História Favorite Sin - Rays can strike twice in the same place

"Não posso ir sozinha para casa de novo, preciso de alguém para anestesiar a dor. Continuo a manter de pé meu jogo de fingir, aonde a diversão não tem nenhum fim."   

Ashley Somers

  As semanas seguintes foram repletas de nada. Os garotos estavam focados em tentar descobrir o que mais Paige havia colocado em meu nome, mas para a minha infelicidade, eles ainda estavam longe de descobrir.  

Me assustava o fato de que Justin me divertia as vezes. Quando eu acompanhava Chaz até a casa de um dos garotos ou quando ele vinha até a nossa casa. Sempre quando nos esbarrávamos, em algum momento da conversa me pegava segurando a risada. 

Não o odiava, mas sinceramente não me sentia totalmente confortável ao lado dele. Aliás, as aulas de direção realmente aconteceram, e eu odiava o fato de ter aprendido a dirigir com ele.    

-E então? -apareci na sala. - Pronto para viver uma aventura ao lado de Ashley Somers? -girei as chaves do carro em meu indicador.  

-Eu não sei onde estava com a cabeça quando deixei Justin te ensinar a dirigir... –resmungou, me fitando. - Você até mesmo segura às chaves como ele faz. –disse, me fazendo rir.   

Caminhamos até a garagem onde eu entrei no mesmo carro de sempre. Coloquei o cinto e ajustei o banco, abrindo a garagem.    

-O que nós vamos fazer no tal hospital mesmo? -perguntou, parecia entediado.     

-Surpresa. -sorri de canto, enquanto ligava o motor e saia dali.     

-Eu não confio mais em você, não agora que você e Justin viraram amigos. -pronunciou a ultima parte com certo nojo.   

-Nós não somos amigos. -ri. - Você está com ciúmes? -arqueei a sobrancelha.     

-Eu não confio nele quando o assunto é você.      

-Chaz você já espionou nós dois, sabe exatamente sobre o que conversamos, não tem maldade.     

-Eu não espionei vocês dois. -revirou os olhos.    

-Engraçado, não foi isso que pareceu quando eu cheguei em casa e te encontrei dormindo na cadeira da sua sala de sistemas. -disse irônica.     

-Ta legal, eu assumo... Fiquei curioso e quis saber quais eram as conversas.    

-E então? -o fitei, assim que parei no farol.     

-Foi um saco, vocês são entediantes e toda vez que você saiam do carro eu não conseguia saber o que estava acontecendo.     

-Calma ai. -franzi o cenho. - A escuta esta no carro?     

-Sim.     

-Oh graças a Deus. -exclamei. - À noite em que eu te peguei dormindo, tomei banho com medo de molhar a escuta e minha cabeça explodir.      

-Adoro sua imaginação. -resmungou, me fazendo rir.     

(...)    

-Olá. -disse assim que me aproximei da recepção. - Sou Ashley Somers, vim visitar a Maggie, Maggie Willians.     

-O horário de visita acabou. -disse, sem ao menos me fitar.     

-Mas é importante.    

-Você é a irmã dela? -neguei com a cabeça. - prima? -neguei novamente. - Então você não pode vê-la.    

-Por favor. -pedi, fazendo-a bufar.     

-Não. -disse, por fim.  

Soltei o ar, a fitando por mais alguns segundos antes de me virar para Chaz, sibilar um pedido de desculpas e sair dali.  

Caminhei com os braços cruzados até próximo do carro. O vento ali estava bem gelado, e para a minha infelicidade Chaz não estava atrás de mim.  

Fitei um garoto ao meu lado, o mesmo mantinha suas mãos dentro do bolso de seu moletom. Estávamos próximos... Próximos o bastante para eu perder o fôlego assim que nossos olhares se cruzaram. 

-Olá. -exclamou, com um leve sorriso no rosto.    

Continuei mantendo nossos olhares, sentindo um arrepio por meu corpo. Aquele garoto tinha olhos que faziam eu me questionar se já havia visto íris tão escuras e instigantes como aquelas.    

-Ei. -resmunguei.    

-Eu sei que a vista aqui é incrível, mas não está um pouco frio para você estar aqui fora vestindo apenas uma camiseta?     

-Eu não diria "um pouco" frio... -disse, fazendo-o dar uma leve risada.    

-Eu até te emprestaria meu moletom, mas eu estou com frio, e se eu fizesse isso teria que te beijar. -deu de ombros.  

-Teria? -arqueei a sobrancelha.    

-O que? Vai falar que nunca assistiu á um romance? -franziu o cenho.  

-Oh, sim... -resmunguei, soltando uma leve risada.     

-Veio visitar algum parente? -perguntou, um pouco depois.     

-Vim visitar a Maggie Willians.      

-A garotinha do acidente... -assenti.    

-E você?    

-Estou aqui há umas duas semanas, talvez seja por isso que aprendi a puxar papo com estranhos tão facilmente. -ri.    

-Alguém em especial?      

-Minha mãe.      

-Seria muito ousado de minha parte perguntar o que ela tem?    

-Sim. -assenti, não contente com a resposta. - O câncer esta em seu ultimo estágio, é deplorável, mas eu sinto vontade de estar perto dela a todo o momento, quero que seus últimos dias sejam felizes.    

-Isso é legal. -exclamei. - Não que você queira saber, mas minha mãe morreu, tem alguns anos.    

-Você fez os ultimas dias dela serem felizes?    

-Foi do nada, eu não sabia que iria acontecer... Então... -assentiu.    

-Sinto muito.  

-Já faz anos. -dei de ombros.  

-Espero estar como você daqui a alguns anos. -riu, sem graça. - Minha mãe é a única coisa que eu tenho, será difícil a perder.   

-E o seu pai?     

-Não temos uma relação muito boa... E o seu?     

-Morreu no mesmo acidente que a minha mãe. -resmunguei, vendo o mesmo me fitar surpreso.     

-Oh, agora eu entendi o motivo da visita a garotinha. -assenti, soltando uma leve risada.    

-Eu sou a Ashley. -estique a mão para o mesmo, que a apertou.    

-Nicholas. -sorriu. - Foi um prazer. -disse, dando um beijo em meu rosto antes de voltar para dentro do hospital.    

Continuei onde eu estava, mordia meu lábio inferior com tanta intensidade que depois de alguns segundos em transe, fui despertada pela dor.   

-Ash... -ouvi a voz de Chaz, da porta do hospital.    

-Eu. -disse, assim que em aproximei do mesmo.  

-Consegui a autorização. -colou um adesivo em minha blusa.  

Visitante: Ashley. Era o que dizia o adesivo.    

-Obrigada. -sorri, animada.    

Caminhei para dentro do hospital junto com Chaz, uma enfermeira nos levou até o quinto andar e depois até o quarto número 115. Ela nos deu algumas recomendações e em seguida saiu dali. Chaz me fitou esperando que eu batesse na porta, e assim eu fiz. Três batidas depois e eu já estava com a cabeça para dentro do quarto, observando a garotinha pentear o cabelo de uma boneca.    

-Olá. -abri a porta, entrando.     

-Oi. -a garotinha se levantou.      

Usava uma roupa azul de hospital e um moletom por cima, tinha vários fios presos ao seu braço esquerdo que a mesma mexia com certa dificuldade. Ela sorriu de leve ao me ver, o sorriso não era sincero, o que era uma pena, ela era uma criança e era triste ver que ela já havia aprendido a fingir e esconder sentimentos.    

-Sou Ashley. -me aproximei da mesma, que me observou e em seguida observou Chaz.  

-Vocês vão fazer várias perguntas, não vão? -perguntou, cabisbaixa.  

-Não, não vamos. -disse, já sentindo meus olhos arderem.  

-O que vocês vão fazer então? -franziu o cenho.  

-Só viemos te visitar. -sorri para a mesma.    

-Sério  ? -sorriu.    

Aquele sorriso, aquele era o sorriso que eu queria ver.  

-Sim. -fitei Chaz, que se aproximou, parecia confuso.  

-Eu não tenho nada para oferecer. -a garotinha disse. - Apenas esse achocolatado. -apontou para uma xícara, um pouco envergonhada.     

-Não precisa se preocupar. -sorri.  

-Aqui. -ela pegou minha mão, me sentando em uma poltrona ao lado da cama e foi até o outro lado, puxando uma poltrona e a colocando em minha frente. Chaz a fitava extremamente assustado, assim como eu, não sabíamos se ela podia fazer toda essa força.  

-Aqui. -pegou a mão de Chaz, o sentando na poltrona.  

Em seguida ela se apoiou na cama, pronta para subir. Ela teve um pouco de dificuldade, por conta do braço que era perfurada por algumas agulhas. Chaz se aproximou e a levantou, a sentando na cama.    

-Obrigada. -sorriu, envergonhada.  

-Não tem de que. -sorriu de volta a ela.  

-Como você se chama?   

-Chaz... Chaz Somers.     

-Vocês são irmãos? -perguntou, balançando os pés.  

-Quase isso. -respondi, fazendo ele assentir.  

-Eu não tenho irmão. -disse normalmente. - Eu ia ter um, mas ele foi embora junto com o papai e a mamãe. -resmungou.  

Ficamos em silêncio, eu não sabia o que falar sobre mim.   

-Pessoas entram aqui todos os dias e me perguntam isso várias e várias vezes... -suspirou. - Eu não gosto de falar disso.  

-Eu te entendo.  

-Não, você não entende. -seus olhinhos da cor do oceano, estavam agora, cheios de água. - Todo mundo fala isso também. -soluçou.  

-Na verdade, não existe alguém no mundo que te entende como eu. -disse, fazendo ela me olhar curiosa, enquanto secava as lágrimas. - Há alguns anos, quando você estava completando 4 anos, eu passei pela mesma coisa que você.   

-Sério? -me olhou surpresa.  

-Sim... E adivinha só, todo dia algum estranho entrava no meu quarto me enchendo de perguntas que eu não queria responder.   

-Eles são chatos. -fez careta, e eu assenti, rindo. - Como era a sua mamãe?   

-Minha mamãe... -repeti, fitando Chaz que sorriu de canto, me incentivando a falar. - Ela era linda, seus cabelos eram cumpridos e seus olhos eram claros como o seu. -sorriu, animada. - Ela usava um vestido diferente todos os dias e eu me perguntava se ela era uma rainha ou algo do tipo. -completei, a fazendo rir.  

-Minha mamãe tinha a pele queimada. -disse. - Ela tinha os cabelos enrolados e os olhos verdes. -sorriu animada. - Assim como meu papai... Como era o seu papai? -me perguntou.  

-Bravo. -Chaz respondeu antes de mim, nos fazendo rir.  

-Meu papai era legal. -balançou as pernas. - Ele me contava uma história legal todos os dias antes de dormir, querem escutar? -assentimos. - Bom, tinha um reino, um reino grande e muito feliz, mas a rainha vivia triste porque ela não conseguia ter um príncipe ou uma princesa, o rei se sentia triste por ela, mas sempre fazia de tudo para fazer ela rir. -riu, animada com a história. - Teve uma noite que eles estavam comendo e a campainha tocou, a rainha ficou confusa e se levantou. Quando abriu a porta tinha uma caixa. Ela era assim. -fez o tamanho com a mão. - Meu papai disse que dentro dessa caixa tinha uma princesa linda, a pele dela era igual à neve, o cabelo igual ao sol e os olhos igual ao mar. - sorriu animada. - A rainha ficou feliz porque finalmente tinha uma princesa para alegrar todos do reino e viveu feliz para sempre. -sorriu animada. - Vocês gostaram?   

-Sim. -respondi, sorrindo para a mesma.  

-Claro, a história é incrível. -Chaz disse, fazendo-a sorrir.  

-A moça do jornal achou triste, disse que significava que eu tinha sido abandonada duas vezes. -franziu o cenho. - Eu não entendi.  

Fitei Chaz e o mesmo negou com a cabeça, cabisbaixo. As pessoas estavam sendo cruéis com ela. Ela havia acabado de perder os pais e ainda havia pessoas que faziam piadas com isso.   

-Não tente entender. -Chaz disse. - Essa moça, é uma... -o interrompi.  

-Boba. -exclamei, o fitando.  

-Sim. -Maggie riu.   

Justin Bieber      
   

-Você está brincando comigo, não está? -Ryan perguntou rindo, e eu apenas revirei os olhos.     

-Não enche. -bufei.     

-Cara, nós pegamos essa carga em minutos, você podia muito bem ir ver Ashley hoje. -Chris disse, do banco de trás.    

-Ela tinha um compromisso, e eu não ia bancar o idiota que ultimamente não anda tendo nada de interessante para fazer.     

-A culpa não é sua que ultimamente o governo anda quieto demais. -Chris disse.    

-Calma ai, você quis parecer interessante para ela? -Ryan franziu o cenho, e depois voltou a rir. - Parabéns, você se transformou em um viadinho.      

-Ryan, por que você não vai para o inferno? -perguntei, irritado.  

-Eu já vou, e você também. -sanou a risada. - Mas agora é sério, qual era o tal compromisso dela?  

-Ela doou uma boa parte do dinheiro para o hospital e foi visitar a garotinha que perdeu os pais. -ri.    

-Essa garota roubou a atenção dos Estados Unidos na ultima semana. -Chris comentou.  

-Ouvi falar.  

-Você deveria ir vê-la.  

-A garota do acidente? -fitei Ryan, com o cenho franzido.  

-Sim, mas agora, já que Ashley esta lá. -sorriu.  

-Você é bom em idéias, cara. -bati em seu ombro.  

  (...)  

-Chaz? -disse, assim que ele atendeu o telefone.- Estou aqui no hospital. -disse, por fim, já aguardando as piadas.  

  -Sério? -riu. - Já vou descer para te encontrar, vou comprar alguma coisa para Ashley comer. -e então desligou.  

  Chaz não andava muito amigável ultimamente, não apenas por Ashley, por tudo, na verdade. O governo estava quieto demais, não estavam sendo corruptos e nem fazendo viagens falsas insinuando algo que com certeza eles não estavam fazendo. Eu não queria ter que fazer isso, mas se o ritmo continuasse assim, logo uma nova cidade receberia novas visitas.  

  -Eai. -me cumprimentou. - Pega leve com ela, e não assusta a garotinha.  

  -Qual a história dela, na real? -perguntei, enquanto descolava o adesivo da jaqueta dele e colava na minha.  

  -Foi adotada, basicamente.  

-Basicamente? -franzi o cenho.  

-Abandonada na porta da casa deles, não é difícil perceber, eles são... Visivelmente diferentes.  

-Eles eram. -o corrigi.  

-Sim. -soltou o ar. - Seja educado, você consegue.  

-Pode deixar papai. -zombei, recebendo um belo dedo do meio.  

Subi até o andar indicado. Odiava hospitais e odiava fazer esse tipo de caridade que Ashley estava fazendo. A porta do quarto estava entre aberta, eu conseguia escutar risadas, parecia Ashley. Empurrei a porta do quarto levemente recebendo a atenção das duas.  

  -Justin? -Ashley franziu o cenho.  

  -Pois é. -resmunguei, entrando no quarto.  

  -Oi. -a garotinha resmungou, com um sorriso no rosto. - Como é seu nome?   

-Eu sou o Justin. -baguncei seus cabelos, antes de me sentar ao lado de Ashley. - Você está chorando? -perguntei a mesma, com o cenho franzido.  

 -O que você esta fazendo aqui?  

 -Chaz pediu. -dei de ombros.  

-Claro... -soltou o ar.  

-Vocês são irmãos? -a garotinha perguntou.  

-Não. -respondemos juntos, fazendo careta.  

-Ah. -resmungou, assentindo.  

-Você não precisava ter vindo. -me fitou, parecia irritada.  

-Para de reclamar. -revirei os olhos.  

-Não estou reclamando, só estou falando.  

-Eu já estou aqui, não tem volta.   

Ashley balançou a cabeça e revirou os olhos, voltando a fitar a garotinha. Escutei a conversa das duas, acredito eu que, por mais de meia hora.    

A conversa não era interessante, e eu odiava ter que admitir isso, mas observar Ashley  era.  

-Com licença. -uma enfermeira entrou na sala. - Maggie tem que fazer alguns exames, vocês precisam sair, agora. -disse, fazendo Ashley soltar o ar.  

-Bom, nos vemos na próxima. -se aproximou da garota, dando um beijo no rosto da mesma e saindo do quarto.  

-Tchau, garotinha que eu não sei o nome. -acenei.  

-É Maggie. -arqueou a sobrancelha. - Não seja um idiota com a Ash, ela não merece.  

-Sim, até porque você a conhece a 20 minutos, certo? -perguntei, recebendo um olhar nada bom da enfermeira.  

Ignorei a mesma e sai dali. Pude ver Ashley parada em frente ao elevador, parecia aérea.   

-Gostaria de ter ficado mais. -eu disse, assim que me aproximei.  

-Ela é legal, mas eu sinto dó quando estou perto dela, e não gosto de sentir dó de pessoas. -resmungou.  

-Dá um desconto, ela perdeu os pais, pela segunda vez. -disse, enquanto entravamos no elevador.  

-Eu também perdi, Justin. A questão é que ninguém gosta de ser alvo de dó. -disse, parecia irritada.  

-Ninguém gosta de ser alvo de dó ou você que não gosta de sentir? –perguntei, a fitando.  

A mesma levantou seu olhar até mim e me observou até a porta do elevador se abrir de novo. Então ela apenas negou com a cabeça e saiu do elevador, vendo Chaz vir até ela com o cenho franzido e um pacote de biscoito em mãos.  

-O que aconteceu? -perguntou.  

-Ela teve que fazer alguns exames... Você não tinha ido embora? -franziu o cenho.  

-Como? -a olhou, confuso. Antes que qualquer um de nós pudéssemos falar qualquer outra coisa, meu celular tocou.  

Peguei o mesmo no bolso de minha calça e me afastei dos dois, vendo uma ligação de Chris.