História Everything Has Changed - Recuperação.

Leah e Louis se aproximaram, e Marcel nos deixou a sós. Os dois se acomodaram timidamente nas cadeiras que estavam ali, e aproximaram de meu leito. Louis carregava um buquê de flores, acredito que eram tulipas.

- O que vocês fazem aqui? – apertei os olhos. – desculpe, mas achei que nunca teriam essa atitude.

- Como poderia achar que eu ignoraria o fato de você estar aqui? – entregou o ramalhete, o deixando envolvido em meu braço. Sorri com sua doce atitude.

- Obrigada, Lou. Pensei que nunca mais poderia ter a chance de ter sua amizade. – falei, e depois olhei para Leah, que observava atenciosamente cada atitude de Louis. – fico feliz com sua presença também, Leah.

- Acredite ou não, mas já imaginei um cenário em que você atacaria algo em mim para me expulsar. – nós rimos. – vim colaborar com a doação de sangue.- meu olhar se preencheu com um brilho, e sorri, ainda perplexa.

- Tá brincando? – ela balançou a cabeça em negação.

- Queria arranjar uma forma de te pedir desculpas.

- Um pedido já bastaria...

- Não seria o suficiente. Por tudo que fiz com vocês, o meu egoísmo exagerado... eu tinha que deixar uma marca de alguma forma. – explicou com um sorriso.

- Obrigada Leah, com todo o meu coração, eu te agradeço. Ajudou muito nós todos. – deslizei meus dedos nas flores. – e muito obrigada por estar aqui, Louis. Foi muito fofo da sua parte. – ele sorriu da mesma que fez quando nos conhecemos. Eu realmente sentia falta de Louis Tomlinson. Eu o achava maravilhoso, mas não como um namorado.

- Fiquei envergonhado, depois que terminamos.  – deu de ombros. – acho que eu errei ao mentir. Você fez de tudo para ser você mesma, e eu quis que o Marcel me ajudasse a te conquistar.

- Não fique preocupado. – sorri. – agora só quero que fique tudo bem entre a gente.

- Ok. – ele sorriu, e olhou para Leah, que ainda o olhava apaixonadamente. – devíamos ir juntos para a festa que vai ter. É uma “after party” do baile.

- Vou falar com o Marcel.

- Obrigada por me receber, Jessica. – Leah acariciou minha mão e sorriu antes de nos deixar.

- Espere, Leah! – Louis exclamou, e ela olhou para trás. – me deixe te levar pra casa. – ela sorriu com bastante alegria, por mais que parecesse disfarçar. Louis beijou minha testa em despedida. – fique bem, tá?

- Me prometa achar alguém que te ame muito. – disse em voz baixa.

- Eu vou, Jess. – sorriu e acompanhou Leah. Fechei os olhos por um instante, mas logo depois percebi que alguém havia chegado. Era Ally, com uma de suas costumeiras blusas de renda, jeans escuro e um par de all star cor-de-rosa.

- Oi, Jess... posso entrar?

- Claro, Ally! – estava muito contente. Eu queria ter minha amiga de volta mais do que nunca. Além dela, eu tinha a Mary da minha antiga escola, mas raramente nos falávamos, pela distância. E ela era uma das poucas pessoas que me inspiravam confiança.

- Como você está? – disse ao acariciar meu braço.

- Com um pouco de dor, mas melhor do que aparenta. Acho que o susto foi o maior.

- Graças a Deus.

- E você, como está?

- Estou bem! – respondeu com empolgação.

- Sério mesmo? – ela sabia ao que me referia. Eu odiava a ideia de namorar o cara que ela gostava.

- Não no começo. – se sentou na cadeira. – seria mentira se eu dissesse que não sofri com o que aconteceu. Mas... acho que estou me recuperando. E sem dizer, que tem um cara do meu curso que...

- Ai, é sério?! Me conta tudo!! – Ally riu com a minha reação.

- Senti muita falta de você.

- Eu também senti, Ally. – ficamos conversando por umas duas horas seguidas, depois ela teve que ir embora. E para completar meu dia cheio de atenções especiais, meu pai apareceu no quarto usando cadeira de rodas.

- Jessy?

- Ei, garotão... como se sente?

- Forte como um cavalo. – disse ao se aproximar mais.

- E essa cadeira de rodas? – falei ao arquear uma sobrancelha.

- Quis saber como era! – respondeu, tentando disfarçar. Eu ri baixinho. – minha filha, como isso pôde acontecer?

- Eu só estava nervosa, pai. E um caminhoneiro parecia estar desorientado.

- Aquela estrada é perigosa, deveria saber disso. Com o que ficou nervosa?

- Eu já sei da verdade, tá? Você nunca nos traiu. A mamãe, que tanto te julgava, fez o pior das hipóteses. – ele respirou fundo e olhou para baixo.

- Espero que você possa me perdoar por isso. Nunca quis que essa mentira tivesse durado tanto tempo.

- Você tem que me prometer que nunca mais vai mentir assim pra mim. Deve sempre ser verdadeiro, não importa quão dura seja a realidade. Por favor.

- É claro, meu amor. – deu um demorado beijo em minha mão, e depois a acariciou com o rosto. – senti tanta falta disso. – eu sorri.

- Se eu soubesse a verdade desde o início, eu teria escolhido ficar com você. Nunca teríamos nos separado.

- Depois que você se casar, vai entender como é difícil o assunto quando se trata dos filhos. Nunca é tão fácil fazer decisões. – engraçado, quando ele falou sobre casamento logo me veio à cabeça como um filme como seria me casar com Marcel. A vida seria tão maravilhosa ao lado dele. – esse seu sorriso só quer dizer uma coisa. – mostrei a língua e meu pai mostrou de volta. – foi ele que te contou a verdade, não é?

- Isso.

- Aquele desgraçado! Além de ter sido o causador do seu acidente, ele te...

- Papai! Número um: eu fui a causadora do meu acidente, tá? Se for pra ter outro culpado, é só o caminhoneiro! E número dois, o que ia dizer, hein?

- Ele levou a minha garotinha que adorava ursinhos de pelúcia e brincar de ser um astro do rock pra cama!

- Assim parece que eu continuo sendo a menininha, e fica bem nojento!

- Desculpa, Jessy.

- Está tudo bem. Só não gostaria que você desaprovasse nosso namoro. – falei com tristeza.

- Não desaprovo. Eu só estou tentando entender aos poucos. – sorriu levemente. – eu adoro aquele garoto, você sabe disso.

- Se eu não tivesse sobrevivido, meu último beijo teria sido com ele.

- Você ainda se lembra disso? – perguntou com curiosidade e bondade no olhar.

- A importância de com quem seria o último beijo da minha vida, e não o primeiro. Claro que me lembro. – nos olhamos por um tempo, e depois Marcel entrou, fazendo uma expressão de susto.

- Ah, eu posso voltar depois!

- Não, não! Fique, Marcel. – eu e Marcel trocamos um olhar como se não sabíamos o que fazer, e ele se sentou numa das cadeiras. Ficamos nos encarando por um tempo.

- Gente! Pelo amor de Deus, se essa situação ficar a mesma lá em casa eu vou me mudar! – os dois se olharam, meu pai lançava um olhar de desconfiança e Marcel tinha um olhar confuso.

- Só se seu pai aceitar ficar bem comigo.

- Só se o seu namorado me prometer distância de no mínimo 1,5m de você quando estivermos em casa.

- Meio metro a partir das dez da noite.

- Um metro!

- Um metro a partir das dez e meia.

- Fechado. – meu pai disse com os olhos cerrados, e eu ainda estava tentando entender o que foi aquilo.

- Vocês se tornaram insuportáveis juntos, sabiam? – falei ao cruzar os braços.

- Que isso, a gente se ama, não é sr. Morgan? – Marcel falou com um sorriso travesso, e meu pai sorriu, ainda desconfiado.

Nos próximos dias, Marcel ficava o tempo que podia ao meu lado no hospital, trazia o meu livro favorito – Dr. Jekyll and Mr. Hyde – e lia em voz alta para mim. Honestamente, eu deixava de prestar atenção na história para me concentrar no som de sua voz, que tanto eu amava. Às vezes ele acabava encontrando com a Ally, que também vinha me ver, mas agiam normalmente, mesmo que Ally ainda ficasse um pouco envergonhada. As coisas em casa estavam indo muito bem, por mais que meu pai ficasse rígido comigo e com Marcel o tempo TODO! Mas eu ainda dava um jeito de ir pro seu quarto na hora de dormir. Não nos beijamos desde o acidente.