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História Excentricidade Lapidada (Omegaverso) - Colar Matrimonial


Escrita por: Agata_Arco-Iris

Capítulo 2 - Colar Matrimonial


Mamãe não estava em casa quando chegamos, eu fiquei triste; mas a minha mãe Dennise, ela não disse mas estava abaladíssima por minha mãe White não ter aparecido.

 

Eu fui direto para o quarto, minha cabeça girava e eu não sabia o que pensar, não podia ser verdade, não, eu sempre me cuido, sempre levo camisinha na carteira e naquele final de semana eu até lembro de sair para comprar mais.

 

Acho que assim que tive minha menarca (primeira menstruação) e os efeitos dos hormônios começaram a aparecer em meu corpo, minha mãe alpha teve uma conversa séria. Principalmente sobre desejo sexual, e como isso pode manchar a linhagem da nossa família, ela foi bem fria e direta comigo aquele dia. Não me podou e disse que estava tudo bem eu ficar com quem meu corpo sentisse vontade. Mamãe apenas deixou bem claro três regras:

 

"Sempre use camisinha”

“nunca deixe ninguém te marcar”

 “não se entregue a ninguém".

 

Mamãe é polida, mas basicamente o que mamãe quis dizer foi:

 

 "não engravide ninguém"

"não manche o nome da nossa família sendo submissa a ninguém"

 

 Sei que ela não disse com essas palavras mas manchar o nome da família é o pior pesadelo das minhas mães. E por último, mas não menos importante, ela quis falar também:

 

"não seja passiva com ninguém"

 

Eu sempre segui à risca suas regras, desde a minha primeira vez aos quatorze anos, ao qual orgulhosamente eu tive com uma Alpha da minha turma; aparentemente a vizinha ômega dela havia entrado no cio, e ela não estava se aguentando de tanto desejo, fui sem nem saber o que estava fazendo na verdade. Mas acho que fiz o que minha colega queria, peguei ela de jeito, e não ouvi reclamações.

 

Enfim, hora nenhuma, nunca esqueci de usar proteção e tenho que admitir, ômegas quando passam pelo bendito heat, aquela porcaria de cio, é uma desgraça!! Pra mim isso não devia existir, eu como Alpha só penso "quero", e nada mais importa na minha com esses malditos ovulando por perto.

 

Mas mesmo assim, eu nunca esqueço da proteção, então… Sinceramente, eu não sei porque isso está acontecendo comigo. 

 

Mãe?! Eu ser mãe? Eu não cuido direito nem de mim, imagine de outro ser humano. Ah não, credo. Eu sei que no fundo, meu coração acha que eu seria uma boa mãe, ou pelo menos eu já sonhei com isso algumas vezes, mas não agora. Não, não pode ser agora. 

 

Pensei nisso a noite inteira, e não preguei os olhos, nem cochilei, nem nada. Não tinha nem o telefone do garoto, acho que não sabia nem o nome dele, ou pelo menos não lembrava. Foi realmente um lance de um final de semana, como ele poderia estar grávido de mim?

 

No domingo vieram umas visitas aqui em minha casa, me tranquei no quarto na desculpa que estava estudando. Só saí por volta das quatro da tarde, quando mãe White chegou, eu corri até ela querendo conversar.

 

White estava em seu escritório, sentada em sua poltrona no meio do piso que dá vista para o aquário com o tubarão, o bicho nadava debaixo dos nossos pés, calma e suavemente. As luzes do aquário iluminavam toda a sala, mas também davam um ar sombrio ao lugar. Aliás, mamãe tem literalmente um tubarão branco no escritório dela, me diz se isso não é muita ostentação.

 

—O que você quer, Yellow? — Mamãe perguntou fria, sem olhar diretamente para mim.

 

—Er… Oi mãe, eu só queria conversar com a senhora.

 

Ela olhou para mim, estava séria, quase gelei por um minuto, seu olhar parecia penetrar a minha alma.

 

— E sobre o que você quer conversar? — Ela falou tomando um gole de whisky.

 

—Er… É que…

 

—Sem gaguejar, Yellow — Ela falou batendo a mão no encosto de braços da poltrona, até assustei nesse momento — Sei que sou dura com você quanto a isso, mas você é uma Diamond. Haja como tal, seja firme, se expresse com segurança, filha.

 

Ela falou muito fria, mas ao mesmo tempo, eu ainda sentia carinho vindo dela quando ela me tratava assim. Sei que tudo que ela faz por mim é para meu bem, ou pelo menos é pelo que ela acha certo. Bem, é isso que mamãe Dennise me convenceu também; que White Diamond é firme, mas quer meu sucesso. E eu acredito nisso, sei que fui uma Alpha muito esperada pela mamãe, as duas na verdade. 

 

—Senhora, daqui uns dias é dia das mães e eu queria conversar com a senhora sobre uma coisa.  — Falei bem séria, em claro e alto tom, sem olhar em seus olhos — Quando a mãe Dennise estava grávida, me gerando no caso. Como a senhora sabia que a mamãe estava grávida da senhora e não de… Outra pessoa?

 

—E por quê seria outra pessoa? Ela é minha esposa, Hellena. Eu nunca duvidei que você não fosse minha filha — Mamãe me olhou pensativa, fiquei com medo dela desconfiar de algo.

 

Pensei um pouco, então sentei-me na cadeira ao seu lado.

 

—Estava estudando agora pouco, li que o cheiro da pessoa gestante muda, sei disso, lembro da tia Leo quando teve os gêmeos, o cheiro dela era ácido, estranho. Enfim, li que o cheiro da gestante muda mais ainda para o parceiro ou a parceira de acasalamento — Falei o mais calma e sem emoções que eu podia — Eu pensei em perguntar isso pra mamãe Dennise, mas acho que por ser Beta, ela não saberia me responder.

 

White parou, pensou, tomou mais um pouco de whisky. Ela me olhava estranha, como se me julgasse, não sei explicar. Em silêncio ela pegou um de seus charutos importados da sua caixinha dourada sobre a mesinha ao lado da poltrona, e começou a fumar sem se importar com a minha presença.

 

Eu estava ficando nervosa, mas controlava isso também. Mamãe Dennise não briga com minha mãe White, sempre é tão submissa a ela; mas mãe Dennise briga comigo, e ela odeia que eu fique perto da White quando ela está fumando; sempre me obriga a me afastar ou ir para outra sala quando isso acontece.

 

Mas Dennise nem sabia que eu estava com a White, resolvi ficar lá, mesmo que eu odeie desobedecer qualquer uma das minhas mãe. Não queria sair dali, também não queria que a mamãe ouvisse meus batimentos acelerados ou algo parecido; mas quando ela me olha demais daquele jeito, se eu fiz algo de errado, geralmente eu falo tudo.

 

E ela estava desconfiada, era notável isso. Afinal, não somos de conversar, geralmente ela conversa comigo, mas raramente eu a procuro para tal coisa. Só quando é assunto que só um alpha poderia entender, e aquele era o caso.

 

Depois de um tempo, ainda fumando, ela relaxou o corpo em sua poltrona e então começou a conversar comigo direito.

 

—Acho que o cheiro da sua mãe… Eu não sei explicar, era como se ela cheirasse a livro novo, ou chocolate amargo, tudo ao mesmo tempo, sem ser desagradável… Quer dizer, essas são duas coisas que eu adoro. O que eu tô tentando dizer, é que eu não sei explicar, mas o cheiro da sua mãe quando estava grávida, era algo agradável e eu tinha vontade de ficar perto dela o tempo todo, acho que isso é um mecanismo da natureza para os alphas cuidarem da sua prole.

 

Caraca, o que tinha nesse whisky, mulher? Mamãe geralmente é mais clara e nada subjetiva, isso foi muito vago para os seus padrões de respostas, que são mais curtas que 50 caracteres.

 

—Foi o que eu li, mas ninguém soube me explicar, fiquei muito curiosa sobre o fato — Falei clara e calmamente.

 

—Quando tiver filhos vai saber, a gente sente — Ela falou sorrindo calmamente.

 

—Entendi… — Na verdade eu não tinha entendido merda alguma, mas me levantei mesmo assim, calma e lentamente, mesmo que meu desejo fosse sair correndo — Enfim, obrigada por me responder a pergunta, mãe.

 

—Disponha, mas só uma pergunta… Por quê me perguntou isso? Não fez nenhuma besteira, neh?

 

Gelei por dentro, mas consegui manter a postura e a calma.

 

—Já disse, o dia das mães está quase aí, eu queria fazer um artigo sobre o assunto, mas nem sei sobre o que falar nesse assunto.

 

White pensou, me olhou de lado e então se levantou. Droga, ela tá desconfiando de mim. Eu tenho 1,85 de altura, sou exatamente cinco centímetros mais baixa que minha mãe White, mas mesmo a diferença não sendo tão grande, eu me sinto uma anã perto dela, ainda mais quando mamãe coloca salto. Ela é tão poderosa.

 

—Disseram que você foi muito bem no debate de ontem, e que está no caminho certo para ter uma boa carreira política? Pensa nisso, Yellow? — White falou se dirigindo à sua escrivaninha

 

—Não sei, apenas aprendi a ser clara e cativante na fala, você e mamãe me ensinaram isso.

 

Ela mexeu em sua maleta do trabalho, procurava algo.

 

 —Sabe, eu estou orgulhosa de você, filha — Ela falou isso sem olhar na minha cara, e foi tão frio também. Mas mesmo assim, eu abri um rápido sorriso, estava feliz pelo elogio de mamãe.

 

—Obrigada, senhora.

 

—Eu queria te dar uma coisa, filha… Mandei fazer para quando se formasse, mas acho que agora é a hora certa — ela pegou uma caixinha preta cumprida — Espero que goste.

 

White me passou a caixinha, ainda me analisando, deu até uma baforada de fumaça daquele charuto na minha cara. Fiquei tranquila e tentei não tossir muito da fumaça. Então abrir a caixinha, havia um colar com uma pedra amarela no centro. Analisei por um momento.

 

—Sei que não falei com você antes, mas sua mãe e eu conversamos bastante, achamos que está na hora. É um diamante amarelo, em homenagem ao seu nome, e também como símbolo da nossa soberania, Diamond, filha — Ela sorriu colocando a mão livre no bolso — Minha mãe me deu um parecido quando tinha mais ou menos a sua idade, agora eu dou esse a você.

 

—Obrigada por confiar em mim, senhora… — Tentei ser calma, mas meu coração acelerou um pouco nesse momento.

 

Eu sabia muito bem o que aquela merda de colar pomposo significava.

 

—Você é uma boa menina, Hellena, uma boa menina.

 

Mamãe colocou o colar em meu pescoço e então, por educação, eu deixei a mamãe sozinha em seu escritório. Saí de lá com a cabeça pior do que entrei, não consegui falar direito com a minha mãe, e ela ainda faz uma merda dessas comigo?? Não, agora não, por que eu?!

 

Quando uma Diamond dá um colar de diamante para sua filha, isso significa que há um pretendente querendo se casar com ela, e que as mães aceitaram a proposta de matrimônio. Em outras palavras, mamãe arranjou um casamento para mim, sem nem falar comigo.

 

Eu vou ser mãe e ainda me casar? Como essas merdas podem acontecer tudo ao mesmo tempo? 

 

Me joguei na cama e chorei baixinho para ninguém me ouvir, fiz isso até conseguir dormir, basicamente.

 

——————————

 

Acordei só fui acordar em meio a escuridão e do silêncio da madrugada, já era segunda-feira. Olhei meu relógio, eram exatamente três da manhã, não havia mais convidados e acho que nem festa na minha casa.

 

Sentei na cama, tentei me localizar, pensei e refleti se não era tudo um sonho, mas então vi o colar que mamãe me deu. Soube na hora que não estava sonhando.

 

Me levantei e fui até a cozinha, as faxineiras ainda estavam acordadas limpando as panelas e guardando toda prataria da casa.

 

Não queria incomodar as faxineiras, mas também acho que não conheço nada nessa casa sem a ajuda delas, para achar um simples pão de forma e geléia de abacaxi na própria cozinha da minha casa, eu precisei da ajuda dos empregados da mamãe.

 

Peguei o pão e a geleia, comi sobre um prato no balcão. Estava puta da vida, mastigando com raiva e ao mesmo tempo, triste. Ouvi passos lá no segundo andar, era de mamãe Dennise, e o cheiro também não mentia que ela estava vindo.

 

Não demorou muito para minha mãe aparecer e sentar ao meu lado, eu agi como se eu não tivesse visto nem nada. Urgh, que nojo! O cheiro da mãe White estava sobre ela, minhas mães haviam transado á pouco, e pelo visto mamãe não havia se banhado após isso.

 

Sabe, é bom saber que as duas estão "bem", mas ao mesmo tempo… Um banho pós sexo seria ótimo, porque eu mesma não quero nem saber se elas transam ou não. É uma imagem desconcertante, até porque mãe Dennise parece um chaveirinho perto da minha mãe Alpha, não tem como pensar que algo tão puro e delicado como ela dá para uma “cavala” como minha mãe White. EU NÃO GOSTO NEM DE PENSAR ISSO!! 

 

—Winny e eu iríamos conversar calmante com você numa situação mais oportuna — Ela falou calmamente, dava pra ver que também estava triste — Mas acho que ela se empolgou demais com a situação, eu acho. 

 

—Mãe, como é que você consegue amar a mamãe White? — Falei, segurando lágrimas. Estava muito sensível naquele momento — Ela nem pediu perdão por ter faltado à minha apresentação no clube do debate. Tentei falar do recital do dia das mães com ela, mas não tive coragem também.

 

Menti, eu nem toquei no assunto desse recital, mas estava tão magoada e triste, que sentia que hora ou outra iria chorar. Então falei algo sentimental, para já ter desculpa...

 

—Oh filha, você sabe que ela não sabe fazer essas coisas — mamãe acariciou minhas costas.

 

—Eu fiz algo errado, mãe? — Perguntei deixando escapar uma lágrima — Sabe, cada vez mais eu ando vendo menos a minha mãe White. E agora ela ainda arrumou a porcaria de um casamento para mim.

 

Joguei meu pão no prato, limpando minha lágrima e então fechando a cara.

 

—Não filha, claro que não, não é sua culpa, a sua mãe apenas… Ela apenas — Mamãe arfou — Ai, as vezes a Winny parece ter outras prioridades, enquanto a minha prioridade é você e ela, minha família — Mamãe ficou cabisbaixa, mas logo se animou e então falou — Quanto ao casamento, recebemos uma proposta de uma família Alpha mês passado. Sua mãe não gostou do candidato, mas nós conversamos e achamos que já está na hora de arrumarmos uma esposa para você. Antes que se envolva com as companhias erradas, ou engravide uma pessoa sem qualquer casta ou sem classe.

 

Engoli o seco naquele momento, graças a Sírius a mãe Dennise não consegue ouvir meus batimentos cardíacos como a mãe White consegue.

 

Aliás, esse lance de White e Yellow, essa coisa do nosso segundo nome serem cores, é algo característico da minha família. Acrescentamos o nome de cores em nossos nomes, uma tradição passada de mãe para filha, inclusive. 

 

Acho que faz quatro gerações que só nascem mulheres na nossa família, e as Diamonds também só se casam com mulheres, independente do sexo da criança. Mas não me pergunte o porquê, tá aí tradições que eu não entendo, nem reclamo também, gosto de mulheres. 

 

Aliás, minha mãe alpha se chama: Winny White Castlelly Diamond

 

E o nome de casada da mamãe beta é:  Dennise Black Vonh Elwyn  Diamond. 

 

E mesmo mãe Dennise não sendo Diamond de sangue, ela aderiu a tradição Diamond, e por escolha da integrante mais velha da nossa família (era minha bisavó Green) ela recebeu o segundo nome "Black". Além de acrescentar também o sobrenome Diamond ao final do nome de solteira dela.  

 

Sei lá, Dennise Black é um nome imponente, assim como White Diamond. Mas tenho que admitir, o sobrenome Vonh Elwyn de mamãe é muito chique também.

 

Acho que se eu me casar, certamente vovó Red irá escolher o segundo nome da minha futura mulher, como manda a tradição. 

 

Mas aff, eu definitivamente não quero isso, caralho.

 

—E quem é minha pretendente, mãe? — Perguntei calma.

 

—Hum, foi sua mãe que escolheu, o dote e as negociações ainda estão acontecendo, por isso nem sei o motivo dela já ter te dado esse colar. Só serve pra te assustar mais ainda quanto ao casamento, tadinha.

 

Droga, mamãe só fez isso porque sente que tem algo de errado comigo. Ela queria realmente me assustar.

 

Eu tenho que arranjar um jeito de resolver isso rápido, se mamãe descobrir assim, capaz dela me pegar pelo pescoço e me jogar do segundo andar direto pra piscina.

 



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