planejamento


Fanfic / Fanfiction Eu tenho um pequeno problema - Planos desfeitos por mal planejamento

 

 

 

– Elas não estão um pouco atrasadas?

 

 

Yuri perguntou sem olhar para um ponto fixo, como vinha fazendo desde que tinha entrado na boate. Era tudo tão vivo, tão lotado, cheio de rostos novos, cheiros novos e gostos novos. Yuri parecia um filhote de cachorro que é levado ao parque pela primeira vez. Não conseguia controlar sua curiosidade e queria que sua dona a libertasse da coleira de uma vez para poder explorar tudo o que tinha direito. Seohyun não estava a fim de deixar a confeiteira sair do balcão em que estavam, tinha medo de perdê-la e mais medo ainda de que Yuri saísse da boate com algum desconhecido. Tinha prometido que poderiam dançar assim que as outras chegassem, mas Tiffany e Taeyeon não davam sinal de vida.

 

 

Era normal a demora por parte da Hwang, porém Seohyun era prevenida e tinha adiantado o relógio do celular de Tiffany em uma hora para que a sua unnie chegasse no horário marcado desta vez. Desesperada por notícias mandou mais uma leva de mensagens para Tiffany, Taeyeon e Jessica. Nessa sequência. Jessica disse que viria mais tarde, ela e Yoona chegariam depois, detalhe; Yoona viria com o namorado. Mesmo que internamente Seohyun estava feliz por isso, seja lá quais planos Taeyeon tivesse eles estavam arruinados. A Kim ainda não sabia que a caloura mais desejada do campus já possuía um par e não era a confeiteira desengonçada.

 

 

– Seohyun eu posso experimentar aqueles negócios azuis? – ela perguntou com os olhinhos brilhando para os drinques que eram servidos a estranhos ao lado delas. – Parecem ser muito bons...

 

 

– Vamos esperar as outras chegarem, é deseducado beber sem estarem todos aqui. – respondeu meio sem jeito.

 

 

– Oh! – Yuri balançou a cabeça passivamente.

 

 

Estava chateada, isso era evidente. Seohyun sentiu a consciência pesar um pouquinho. Seu celular vibrou. Era uma mensagem de Tiffany: “Estamos no táxi, dentro de quinze minutos chegamos”. Graças a Deus! Pensou apertando o aparelho com força contra o peito sem perceber. Yuri notou a mudança no humor da maknae.

 

 

– Aconteceu alguma coisa?

 

 

– Elas já estão chegando. – Yuri assentiu, ainda com o ar abatido, isso partiu o coração da Seo, que decidiu mudar seu decreto de antes, as vezes não se devia ser educada. – Acho que podemos beber o negócio azul. Elas não precisam saber disso!

 

 

 

 

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

– Aonde pensa que vai garota? – o segurança do tamanho de um urso pardo esticou o braço impedindo a pequena mulher de continuar a caminhar.

 

 

Taeyeon ergueu a cabeça para poder encará-lo. O homem era tão alto que a cabeça dela chegava somente na altura dos cotovelos dele. Os óculos escuros desnecessários refletiam toda a luz das placas luminosas da entrada, por causa deles a Kim não sabia se o homem a encarava de volta ou não.

 

 

– Eu vou comprar meu ingresso para entrar.

 

 

Respondeu calma, tentando não deixar transparecer todo o seu nervosismo por ter um cara oito vezes maior que ela a impedindo de passar. Ele era assustador, o braço do segurança parecia ter o dobro da grossura das coxas dela. Quem sabe, ela estava exagerando um pouco.

 

 

– Cê tá brincando né?! – retrucou o gorila. – Você é uma colegial, não devia estar fora de casa a uma hora dessas!

 

 

Algumas pessoas na volta começaram a reclamar em cochichos. Taeyeon cerrou os dentes e os punhos, onde estava Tiffany? A pateta tinha ficado para trás pagando o táxi e ainda não tinha voltado.

 

 

– Eu sou maior de idade senhor! – Taeyeon tentou forçar a passada mas foi completamente inútil.

 

 

Com um leve empurrão do enorme braço o homem a fez recuar o que tinha avançado. Agora os outros reclamavam em bom tom pedindo para que a colegial saísse da frente.

 

 

– Vai para casa pirralha!

 

 

– Saí daí garota!

 

 

– Vou ter que insistir para cê sair menina! – o segurança foi mais taciturno dessa vez, Taeyeon aquiesceu, ou quase, avistou Tiffany chegando com dificuldade pelo meio das pessoas que se aglomeraram na porta da boate para observar a confusão.

 

 

– Tippany! – chamou retomando a esperança. – Me dê a sua bolsa!

 

 

– Garota eu vou ser obrigado a ter que usar a força se não sair da frente! As outras pessoas querem passar! – o homem não pretendia ser grosso, entretanto os que estavam atrás de Taeyeon na fila começavam a ficar mais inquietos com a demora.

 

 

– Eu sou maior de idade cacete! – Taeyeon gritou, apanhando a bolsa das mãos de uma Tiffany que não entendia nada. – Vou pegar minha identidade!

 

 

– Se importa de fazer isso fora da fila? – o homem não deu atrás.

 

 

Fazendo cara feia Taeyeon deu alguns passos para o lado e começou a fuçar na bolsa de sua ex namorada a procura do tão necessitado documento. O segurança voltou a sua posição habitual, cruzou os braços e recostou-se na parede. Mesmo com as lentes escuras ela sabia que ele a vigiava. Os gritões da fila voltaram a prestar atenção em qualquer outra coisa e tudo pareceu se acalmar. Menos Taeyeon. Ela não encontrava sua carteira de jeito nenhum.

 

 

– Tippany você tirou minha carteira daqui? – evitou gritar.

 

 

– Não. Você disse que tinha colocado aí dentro depois que saiu do banho, eu não mexi mais na bolsa até a gente sair de casa. – defendeu-se a acusada. – Tem certeza que você colocou aí?

 

 

– Tenho droga! – Taeyeon largou a bolsa de volta para ela. – Merda! – disse mais alto.

 

 

– O quê houve? – Tiffany sabia que alguma coisa estava errada, logo quando chegou já achou estranho o movimento na porta.

 

 

– Aquele segurança babaca acha que eu sou uma colegial e não quer me deixar entrar! – explicou enquanto dava alguns passos em círculo e bagunçava o cabelo.

 

 

Pela atitude dela Tiffany percebeu que ela estava mesmo irritada. Taeyeon só andava em círculos quando a coisa era séria. Ver a loirinha mexendo no cabelo também era sinal de algo não estava bom. Agora os dois juntos? Uma coisa muito terrível tinha acontecido.

 

 

– Vou tentar falar com ele!

 

 

– Tippany espera!

 

 

Taeyeon tentou detê-la, mas sua ex namorada já estava parada do lado do grandalhão, dizendo poucas e boas que a baixinha era grata de não escutar. Tiffany falava, retrucava e gesticulava freneticamente. O segurança por sua vez continuava impassível. Taeyeon sabia que essa algazarra toda não levaria a lugar nenhum.

 

 

 

 

▫️▪️▫️▪️

 

 

 

 

 

– Ei Yoona! – Jessica berrou.

 

 

– O que foi? – ela perguntou.

 

 

– Você sabe para onde estamos indo?

 

 

– Eu sabia duas quadras atrás, depois que passamos aquela ponte eu me perdi total. – confessou com um risinho.

 

 

– E você acha isso engraçado? – ela deu de ombros.

 

 

– Não temos hora marcada temos?

 

 

– E o seu namorado? Ele não vai ficar irritado se demorarmos demais?

 

 

– Ddochi é bastante compreensivo e ele sabe do meu senso de direção limitado. – Yoona riu.

 

 

A menção ao apelido fez as tripas de Jessica se revirarem. Lhe repugnava toda essa doçura desnecessária dos relacionamentos que estavam na pior fase possível, a fase pegajosa do início de uma relação.

 

 

– Tá, fico feliz em saber que seu namorado é um cara legal, mas a gente pode ir logo?

 

 

As duas tinham dito que iriam juntas para a boate porque moravam perto uma da outra, no caso, a república de Yoona ficava a apenas algumas quadras da casa dos Jung e ambas pensaram que seria uma boa ideia se acompanharem para não irem sozinhas. Jessica só não imaginava que seria tão perturbador. Yoona as fez descerem do táxi porque queria comprar um sorvete em uma loja de conveniências. Depois desta parada sem sentido elas não conseguiram outro carro e se arrastavam para uma parada de ônibus. O dinheiro de Jessica era pouco, não havia levado muito propositalmente para pedir emprestado das outras quando chegasse. Agora se arrependia de todas as suas decisões.

 

 

– Tá, claro. – Yoona voltou a caminhar, tinha parado para amarrar os tênis.

 

 

Jessica não entendia aquela roupa, logo Yoona, que era sempre impecavelmente bem vestida, hoje trajava uma estranha combinação. Sua regata de lantejoulas não combinava com os tênis brancos de corrida e os jeans skinny destonavam com tudo, talvez o pior fosse o casaquinho escuro. Era somente inapropriado.

 

 

– Jessica. – chamou depois de algumas quadras percorridas em silêncio.

 

 

– Hm.

 

 

Respondeu de má vontade, não dando atenção alguma à outra, estava policiando atentamente o táxi que deixava uma senhora em um restaurante chique alguns metros adiante.

 

 

– Você-

 

 

– Corre! – alarmou já praticando a ação.

 

 

Por instinto Yoona correu atrás dela, entendendo que loucura era aquela quando Jessica chegou no táxi momentos antes dele dar a partida. Com a cara grudada no vidro ela berrou com o motorista que parou. Entraram no carro. Depois de dizer seu destino, e suportar algumas reclamações por parte do senhor que dirigia, Yoona voltou ao que dizia quando Jessica saiu correndo.

 

 

– Posso terminar de falar?

 

 

– Vá em frente.

 

 

– Você sabe se Hyoyeon teria interesse em um ménage?

 

 

Mas que porra é essa?

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

Yuri tinha se perdido de Seohyun e não sabia onde estava. Claro, tinha consciência de estar dentro da boate barulhenta e apertada, só não sabia em que parte do prédio. Lembrava de ter avisado que ia ao banheiro e quando retornou ao balcão Seohyun tinha sumido. Olhou em volta mas tudo o que enxergava eram rostos desconhecidos e despreocupados que dançavam e se divertiam. Pensou que ela pudesse ter ido dançar e embrenhou-se no meio da pista de dança, foi empurrada por alguns mal educados e acabou saindo nos fundos do prédio,  encontrou uma pequena área aberta onde alguns casais aproveitavam a baixa iluminação e pessoas conversavam mais livres da música barulhenta que preenchia cada cantinho do interior da boate. Yuri deu uma olhada em volta. Seohyun não estava ali. Decidiu voltar para dentro.

 

 

Sem saber por onde começar a procurar voltou ao ponto exato do balcão em que estavam bebendo os deliciosos troços azuis. Com um aceno da mão chamou o barman. O rapaz se inclinou, oferecendo seu ouvido para que ela falasse.

 

 

– Você viu minha amiga?

 

 

O homem pensou por um segundo depois se inclinou de novo, Yuri virou a cabeça para escutar.

 

 

– A alta de franja e vestido preto? – Yuri assentiu. – Ela foi para lá dizendo que sua amiga tinha sumido. – o rapaz indicou a pista com a mão.

 

 

Diante desse problema Yuri achou melhor fazer o que sempre fazia quando se perdia de sua mãe no mercado. Ficou ali parada. Sua mãe sempre dizia que hora ou outra a pessoa que procurava iria ao lugar onde perdeu a pessoa desaparecida. Com esta ideia em mente permaneceu ali. O barman se inclinou para ela de novo e ofereceu alguma coisa para ela tomar enquanto esperava. Yuri educadamente aceitou, imaginando que o rapaz simpático sugeriria alguma coisa para ela tomar. Mas isso não aconteceu, ele esperava que ela dissesse o que queria.

 

 

– Qual é o que tem menos álcool? – perguntou ingenuamente, não queria que Seohyun a reencontrasse bêbada.

 

 

– Vou te fazer um especial da casa! – disse o homem com um sorriso inabalável no rosto enquanto pegava três garrafas diferentes para preparar a bebida.

 

 

O garçom infelizmente entendeu errado a pergunta de Yuri, por causa do alarde de uma dupla que chegou no balcão gritando por mais álcool somado ao barulho atulhado do ambiente o rapaz entendeu que a confeiteira pedia por algo mais forte e não o contrário. O copo que recebeu era um pouco maior do que os do troço azul. Tinha bastante gelo e umas folhinhas verdes no meio, por causa da luz enganosa Yuri não distinguiu a cor. Tomou um gole para provar, a bebida desceu queimando. Ao contrário do que o homem esperava ela se virou para ele sem qualquer alteração.

 

 

– Isso é bom! – tomou outro gole longo.

 

 

O barman estava apavorado, ela não parecia nem um pouco tonta ou menos sóbria a medida que ia devorando aquela bomba alcoólica. Depois de secar o copo na frente de um especialista do álcool apavorado Yuri colocou o recipiente vazio na frente dele.

 

 

– Me vê outro! – pediu sem pensar duas vezes.

 

 

 

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

 

 

 

Taeyeon! Hwang! – Hyoyeon gritou do outro lado da rua, já atravessando para encontrá-las. – O quê fazem por aqui sentadas no meio-fio e com cara de enterro?

 

 

– Preparando um assassinato! – Tiffany rebateu taciturna, a mão fincada no queixo.

 

 

– Que aura pesada! – Hyoyeon sentou do lado delas. – Quem foi que deu em cima da Taeyeon agora? – perguntou fingindo desespero.

 

 

– Não é isso! – Taeyeon ergueu a voz. – Aquele retardado não quer me deixar entrar! — apontou para o segurança.

 

 

– Não permitem anões ali dentro? – riu a sunbae, recebendo sem piedade alguma um olhar de reprovação.

 

 

– Taeyeon esqueceu a carteira em casa e o cara acha que ela é uma colegial, ele não vai mudar de ideia. – resmungou Tiffany amargurada com os fracassos que resultaram de suas discussões com o homem.

 

 

– Tá e por causa disso vocês vão ficar aí sentadas no meio-fio com cara de passiva mal amada?

 

 

– O que uma coisa tem a ver com-

 

 

– Hwang mantenha-se em silêncio. – interrompeu. – Eu não terminei.

 

 

Taeyeon percebeu que sua ex namorada estava prestes a iniciar uma discussão, ela entretanto ficou em silêncio, cruzando os braços e umedecendo os lábios para se conter. Hyoyeon deu continuidade ao seu discurso pomposo.

 

 

– Seohyun comentou comigo alguma coisa sobre Yuri e um teste que você e a perturbada da Jessica precisavam fazer essa noite. Como a colegial não pode entrar eu me ofereço para livrar você desse peso. – sorriu convencida. – Então, que tal?

 

 

– Eu não entendi. – devolveu.

 

 

– Vou levar Taeyeon comigo, você vai na festa e todo mundo fica feliz! – ela se levantou para enfatizar o feliz, nenhuma das duas esboçou reação alguma. Hyoyeon pôs os braços na cintura. – A qual é? Você precisa ir, sabe disso não é Hwang?

 

 

– Eu não me importo de ir com a sunbae. – Taeyeon a salvou do silêncio constrangedor.

 

 

– Ótimo parceira! – comemorou enlaçando o pescoço de Taeyeon. – Vem, temos muito o quê fazer! A noite está só começando! Vai nessa Hwang! Fighting!

 

 

A sunbae saiu caminhando com Taeyeon de arrasto. Tiffany observou a cena, a loirinha ainda olhou para trás um tanto assustada. O ímpeto de ir salvá-la era grande, mas Tiffany precisava resolver a questão de Yuri rapidamente. Durante a última semana estava evitando a confeiteira. Até chegar ao limite de fingir estar doente para faltar ao trabalho. Tiffany não a odiava, só não sabia como devia tratá-la. Tinha medo de ser vítima de um afeto que não queria. Gostava tanto da amizade que mantinha com a confeiteira que o menor sinal de ter isso perdido por uma paixão idiota a deixava com medo e raiva.

 

 

Retornou a fila, o segurança a olhou feio, mas com sua entrada em mãos e a identidade provando sua maior idade, deixava o homem impotente de expulsá-la dali. Foi com ar de vitória e um sorriso convencido que cruzou as portas da boate. No final acabou esquecendo de mandar uma mensagem para Seohyun avisando que tinha chego.

 

 

 

 

 

 

 

▫️▪️▫️▪️

 

 

 

 

 

 

 

 

Yoona você é ridícula! – gritou do banco de trás do carro.

 

 

Tinha conseguido encontrar o namorado da caloura mais desejada do campus. Infelizmente ele não era como Jessica queria que ele fosse. Era tão bonito quanto ela o imaginava ser, talvez até um pouquinho mais. Vendo-o pessoalmente ele lhe parecia mais belo do que apenas no campo das ideias. Por certo tempo Jessica imaginava que ele não existisse e fosse só uma desculpa para Yoona não se obrigar a sair com todas as pessoas razoavelmente interessantes que se confessavam a ela.  

 

 

– Me faça descer desse carro agora!

 

 

Esbravejou tendo seu chilique perfeitamente ignorado pelos dois ao banco da frente. Jongsuk era um cara alto, físico perfeito e beleza assustadora. Yoona era um par mais do que a altura, olhar os dois juntos era reconfortante. Mas tanta beleza e amabilidade estava deixando Jessica doente.

 

 

– Acalme-se, já estamos chegando! – respondia a tranquila Yoona. – Ddochi vamos mais rápido querido, Jessica-sshi está com pressa.

 

 

– Por que você fez isso? – indagou contrariada depois de certos segundos. – Quem pediu?

 

 

Yoona sorriu consigo, Jessica não podia ver, mas seu sorriso era apenas mau.

 

 

– Tiffany me pediu para te fazer aquela pergunta. Ela queria te dar uma lição, não me disse porquê. – respondeu mantendo o olhar fixo no trânsito à sua frente.

 

 

– Onde eu devia ter dobrado? – perguntou o namorado dela, tinham se perdido de novo.

 

 

Enquanto os dois reencontravam o caminho certo Jessica manteve as informações que recebera na cabeça. Vinha tendo lances com Hyoyeon há mais tempo do que queria admitir. Desde a primeira vez não pararam com seus encontros que resultavam em transas ou (mais raramente) saídas para bares e boates, onde conversavam até acharem alguma coisa para brigar. De uma forma ou outra mantinham certa fidelidade. Jessica não variava a parceira havia meses. Desde que sua coisa com Hyoyeon tinha começado. Tiffany provavelmente sabia disso e tirando proveito desse valioso conhecimento, decidiu provocar a amiga.

 

 

Jessica entendia as razões dela. Vinha sendo um tanto chatinha, sempre incomodando sobre Yuri e sua amiga. Yoona podia estar fazendo parte de uma mínima brincadeira e sequer notou a reação interna que sua pergunta causou na Jung. Infelizmente para ela, Jessica, essa mera brincadeira de suas amigas serviu para mostrar que aquilo – que ela evitava e estava decidida a jamais assumir em voz alta – tinha lá certo fundo de verdade. Talvez, só talvez, com pouca chance de ser real, ela se importasse mais do que queria com Kim Hyoyeon.

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

 

– Vira! Vira! Vira! Vira!

 

 

 

O coro animado e um pouquinho embriagado dos frequentadores da boate crescia à medida que os copos eram esvaziados um atrás do outro pela confeiteira. Yuri não sabia quando tinha virado o centro das atenções, só sabia que estava adorando aquilo, mesmo estando um pouco tonta e com certa vontade de ir ao banheiro.

 

 

Ela vai entrar em coma alcoólico! Saí da frente! – Seohyun tentava chegar na amiga desesperadamente.

 

 

Entretanto ninguém estava disposto a perder seu precioso lugar para a garota preocupada passar correndo e terminar com a diversão de todos. Era fascinante ver aquela garota bonita e aparentemente frágil virar todas aquelas doses que colocariam enormes machões para dormir. A torcida de Yuri bradou seu entusiasmo quando o temeroso barman colocou uma garrafa ainda fechada no balcão. O líquido amarelado, o formato elegante, aquilo era uísque puro. E pelos gritos da multidão e os murmúrios, algum muito forte e conhecido. No êxtase da algazarra o barman que trouxe a bebida bradou para todos ouvirem.

 

 

– Se a moça virar essa e ainda ficar em pé, não precisa pagar tudo o que consumiu! – os espectadores gritaram de comoção, Yuri se encheu de coragem e Seohyun quase teve um infarto.

 

 

A confeiteira pegou a garrafa, estava um pouco tonta, teve certa dificuldade para abrir e o barman acabou abrindo para ela. Motivada pelos gritos e pela emoção que sentia Yuri respirou fundo, colou o bico da garrafa aos lábios e começou a beber. Sua audácia foi recebida com fervor por todo mundo, menos por Seohyun que começou a empurrar tudo que estava à sua frente para pôr um fim naquela loucura. A música de repente parou e um grito ecoou pelas caixas de som.

 

 

– CHEGA!! – uma voz feminina gritou fazendo uso do microfone que encontrou na mesa do DJ, porém o fez tão alto que fez todos pararem onde estavam. – KWON YURI!!

 

 

Todos voltaram-se para a origem do som. Yuri prestava atenção de corpo e alma, tinha tomado menos da metade da garrafa mas sentia-se péssima. Era difícil manter o foco, tudo estava um pouco bambo. Inclusive suas pernas.

 

 

– PARE COM ESSA IDIOTICE AGORA!! – a garota baixou a garrafa, obediente. – E VOCÊS!! VÃO CUIDAR DA PRÓPRIA VIDA SEUS DESOCUPADOS DE MERDA!!!!

 

 

Tiffany estava muito irritada. Sua raiva foi bem transmitida. Yuri obedeceu de pronto, deixando a garrafa no balcão caminhou tropeçando em várias pessoas que reclamavam para ela voltar a virar a garrafa. Seohyun aproveitou a deixa e arrastou a confeiteira para o banheiro, Tiffany desceu do pódio do DJ e a música voltou. Já mais dispersos todos voltaram a fazer o que faziam, alguns reclamando ainda por perderem seu divertido entretenimento e outros apenas dando de ombros.

 

 

No banheiro Yuri começou a vomitar, infelizmente fez isso por cima de Seohyun e acabou sujando a mulher antes de ser empurrada na direção de uma pia. Tiffany chegou no banheiro um pouco depois da confeiteira colocar os bofes para fora, quando passou pela porta Seohyun estava ajudando Yuri a limpar o rosto.

 

 

Mas que palhaçada foi aquela?! – inquiriu asperamente, se posicionando para ajudar, segurando os cabelos compridos de Yuri que molhavam conforme Seohyun jogava água no rosto dela.

 

 

Eu também não sei! – defendeu-se a pobre Seohyun. – Eu a perdi por um tempo e quando reencontrei ela já estava nessa loucura! Não faço ideia do quanto bebeu!!

 

 

– Ela me parece muito bem para quem virou tudo aquilo!!

 

 

Tiffany não falou ironicamente. Depois de vomitar Yuri sentia-se melhor, ainda tonta e um pouco confusa, mas não cambaleante ou sem consciência do que fazia. Estava um pouco mais lenta do que o comum e mais feliz, mas não era uma completa embriagada.

 

 

– Ei chiffany! – sua voz estava um pouco enrolada, mas não tanto quanto deveria, a resistência dela para álcool era algo assustador. – Voche chegou! – ela sorriu.

 

 

– Que merda Yuri! – Seohyun praguejou quando teve tempo para ver o estrago em sua roupa.

 

– Vem cá Yul! – estendeu a mão que ela apanhou de pronto. – Seohyun eu vou levar ela para fora, tome! – entregou todo o dinheiro que tinha trazido.

 

 

– Para que isso?

 

 

– Tente pagar tudo que ela bebeu, pode usar!

 

 

Dito isso carregou a bêbada consigo. Yuri estava mais sociável, tropeçava às vezes, tinha a fala enrolada e um cheiro de álcool impregnado na alma. Nem por isso estava insuportável, era uma ótima bêbada, se comportava direitinho. Nada de gritos desnecessários, assédios “sem querer”, cantadas idiotas, choro ou vontade de dançar pelada. Yuri era — até quando estava embriagada — a encarnação de uma passividade amável. Já na rua Tiffany pediu que ela sentasse no meio-fio para descansar um pouco enquanto esperava a tontura passar. A Hwang estava esperando por Seohyun em pé, mas como ela demorou sentou ao lado da confeiteira. Ela tinha se tornado tão miserável assim? Já era a segunda vez na mesma noite dentro de poucas horas que acabava no meio-fio.

 

 

– Chiffany…

 

 

Yuri chamou baixinho, na porta da boate algumas pessoas saíram rindo e fazendo barulho, um carro passou por elas na rua. Tiffany se virou, antes que tivesse tempo de pensar viu Yuri se aproximar e uma piscada depois os lábios macios e com gosto de álcool estavam pressionados contra os seus.

 

 

 

 

 

 

▫️▪️▫️▪️

 

 

 

 

 

– Está gostando daqui? – Hyoyeon perguntou enquanto balançava o copo com cerveja em movimentos circulares cuidadosos.

 

 

– É divertido e menos barulhento. – admitiu com um sorriso sincero.

 

 

Taeyeon não esperava se divertir naquela noite. Depois que Hyoyeon a arrastou consigo imaginou que seria obrigada a vagar de bar em bar pela noite lidando com sua sunbae embriagada e insuportável. Pelo contrário surpreendeu-se quando foi levada a um charmoso pub. No caminho deparam-se com alguns amigos de Hyoyeon. O moreno e introvertido Jongin, mais dois rapazes altos e fortes do time de basquete, uma garota pequena e falante que já estava em seu último semestre e uma caloura do direito.

 

 

– Yujeong-ah me alcance essa garrafa! – pediu o mais alto dos jogadores, Taeyeon não tinha memorizado o nome dele.

 

 

– Por que Jessica-sshi não veio? – Jongin perguntou timidamente, olhando para a porção de frango frito que tinham pedido.

 

 

Todos na mesa o encararam por curtos segundos claramente o censurando antes de voltarem-se para Hyoyeon.

 

 

– Eu pensei que já tinha te dito que ela não vinha. – disse indiferente enquanto enchia a boca de frango.

 

 

– Taeyeon-sshi! – Yujeong, a sênior, chamou.

 

 

Estavam sentados em uma mesa retangular comprida, do lado direito sentavam respectivamente Jongin, Taeyeon, a garota do direito que se chamava Hyerin e fechando a fileira a falante Yujeong. Do outro lado Hyoyeon era rodeada por um jogador de cada lado. O mais baixo deles que tinha uma voz grave e retumbante Taeyeon pensava se chamar Taeho, mas não tinha certeza, o outro ela não lembraria do nome.

 

 

– Você toca violão não é? – perguntou a mulher, se inclinando por cima de Hyerin para poder enxergar a loirinha.

 

 

– Eu tocava no fundamental.

 

 

Ela assentiu já se esquecendo desse pequeno diálogo sem importância, mais preocupada em dar pitaco na conversa de Hyoyeon com os dois jogadores. Esta girava a palavrões, risadas altas e comentários maldosos sobre outras pessoas. O pub era calmo, se comparado com a boate barulhenta que Taeyeon estava destinada a ir. No lugar das luzes insanas da boate a iluminação era fraca e amarelada, invés de uma batida capaz de estourar os tímpanos o ambiente era agraciado com a voz calma e doce da garota bonita que tocava seu violão e cantava no pequeno palco do pub.

 

 

Não tendo espaço para si dentro daquela conversa doida sobre pessoas que Taeyeon sequer imaginava quem fossem, a pequena adulta decidiu puxar assunto com a garota ao seu lado. Podia ter optado por iniciar um papo com Jongin, mas o rapaz estava mandando mensagens loucamente e não desgrudava os olhos da tela do celular nem para beber. Hyerin estava quietinha no seu lugar, com um copo de suco entrelaçado nas mãos, sua atenção não estava na mesa ou em seus companheiros barulhentos. Ela analisava calmamente a cantora do pub.

 

 

– Ela canta bem, né?

 

 

Um pouco surpresa por estarem falando diretamente com ela, Hyerin respondeu.

 

 

– Sim. – fez uma pequena pausa. – Junhee e eu temos aulas de canto desde o primário.

 

 

– Ela é sua amiga? – Taeyeon não escondeu o espanto.

 

 

– Moramos praticamente juntas desde os oito anos. – ela riu, depois deu um gole em seu suco e voltou a falar. – Minha família se mudou para a casa ao lado da dela, naturalmente nos tornamos amigas desde então.

 

 

O pequeno diálogo que havia começado foi interrompido por uma explosão de risadas do resto da mesa. As duas que não participavam se entreolharam e riram. A música ambiente parou e as caixas de som espalhadas pelo ambiente começaram a tocar um jazz suave. Olhando para o palco a garota que antes cantava agora ajeitava seu violão no suporte.

 

 

– Pausa de quinze minutos. – explicou Hyerin. – Junhee sempre exige essas pausas a cada duas horas que passa tocando. Ela é uma ótima artista, mas tem suas manias.

 

 

Taeyeon concordou. Devia ser maçante passar oito horas tocando sem parar, era bem merecia sua pausa. A cantora desceu do palquinho e caminhou até a mesa deles, sendo recebida com algazarra por todo o resto. Em meio a risos e certos goles em um copo que lhe foi oferecido Junhee sentou ao lado de Taeho, no banco de Hyoyeon.

 

 

– Você estava ótima! – Yujeong gritou do seu lugar.

 

 

– Nossa menina sempre nos enche de orgulho! – brincou o grandalhão afagando o cabelo da garota.

 

 

– Calma aí oppa! – ela se afastou um pouco. – Vai bagunçar meu penteado! Hyerin levou horas para arrumar!

 

 

– Ei! Choi! – Hyoyeon elevou a voz para se sobrepor ao barulho. – Conhece Taeyeon e Jongin?

 

 

Os olhos de Junhee demoraram-se nos dois que não conhecia. Hyoyeon fez as apresentações.

 

 

– Kim Taeyeon! Minha hoobae preferida e comparsa de roubos!

 

 

– Sunbae! – protestou a Kim mais nova.

 

 

– E aquele virjão ali é o Jongin! Ei seu bastardo! Seja educado e largue essa porcaria para cumprimentar a menina!

 

 

Os dois se levantaram e estenderam as mãos, Taeyeon sabia que ela era uma garota bonita, dava para perceber só olhando do palco, de perto ela parecia mais radiante, como um filhote de cachorro, fofa e um tanto hipnótica.

 

 

– Prazer, Choi Junhee! – apertaram as mãos. – Mas meu nome artístico é Juniel! Pode procurar no spotify!

 

 

Elas riram. Taeyeon afirmou veemente que escutaria todas as músicas dela. Junhee pareceu gostar daquilo. A cantora permaneceu todo o seu breve intervalo na mesa com eles conversando e bebendo. Quando este acabou voltou ao seu lugar no palquinho com seu violão. Taeyeon e Hyerin conversavam enquanto prestavam atenção nas músicas. Junhee tocava bem e tinha uma voz muito boa de ouvir. Talvez Taeyeon tivesse bebido um pouquinho demais e estivesse se confundindo. Junhee cantava sem tirar os olhos dela.

 

 

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

 

 

Tiffany sequer precisou afastar Yuri de si, o beijo terminou mal havia começado. Yuri recuou a distância que tinha avançado, as duas sabiam que ela tinha bebido demais, mesmo sua postura não sendo a de um ser humano totalmente embriagado. Yuri encarou Tiffany, um pouco assustada, mas a emoção que mais se destacava em seu rosto era a decepção, ela estava, verdadeiramente triste com alguma coisa. Essa emoção inesperada comoveu de certa forma a Hwang, que, em outra ocasião, estaria pedindo por explicações aos berros por aquele ato. Desta vez ela esperou que Yuri falasse primeiro.

 

 

– Não. – ela disse. – Não é você Chiffany.

 

 

– Uh? – a Hwang balançou a cabeça, voltando a realidade.

 

 

– Eu queria que fosse você, sabe? Me pouparia… – ela pareceu esquecer do que falava, depois de um segundo em silêncio retomou. – Me pouparia trabalho.

 

 

– Eu não tô entendendo Yul.

 

 

Ela sorriu deixando a cabeça pender pro lado e esticando as pernas ao longo da rua.

 

 

– Eu não sabia se gostava de você, hic! – um soluço, ela se assustou e levou a mão à boca. – Ou de Jesshica! Hic!

 

 

– Então?

 

 

– Eu conversei com-hic! Seo. Ela me disse que… que.. hic! – Tiffany conteve-se para não rir dos soluços inoportunos de Yuri. – Que você tem certe-hic! Certeza de sheus.. sentimentos... Hic! Quando voche beija a pessoa que você hic! Goxta!

 

 

– Por isso você… – ela nem precisou terminar a frase, Yuri maneou a cabeça concordando, Tiffany riu um pouco. Yuri era mesmo uma em um milhão. – E então?

 

 

– Eu gosto de você. – Yuri sorriu e apertou a mão dela. – Mas… hic! Não romantica.. roman…

 

 

– Romanticamente! – ajudou Tiffany.

 

 

– Isso. Hic! Obrigada, Chiffany.

 

 

Elas ficaram um tempo em silêncio. Muitas coisas reviravam-se na cabeça de Tiffany. A emoção capital era o alívio. Sentia alívio por Yuri não nutrir uma paixão por si, amava tê-la como uma amiga que sabia que poderia contar indiferente à circunstância. Yuri era tão importante para si quanto Jessica, a diferença entre as duas era clara, enquanto com Jessica costumava brigar e ela guardar rancor, chegando a passar meses sem se falarem, com Yuri isso nunca aconteceria. Tiffany dizia somente para si mesma que Yuri era uma versão calma, tapada, inocente e gentil de sua amiga Jung.

 

 

– Yul, – chamou enquanto esticava as pernas pela rua imitando a ação de Yuri minutos antes – se você não gosta de mim, então isso quer dizer que…

 

 

– Não-hic! – ela esticou as mãos para trás, apoiando o corpo sobre elas e se recostando, Tiffany ficou com medo de que pisassem sem querer nela. – Eu ainda não beijei Jeshica para-hic! Ter… voche sabe… certeza.

 

 

Tiffany concordou, pretendia explicar que esse não era o único meio de se saber se você estava apaixonado ou não por alguém. Como era Yuri quem ela era queria convencer disso achou melhor não falar nada. Além disso, Seohyun vinha voltando com uma cara zangada e as coisas de Yuri. Estas últimas, disse ter ralado para encontrar, por sorte um funcionário juntou a bolsa que encontrou caída perto do balcão.

 

 

– Tiffany-unnie me desculpe! Eu gastei todo o seu dinheiro e o de Yuri-sshi! – olhou indignada para a confeiteira que ainda estava sentada como se estivesse tomando banho de sol em uma praia paradisíaca. – Ela bebeu muito! – sentenciou, cruzando os braços, louca para irem embora.

 

 

Se colocaram a caminhar até o ponto de ônibus, depois de todo aquele gasto imprevisto estavam sem dinheiro para pagar por um táxi ou seja lá o que fosse. Caminhavam devagar, Yuri estava constantemente apoiada nas duas, com uma de cada lado, com um braço da confeiteira por cima dos ombros. O maior medo de Seohyun era que Yuri vomitasse de novo, desta vez não teria como evitar uma bagunça. Mal andaram duas quadras o celular de Tiffany tocou i’m gonna be a star a todo volume chamando a atenção das outras.

 

 

– Seu toque é i’m gonna be a star? – Seohyun perguntou não acreditando no que ouvia.

 

 

– Minha música preferida! – defendeu-se soltando Yuri para atender. – Alô! O quê?! Tem muito barulho! EU DISSE QUE TEM MUITO BARULHO!!! SAI DAÍ ENTÃO!!!! O QUÊ?!!

 

 

Seohyun e Yuri se entreolharam, Tiffany estava de costas para elas, com a mão livre tapando a outra orelha, para poder escutar melhor. Seohyun murmurou para a confeiteira que sua unnie só podia estar falando com Jessica.

 

 

– COMO ASSIM?! – Seohyun alternou o peso do corpo entre as pernas, vendo como ficava melhor para sustentar Yuri, que a esse ponto estava praticamente jogada em cima dela. – TÁ BEM! EU VOU! TCHAU!

 

 

Tiffany desligou.

 

 

– Jessica. – confessou com um sorriso nervoso. – Ela disse que está com uns problemas, vou lá encontrar com ela e trazê-la para casa.

 

 

– Ela está bem?

 

 

– Ela está com a Yoona-sshi?

 

 

A pergunta de Yuri foi feita ao mesmo tempo que a de Seohyun. Tiffany disse que não precisavam se preocupar, a natureza alarmista de Jessica às vezes era um tanto exagerada. Yoona estava com ela e Tiffany iria buscá-la. Tudo sobre controle.

 

 

– Seo leve a Yul para casa! Ela não parece tão bem.

 

 

Eu estou bem! – defendeu-se a confeiteira.

 

 

– Só leve ela para casa. – ignorou Tiffany. – Ligo quando resgatar a Jessica. Me avise quando chegar em casa.

 

 

– Tudo bem.

 

 

Feitas suas recomendações e pedidos Tiffany deu meia volta e partiu em busca de sua amiga aflita. Ela não conseguiu entender muito bem o que tinha acontecido de fato, Jessica devia estar dentro de alguma boate ou bar por causa do barulho horrível que atrapalhou durante toda a conversa. A Jung não soube se fazer compreender e tudo o que Tiffany conseguiu extrair foram três frases um tanto desconexas. “Yoona é uma vaca!” “Não tinha seguro!” “Trás chocolate!”. Ela precisava chegar o quanto antes no endereço que lhe foi mandado por SMS.

 

Após ficarem alguns momentos observando Tiffany se afastar Seohyun pediu que voltassem a andar.

 

 

– Eu já consigo… caminhar sozinha.

 

 

– Tem certeza? – se ela caísse Seohyun temia não conseguir levantá-la.

 

 

– Eu já tô melhor.

 

 

– E o soluço.

 

 

– Passou. – Yuri sorriu.

 

 

No meio da caminhada passaram por um restaurante que exalava um cheiro tentador de comida recém feita. Yuri estancou e Seohyun parou também. As duas farejaram, ficaram com água na boca e concordaram que seria uma ótima ideia fazer uma pausa na jornada que travavam. Entraram.

 

 

 

 

 

 

▫️▪️▫️▪️

 

 

 

 

 

– Vamos lá! Ela tá super na sua! – Hyoyeon berrou no ouvido de sua hoobae. – Olha como ela fica olhando para cá!

 

 

Taeyeon sabia muito bem que Junhee estava flertando. O grupo permaneceu no bar por tempo suficiente para o próximo intervalo da cantora chegar. Quando ela veio à mesa pela segunda vez Hyoyeon e os dois rapazes estavam muito embriagados, Jongin já tinha ido embora e Yujeong se preparava para sair, completamente alta. Hyerin não bebia. Taeyeon tomou alguns copos, nada mais do que o suficiente para ficar só um pouquinho mais falante e confiante de si.

 

 

– Vão ficar aqui para sempre? – perguntou Junhee roubando um dos copos cheios de cerveja da mesa.

 

 

– Só até Taeyeon tomar coragem e te chamar para sair! – Hyoyeon berrou.

 

 

– Você quer sair comigo? – Junhee perguntou encarando fixamente Taeyeon, era provocativa a forma como ela tomou um gole depois de perguntar.  

 

 

A loirinha riu nervosamente, passou as mãos pelo cabelo, desconcertada.

 

 

– Essa sunbae bebeu demais! – riu tentando descontrair.

 

 

– Que pena, achei que me chamariam para sair. – ela baixou os olhos, podia estar fingindo insatisfação, Taeyeon não tinha certeza, ela era difícil de ler.

 

 

– Juni-ah! – Taeho chamou, completamente bêbado. – Vamos pro Joker quando a gente acabar aqui… você vai? Huh?

 

 

– Vou pensar! – ela sorriu, olhando de soslaio para Taeyeon.

 

 

Hyoyeon chamou a atenção de Juniel, as duas começaram a conversar, os rapazes às vezes davam algum palpite. Enquanto eles conversavam Taeyeon sentiu uma cotovelada fraca vindo de Hyerin, olhou para a garota. Ela apenas moveu os lábios, Taeyeon não conseguia escutar o sussurro, mas não precisava, a Kim entendeu a frase. “Ela está a fim de você.”. Com esse tipo de confirmação Taeyeon não podia simplesmente não fazer nada.

 

 

– Unnie! Falta muito para você terminar? – a mais nova dali perguntou.

 

 

– Tenho que cantar mais cinco músicas e estou livre. – falou para Hyerin.

 

 

– Quando estiver livre venha com a gente! – pediu Taeyeon, pela primeira vez a encarando fixamente, da mesma forma que ela fez consigo antes.

 

 

Junhee claramente gostou da resposta. Sorriu.

 

 

– Claro! Eu irei! – tomou o que restava da cerveja e se virou, porém, antes de fazê-lo, deu uma discreta e quase imperceptível piscadela à Taeyeon.

 

 

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

Tiffany não custou a encontrar Jessica. Sua amiga estava escorada na parede da frente de uma boate lotada de gente. Não era cedo, mas nem por isso a fila para entrar estava menor. Um infeliz embriagado vomitava perto da porta. Se aproximou com cautela. Fazia tempo que não via sua amiga tão mau humorada. A cara fechada numa carranca horrível, os braços cruzados, o celular firme na mão direita. Nada naquela cena era um indício de algo bom.

 

 

– Jessica! – chamou se aproximando, a Jung enxergou-a e se mexeu, desencostando-se da parede.

 

 

– Você demorou. – reclamou cruzando os braços de novo.

 

 

As duas tinham parado alguns metros adiante do estabelecimento lotado na calçada larga. Jessica parecia estar congelando naquele short. O outono já tinha chegado e as noites eram mais frias.

 

 

– O quê houve? Eu não consegui entender direito por causa do barulho. – Tiffany decidiu ignorar as observações desnecessárias.

 

 

Ela se arrependeu de ter feito a pergunta ao notar a instantânea reação negativa de Jessica. Seu cenho se franziu, ela bufou enquanto olhava de esguelha para o chão, depois de piscar fitou os olhos escuros e furiosos na vítima que ouviria todas as suas frustrações. Tiffany Hwang torcia para não ser algo tão ruim.

 

 

– Vou falar rapidamente porque só me lembrar de tudo me deixa enjoada! – avisou sucinta. – Yoona e aquele namorado ridículo são dois escrotos!

 

 

Tiffany foi pega de surpresa por esse ataque súbito.

 

 

– A pilantra não me disse que não sabia em que boate a gente tinha que se encontrar. Por causa disso a gente veio parar aqui. Mas essa não é a pior parte: o namorado sequelado dessa vadiazinha não tem seguro, furou o pneu da porra do carro e ficamos esperando por quase uma hora até um borracheiro aparecer! Depois deu a confusão do lugar, Yoona jurava por tudo que era aqui, a gente entrou. Eu fiquei procurando por vocês por séculos e quando me dei conta do que tinha acontecido a filhadaputa só deu uma risadinha e disse “me enganei”!

 

 

Depois de cuspir uma frase quase que por cima da outra Jessica estava quase ofegante. Tiffany sabia que dar corda fazendo perguntas seria como tentar apagar fogo com gasolina. Precisava fazer Jessica tirar sua atenção de tudo aquilo se quisesse conversar direito com sua amiga. Então, quando já estavam as duas dentro de um táxi que a Jung relutantemente teve que pagar com seu próprio dinheiro, Tiffany falou sem mais nem menos.

 

 

– Yuri me beijou.

 

 

Jessica virou o rosto ainda emburrado para ela e disse com a maior cara de quem não liga.

 

 

– E daí?

 

 

– Aigoo! – Tiffany estava cansada, lidar com Jessica de mau humor não era bem o que queria, se bem que já estava agradecida só pela Jung não estar dando piti. – Eu conversei com ela! Ela me beijou porque queria saber se gostava de mim!

 

 

– Ela descobriu? – ao menos agora Jessica demonstrou um fio de interesse genuíno prestando atenção de verdade na resposta.

 

 

– Sim. – a cara de Jessica indicava que Tiffany devia continuar antes que parasse de ficar interessante e ela pudesse voltar a se concentrar em ficar de mau humor. – Ela não gosta de mim. Não assim.

 

 

– Hum. – Jessica virou para frente e a conversa pareceu encerrar. Porém ela quebrou o silêncio depois de certo tempo. – Eu sempre achei que vocês ficariam juntas.

 

 

Tiffany riu, surpresa pela repentina honestidade naquelas palavras. Tocada por isso, decidiu ser honesta também.

 

 

– Yuri nunca ficaria comigo. Ela tá apaixonada por você. – confessou, esperando uma reação explosiva. O máximo que conseguiu foi um seco e despreocupado:

 

 

– Tá brincando?

 

 

 

 

 

 

▪️▫️▪️▫️

 

 

 

 

Yuri curou-se de sua bebedeira em um tempo recorde. A comida quentinha e gostosa, o chá saboroso e a simpatia da dona do singelo restaurante desintoxicaram Yuri de quase toda a sua embriaguez. Infelizmente, Seohyun decidiu beber tudo que não tinha bebido na festa. Frustrada por sua noite que devia ter sido divertida  se transformar em um martírio, secou garrafas de soju sozinha enquanto Yuri — que fizera amizade com a dona — anotava algumas receitas da falante senhora.

 

 

– Você bebeu demais. – decretou a confeiteira. – Vou pedir a conta e te levar para casa.

 

 

– Você é legal Yul! – Seohyun sorriu debilmente, se levantou e foi atrás da mulher.

 

 

Encontrou-a no caixa alguns passos adiante, o restaurante era pequeno e estava vazio. Sem pensar duas vezes abraçou-a por trás, firmando os braços em seus quadris, selando suas mãos na frente. Yuri se surpreendeu, mas não deixou transparecer seu espanto em ser abraçada daquela forma.

 

 

– Vou pagar o que falta amanhã com toda certeza!

 

 

– Já disse para não se preocupar! – teimou a senhora. – Vá! Sua amiga está mal!

 

 

– Estou indo… – Yuri se rendeu à insistência da ahjumma. – Mas volto amanhã!

 

 

– Faça como quiser. Agora vá! Já está muito tarde!

 

 

– Sim senhora! – se virou, soltando Seohyun de si. – Vamos Seo, dê tchau para a Ahjumma, ela foi muito boa para nós!

 

 

– Tchaaau! – Seohyun abanava insistentemente.

 

 

Já completamente consciente de seus atos Yuri pegou seu celular e ligou para um táxi, não gostava do que estava prestes a fazer. Assim que o carro chegou disse para o homem que pagaria assim que chegassem, quando na realidade, não tinha ideia se haveria dinheiro na casa que Seohyun dividia com as outras. Dentro do táxi uma música animada tocava, um rapper cuspia suas rimas e tudo estava parcialmente escuro.

 

 

– Yul… – Seohyun chamou arrastado, escorregando pelo banco até Yuri.

 

 

– O que foi Seo?

 

 

– Você é tão quentinha… – ela riu. – Eu estou com frio…

 

 

Tendo isso declarado Seohyun deitou a cabeça em seu peito, colocando o braço direito de Yuri por cima dela mesma, obrigando a confeiteira à abraçá-la. Yuri não disse nada, ela devia mesmo estar com frio. Seguiram o resto do percurso assim. Quando chegaram Yuri levou Seohyun lá para cima primeiro, depois, seguindo as instruções da garota, achou uma caixinha cheio de notas. Usou algumas para pagar o taxista. Ao voltar para o apartamento, agradeceu pelo dinheiro.

 

 

– Não agradeça a mim. – Seohyun riu maldosa. – Agradeça à sunbae!

 

 

– Por quê?

 

 

Estavam no quarto de Tiffany, Yuri não sabia bem qual era o de Seohyun e deitou-a no primeiro que encontrou. A garota estava mole, completamente tonta pelo álcool. Seohyun ria por nada e estava mais grudenta.

 

 

– Você.. é... muito legal Yul. – ela abraçou a confeiteira por trás novamente.

 

 

– Obrigada. – Yuri agradeceu se virando, eram praticamente do mesmo tamanho. – Você devia dormir, vai se sentir melhor amanhã. – lhe garantiu conduzindo-a calmamente de volta à cama.

 

 

Seohyun se deitou, rolou para o lado e deu tapinhas no espaço livre. Yuri não entendeu e ficou só olhando, depois de esperar um pouco e desistir Seohyun a chamou.

 

 

– Senta aí… – pediu se sentando ela mesma na cama. – Pode apagar a luz? Eu tô com dor de cabeça.

 

 

Prontamente Yuri obedeceu. Depois voltou a sentar ao lado da maknae. O quarto ficou escuro, a luz do corredor entrava de mansinho, tornando possível enxergarem-se. Seohyun se aproximou devagar e sutilmente de Yuri. Quando esta última percebeu a mais nova estava a centímetros de distância.

 

 

– Você falou com Tiffany… não é? – Yuri assentiu. – E então?

 

 

– Eu a beijei. – Seohyun ficou surpresa. – Mas não senti nada do que você me falou. Eu não estou apaixonada por ela.

 

 

– Hm... – ficaram em silêncio, Yuri olhando para as próprias mãos no escuro. – Como… você a beijou?

 

 

– Com a boca. – respondeu simples, não estava sendo grossa, pelo contrário seu tom era um tantinho envergonhado.

 

 

– Assim? – e Seohyun deu um selinho em Yuri.

 

 

Primeiro em choque, a confeiteira demorou para reagir. Balançando a cabeça em concordância. Vendo que conseguiria o que tanto desejava Seohyun levantou custosamente (estava um pouco tonta) e encostou a porta do quarto, deixando tudo escuro. Depois de alguns segundos, os olhos adaptando-se ao breu, elas voltaram a se enxergar. A luz dos fundos do prédio ao lado passava pela fina cortina e iluminava brevemente o cômodo. Seohyun caminhou de volta para se sentar, tropeçou.

 

 

– Você está bem? – Yuri a segurou, soltando-a quando ela sentou.

 

 

– Yul… vou te ensinar, como se beija.

 

 

A confeiteira teve um pequeno acesso de pânico, semelhante ao de um aluno quando vai fazer uma prova e sabe que não estudou o suficiente. Seohyun colocou uma das mãos no ombro de Yuri, a outra manteve apoiando-a no colchão.

 

 

– Primeiro você faz assim. – selou os lábios de leve com os dela. – Depois…

 

 

Uma investida calma, Yuri manteve-se estática, na segunda vez correspondeu temerosa. Era calmo, o roçar de lábios era agradável e quente, Yuri distinguiu o gosto do álcool, o sabor principal, entretanto, era diferente, porém bom. Seohyun tinha lábios macios e ternos, conduzia com cuidado, deixando Yuri investir também. As mãos dela que antes estavam tensas sobre o colchão migraram para os ombros e a nuca de Seohyun. A mais nova gostou disso, decidiu ser mais agressiva, seus lábios passaram a ir mais rápido, segurou firme no rosto de Yuri. O primeiro beijo foi tranquilo e retido, Yuri não sabia direito o que fazia e Seohyun não tinha pressa. O segundo veio carregado de uma malícia que antes não existia, os toques tímidos foram trocados por leves puxões de cabelo. Afastaram os rostos, ofegantes.

 

 

– Não entenda errado.. – Seohyun disse, a voz um pouco rouca. – Eu não te amo… não... desse jeito… bem, você me entendeu?

 

 

Yuri podia ser uma pessoa nem tão ligada assim, podia ser infantil, tapada demais e um pouco inocente. Mas sabia o que era sexo, era uma mulher adulta, capaz de perceber quando alguém estava tentando transar com ela. Pelo menos, capaz de perceber quando o interessado estava literalmente em cima dela. Yuri não tinha nenhuma experiência erótica. Mas sabia do que se tratava. Tinha estudado na escola. Mas mais importante do que isso. Sentia algo, uma sensação diferente, porém um tanto incômoda. Lembrou da palavra que definia esse sentimento, tinha lido em um livro uma vez. Tesão. Era isso que sentia.

 

 

– Eu entendi.

 

 

Seohyun ganhou a permissão que tanto ansiava. Sem se conter deu continuidade aos carinhos e beijos. Mesmo sem experiência alguma Yuri estava sendo ótima. Sua insaciedade era provocadora e Seohyun a adorou. As duas mantiveram os beijos e toques por bastante tempo antes de Seohyun achar que devia avançar mais, tinha medo de se precipitar. Com Seohyun embaixo de si, completamente ofegante e sedenta, Yuri finalizou o beijo. A maknae havia a mordido de leve no lábio, a confeiteira não sabia porque, mas tinha amado aquilo.

 

 

– O quê… eu faço agora? – perguntou sem fôlego.

 

 

Seohyun sorriu, ergueu a cabeça e sussurrou.

 

 

– O que eu mandar...

 

 

 

 

 

▫️▪️▫️▪️

 

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


🎶 I'm gonna be a star (star) I'm-I'm gonna be 🎶

Até o próximo capítulo seus lindos ❤️


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