História Eve - Capítulo 12

Steve suspirou cansado, enquanto mexia com o garfo de forma distraída no lanche que Tony surpreendentemente havia preparado para ele. Cenas da batalha passavam sem parar em sua mente, principalmente as que se seguiram depois que viu Eve desacordada e sem cor no chão.

Ele não queria ter pensado o pior, mas foi inevitável, e durante aqueles tortuosos segundos antes de Natasha verificar o pulso da moça, ele sentiu seu coração se apertar como nunca havia antes. Se Eve tivesse morrido naquele momento, ela teria ido sem saber a verdade sobre ele e também sobre ela mesma. Steve teria falhado com ela.

Como seria para ele ter que achar a família da loira somente para lhes informar que ele a havia deixado morrer? E se ele não os achasse, Eve seria enterrada em uma cerimônia vazia, talvez sem nem mesmo ter o verdadeiro nome em sua lápide.

Não, ele não podia suportar tal pensamento.

O Capitão balançou a cabeça e deixou o prato de lado, levantando-se da cadeira do bar de Tony onde há vinte minutos estava sentado e indo em direção ao elevador.

— Hey, aonde você pensa que vai? — Tony interviu quando o loiro atingiu o meio do caminho, olhando para o prato quase cheio que o Steve havia deixado e para a expressão cansada no rosto do Vingador.

— Para o laboratório. — Steve respondeu, parando para encarar Tony.

— Mas você não comeu nem metade do lanche! — O bilionário disse exasperado, fingindo uma expressão ofendida. Ele não fazia lanches para pessoas – com a excessão de Pepper –, não fazia parte dele se preocupar a esse ponto, então se ele algum dia ele fizer algum lanche pra alguém, é melhor essa pessoa comer.

— Não estou com fome. — O Capitão disse, voltando a caminhar.

Tony suspirou, apertando o passo para alcançar o loiro e o parando pelo braço.

— Olha, eu sei que você quer ir vê-la, mas descanse um pouco. Clara estava certa quando te obrigou a sair de lá, você precisa estar bem quando ela acordar, e além do mais, assim que Eve abrir os olhos a doutora vai pedir para JARVIS nos avisar. — Argumentou o moreno.

Foi a vez de Steve suspirar, e de segundos depois assentir. Tony estava certo, e por mais que ele quisesse ficar ao lado de Eve até que ela acordasse, seria melhor se ele estivesse descansado quando fosse a hora de vê-la.

Então foi isso que o super soldado fez... Ou tentou fazer.

***

— Idiotas! Bastardos! Como conseguem ser tão incompetentes?! — Diana gritou, raiva borbulhava de seus olhos azuis.

Ela estava tão perto! Alguns metros mais e ela conseguiria agarrar Eve e sair dali, finalmente os planos poderiam seguir seu curso e tudo voltaria ao normal, mas parecia que tudo estava conspirando contra a agente. Primeiro o incompetente do Fyres se deixou levar e foi derrotado por Eve – que droga de nome era esse afinal? Seu nome original fazia muito mais jus a ela do quê esse nome chinfrim – e conseguiu ser capturado pela S.H.I.E.L.D., depois os inúteis agentes que foram com ela para uma segunda tentativa recuaram de medo quando a Viúva Negra apareceu. O dia todo havia sido um desastre, e Diana queria botar toda sua frustração para fora.

— Mas Diana, seria impossível continuar depois que a Viúva Ne– — O agente, que ninguém se importava com a identidade, começou a questioná-la, mas não pôde continuar já que a loira partiu pra cima dele. Todos os agentes da sala arregalaram os olhos assustados, mas não ousaram se mexer.

— Depois que a Viúva Negra o quê?! Chegou com reforços? Nós também éramos os reforços e podíamos muito bem ter continuado a lutar! Ou vocês treinam aqui pra quê? Pra poder sair correndo que nem baratas quando o primeiro Vingador aparece? — Diana abaixou seu tom de voz, mas continuou falando com a mesma convicção enquanto prendia o homem contra a parede pelo pescoço.

— Da próxima vez que você. — Ela virou-se para o resto do grupo. — Qualquer um de vocês correr como aconteceu nesta manhã, podem saber que eu não vou hesitar antes de enfiar uma bala no meio de suas testas.

Diana soltou o agente e se afastou, se dirigindo à mesa de madeira no centro da sala enquanto o agente caia no chão ofegando, pondo as mãos no pescoço como se ainda sentisse o aperto da mulher em sua pele.

Diana respirou fundo, se apoiou na mesa e fechou os olhos antes de expulsar todos da sala.

— Fora daqui, todos vocês! Fora! — Gritou ela assustando os agentes, que saíram o mais rápido possível dali.

A luxuosa sala ficou vazia em instantes, só Diana podendo ser vista em seu centro. A agente ofegava de raiva, e para extravasá-la derrubou a mesa à sua frente e tudo o quê tinha em cima dela. Nada foi perdoado enquanto a atiradora derrubava vasos, pastas, computadores e tudo o quê aparecia em seu caminho.

— Diana, pare! — A voz grossa de Teri interrompeu o rompante da loira, que o fuzilou com o olhar assim que viu o moreno na porta.

— Parar? — Ela se aproximou do colega em passos lentos. — Você por acaso sabe o quê aconteceu hoje?

— Sim, eu sei que não conseguiram recuperá-la, mas não é motivo para quebrar toda a sala de reuniões.— Teri argumentou calmamente, o quê fez Diana franzir o cenho.

O moreno era o mais preocupado com a situação, e tirando ela, provavelmente o quê mais queria Eve de volta. Ele deveria estar brigando, gritando e até quebrando tudo assim como ela.

— É claro que é motivo! Talvez assim eu chame a atenção deles e eles percebam que é uma perda de tempo, de recursos, continuar com essa droga de discrição e nos mandem logo resgatá-la! E o pior, agora o Capitão. — pausou ela, falando o nome do Vingador com desdenho. — O bastardo a levou pra torre, e vai ser muito mais difícil tirá-la de lá! —

— Nós vamos dar um jeito. — Teri disse mais para convencer a si mesmo do quê a mulher à sua frente.

Foi nesse momento que uma ideia surgiu na mente de Diana.

— Não, quer saber? Nós devíamos ir lá agora! — Disse ela, indo até a sniper que havia derrubado junto com a mesa e colocando-a nas costas.

— O quê? — Teri perguntou confuso, sem acreditar no absurdo que Diana estava falando. Ele observou atônito enquanto a loira andava pela sala recolhendo seus equipamentos.

— Exatamente o quê você ouviu! Eles não vão estar preparados, não vão nos ver chegando! Todos nós podemos ir, eu, você, a Ella– — Diana foi interrompida quando passou por Teri e o mesmo agarrou seu braço.

— É loucura. — Disse ele irritado.

— Você não vai me parar. — Diana retrucou com a mesma irritação, olhando diretamente para os olhos cinzas e tempestuosos do moreno. Eles estavam próximos demais, e suas respirações se entrelaçavam enquanto os dois se entreolhavam furiosos. Por segundos os dois permaneceram naquela posição, até que o moreno tomou coragem para responder.

— Eu vou tentar. — Disse ele, com sua voz mais baixa que o comum.

Aquelas três palavras tinham mais significado do quê aparentariam para qualquer um de fora, e Diana arregalou os olhos surpresa. Um sorriso triunfante apareceu em seus lábios antes que Teri os tomasse de maneira selvagem.

O casal tropeçou para trás enquanto seus lábios colidiam de maneira furiosa, e as costas de Diana bateram contra a parede mais próxima enquanto suas mãos iam de forma bruta para o cabelo castanho do agente.

Se afastando de seus lábios para depositar beijos no pescoço da loira, que fechou os olhos em prazer, Teri passou suas mãos pelo corpo dela até chegar ao zíper de seu uniforme vermelho. Ele desceu o zíper rapidamente enquanto voltava para os lábios sedentos de Diana, aos poucos tirando todo o tecido que cobria os ombros, costas e abdômen da atiradora, que ficou apenas de sutiã.

O agente se afastou momentaneamente para contemplar o corpo esculpido da loira, que sorriu vitoriosa ao encontrar os olhos cheios de desejo de Teri.

— Gosta do que vê? — Perguntou ela, inclinando a cabeça em falsa confusão. Foi o suficiente para o homem avançar em sua direção novamente, só que dessa vez Diana estava preparada e entre os beijos inverteu posições com Teri, encurralando-o contra a parede.

Ela estava começando a desabotoar a camisa branca do moreno quando o barulho da porta se abrindo os interrompeu.

— Diana, eu... — Uma menina ruiva entrou na sala sem cerimônias, somente para arregalar os olhos em seguida. — Ai meu Deus!

— Ella! — Diana reclamou surpresa com a súbita interrupção, se afastando de Teri e fuzilando a garota com o olhar.

— Ok, ok, eu já estou saindo! — Ella disse o mais rápido de pôde, cobrindo os olhos com uma de suas mãos e saindo da sala. A porta se fechou com um baque atrás dela, e Diana soltou o ar que não sabia que estava segurando.

De repente a porta se abriu novamente, revelando Ella, que tinha um sorriso de lado no rosto.

— Mas você vai ter que me contar tudo depois! — A ruiva disse entre risadinhas, só fechando a porta novamente para desviar da pasta que Diana jogou em sua direção.

A atiradora olhou para Teri, que tinha olhos mais arregalados do que os de Ella quando entrou no quarto pela primeira vez, e alguns segundos de silêncio se passaram até que Diana começou a rir baixinho. O moreno olhou para ela confuso.

— O qu– — Teri tentou dizer, mas foi interrompido pela loira.

— Cale a boca. — Ela disse antes de unir seus lábios novamente em um beijo caloroso.

***

Steve estava fazendo tudo, menos descansar.

Depois de passar meia-hora se revirando no sofá da sala, sem conseguir dormir, Steve pediu para que Tony lhe mostrasse o apartamento de que tanto falava. Há meses o bilionário insistia para que ele saísse da desprotegida casa no Brooklyn para morar na torre, assim como Bruce e Natasha já faziam, ou pelo menos visse o apartamento feito especialmente para ele em um dos andares superiores do prédio.

O super soldado pensou que o local fosse ser extravagante, mas assim que pôs os pés para fora do elevador, ele percebeu que Tony não havia exagerado dessa vez. O andar, que incialmente seria só dele, havia sido separado em dois grandes apartamentos divididos por um corredor. Um dos apartamentos foi planejado para o Falcão, que ficou entusiasmado com a proposta de morar na torre e já estava de mudança, a campainha já com seu nome ao lado da porta. Logo à frente, na parede direita do corredor bege e com a porta aberta para a passagem dos dois Vingadores, estava o apartamento de Steve.

O local era duas, se não três vezes maior que sua casa no Brooklyn, e Tony assistiu animado as reações do Capitão para cada cômodo.

A sala, completamente mobiliada há meses, era espaçosa e bem azul. Quase todas as paredes do cômodo tinham tal cor, que quando ausente dava espaço para poucas paredes brancas ou para as enormes janelas que cobriam quase um terço do local, dando uma boa visão de Manhattan e das raras e pequenas estrelas que começavam a aparecer em seu céu de fim de tarde.

Três quartos – que Steve não fazia ideia da razão de estarem ali, já que ele sempre morou sozinho – eram acessíveis pelo corredor logo ao lado do bar, que tinha sua própria geladeira e mais parecia uma pequena cozinha no canto da sala. Os três tinham quase o mesmo estilo, sendo que dois deles já estavam prontos para uso.

O primeiro do corredor estava vago, apesar de mobiliado, e tinha um ambiente neutro com suas paredes brancas e cinzentas. As mobílias do segundo estavam posicionadas da mesma maneira, com a cama de casal no centro e enormes janelas logo ao lado, e as únicas diferenças estavam nas cores, que no cômodo eram azul claro e branco, no armário embutido visivelmente cheio e na porta aberta da suíte, que em todos os quartos era presente.

Uma sacola de roupas, que Steve reconheceu como sendo de Eve, já estava na cama.

Tony não perdeu tempo. O Capitão pensou, logo antes de entrar em seu próprio quarto.

O cômodo tinha um ambiente mais escuro do quê o anterior, com paredes de cor vermelho escuro, e era mais espaçoso do que os anteriores que visivelmente haviam sido planejados como quartos de hóspedes. Uma cama de casal de madeira escura, mas com um design moderno, se encontrava no centro do cômodo, assim como seus pertences, que já haviam sido organizados por todo o quarto. Suas roupas, livros, porta-retratos e uniforme estavam em seus devidos lugares, como se ele morasse ali desde sempre.

O apartamento também contava com uma moderna cozinha, banheiro social e um grande cômodo com tudo o quê Steve poderia precisar para uma missão. Uniformes idênticos ao seu, armas, malas, seu escudo, aparelhos telefônicos e outros que Steve não fazia ideia de para que serviam estavam bem organizados pelo local.

— O quê é isso? — Ele perguntou apontando para braceletes que nunca havia visto antes. Tony, que havia o seguido durante todo o percurso e parecia estar esperando pela pergunta, respondeu prontamente.

— Oh, ainda é um protótipo. — Disse o moreno, pegando um deles e posicionando-o em seu punho. — Bruce me deu a ideia um dia desses. — Continuou e se dirigiu ao escudo do Capitão, que estava logo em cima da mesa metálica no centro da mesa.

Tony tirou o escudo da mesa e o colocou no chão, enquanto Steve apenas o observava de braços cruzados. O bilionário apertou alguma coisa no bracelete, que soltou um pequeno barulho esganiçado, assim como uma pequena fumaça branca.

— Foi feito para atrair somente Vibranium, para quando você per– — Tony dizia animado, apertando o botão diversas vezes em uma tentativa de fazer o bracelete funcionar quando de repente o escudo voou em sua direção, colando-se ao bracelete de forma bruta e batendo em sua barriga, lhe tirando o ar.

Steve levantou uma de suas sobrancelhas.

— Como eu disse... Protótipo.

O Capitão estava prestes a comentar quando a voz de JARVIS soou pelo apartamento.

“Senhor Stark e Capitão Rogers, a Agente Romanoff pede a sua presença no salão principal.”