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História Fireheart (VMIN-TKK) - Interlude I


Escrita por: chimmy_tomato

Capítulo 18 - Interlude I


Fanfic / Fanfiction Fireheart (VMIN-TKK) - Interlude I

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Ele era o primeiro a rir, jamais deixando qualquer silêncio incomôdo se prolongar. Era extremamente autoconfiante diante dos outros, mas também se irritava com facilidade.

Sabia colocar a necessidade alheia antes da própria, e o fazia sem pensar duas vezes ou esperar algo em troca. Ele amava flores, odiava insetos e tinha um amor incondicional por pequenos animais. Gostava de caminhar ao entardecer e odiava acordar cedo. Adorava dançar mesmo não tendo a menor coordenação, e tinha uma voz divina.

Ele nunca chorava. Taehyung só o viu chorar uma única vez, quando, após dias fugindo em meio a Floresta do Carvalhal, foram novamente capturados pelos Magos de Zeref e chegaram naquele adeus.

O assassino havia conseguido escapar e encontrar Seokjin. Uma decisão impulsiva que lhe custaria mais caro que a própria vida. A tortura havia sido prolongada por dias, em que aquele demônio encapuzado com um manto rubro embebedava-se com sua magia. Dia após dia, até o sol se pôr, eles efetuaram aquele rito de extração mágica. A noite, Taehyung era descartado numa cela para que sua magia se recuperasse o suficiente para ser devorada novamente na manhã seguinte. Enquanto devorado vivo, não conseguia pensar em outra coisa se não Kim Seokjin.

O belo rapaz, seu amante e noivo, aquele que o resgatara anos antes de uma vida de dor e morte, havia desaparecido em alguma daquelas câmaras subterrâneas. Taehyung precisava ir até ele e tirá-lo dali. Por isso a cada nova sessão ele investia contra seus sequestradores até que a dor do ritual fosse excruciante demais, lhe arrastando para uma semi inconsciência. Nesses momentos ele lutava de outra forma, se arrastando para o poço dentro de si, encarando aquela magia luminosa e testando-a. Ele tentou por dias acessar aquele poço, fazer com que aquelas chamas saíssem para dançar. Nenhuma mínima faísca se acendia em resposta.

A magia mantinha-se como um pulsar contínuo, que escorria por seus dedos. Mesmo quando tentava desesperadamente recolhê-la, expulsá-la… Ele tentou de tudo. E nada surtiu efeito. Continuou encarando aquele poço para ele inacessível e a sombra que sempre se esgueirava ao seu redor. Uma presença constante e silenciosa. Jamais viu seu rosto, sequer soube se era fruto de sua mente conturbada. Mas aquela presença antiga sussurrava em uma língua desconhecida. Parecia recitar algo que poderia ser um poema ou um cântico fúnebre.

Dias naquela rotina até Taehyung finalmente conseguir se aproveitar de um deslize dos Magos ao trocarem de turno. Uma corrida desesperada até encontrar Jin, que estava numa das primeiras celas da câmara abaixo. A fuga correu bem enquanto o assassino concentrou cada fôlego em derrubar corpos vestidos de negro. Mas então o destino sorriu para ele, pela segunda vez, de uma forma grotesca. Um corpo jovem demais surgiu na saída daquele lugar. Jin impediu Taehyung de cortar a menina, reconhecendo-a como outra vítima apesar do manto característico. Outras crianças apareçam e eles tentaram avançar, esgueirando-se pelos corpos tão frágeis. Mas os rostos inexpressivos daqueles cordeiros se contorceram com algo diabólico, de suas mãos surgiram lâminas em direção ao coração do assassino.

Seokjin avançou, colocando-se como um escudo, e aquelas cinco crianças manchadas pela podridão daquele lugar o cortararam repetidas vezes. Cortes sem um pingo de hesitação, que apesar de não serem profundos, haviam causado estrago o suficiente para impedir uma fuga adequada.

Taehyung não precisou perder tempo avançando sobre os pequenos corpos, porque estes ruíram no chão com um baque surdo. Como marionetes cujas cordas foram cortadas. Então ele agarrou Jin e correu, tropeçando e caindo repetidas vezes até ceder ao choro por perceber que não conseguiriam. Porque Jin estava cada vez mais frio e pálido. Porque os cortes não haviam sido fatais, mas o líquido que escorrera das lâminas sim. Veneno.

Então, pela primeira vez, Jin chorou.

- Não quero te deixar… Desculpe, Taehyung-ah… - ele soluçou, tossindo de forma dolorosa. - Desculpe… Tae… Meu Tae...

Seokjin chorava por Taehyung mesmo quando cada gota de sua vida escorria por aquelas feridas em seu corpo. Suas lágrimas escorriam initerruptamente enquanto Taehyung apertava o corpo do amado, tentando em vão impedir que aquele mar de sangue e a preciosa vida continuassem a escorrer. Ambos choravam e soluçavam, e o assassino não conseguia fazer nada além de apertar o corpo de Jin junto ao seu, tateando trêmulo em busca de algo que pudesse fazer para selar aqueles cortes.

- Não… Por favor.. Jin… Por favor... - o maior estendeu a mão, num gesto sôfrego ao lhe tocar a face, e Taehyung sentiu o próprio peito se rasgar. - Por favor… Fique… Eu não posso...

- Desculpe… - ele sorriu brevemente, os lábios rubros tremeram. - Por ir primeiro… Tae... Eu te amo.

- Não. - o assassino negou com a cabeça, segurando a mão de Jin. - Você não vai. Não sozinho. Juntos. Como prometemos… Eu v-

- Kim Taehyung. - Jin se contorceu quando tentou inspirar. A dor era excruciante, latejava por todo o seu corpo. Ele sentia como se estivesse sendo mastigado vivo, o que indicava que veneno já se alastrara. Ele morreria em instantes. - Quando… te dei esse nome, nos tornamos um só, você lembra?… Lembra do que eu disse, Tae? - o menor tornou a negar com a cabeça, e Jin deslizou os dedos por sua bochecha. Taehyung concordou em meio a outro soluço. - Esse nome carrega meu amor mais profundo, minhas alegrias mais verdadeiras... Minha história… Nossa história…

- Pare… Por favor… Vamos tentar dar um jeito…

- Taehyung-ah - ele segurou o rosto do rapaz, aproximando seus lábios trêmulos num selar suave. - Hoje estou te entregando o futuro. Você precisa continuar… Por nós dois… 

O futuro tinha gosto de sangue e cheirava a sal, ferro e pêssego. Taehyung sentiu o coração se despedaçar por completo quando viu as mãos de Seokjin caírem. O mundo se reduziu a um tambor enfraquecido, e batidas cada vez mais espaçadas. Não. Não

- Seokjin… Jinnie… - ele tocou aquele rosto tão lindo mesmo coberto de poeira e sangue. - Eu te amo… Jin… - o maior piscava os olhos tão lentamente, lutando contra aquilo que o arrastava para longe daquele mundo. - Você é minha casa, pra onde vou voltar… - deslizou seus lábios num roçar suave. - Eu vou voltar pra casa, Jin. Aguente só um pouquinho, tá?

Ele não ouviu uma resposta.

Jin havia fechado os olhos, e não voltou a abri-los. 

Taehyung o tocou desesperadamente, dando tapinhas em seu rosto, acariciando seus cabelos, suas bochechas, apertou-lhe os braços, comprimiu seu corpo junto ao peito. Mas nada, absolutamente nada trazia Jin de volta. Nada o traria de volta. E Taehyung não poderia voltar, nem poderia segui-lo. Porque Jin era um homem bom, alguém que certamente iria para o paraíso no pós vida. Enquanto ele não passava de um assassino imundo. Alguém que não se importava em devorar almas, reduzindo vidas ao peso de moedas de ouro e prata.

E por isso, ele não lutou contra as lanças apontadas para seu peito. Não lutou contra os grilhões que lhe envolveram os punhos e os tornozelos. Continuou calado, engolindo cada fôlego agora que não tinha mais motivos para lutar. Ele deixou que seu corpo fosse açoitado, urrando para os céus diante daquela dor que partia seu corpo ao meio. Enterrou os dedos naquele troco ao qual havia sido amarrado com um animal, até que aquele último expirar se lançasse. Então aquilo tentou despontar e ele gargalhou. Mais do que sua magia, aquela presença se revolveu no fundo de sua mente.

Inquieta. Colérica

E ele não impediu quando saiu. Que vissem a lenda viva, que soubessem quem ele era. Que soubessem o que deviam temer.

Os guardas gritaram horrorizados ao ver aquilo diante de seus olhos, então aqueles que traziam o símbolo da serpente apareceram. A Guarda Especial do Rei. O esquadrão que caçava os envolvidos com magia se reuniu ao redor de Taehyung que grunhia e gritava como um animal selvagem, se contorcendo contra os grilhões enquanto suas costas queimavam. Um dos três homens daquele grupo simplesmente ergueu a espada, do outro lado de Taehyung o segundo fez o mesmo, e assim aquelas lâminas cortaram sua carne, esculpindo aquelas cicatrizes horrendas. Taehyung se encolheu no chão se engasgando com o grito que não vinha. Aquela dor lhe partia a alma, a consciência. O mundo se fragmentava em dor, dordor

Aberração. - um dos guardas proferiu, lhe lançando um olhar de pura repulsa antes de se afastar, levando a lâmina consigo.

- E os demais? - outro perguntou.

- Livre-se de todos. Ninguém pode saber do garoto. - o mesmo homem que o chamou de aberração respondeu com tédio. - Leve essa coisa para Endovier. Poderá ser útil algum dia.

- Mas o Rei ordenou…

- Ele é diferente. - o terceiro proferiu. - Na verdade, acho que Endovier vai ser pior que a morte para ele nesse estado… Depois… Aquele não é o Seokjin?

- Morto. - o primeiro disse ao dar um chute no corpo e constatar que não se movia.

Os homens usaram suas espadas para silenciar todos os sentinelas e demais guardas que viram a cena em Morath, então arrastaram Taehyung até as Minas de Sal de Endovier, largando-o aos cuidados daqueles capatazes sádicos.

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