História Final Girl - Desobediente

Você poderia ser o amor da minha vida, mas preferiu ser a minha maior decepção.

Point of View; Beatriz Rodriguez.

Já podia sentir o hálito quente de James bater em meu rosto, mas não deixaria acontecer nada, além de não ser meu dia, ele é o meu pior inimigo. Virei meu rosto e ele riu nasalado ficando atrás de mim com as mãos na minha cintura, parecíamos até um casal fofo se aquilo não me desse náusea.

— Pra que isso? – perguntei me referindo a sua aproximação.

— Não gosto que fiquem observando o que é meu. – respondeu ríspido e eu ri. James era uma comédia.

Descemos naquela mesma posição e todos olhares se direcionados a nós dois, senti meu rosto ruborizar no mesmo instante.

— Eles irão pensar outras coisas. – disse apreensiva no seu ouvido.

— Deixe pensarem. – fechou a cara.

Senti Patrícia me metralhar e pensei no mesmo instante que James era seu ponto fraco, isso é ótimo. Sorri virando meu rosto pra ele que me olhou estranho mas depois sorriu de volta.
Procurei Maria por toda sala e nada dela. Brenda e Chelsea me encaravam parecendo desapontadas, queria contar pra elas que era apenas uma cena, mas agora não era hora.

— Já estão assim hoje? – Cristiano perguntou se referindo à noite de domingo. Sérgio estava de cabeça baixa, o que me intrigou, queria muito ver o seu sorriso e agradecer pelo apoio daquele dia, mas ele não me olhou.

— Nós iremos sair, juízo! – James se pronunciou ignorando a pergunta de Cristiano e me levando pra fora de casa.

— Iremos pra onde? – perguntei super animada e ele fechou a cara.

— Comprar roupas descentes pra você. – falou me arrastando para um lugar que parecia ser uma garagem. – Horácio, vem conosco. – ele chamou a atenção de um segurança que estava no portão junto a mais quatro.

— Pra que seguranças? – perguntei estranhando.

— Não confio em você e também não posso andar sem segurança, acho que suas amiguinhas fofoqueiras já falaram o bastante de mim e você deve entender o por que. – apenas balancei a cabeça e entrei na parte de trás do carro. James se sentou na frente junto ao tal Horácio que dirigia.

                            (...)

Se tem uma coisa que eu sempre amei comprar é roupa, e James não parava de falar que eu tinha que comprar mais e mais porque não sairia tão cedo da mansão. 
James era insuportável em tudo, mas até que na hora das compras ele era legalzinho e até me ajudava.

Já estava com dó de Horácio por estar carregando tantas sacolas e com fome. 

— Já podemos parar né? Horácio deve está com fome e cansado. – disse na saída de uma loja.

— Por que a preocupação com um segurança? Ele é apenas um empregado e é o seu dever acatar todas as ordens. – sua voz transmitia egoísmo e eu tive vontade de voar em seu pescoço.
Horácio que estava atrás de mim apenas abaixou a cabeça.
Sério mesmo que eles conseguem se acostumar com um monstro de patrão igual ao James?

— Vamos Horácio, daqui já vejo um Mc Donalds. – segurei a cima de seu cotovelo e o puxei.

— Horácio, se você for estará despedido, e você sabe às consequências disso não é? – James estava com o maxilar travado e seu semblante completamente sério ao falar isso.
Respirei fundo. Nós estávamos andando ali a seis horas e apenas eu e James tínhamos comido algo, quanto egoísmo.

— Não precisa Dona Beatriz, quando estiver em casa eu lancho. – Horácio disse super tímido voltando a ficar atrás de James, que sorriu ao vê-lo voltar.
Eu não acreditei que ele ia mesmo obedecer James.

Sai andando em direção à lanchonete e James me alcançou puxando meu braço.

— Onde você pensa que vai? – perguntou nervoso.

— Pra puta que te pariu. – gritei igualmente a ele e senti-lo aperta mais o meu braço. Seu olhar era frio e já previa o que ele poderia fazer – Vai Rodriguez, me bate aqui, aproveita que tem uma plateia maravilhosa. – falei rindo enquanto algumas pessoas se aproximavam de nós dois.

— Cara solta ela ou terei que chamar a polícia. – um senhor disse se aproximando. James ficou vermelho de raiva e me soltou.

— Vamos sair daqui, agora. – sussurrou para Horácio que vinha atrás.

James entrou no carro furioso enquanto Horácio guardava as últimas sacolas. Ótimo, eu poderia fugir daqui, certo?
Agradeci mentalmente por ter comprado sapatos aptos para corrida e sai correndo para fora do estacionamento.

Eu sempre fui péssima em corrida, em vinte metros eu já cansava.
Olhei ao redor e não avistei nada além de prédios e ruas desertas.

— Volta aqui ou será pior pra você. – James esbraveja quase chegando perto de mim e corri mais até avistar um beco. Ótimo lugar para entrar!

Encostei em uma árvore e levei minhas mãos ao peito enquanto tentava buscar fôlego, meu coração parecia sair pela boca e estava completamente suada.
Ouvi passos se aproximando e comecei a correr novamente, as ruas estavam escuras e não conseguia enxergar nada.
Nisso eu acabei tropeçando em uma pedra que estava no chão, eu tentei equilibrar meu corpo para não cair mas foi em vão, meu corpo   colidiu com o chão e minha cabeça bateu em uma pedra.

Senti um ardo enorme na testa e levei minhas mãos até o local, onde sangrava. Ouvi passos se aproximarem rapidamente e não consegui enxergar quem era.

— Por que você fugiu sua vagabunda. – podia confirmar que era James, mas ele me chutava e não conseguia responder.

— Pa.. para Senhor Rodriguez. – eu gaguejava enquanto minhas mãos iam para o lugar. 
Estava sentindo falta de ar que conseguia ser pior que as dores no corpo.

— Ninguém mandou ser desobediente e desacatar minhas ordens! – exclamou voltando a me bater.

Senti meu olhos pesarem e desmaiei.