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História Excentricidade Lapidada (Omegaverso) - A mãe sou eu


Escrita por: Agata_Arco-Iris

Capítulo 3 - A mãe sou eu


Não tinha cabeça para estudar nada na segunda-feira, porém, Gael não parava de me atormentar, se insinuando para mim, isso estava com certeza me desconcentrando mais ainda.

 

Não parava de pensar na droga do garoto ômega do colégio misto, nem no que mamãe disse sobre gravidez, que minha mãe Dennise tinha um cheiro agradável quando estava grávida de mim. Eu precisava ter certeza e sentir o cheiro daquele garoto mais uma vez, mas tinha medo de cheirar algo que igual mãe White falou, pois eu já sentia que ele estava grávido de mim.

 

Sábado o cheiro dele estava diferente, eu não soube identificar, mas não parecia o cheiro de um ômega normal. Aaahhh que raiva, o pior disso tudo é que não dá para eu saber sozinha de uma coisa dessas. Eu preciso de outro Alpha pra sentir o cheiro dele e me dizer "éh, ele tá grávido mesmo".

 

Foi então que eu olhei para Gael, ela apesar de ativista, é uma ótima cúmplice para minhas desventuras. O problema é que ela queria que eu fudesse com ela, tenho certeza que se eu pedir ajuda a ela, vou ter que pagar com sexo. Mas eu disse pra mim mesma que eu não vou mais meter meu pau nessa louca, essa mordedora intrusiva.

 

O problema é que tirando ela também, não tinha mais ninguém que eu pudesse confiar algo tão pessoal. Então, chamei Gael até a quadra para nos encontrar durante a minha aula de esgrima, eu simplesmente deixei meu parceiro de treino a ver navios, e fui conversar com ela no vestiário. Nos enfiamos numa das cabines do banheiro e liguei a ducha no máximo, para abafar nossa conversa.

 

—Olha, eu sei que é meio inusitado eu te cham… — Olhei para trás e Gael simplesmente já havia tirado a camisa, seus seios redondinhos me hipnotizaram por um momento — O que você tá fazendo mulher? Eu disse que não tinha nada a ver com sexo essa conversa.

 

Ela cruzou os braços e fechou a cara para mim. Caraca, Gael toda de preto, com um band-aid no nariz, parece até uma "e-girl" da década de vinte, lá dos anos 2000 (dois mil) mesmo. Meu Sírius amado, esses ideais feministas arcaicos estão fritando o cérebro dessa garota, ela já nem parece viver em nossa realidade.

 

—Me trouxe pro chuveiro, o que você achou que eu iria pensar?

 

—Ok ok, eu entendo que a situação é controversa. Mas o assunto é sério, Gael — falei, olhando no fundo dos seus olhos.

 

Até porque, se eu olhasse para qualquer outro lado que não fosse os olhos dela, Gael iria ter desculpa para pular em cima de mim. Conheço bem a insistência da Gael.

 

—Fala logo o que tú quer então, eu estava no clube de poesia.

 

—Ok… Lá vai… — Respirei fundo — Eu engravidei um omega naquele final de semana no lago.

 

—Cê tá me zuando neh? — Gael simplesmente caiu na gargalhada naquele momento.

 

— Por quê eu brincaria com um negócio sério desses? — Perguntei quase gaguejando e rosnando um pouco.

 

—Você me pediu pra dar uma pílula do dia seguinte para o Henry, lembra? — Gael falou rindo — Eu comprei uma pra mim também, porque eu fiquei muito louca, e sinceramente, não lembro até hoje nem a metade das coisas que aconteceram naquela casa. E comprei uma para o Henry também, ele tomou junto comigo, inclusive.

 

Ai caralho, até a Gael lembra do nome do guri, menos eu.

 

—Então porque o garoto veio me procurar sábado, dizendo que ele está grávido e que eu sou a mãe? — Falei séria — E pra piorar, ele estava com um cheiro muito bom... Tô com medo dele estar falando a verdade.

 

—Não é seu, Hellena. Esse guri tá te tapeando, isso sim.

 

—Tá, pode ser, mas você vai comigo até o colégio misto? só para eu tirar isso da minha cabeça, por favor.

 

Novamente ela riu de mim, mas então falou:

 

—Vou… Mas você então me deve favores sexuais — Ela falou com malícia.

 

É, eu já esperava por isso.

 

Depois da aula, como combinado, Gael pegou suas coisas e me esperou no portão da frente. Avisamos para nossos pais que iríamos ficar até mais tarde, mentimos dizendo que estávamos ajudando a montar o anfiteatro para o debate político da noite, os candidatos à representante de turma iriam fazer suas apresentações, e os pais iriam escolher quem assumiria o posto de cada sala de acordo com suas propostas.

 

Essa escola leva o lance da diplomacia e democracia muito a sério,  até assusta as vezes. 

 

Enfim, inventamos uma desculpa, e depois Gael iria lá para casa, dormiria lá e bem… Eu teria que pagar meu favor a ela, pelo visto.

 

—No Colégio dos Ômegas ainda está tendo aula? — Perguntou Gael.

 

—Entramos e saímos meia hora mais cedo que ele, acho que isso é para as escolas não se encontrem pelas ruas, afinal, o colégio misto fica só a dois quarteirões daqui.

 

Enquanto caminhávamos rua abaixo, tentava sentir o cheiro do menino à distância, quase meio quarteirão do colégio eu consegui sentir. Mas não era o cheiro dele propriamente dito, era um cheiro tão bom, e tão doce que me fez ir ao céu e voltar. Ah nem, acho que eu entendi o que mamãe quis dizer sobre "você vai saber quando alguém estiver grávida de você".

 

—Ah não, eu acho que achei ele, Gael… — falei sentindo palpitação no coração.

 

Avistei Henry saindo por entre uma multidão de estudantes que saíam depois de mais um dia de aula. Eu o vi cabisbaixo, seu cabelo de nerd estava arrumadinho com gel,  óculos quadrados. Parecia um nerdzinho de classe média, profundamente triste.

 

O segurei pelo ombro, pois ele nem me viu chegando. Seus olhos brilharam ao ver que era eu quem o parava.

 

—Hellena, você por aqui? — Ele falou sorrindo, então logo olhou para o lado e viu Gael também — Ei, eu me lembro de você…

 

—Precisamos conversar, garoto — Falei quase rosnando, estava nitidamente nervosa.

 

Ele apenas acenou com a cabeça, saímos por entre as pessoas daquele lugar, os alphas me julgavam enquanto passava. Mas nenhum desses merdinhas ali metia medo em mim, sou superior a todos esses alphas de sangue fraco.

 

Fomos para a pracinha um pouco afastada da escola dele, Henry sentou-se num banco debaixo de uma árvore, Gael estava equilibrando andando na linha fina do canteiro da árvore que estávamos próximos; enquanto eu o observava de pé, com as costas encostadas na árvore, mãos no bolso, olhar raivoso e respiração calma.

 

—O que você está sentindo, Gael? — Perguntei pela segunda vez.

 

Ela se aproximou do garoto e cheirou seu pescoço, logo em seguida saltou passando por cima dele, em uma acrobacia ela caiu como uma verdadeira ginasta na outra ponta do banco. Henry se assustou com a acrobacia.

 

—Cheiro de grávida, sabe, parece limão, é ácido — Gael falou tornando a sua brincadeira no canteiro da árvore.

 

Coloquei a mão na cabeça, e esfreguei minha testa, não acreditava naquilo.

 

—Eu não entendo guri, como isso foi acontecer? Usamos camisinha, a minha amiga até te deu uma pílula do dia seguinte.

 

—Sim, eu lembro de tomar isso… Mas passei mal o resto do dia, vomitei muito, talvez tenha vomitado o remédio também — Henry falou sem graça, coçando seus braços ansioso, mas tentando sorrir meigamente — Fo… Foi mal.

 

—Você fez o que? — Perguntei gritando — Você vomitou a porcaria do remédio?!

 

— Foi mal, mas eu não me senti muito bem depois da nossa intensa maratona sexo, por assim dizer — Ele falou fechando a cara, quase fazendo birra — Mas vai ficar tudo bem neh?... Aparentemente você é rica, neh? — Ele gaguejou e ficou triste de repente.

 

— E dinheiro algum vai adiantar de algo? Se minhas mães souberem disso, eu perco minha herança, garoto — Falei com coração acelerado, olhar alterado.

 

— Bom, eu te entendo, meus pais provavelmente me expulsarão de casa quando descobrirem que eu estou grávido, também — Ele falou bem triste.

 

Queria brigar, mas aquilo cortou meu coração.

 

Não disse nada, apenas tentei respirar devagar. Eu me curvei, encostando a cabeça na árvore, unhando minha nuca. Não acredito numa coisa dessas. Escutei lágrimas, só podia ser do Henry, não me condói, mas então eu ouvi:

 

—Vai ficar tudo bem, Henry — Gael falou, sentando-se ao seu lado.

 

Esmurrei a árvore, fazendo algumas folhas caírem na hora, me subiu uma raiva inimaginável naquele momento.

 

—Não era pra isso tá acontecendo, não, não e não… — Falei unhando a árvore e sentindo um pouco de dor com isso, minhas unhas são muito curtas — Cara, cê num usa bloqueador de Heat não? Por que você deixou isso acontecer?

 

—Mas… Veio no meio da festa, eu me tranquei num banheiro químico, literalmente… — Ele se levantou de cabeça baixa, ainda chorando — Só saí porque você foi gentil comigo, disse que iria cuidar de mim. Eu confiei em você, sabe…

 

Tudo estava girando, sei que o que ele estava falando era sério, e que eu também estava errada. Ainda sinto meu cheiro nele, o mordi muito forte, não queria que nenhum outro alpha encostasse no corpinho frágil e delicado dele. Queria aquele ômega só pra mim, e eu tive, por cerca de 36 horas e poucas mais ou menos.

 

E olha que eu nem curto macho! mas ele estava tão cheiroso no cio, praticamente irresistível .

 

Não acredito que eu engravidei uma pessoa, quebrei a primeira regra da mamãe. Sírius amado! O que a mãe Dennise vai dizer de mim quando souber disso?! Ela vai ficar tão desapontada… E a White… Ai, eu não quero nem pensar.

 

Henry veio até mim, então me abraçou a cintura, ele tremia. Seu cheiro era incrível, como mamãe disse que seria, mas eu sentia tanto asco, de mim mesma, na verdade.

 

Me segurei para não jogá-lo longe.

 

—Vai ficar tudo bem, não vai? — Ele novamente me perguntou.

 

—Não... Não vai ficar tudo bem,  você acabou de arruinar minha vida, cara — Falei o puxando pelos ombros, até ele ficar ereto de um modo que pudesse olhar em seu olhos — Cara, você não devia ter nem saído de casa naquele final de semana. Sabe, todos os ômegas deveriam ficar em casa quando estão no cio, vocês não controlam a vontade de dar e deixam alphas como eu loucos. Se não tivesse saído de casa, isso não teria acontecido, você sabe disso.

 

Cada palavra áspera que eu soltava, fazia ele chorar mais ainda. Até eu reconheço que fiz errado, mas… Putz, me sentia péssima comigo mesmo por aquilo.

 

—E você acha que isso é só culpa minha? Eu disse pra você que não queria nada, eu não queria ter feito merda alguma com você — Ele falou me cutucando o ombro.

 

—Não faz isso garoto… — Sussurrei rosnando, fechando os olhos para não fazer nada.

 

—Não Hellena, você vai me escutar agora. Não tava nos meus planos ter minha primeira vez com a porcaria de uma mulher alpha, eu nem gosto de mulheres, na verdade — Ele me cutucou novamente, rosnei fechando meus punhos, estava me segurando muito naquele momento — Sabe, eu fui naquela festa só pra ficar mais perto de um cara que chama Bryan Ohara, mas ele nem me notou, nem eu estando no cio e com você. E você disse que ia cuidar de mim, eu confiei em você, Hellena… Não venha me dizer que a culpa de eu estar grávido, é só minha, porque ninguém te obrigou a me comer, ou nada parecido. Se eu estraguei a sua vida, isso também vai estragar a minha vida... Po… Porra! — Então ele me cutucou pela terceira vez.

 

Foi impensado, quando vi já estava pegando ele pelos ombros e o empurrando contra a árvore ao nosso lado. Eu o levantei até ele ficar com os olhos ao nível dos meus, e o prendi contra a árvore.

 

—Olha aqui, você não faz ideia com quem está falando.. — falei até tremendo de raiva.

 

—Hellena… Não.. — Gael tentou fazer alguma coisa.

 

A empurrei para trás com uma só mão, enquanto segurava o moleque com a mão restante. Gael quase caiu no chão.

 

—Quieta… Não se mete, isso é entre ele e eu — Falei nitidamente muito alterada.

 

Olhei no fundo dos olhos do moleque, ele chorava, falei com muita gana e nervosismo:

 

—Olha aqui moleque, meu nome é Hellena Diamond, e você nem ouse levantar a voz para mim novamente, ok, estamos entendidos? — Falei quase salivando, e rosnando — Se você tá grávido, a culpa é só sua, eu fiz tudo que podia. Te tratei bem, ainda usei proteção, pra completar ainda te dei remédio pra caso tivesse falhado nossas camisinhas. Fiz tudo que eu podia por você, e considere-se sortudo, muita gente quer ter a primeira vez comigo, moleque.

 

O larguei, e ele escorregou pela árvore até cair sentado, Henry tampou sua cara com as mãos. Me recompus, então olhei para Gael que estava extasiada atrás de mim.

 

—Vamos embora, Gael — Falei firme.

 

Passei por ela e então peguei nossas mochilas com uma mão só, estava uma pilha de nervos, andava bem apressada.

 

—Ei… Me espera — Disse Gael correndo em minha direção, então ela chegou ao meu ouvido e acompanhando meu passo ela disse receosa — Você não pegou pesado demais, ele tá grávido… Sei lá…

 

—Não, não peguei pesado — Falei firme — Vamos voltar pra escola, então a gente liga para nossos pais.

 

Mal terminei de falar, um carro preto, de vidro fumê parou no acostamento da via um pouco a frente de nós. O vidro se abriu, e lá do banco do motorista eu vi mamãe White, ela usava óculos escuros, e chupava um pirulito big big. 

 

Sinistramente ela moveu o palito do pirulito para o canto da boca, e então abaixou seus óculos até eu poder ver seus olhos cinzentos de tom claro; ela me olhava com as feições fechadas, não precisou dizer nada, paramos no mesmo lugar, e ainda senti meu coração pular para fora da minha boca naquele momento.

 

—Acho que a gente não precisa mais ligar, neh… Hellena… — Gael falou sem graça.

 

Permaneci no lugar.

 

—Entra, Yellow! — Mamãe ordenou.

 

Olhei para Gael, ela agarrou sua mochila e a pegou assustada.

 

—Eu acho que já vou embora, até amanhã Hellena… — Ela passou por mamãe — Bom… quer dizer, boa tarde senhora Diamond. 

 

Gael então saiu correndo e me deixou sozinha, mamãe abriu a porta do carona para mim. Eu acho que apenas aceitei meu destino, respirei fundo e então entrei no carro.

 

Mamãe vai me comer viva!!



 



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