1. Spirit Fanfics >
  2. Excentricidade Lapidada (Omegaverso) >
  3. Evolução Alpha

História Excentricidade Lapidada (Omegaverso) - Evolução Alpha


Escrita por: Agata_Arco-Iris

Capítulo 24 - Evolução Alpha


Yellow chegou, sentou no divã, estava apreensiva, não era a primeira vez que fazia aquilo. Mas ainda estava se acostumando com a ideia e os processos.


Dennise intimou todo mundo a ir ao psicólogo, não quis saber, todos tiveram que passar pelo doutor e o mesmo avaliar quantas sessões precisam ou o que poderiam fazer.


E essa era a terceira consulta de Yellow, no caso:


—Boa tarde, doutora Pearl, como a senhora está?


—Muito bem, mas e você, o que me conta hoje? — A psicóloga magra e esbelta perguntou, uma beta, claramente.


—Eu… É que. Eu não sei na realidade — Ainda estou me acostumando com essa ideia de falar com um estranho.


Ela segurava sua prancheta, eu mal falei e ela já anotava algo, aquilo me dava nos nervos.


—Senhora Diamond, sabe que é tudo um processo neh? — A psicóloga falava calma — Já te disse que não há pressa em se abrir ou em adiantar as coisas. Pode me contar tudo ao seu tempo.


—Ok…


Era a minha terceira sessão… Que eu pagava pra ficar olhando uma estranha anotando coisas numa prancheta, já que não conseguia falar nada. Ridículo!


Tomei coragem, dessa vez falei algo:


—O termo de confidencialidade de médico e paciente te impede de expor meus segredos aos outros, certo? — Perguntei duvidosa.


—Sim senhora Diamond, o que falamos aqui, permanece aqui no consultório — Pearl cruzou as pernas — Pode compartilhar comigo tudo que quiser e achar que vai lhe ajudar na sua melhora e bem estar.


—Ok, eu falo… Eu engravidei um ômega, o nome dele era Henry e… Eu não, eu não — Me levantei, pensei em fugir, mordi meu punho, mas então me segurei, sentei de novo e continuei falando mais uma vez — Eu não sabia o que fazer, minha mãe obrigou ele a abortar mas, até hoje eu penso se era usos que eu queria ou não pra minha vida. Afinal, ela trouxe a bastarda dela pra morar com a gente.


Olhei para a psicóloga, ela continuava a escrever em sua prancheta, mas assim que parei de falar, logo após uns segundos ela me perguntou:


—Uow, isso não é coisa de mais para uma jovem como você? — deixou a prancheta de lado e então conversou olhando em meus olhos — Como é a primeira vez que me conta sobre isso, porque não me dá mais detalhes? Tipo, quando foi que isso aconteceu?


—Foi… Há um ano e meio, quase dois anos atrás — falei meio cabisbaixa — Ainda estava no último ano do ensino médio…


Respirei fundo e fui me deitando melhor no divã, ela me olhava com cara de sambaíba, não parecia surpresa nem nada do gênero. Me senti confortável para continuar a conversar.


Foi estranho e reconfortante me abrir com alguém, mas 60 minutos de conversa parecem tão pouco na sala do psicólogo.


Mamãe vinha comigo às terças e quintas-feiras depois do trabalho, era estranho pensar que mamãe estava se abrindo com outro psicólogo na sala ao lado. Só não a escutava porque as salas tinham isolamento acústico.


Duas alphas na terapia, mamãe só chegava e saía de cara fechada. Não podia olhar muito para ela, que já me dava patada: Tá olhando o que?! só tô fazendo isso pela sua mãe, senão eu não faria.


Ela me assustava, mas eu a admirava mesmo assim. Mamãe veio de outra criação, é naturalmente mais bruta do que eu. Admiro que queira mudar, mas também entendo que todos da família cairão matando em cima da gente se descobrirem que estamos fazendo psicólogo.



Afinal… Psicólogo é coisa de doido, não é mesmo?!


Pensava isso, mas mamãe Dennise vêm me convencendo que é só mais um profissional e que saúde mental e emocional são importantes para o ser humano.


—Você tem amigos, Yellow? — Mamãe me perguntou enquanto voltávamos para casa.


Parei um pouco e pensei, não tinha ninguém, não desde a faculdade.


—Não, nenhum amigo.


—Nem eu… — Ela falou seca.


—Por quê, mãe?! — Perguntei, já estranhando estarmos conversando no carro.


—O doutor lá falou que eu precisava de uma "atividade terapêutica", e eu ri na cara dele. Já não estamos fazendo terapia? — Mamãe White estava com a cara mais fechada do que antes.


—Sim mas… A mamãe também tá indo num grupo de donxs de casa às quintas, talvez seja algo assim que ele está falando.


White fez uma cara de tédio, então me perguntou meio sem entender:


—Ah nem, é sério que eu vou ter que fazer uma "viadagem" dessas? — Mamãe falou com tédio.


Viadagem, adoro quando mamãe fala isso. Pra ela viadagem é alguém com "frescura", que está agindo com mesquinharia ou nojinho, no pior dos casos, ela fala que alguém está de viadagem quando alguém é muito sem educação com ela.


Mal sabe ela que Viadinho era usado como xingamento, para espartanos betas muito tempo atrás.


—Bom mãe, você não precisa fazer nada que não queira… Você sabe disso neh?


— A vida não é tão simples, a gente engole muito sapo e faz muita coisa sem querer… Principalmente quando o assunto é família, filha — Mamãe falou séria — Fico feliz que tenha decidido não sair do emprego, o clube Alpha é um ótimo pontapé para sua carreira política.


—É… É sim… — Falei meio sem graça com a situação.


Como contar para mamãe que eu odeio política?! Eu ainda não sei como, mas ela está certa também, eu agora sou casada, pensar no futuro profissional é muito bom para minha vida.



————————— 



Levei Blue ao ferro velho, minha esposa estava com certeza perdida com tal programa que escolhi para aquela tarde de sábado.


—Tá… Mas essa é a surpresa?! Não estou entendendo qual a graça — Ela falou surpresa.


—Bom… Pode escolher qualquer um, Bryanna, eu compro.


A ômega riu, e então debochadamente falou:


—Cê tá é maluca se acha que eu vou querer uma sucata. Eu dirijo um Nissan de última geração, por quê vou querer isso?


—Bom, se você jogar seu Nissan esporte na lama, talvez ele afunde… Fora que não vai querer as outras sucatas batendo no seu "bebê", não é mesmo?


Falei a instigando, e então saí de perto.


—Outras sucatas? — Blue veio atrás de mim — Espera, Hellena, que história é essa e "outras sucatas"?


—Olha, eu prometo que vai ser divertido. É pra ser uma surpresa, mas eu prometo que vai ser divertido.


Blue parou, pensou e por fim aceitou. Peguei seu braço e então andei de braços dados com minha esposa.


Fomos passando pelos carros, ou melhor, as partes e carcaças de carros antigos.


—Se vir um que goste... Me avise.


Achei um Opala SS, estava quase inteiro com o painel de vidro da frente trincado, sem bancos e com ferrugem, sem uns pneus, mas no resto, o carro estava inteiro. 


Sei que esse carro bebe mais que alcoólatra, mas foda-se, adorei mesmo assim.


Minha esposa ainda ficou me encarando, me julgando e tals.


—Depois daqui vamos num campo de golf, ok? — Falei sorrindo sem graça.


—Você tá doida, hoje Yellow — Blue falou rindo.


—Talvez... — Falei rindo também.


Talvez Blue seja sortuda demais, mas ela encontrou um Puma GT antigão, ele estava com a frente amassada, mas ela adorou o carro, mesmo velho, bancos mofados e teto rasgado.


Depois de sairmos do ferro velho levei ela ao clube de golfe, onde estava tendo uma corrida de sucatas. Que basicamente era uma pista de corrida no meio da lama, quer dizer uma pista na terra no meio do campo de golfe. Os carros eram todos batidos, velhos e até cheios de ferrugem. Corriam como se fosse uma corrida séria, tipo fórmula Indy.


Tinha baterias de corridas, chaves e categorias para competir. Todo sábado tinha uma corrida dessas nesse clube.


Volta e meia minha mãe me trazia para correr nesse rally, claro, apesar de sucatas, todo interior dos carros seguia normas de segurança e tinham grades de proteção, assim como eram revistados para ver se não havia nenhuma irregularidade ou algo parecido. 


Resumindo, apesar de parecer um bando de tranqueira, "nois" é tudo limpinho. Brincadeira, tá tudo sob normas de segurança e com paramédicos postos.


Assistimos o resto das corridas da tarde, naquele sábado.


—Você realmente acha isso empolgante? — Blue me perguntou.


—Com certeza, desestressa muito.


—Então seu plano é habilitar os carros que comprou para correr?


Ela me olhou totalmente incrédula.


—Sim... E gastar menos de $5.000,00 nessa brincadeira.


Ela me deu uma "cotovelada amigável" e rindo falou:


—Ei, tu é rica, tá preocupada com o que?


—Na verdade... É meio que um lance meu e da minha mãe, ganhar com uma sucata, pagando o menos possível — Ri das minhas próprias palavras — É divertido.


—Entendi…


—Sábado que vem vamos correr, ok? — Falei calma.


Blue me olhou assustada, então simplesmente falou:


—Você está é loka se acha que eu vou entrar numa sucata dessas.


—Ué, você gostou do puma.


—E você comprou porque quis, não vou correr naquilo — Ela falou emburrada comigo.



—Nem uma volta de treino na quarta-feira? — me encostei nela, fiz manha — Vaiii... É uma coisa nova, pelo menos tenta...


Fiquei mexendo com a paciência da minha esposa até que ela falou: 


—Venho assistir com você semana que vem, mas só. Não vou correr com você nem a pau.


—Tudo bem, "te comer" não estava nos meus planos para conseguir te convencer — Falei ousadamente.


Ela foi abrindo a boca, como se quisesse gritar mas então empurrou meu ombro e falou:


—Helleeeenaaa!!


Já fiquei feliz com isso, acabei rindo da situação.


—Calma, eu tô brincando — Falei me defendendo — Tudo bem, você vindo comigo já é alguma coisa.


Então ficamos lá o resto da tarde, conversando e se divertindo. Do nada ela soltou:


—Eu fico feliz por ser sua esposa… Obrigada por não desistir de mim. Quando voltar pra casa, sei lá… A gente podia sentar na varanda, e a gente podia… Ai, eu sei que isso vai ser estranho, mas eu queria pelo menos tentar te beijar.


A olhei com estranheza.


—Como assim "tentar beijar"? — Perguntei.


—Sei lá… Eu só queria tentar gostar de você, eu acho — Blue falou com brilho no olhar.


—Você não precisa fazer isso, não precisamos ser "esse tipo de casal".


—Não somos um casal, Hellena, você sabe disso — Ela falou sincera — Mas sei lá, talvez com tempo, dedicação… Muita paciência, talvez você ainda consiga gostar de mim.


Meu coraçãozinho derreteu nesse momento, mas não deixei-me mostrar que achei fofo.


—A Bela e a Fera?! Aquele filme de 2014? — Perguntei fria, meio séria.


Apenas tentava não abaixar a guarda.


—Quase isso, mas é verdade… — Blue colocou sua mão sobre a mim — Eu quero muito tentar gostar de você.


Ela veio até mim, enlaçou seus braços ao redor do meu pescoço e então se levantou até ficar na pontinha dos dedos. Blue foi se aproximando de mim, me sorrindo muito meigamente.


Seus olhinhos foram se fechando e quando vi, tinha uma boca beijando a minha. Não fechei os olhos, sei que é falta de educação, mas não consegui processar direito o que acontecia.


Mas depois de um tempo, só aceitei o beijo e então aproveitei para tocar sua cintura com carinho.


Por fim a peguei em meus braços, como aqueles enfeites de casamento onde um cônjuge carrega o outro nos braços. Ela sorriu, e nos olhamos por um momento.


A levei assim até o carro, não sei porque fiz isso, mas Blue gostou do mimo, e assim que a deixei no carro ela me puxou pela nuca para mais um beijo.


"Ela só me dá selinho, acho que ela nem sabe beijar direito" foi tudo o que pensei, mas achei fofo mesmo assim.


Fomos para casa, aquela noite fiz como ela queria. Voltamos pra casa, pedimos às cozinheiras para montarem uma bandeja de frios para nós, pegamos uma garrafa de champanhe, nos sentamos na varanda e então a puxei para meu colo, ela se recusou a se sentar sobre as minhas pernas, mas ficou se apoiando em suas coxas, com sua cabeça no rumo da minha.


Acariciei seus ombros e aproveitei seus selinhos, que volta e meia tentava encaixar meus lábios entre os dela, mas Blue se assustava, então só continuava conforme ela se sentia confortável 


Em dado momento parei por ouvir um suspirar… Olhei para frente e então vi a bastarda escondida entre os galhos da árvore ao lado do meu quarto.


Ah que raiva, rosnei e então falei séria:


—O que foi?! Nunca viu?


Pink se assustou com o meu tom e então simplesmente pulou da árvore. AFF, que raiva dessa menina.


Blue começou a rir da minha cara, eu tomei mais ainda, então ela pegou meu rosto e me deu  um último beijo.


—Acho que está bom por hoje, se for perguntar… — Blue falou seria, mas meio sem graça — Não, eu não sei beijar, os alphas que conheci não queriam nada além de sexo comigo, então eu não conheço tais interações.


—Entendo, realmente, a maioria dos alpha não sabem beijar, acham que só o estímulo genital satisfaz… Bobo deles, não sabem o que estão perdendo.


Falei muito amigavelmente, Blue gostou e até sorriu para mim. 


Pouco a pouco eu acho que podemos nos entender. Mas que diacho essa menina tava fazendo na árvore de frente para meu quarto?!


E voyer essa demônia? Não é a primeira vez que a vejo nos observando de longe, mas é só uma criança, deve ser só curiosa mesmo.




Notas Finais


Finalmente ela tá na terapia, as coisas aos poucos vão melhorando.

Mas é isso, espero que estejam gostando.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...