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História Fetish - Chapter 6


Escrita por: MillyFerreira

Notas do Autor


Oi, meninas, olha quem chegou antes do prazo... Vocês me pediram tanto um capítulo bônus que eu não tive como resistir. Lembrando que isso não muda nada o fato de que sexta também terá capítulo novo.

Capítulo 6 - Chapter 6


Fanfic / Fanfiction Fetish - Chapter 6

Acordar na minha mais nova cama — mesmo que temporariamente — nunca foi tão fácil, por dois simples motivos: 1) é super espaçosa e 2) é mais confortável do que uma pluma. Acho que babei no travesseiro… Mas só um pouquinho…

Demora um pouco pra me situar no tempo e espaço enquanto estou sentada sobre o colchão, encarando a vista lá fora através da varanda. Quando minha mente acorda e meus neurônios começam, de fato, a trabalhar, não evito uma careta de insatisfação. Levanto-me mais rápido do que minha cabeça permite e sinto uma leve tontura enquanto cambaleio até o banheiro. Prendo o cabelo e percebo que não precisava ter trazido minha escova de dente, Bieber já tinha pensado nos mínimos detalhes… Ou talvez tenha sido apenas Abigail. Acredito mais na segunda opção.

Volto para o quarto depois de escovar os dentes e lavar o rosto e olho minhas mensagens da manhã no celular. Minha caixa de emails está cheia, o mês mal começou e meu chefe horrível já me encheu de trabalho pra fazer. Preciso resolver as coisas, se eu aceitar mesmo assinar esse contrato, não sei se poderei continuar trabalhando para o Sr. Thompson. Também há uma mensagem de James:


Ele: Ainda está viva?

Eu: Sim, mas seu maninho não estará por muito tempo. :)


Nenhum recado de Chelsea. Ela não respondeu nenhuma das minhas mensagens, está realmente chateada com a ideia deste contrato. Eu entendo o lado dela, eu sei que isso é uma puta loucura, mas eu prefiro que ela grite comigo, que me massacre, mas odeio quando fica em silêncio, a culpa se torna duas vezes maior em cima das minhas costas, e pior, odeio que ela julgue o James pelos meus crimes. Espero que perceba que está cometendo um erro em rejeitá-lo, e quando isso acontecer, espero que não seja tarde demais…

Tenho mais facilidade para me situar no espaço da mansão desta vez, não demora tanto tempo assim para eu achar a cozinha. Bieber já está acordado, sentado sob uma pequena mesa redonda recheada de comida que eu não tinha percebido, lendo um jornal e com… um saco de gelo pressionado entre as pernas!

Engasgo com uma risada, chamando sua atenção. Limpo a garganta e engulo o riso — mesmo que ainda esteja gargalhando por dentro — e me aproximo da mesa com os braços cruzados e uma expressão ranzinza. Ele ergue a sobrancelha com uma cara de “perdeu alguma coisa?”.

— Acho que você me deve desculpas — instigo.

— Não, é você quem me deve desculpas — retruca, sério, e reviro os olhos.

— Vai achando.

Ele me olha dos pés a cabeça com um olhar de reprovação e abre um sorriso malvado de canto de boca.

— O que é isso que está usando? Você assaltou o baú de recordações da sua avó ou arrumou esses trapos velhos com algum morador de rua? — provoca.

Deixo os braços caírem ao lado do corpo, ofendida.

Eu estou usando uma calça vermelha quadriculada larga e um blusão, não é nada demais!

— Olha aqui, seu… — aponto o dedo em sua direção, ameaçadora, mas ele não me deixa terminar.

— Isso é horrível.

— São roupas de dormir, não é pra ser bonito! — defendo-me.

— Se você dormir com alguém assim, o coitado vai ter pesadelos ou pior, vai broxar — debocha.

Tudo o que faço e erguer o dedo do meio pra ele, fazendo aqueles dentes brancos idiotas aparecerem em um sorriso.

— Bom dia… — Abigail entra na cozinha, distraída, e fico me perguntando como alguém pode ser tão elegante às 7 da manhã! Entretanto, ela me olha incrédula, e já sei o que vai dizer. — O que é isso que você está vestindo? — Exclama, horrorizada.

— Ah, não enche! — Puxo uma cadeira sob a mesa e me sento com uma expressão emburrada.

Sirvo-me de um pouco de suco de laranja e um pedaço de bolo.

— Quem lê jornal físico em pleno século vinte e um? — questiono, vendo a atenção de Bieber em um pedaço de papel.

Ele apenas joga o jornal na minha frente, e pego o mesmo com tanta rapidez que quase derrubo o meu copo de suco quando vejo uma foto nossa da noite passada estampada em uma das matérias.

— Addison Holly. — Ele informa, despreocupado.

— Nossa, ela é bem rápida — murmuro. — “Mais uma amante?”! — Olho pra Justin, esperando alguma reação no mínimo incomodada, mas tudo o que ele faz é dar de ombros diante do título da matéria.

— Não perca o seu tempo lendo isso, ela vai ter o prazer de acompanhar a nossa “relação” — sinto as aspas no ar — bem de perto.

— Ah, claro, então agora vai ter um monte de paparazzi me seguindo aonde quer que eu vá? — não escondo o sarcasmo.

— Não se ache tão importante — bebe um gole de café. — Mas ela vai estar de olho em nós em qualquer evento que formos, então é melhor tomar cuidado com o que diz e o que faz — enfatiza a última palavra — em público…

Ofereço-lhe um sorriso cínico.

— E você deveria tomar cuidado com quem se envolve, mocinho — Abigail repreende. — Essas mulheres loucas ainda vão acabar lhe metendo em encrenca.

— Alguém sensato nessa casa — resmungo e bebo um pouco do meu suco.

— Não começa, Abby — Justin dispensa.

— Enquanto eu tiver boca, eu vou falar — a mulher não se deixa abalar, eu a vejo como uma figura materna. — Agora vá se ajeitar, você tem uma reunião com o seu pai e sabe que ele não tolera atrasos. E você — ela aponta pra mim —, salão marcado para às dez.

— Mas eu tenho que trabalhar — informo.

— Trabalhar? — questiona ela, e depois olha para o Justin.

— Ela ainda não assinou o contrato, Abby — ele responde. — Dei um mês pra ela conviver com a gente e se decidir.

— Decisão horrorosa! — a ruiva faz uma careta.

— Creio eu que vai querer levar sua rotina normal, por enquanto — Justin deduz olhando pra mim agora.

— Não posso desistir do meu emprego assim, caso eu não aceite, preciso seguir com a minha vida do jeito que sempre foi — digo. — E mesmo que eu aceite… — começo com cuidado, cutucando o pedaço de bolo no meu prato com um garfo — não queria ficar aqui sem fazer nada, apenas existindo e esperando você me dar ordens.

Ele acena com a cabeça, considerando o que eu disse.

— Qual o seu horário de trabalho? — pergunta ele.

— Das dez às cinco — respondo.

Ele olha para Abigail, esperando que ela diga alguma coisa.

— Dá pra administrar o tempo — ela diz, por fim.

— Tudo bem então — ele se levanta, deixando o saquinho de gelo de lado, mas não evita uma careta de dor. Ok, talvez eu tenha exagerado na força que depositei naquela joelhada… — Nossos eventos são todos à noite, caso haja alguma exceção, aviso com antecedência. Então pode manter o seu emprego, se quiser.

— Obrigada. — Baixo um pouco a guarda.

— Com licença — ele sai mancando um pouco.

— Foi um golpe baixo — brinca Abigail, e olho pra ela com um sorriso divertido. — Vou remarcar o horário no salão, vá se trocar.

Bebo o resto do suco em um longo gole e levanto.

— Que é? — pergunto e mordo um pedaço do bolo de chocolate enquanto ela me olha com um olhar de reprovação.

— Preciso dar-lhe uma aula de etiqueta — diz com insatisfação, e exibo meu sorriso sujo de chocolate, fazendo ela me dispensar com um gesto de mão, irrelevante.

Volto para o quarto — ainda é difícil referir-me a ele como meu — e passo direto pro banheiro para tomar um banho. As loções de banho importadas deixam minha pele cheirosa e macia. Seco-me e vou até o closet para usar o pouco de senso de moda que tenho. Eu tenho bom gosto pra roupas, juro que tenho, só não tenho verba para satisfazer os meus caprichos, mas agora parece que chegou a minha vez de brilhar. Bem, não poderia faltar a boa e velha calça jeans… Escolho um modelo escuro para mais um dia frio e uma blusa branca sem decote. Para complementar, salto alto e blazer da mesma cor da blusa. Acho que estou apresentável. Pelo menos, é o que mostra o espelho.

Dou de cara com Abigail quando saio do closet. Ela acaricia o queixo e para, me avaliando.

— No que, exatamente, você trabalha? — pergunta.

— Eu sou secretária do Sr. Thompson.

— Escolheu bem o look — elogia enquanto anda até o closet.

— Sério? Eu normalmente vou de qualquer jeito para o trabalho — confesso.

— Jura? Por que não estou surpresa? — Ela diz lá de dentro.

— Há, muito engraçado — não escondo meu sarcasmo.

— Temos que saber nos vestir em cada ocasião — ela volta com uma bolsa bege, um relógio e uma pulseira.

— Eu nunca fui o tipo que segue padrões de beleza — digo enquanto coloco o relógio dourado e, logo em seguida, a pulseira, formando uma dupla sofisticada e elegante.

— Mas precisa — insiste, enquanto coloca algumas coisas como maquiagem básica dentro da bolsa. — Aqui está — ela me entrega para que eu possa guardar meus materiais de trabalho.

— Ainda vamos ao salão? — pergunto enquanto acompanho-a para fora do quarto.

— Claro, estão nos esperando.

— Ah… Acho que vou trocar esses saltos por tênis, parece que vão me incomodar… — reclamo enquanto dou passos inquietos.

— Você terá de se acostumar, Luara.

— Mas é só o meu trabalho mais ou menos de sempre — retruco.

— Melhor ainda, você vai estar treinando sem medo de errar — rebate com um sorriso gentil, o que me faz revirar os olhos.

O motorista está nos esperando lá fora, bem posicionado ao lado de um AUDI A3 preto Sedan. Ele é alto e forte, seu cabelo tem um tom claro de castanho e sua pele branca é levemente bronzeada. Taylor, ouvi Justin mencionar uma vez. E não parece ser tão velho, eu diria que tem em torno da mesma idade de Abigail, na casa dos 30.

— Luara, este é Taylor Miles, ele será seu motorista particular de agora em diante. — Abigail nos apresenta. Uau. — Ele a levará aonde quiser, quando quiser. Estará a sua disposição.

— Oi — aceno gentilmente.

— É um prazer, senhorita — ele acena com a cabeça, todo profissional.

— Taylor, nos leve para a cidade, no salão de sempre, por favor — ela instrui adentrando o carro e eu vou logo em seguida enquanto o motorista segura a porta.

— Salão de sempre? — pergunto quando o carro entra em movimento.

— Sim, o salão em que o Justin corta o cabelo — informa.

— Nossa, ele dá mesmo importância àquele cabelo seboso, hein?

Ela dá risada.

— Você não imagina o quanto.

Olho pela janela do carro por algum tempo.

— Os pais do Justin vão sempre à mansão? — pergunto, olhando para Abigail.

— Não frequentemente. Por quê?

— Curiosidade. Então ele passa a maior parte do tempo sozinho naquele lugar tão grande? — questiono.

— O Justin é um pouco individualista — diz ela, despreocupada, mexendo em seu celular.

— Um estudo revela que a solidão aumenta cerca de 26% a taxa de mortalidade, sabia? — comento. — Basicamente, o ser humano não consegue viver sozinho, ele tem a necessidade de estar na companhia de alguém, de conversar, de interagir. Nos tempos de hoje, é praticamente impossível não ter contato com alguém, mesmo que existam alguns registros de pessoas que vivem totalmente isoladas do resto do mundo, mas ainda assim existe a solidão da alma, aquela em que você está a todo tempo rodeada de pessoas, mas ainda se sente extremamente só, abandonado.

Ela me olha com o cenho franzido, confusa.

— O que está querendo dizer? Que o Justin é depressivo? — supõe.

— Ainda é cedo para tirar alguma conclusão, afinal, só passei um dia na mansão. Mas com algumas notícias que vi ao longo desses anos, percebi que ele tem necessidade de chamar atenção. E também, todo o espaço que ele diz gostar de ter, me parece um pouco mais com uma tentativa de respirar, como se ele se sentisse o tempo todo sufocado.

Ela continua com um olhar confuso.

— Estudei um pouco de medicina — digo.

Seu olhar muda para curiosidade agora.

— Ah, é? Psicologia?

— Pediatria.

Agora, sua expressão é um pouco intrigada.

— Ser médica vai muito além de salvar vidas, você precisa entender um pouco as pessoas, como pensam, como agem…

— O Justin não é uma criança — ela defende.

— Mas age como uma — retruco.

— A vida do Justin é um pouco…

— Complicada — corto sua frase. — Eu sei, o James vive dizendo isso quando eu julgo os atos do irmãozinho dele. Mas fica difícil mudar de opinião quando ninguém me conta o que está acontecendo.

Ela se recosta no banco de couro e solta um suspiro em seguida.

— Não apresse as coisas, Luara. Tenho certeza que vai descobrir por si só.

— Tenho certeza que sim — concordo, convicta.

Ela faz uma breve pausa antes de perguntar:

— Como você foi parar trabalhando como secretária?

— Não consegui pagar a faculdade, estou com uma dívida grande e… Bem, preciso me sustentar, né? — Solto um suspiro de frustração.

— Deixe-me adivinhar… O Justin te ofereceu uma proposta dos sonhos? — deduz.

— Mais ou menos isso — murmuro.

— Bem a cara dele…

— O quê?

— Achar que os problemas da vida dele vão se resolver com dinheiro — responde, enigmática, e vira-se para a janela, encerrando o assunto.

O salão fica no centro da cidade, mas em Boston, praticamente tudo fica no centro da cidade. Eu nem sabia que existiam mansões por aqui até ter conhecimento da residência de Justin.

O espaço é tão grande que mal consigo ver onde termina da porta. É mobiliado e sofisticado, com um toque de glamour, esse leve exagero que os salões de beleza costumam carregar. Sei lá, me sinto meio deslocada aqui, deve custar uma fortuna! Mas acho que o cartão dourado do Justin pode superar isso.

— Querida, que bom vê-la por aqui — uma mulher em cima de um salto negro e com longos cabelos dourados e bem-cuidados surge de repente, beijando o ar ao lado da bochecha de Abigail.

— Olá, Arya — a ruiva a cumprimenta com a serenidade e gentileza de sempre. — Desculpe remarcar o horário assim tão em cima da hora, tivemos um imprevisto.

— Ah, não tem problema, meu amor, sabe que com a gente não tem esse tipo de problema — a mulher dispensa formalidades. — Então, onde está o nosso cliente mais exigente? — pergunta ela, referindo-se à Justin.

— O Justin não veio hoje, mas trouxe um novo desafio para você — ela dá um passo para o lado, revelando-me, um pouco acanhada, atrás do seu corpo. — Luara, esta é Arya Donson.

— É um prazer, senhora — estendo a mão.

— Ah, querida, dispensamos formalidades, tenho apenas 34 anos para ser tratada como senhora — diz com uma alegria exagerada enquanto beija o ar ao lado da minha bochecha.

Dou apenas um sorriso sem jeito.

— Então, o que temos pra hoje? — Arya, extremamente elegante no seu terninho, questiona.

— Transformação completa! Unhas, cabelo, pele, tudo que tiver direito! — Abigail joga as mãos para cima em um gesto irrelevante, como quem diz “está nas suas mãos”.

Lanço um olhar de desgosto para a ruiva. Por que ela adora me esculhambar? Minha aparência não está assim tão ruim! Eu não sou uma desleixada, por mais que pareça… Eu me cuido, sim!

— Pois bem, venha comigo, Luara… Vamos conversar um pouco — Arya me puxa pela mão, e Abigail fica para trás, avisando:

— Qualquer coisa, estou aqui sentada lendo uma revista.

— Sente-se aqui, querida — ela puxa uma cadeira para mim, em frente à um grande espelho embutido na parede.

Apenas obedeço.

Ela para atrás de mim e começa a  avaliar meu cabelo atenciosamente, e depois puxa um banquinho e se senta ao meu lado, com caneta e um bloco de anotações em mãos.

— Vamos lá… — ela começa. — Tem algum problema em cortar o cabelo?

— Bem, não. — Sou sincera.

— Ótimo. — Ela anota alguma coisa. — Você tem um rosto delicado e oval, isso facilita muito no corte de cabelo, já que o seu tipo de rosto combina com qualquer coisa, principalmente com franjas.

— Odeio franjas — resmungo.

— Ok, sem franjas — ela risca o que anotou. — Bem, de acordo com as tendências do momento, eu sugiro um corte de base reta na altura dos seus ombros… Deixe-me mostrar — pega uma tabela e me mostra uma foto do corte a que se refere.

— Esse parece ótimo — aprovo.

— De fato — sorri. — Estamos decididas?

— Sem sombra de dúvidas!

Ela sorri mais uma vez.

— Agora vamos a cor… Você já pintou seu cabelo de outras cores, estou certa? — deduz.

— Bem, sim… Mas não deu muito certo — dou um sorriso constrangido ao lembrar de quando pintei as pontas dos meus cabelos e ele ficou com uma coloração meio verde limo… Simplesmente horrível!

— Percebi — diz ela, sem qualquer cerimônia. — Que tal usarmos um castanho mais escuro? Acho que combina com você, e assim ninguém precisa sair da sua zona de conforto, hum?

— Perfeito!

— Ótimo! — Ela se levanta, determinada. — Agora relaxe, você vai receber um tratamento de princesa hoje!

E ela não estava mentindo. Em meio segundo, quatro profissionais estão completamente ao meu dispor. Kate e Maria trabalham nas minhas unhas, uma nas das mãos, outra nas dos pés, ao mesmo tempo. Enquanto isso, Briana usa seus conhecimentos de pele para limpar todas as imperfeições do meu rosto. Apenas deixo elas trabalharem, um pouco tensa, e tento acompanhar o ritmo de suas conversas cheias de glamour, tipo a de Kate que conta com todo seu fervor que vai sair com um cara super rico no fim de semana.

Não, não estou na minha zona de conforto. E as clientes daqui não são muito… Receptivas. Tenho quase certeza que algumas delas estão cochichando sobre mim, parece que todo mundo decidiu olhar o jornal pela manhã…

Para me distrair, pego o celular e tiro uma foto fazendo biquinho e envio para Justin com a seguinte legenda:


Eu: Gastando todo o seu dinheiro com produtos de beleza!

A resposta vem logo em seguida:

Ele: Vale a pena se isso for melhorar essa sua cara de favelada.   


Mas que… Filho da puta!, quero gritar, mas me contenho. Ele não vai conseguir me tirar do sério. Respira… Ele não vai conseguir… Já conseguiu.

As meninas acabam em meia hora, e enquanto um tipo de pasta cremosa descansa em meu rosto, outra profissional chamada Ariana cuida do meu cabelo. Não posso abrir os olhos com esses pepinos em cima das minhas pálpebras, mas posso ouvir o barulho da tesoura rasgando os meus fios ao meio, e não evito de sentir uma dor no coração… Não sou contra mudanças, eu até gosto de inovar, mas não vou mentir que meu cabelo longo faz falta, mesmo que me engula.

Sinto a cadeira girar e a pasta do meu rosto ser removida com algodão.

— Pode abrir os olhos — Briana libera, e tenho certeza que acabei cochilando nesse meio tempo. Ela abre um pequeno sorriso e sinaliza para Ariana que faz os acabamentos finais no meu cabelo.

Por fim, uma boa dose de spray nos fios, uma maquiagem básica e ela anuncia, animada:

— Pronto!

Toco delicadamente nos fios, agora curtos.

— Como estou? — pergunto, hesitante.

— Veja por  si mesma — ela gira a cadeira, me fazendo dar de cara com o espelho e quase cair no chão.

Se essa sou eu mesmo, não me reconheço… Estou tão… Bonita… Acho que meu queixo está rolando pelo chão agora. Não, não acho. Tenho certeza.

As meninas riem da minha cara de tacho.

— Eu estou…

— Maravilhosa! — Arya se aproxima, e até seu sorriso parece elegante. — Meninas, bom trabalho! E você, querida? Como se sente? Gostou? — Ela volta-se para mim.

— Nossa, eu nem preciso dizer, estou me sentindo linda — revelo, ainda mexendo no cabelo. — Obrigada, meninas.

Todas elas sorriem.

Abigail fica quase emocionada quando me vê.

— Se você roer as unhas, juro que te mato — ela repreende.

— Não prometo nada — ergo as mãos em rendimento, e ela estreita os olhos para mim.

— Você está linda.

— Obrigada — sorrio.

— Não é novidade, ela estava na mão das melhores — Arya se aproxima, egocêntrica.

— Não duvido — diz Abby. — Temos contas para acertar, não? — Ela vira-se para mim antes de ir: — Volto já.

Sento-me e espero. Abigail volta em menos de cinco minutos, e decido não perguntar quantos zeros todo esse processo rendeu ao bolso do Justin. E também, depois do seu insulto mais que grosseiro, pouco me importa, quero mais é que ele se foda!

Taylor me leva para o trabalho de carro, e depois leva Abigail embora, ressaltando que está a minha disposição a qualquer momento, basta ligar.

Adentro a editora e ignoro os olhares curiosos enquanto me apresso para chegar à minha mesa. Ligo o computador e começo a organizar as minhas tarefas do dia, pedindo à Deus que o Sr. Thompson não apareça e comece a reclamar até da própria existência.

— Oi.

Dou um sobressalto na cadeira pelo susto, e olho para o moreno com a mão no peito.

— Ah, oi, Jake… Você me assustou… — digo, retomando o meu trabalho.

— Não foi minha intenção — desculpa-se.

— Humrum… — respondo meio desinteressada, na esperança de que ele me deixe em paz. Não estou com paciência para ele hoje.

— Gostei do visual novo — ele elogia.

— Obrigada — olho para ele de soslaio, com um leve sorriso.

— Gostei do carro que te trouxe hoje também… — deixa no ar, e percebo mais ou menos aonde ele está querendo chegar.

— Ah, é? — pergunto sem olhar pra ele, enquanto meus dedos deslizam pelo teclado do computador.

— Sim… Divertiu-se muito ontem? — questiona, e dessa vez, ergo o olhar pra ele.

— Como?

Tudo o que ele faz é mostrar um maldito jornal com a reportagem de Addison Holly. Argh.

— Isso meio que não é da sua conta, Jake. — Respondo com calma.

— Sabe o que eu acho engraçado? — Seu tom se enche de deboche. — Você sempre falou um monte desse cara, dizia que ele não presta, que é bem diferente do irmão dele… E agora você aparece por aí acompanhada do imbecil? — Exclama, como se eu tivesse o traindo de alguma forma.

Estreito um pouco os olhos e digo, séria:

— Não pense que porque trepamos algumas vezes na sua cama você tem o direito de dizer com quem eu devo ou não sair. Sou livre, desimpedida, e não devo satisfações da minha vida a ninguém.

Sua expressão se torna ainda mais ofendida com uma pitada de mágoa.

— Agora se me der licença… — dispenso-o. — Preciso trabalhar.

Ele me encara por breves segundos, balança a cabeça e vai embora sem dizer nada. Bufo de insatisfação e volto a fazer o meu trabalho.

Bem, esse que acabou de sair da minha mesa é Jake Ross, mais especificamente, meu ficante nas horas vagas… Pois é. Trata-se de um homem alto, de músculos firmes e definidos, cabelos preto e lindos olhos verdes. Se ele é bom de cama? Bem, ele extrapola da genialidade, e tem uma pegada que… Jesus! Nós nos pegamos algumas vezes quando ninguém está olhando, é conveniente para ambos, ainda mais quando eu não quero um relacionamento sério com ninguém no momento. Quanto a ele… Bem, eu não posso confirmar com tanta certeza, justamente pelo fato de ele me cobrar algumas explicações não cabíveis às vezes. De qualquer forma, eu não me importo… Jake não me atrai mais do que fisicamente. Não sei muito sobre ele, e espero continuar assim. Não é minha intenção magoá-lo, então sempre busco deixar claro que meu interesse não passa de diversão, de uma pura distração para me desligar dessa minha vida maluca. Não quero criar ilusões, tampouco, expectativas.

Meu devaneio é interrompido pelo toque do meu celular. É a mamãe. Deixo todo o trabalho na mão e corro para me esconder em uma das cabines do banheiro para atender.

— Oi, mamãe. — Atendo com um suspiro, é inevitável.

— Oi, querida… — responde com a voz triste. — Liguei para saber como você está.

— Eu estou bem — engulo em seco. — E a senhora? O Noah?

— Ah. — Ela faz uma breve pausa. — Estamos indo… O seu irmão vai poder sair do hospital logo pelo que me disseram.

— E como ele está reagindo? — pergunto, aflita.

— Normalmente ele não quer falar com ninguém… Mas estou tentando driblar isso e conversando com ele aos poucos — diz. — Eu estou tentando arrumar o dinheiro…

— Não se preocupe com isso — corto-a. — Eu vou dar um jeito.

— Como você vai fazer isso, querida? Você já tem despesas demais, e você sempre acaba tendo que pagar o… — ela respira fundo. — Não é justo.

— Não é justo para nenhuma de nós duas, mamãe — desabafo. — A irresponsabilidade, o vício do Noah está passando de todos os limites. Já chega, ele não é mais criança, e eu não vou deixar ele acabar com a vida do mesmo jeito que o nosso pai fez — sinto meus olhos arderem em lágrimas e o meu peito está cheio de aflição, de angústia. Respiro fundo e revelo: — Vou mandá-lo para a reabilitação, eu mesma vou ter o prazer de pagar cada centavo do tratamento.

— Eu não sei se ele vai querer…

— Acho que a essa altura do campeonato, o que o Noah quer ou não, não importa mais — digo com a voz sombria. — Eu preciso ir agora, mas depois eu vou ligar para conversar com ele, e querendo ou não, ele vai ter que me ouvir.

Ela suspira.

— Tudo bem, querida… Eu amo você.

— Também te amo, mamãe… Mantenha-me informada.

Encerro a ligação.

Dou um sobressalto quando escuto um barulho estrondoso vindo do lado de fora, como se alguém estivesse socando a porta do banheiro.

É o Sr. Thompson.

— Cooper, ninguém leva mais do que um minuto para urinar! Volte já para o trabalho!

Já disse que odeio esse velho?



— Não vai jantar hoje? — pergunta Abigail.

— Hum, não, obrigada, eu acabei de jantar com o James — informo. — Eu não tenho nada pra hoje, né?

— Não, querida, nada pra hoje. — Responde, se movimentando pela cozinha.

— E o Bieber? Ainda não chegou? — Quero saber.

— Não, ainda não — balança a cabeça. — Bem, já que você não vai jantar e o Justin ainda não chegou, eu já vou embora. Se sentir fome mais tarde, tem comida pronta na geladeira, é só esquentar. Também tem salgadinhos e todas essas coisas que os jovens gostam. Sinta-se à vontade.

— Mas… Eu vou ficar aqui sozinha? — questiono enquanto ela pega sua bolsa pra ir embora.

— Ué, com quem mais ficaria? — revida.

Ao perceber minha expressão tensa, ela emenda:

— Luara, esta é sua casa agora. Pelo menos por enquanto. Eu sei que pode parecer assustador pelo fato de ser um lugar imenso, mas temos segurança por aqui, você vai estar mais em paz aqui dentro do que lá fora, acredite. Não se preocupe, o Justin já deve estar chegando e, se tiver algum problema, pode me ligar. Tudo bem?

— Tá, ok.

— Ótimo — ela sorri fraco. — Boa noite, até amanhã.

— Tchau, Abby — aperto os lábios enquanto ela se vai.

Quando ouço o clique da porta na sala, estou completamente sozinha. Decido não encher a minha cabeça de paranóia e vou para o quarto carregando minha bolsa cara. Dispo-me, deixando as peças de roupa pelo chão, trilhando um caminho até a porta do banheiro e praticamente mergulho debaixo da ducha, recebendo a água quente de bom grado. Eu preciso disso. Literalmente. Depois de um dia cheio de trabalho — todos os dias são — e uma dose potente de problemas, tudo o que eu quero é me jogar na cama e simplesmente esquecer.

Enrolo-me numa toalha macia e seco o cabelo. Depois, visto um de meus pijamas folgados e caio na cama, apagando completamente.

Não sei quanto tempo dormi ou que horas são quando acordo, mas ainda está tudo escuro e uma brisa gelada entra pela porta da varanda que esqueci de fechar. Minha mente ainda está sonolenta e demora um pouco para eu me situar no tempo e espaço, mas eu poderia jurar que ouvi um barulho… Uma voz no fundo da minha mente.

E acontece de novo. Algo parecido com um murmuro, seguido por um baque no chão. Abro os olhos completamente, alarmados, assustados, e sento-me na cama tão rápido que tudo gira ao meu redor. Tudo fica em silêncio de repente, é disso que tenho medo… Depois, escuto vozes baixas, masculina e feminina, murmurando algo que não consigo identificar, e então, risos… A expressão assustada na minha face dá lugar a um semblante meio franzido, principalmente pelos barulhos que se seguem… Ah, não… Isso são… Gemidos?!

Reconheço a voz de Justin entre as vozes. Eu não acredito que esse cretino desgraçado está fazendo isso comigo!

Completamente irada, dou um pulo pra fora da cama, deixando as cobertas pelo chão enquanto piso duro até o corredor. Não encontro ninguém, mas não hesito antes de invadir o quarto do mauricinho de cabelo seboso! E lá está ele… Só de cueca, com duas mulheres magras — sem qualquer preconceito, o sujo não tem qualquer direito de falar do mal lavado — em cima dele, sendo que uma delas está usando nada mais, nada menos, que uma calcinha rendada, de modo que seus peitos fiquem completamente expostos. Argh. Que cena patética! E é mais patético ainda a forma assustada que elas me encaram… Bem, mas agora elas vão encontrar um bom motivo para ter medo!

Pego a primeira coisa que encontro pela frente — sorte a delas que é uma almofada — e arremesso na loira, fazendo ela se desequilibrar de cima de Justin e cair de bunda ao lado dele.

— O que é isso, sua louca?! — A mulher atingida exclama, horrorizada.

— Saiam daqui, suas vacas! — Rosno e avanço em direção a cama, fazendo elas recuarem, alarmadas.

Elas percebem que não estou brincando quando pulo em cima da cama e depois de pegar um travesseiro, acerto a outra mulher que ainda permanecia intacta do meu golpe, fazendo-a cair no chão, totalmente desajeitada. Tento acertar a morena mais uma vez, mas ela levanta às pressas e começa a correr pelo quarto soltando gritinhos enquanto as persigo.

Enquanto isso, Justin observa a cena, rindo da cama. Mas não se preocupe, querido, o que é seu, está guardado. Estou completamente descontrolada, arremessando tudo que vejo pela frente nas garotas, que tentam recolher suas roupas.

— Para com isso, sua louca! — A morena pede enquanto eu expulso-a do quarto aos tapas.

— Vazem daqui, suas nojentas! — Grito, empurrando ambas para fora do quarto. — E nunca mais voltem! — Ordeno, batendo a porta com força.

Meu sangue está fervendo, meus olhos estão cobertos por uma manta vermelha de raiva, e isso só parece piorar quando escuto a risada do Justin ficando cada vez mais alta. Viro-me sobre o próprio eixo, cheia de vontade de derramar o sangue que corre em suas veias nesse chão caro, e lanço meu mais intenso olhar de ódio pra ele.

— Ei, ei, ei, parou a brincadeira… — ele diz em tom de aviso quando pego o travesseiro no chão e começo a acertá-lo sucessivamente. — Para com isso! — Coloca as mãos na frente do corpo, tentando se proteger aos risos.

— Seu grande imbecil, idiota, babaca! — Abandono o travesseiro e começo a golpeá-lo com tapas.

— Essa é a minha casa, eu tenho o direito de transar com quem eu quiser! — Ele se defende.

— Você deveria ter um pingo de respeito pela minha pessoa! — Subo em cima dele e continuo com os tapas.

— Para com isso, sua descontrolada! — Ele tenta segurar as minhas mãos, sem sucesso.

— Você. É. Um. Grande. Merda. — Quando tento acertá-lo com mais um tapa, ele consegue segurar minhas mãos e em um movimento certeiro, nos gira na cama, me fazendo ficar por baixo e ele, por cima.

— Eu disse pra parar com isso — diz entredentes, prendendo minhas mãos em cada lado da minha cabeça e olhando no fundo dos meus olhos.

Minha respiração está pesada, tenho certeza que meu rosto está vermelho, ardendo pela raiva. O que me deixa mais enfurecida é olhar nos olhos dele e vê que toda essa situação não o incomoda, que ele não está nem aí para o que eu acho disso ou não, que na verdade, diverte-se com isso.

Uso a última força que me sobrou para arquear o meu corpo e dar um impulso com o mesmo para derrubá-lo no chão. Tudo o que escuto é o baque da sua carne contra o piso e sua exclamação de surpresa e dor.

— O que deu em você hoje? — rosna enquanto eu saio da cama e vou para bem longe dele.

— Da próxima vez, pense duas vezes antes de tentar me imobilizar, seu imbecil — cuspo as palavras e caminho em direção à porta, pisando duro.

— Luara!

Paro na porta e olho pra ele sem nenhuma gentileza. Ainda no chão, ele abre um sorrisinho meio debochado com uma pitada de dor.

— A propósito, adorei o cabelo novo, você está até bonitinha agora.

Dou-lhe uma banana bem linda e ele se desmancha em um riso entre tosses enquanto deixo o quarto batendo a porta com força.

… Babaca!



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