História Flames In The Heart. - Primeiro.

Jackson não podia acreditar no que havia visto. Suas mãos tremiam, tal como seu corpo. Ele queria gritar, chorar, espernear. Se segurava para não desmoronar no meio da rua mesmo. Em sua cabeça, as cenas vistas por ele anteriormente ficavam se passando, se repetindo como um disco ralado. Várias e várias vezes. Talvez fosse para lembrar-lhe da culpa. A culpa que ele supostamente tinha, como seu namorado, - agora ex - mesmo dissera. Em sua cabeça a culpa era sua. Ele era o culpado por não saber satisfazer um homem. Era culpado por ter traumas do passado. Traumas esses que o prendiam e o impediam de fazer certas coisas. O faziam sempre andar com um pé atrás. Receoso. Amedrontado. 

 Seus olhos estavam inundados de lágrimas não derramadas, tais como as bochechas que tinham leves tom rubros e marcados. Como podia uma pessoa falar que o amava em um dia, para no outro simplesmente aparecer em seu trabalho e dizer que estava na hora de terminar? Hoseok não tinha esse direito! Não quando o prometera a felicidade em uma noite de amor, para no outro dia, chegar e soltar-lhe uma bomba daquelas, como se o relacionamento que partilharam durante tanto tempo, não houvesse significado nada. O loiro estava com o orgulho e o coração ferido. Havia novamente sido enganado. Odiava ser tão ingênuo. Odiava ser tão bobo e sempre acreditar que as pessoas são boas. Era difícil acreditar que seu namorado havia o traído com seu "amigo". Era horrível sentir o gosto amargo da traição duas vezes.  

 Abriu a porta do apartamento em que morava, se arrastou até o sofá, jogando no chão alguns livros e cadernos da faculdade, não se importando se estes rasgassem. A lua iluminava parte da sala, deixando o restante escuro, em um verdadeiro breu. Talvez fosse para combinar com o seu estado de espírito. Ou talvez fosse para combinar com seu coração quebrado. Permitiu que as lágrimas caíssem, deixando que as mesmas molhasse seu rosto, fazendo um caminho de seus olhos até seu queixo, para por fim, cair em sua camisa. 

Jackson queria chorar. Queria chorar por saber que havia doado tudo de si para um relacionamento mentiroso. Não que amasse Hoseok. Não! O que sentia pelo outro não era amor, sabia ele. Hoseok o proporcionava os melhores momentos, o fazia rir e o fazia se sentir bem. Mas, nunca havia chegado à amá-lo. Gostava dele. Se sentia bem ao seu lado.  Mas, não era amor.

Mentiroso.

 Foi o que pensou, ao lembrar do dia anterior onde ele e o ex namorado comiam pizza sentados no sofá da sala e o mesmo o fizera diversas promessas. Promessas estás vazias, sem valor ou sentimento algum. Como Jackson nunca havia notado nada? Como pode ser tão cego? Há dias que Hoseok estava estranho. Sempre arrumando uma desculpa esfarrapada para não sair com consigo, para não lhe dar atenção. Agora, o chinês se xingava mentalmente por ter sido tão burro, tão cego.  

 Suspirando, lembrou-se do amigo. Taehyung. Amigo, riu. Desde quando amigos fazem o que o outro havia feito? Desde de quando amigos os apunhala pelas costas? Desde quando amigos "roubavam" o seu namorado? Sua cabeça doía por conta da quantidade de perguntas que se formavam, deixando o agitado. Era por isso que Taehyung pedia para que ele deixasse Hoseok? Era por isso que ele dizia que Hoseok o faria sofrer? 

Tão falso.

 Jackson suspirou novamente, dessa vez se levantando do lugar que antes havia deitado. Caminhou a passos tropeços até seu quarto, pegando um pijama e toalhas. Precisava parar de chorar e ir dormir. Se pusesse, dormiria por meses, dormiria o tempo que fosse necessário para levar aquela dor embora. Era triste não poder, já que no outro dia tinha que trabalhar, caso quisesse ter onde morar e o que comer. 

  Durante o banho, o loiro deixou que mais algumas lágrimas caíssem e vezes, soluços agoniados. Precisava de alguma forma desabafar e como não queria ligar para o amigo, para não ouvir dele um "eu te falei, choraria. Choraria até que o gosto amargo da traição se dissipasse ou até que aliviasse.

As maçãs de seu rosto já estavam avermelhadas, tal como seus olhos, que além de vermelhos, estavam inchados. Certamente apareceria no trabalho na manhã seguinte com uma das piores aparências, mas Jackson não estava se importando tanto para aquilo. Nem o lembrete que amanhã o chefe apareceria fazia com que ele se importasse. Ao sair do banheiro devidamente vestido, caminhou até a sua cama, deitando na mesma, onde chorou até que os olhos pesassem. Não tardou á adormecer. 

 (…) 

 — Você está horrível Jackson. O que houve? — Jackson deixou o copo de café de lado, erguendo a cabeça para fitar seu amigo que se encontrava parado perto de sua mesa, o olhando como se ele fosse algum fenômeno ainda não identificado. 

 — Não dormi bem. — murmurou baixo, como se não se importasse. Erguendo os ombros, o baixinho voltou à atenção ao caderno, onde desenhava alguma coisa que não tinha importância no momento, em prol da distração da sua mente agitada.

 — Qual é? Está assim porque não dormiu bem? Conta outra, eu te conheço, Wang. — O coreano sentou-se na cadeira que havia em frente a mesa do melhor amigo e colega de trabalho, esperando que este o contasse o que realmente havia acontecido. Conhecia o loiro muito bem para saber que uma noite mal dormida não era o suficiente para deixá-lo naquele estado.

 — Você não tem que trabalhar não, Namjoon? 

Rabugento. Foi o que pensou o Kim, antes de consentir com a cabeça, bebericando de seu chá a seguir. 

— Parece até mentira que o chefe vai aparecer aqui depois de quase dois anos sem dar às caras, né? — Jimin, que havia aparecido ali há pouco tempo, comentou atraindo assim a atenção dos outros dois para si. 

 — O que ele vem fazer aqui mesmo? — Jackson questionou. Novamente sem algum pingo de interesse, mal sabendo que a resposta o deixaria estranhamente inquieto e ansioso quanto ao chefe. Este até então, desconhecido por si.

 — Colocar ordem nessa empresa. — O Park disse simplista, saindo da sala novamente, sendo acompanhado pelo Kim que tinha que voltar ao trabalho e deixar tudo pronto para a chegada do sujeito.

 O chinês se mexeu na cadeira, sentindo-se ansioso. Nunca havia visto o tal chefe, já que quando começara a trabalhar ali - há um ano e meio atrás - o chefe já não estava mais por ali e a empresa já era comandada por seu primo, Im JaeBum. Um moço bastante simpático e solícito. 

Balançando a cabeça, o Wang tentou voltar a se concentrar no desenho que fazia, tendo bastante dificuldades para isso. Quando por fim havia conseguido, viu uma das funcionárias bater na porta da sala, avisando que o chefe já havia chegada e desejava falar com todos os funcionários no salão principal. 

Jackson se apressou em arrumar do jeito que pôde a aparência, tratando de logo ir ao lugar citado às pressas. Andava tão distraidamente que não percebeu que tinha alguém bem à sua frente e dessa forma esbarrou com a pessoa de forma deveras violenta, já que a outra pessoa também andava rápido.

 Erguendo a cabeça, o loiro abriu a boca para pedir desculpas, entretanto, sua fala prendeu em sua garganta, tal como ele havia esquecido como se respira devidamente, ao notar que pares de olhos castanhos o encaravam. O encaravam de uma forma tão fria que o fez com se sentir menor, e consequentemente abaixasse a cabeça, o que estranhamente, deixou o outro rapaz irritado.

— Mark, temos que ir.

 Foi tudo o que o chinês ouvira antes de ver o moreno se afastar sem pedir desculpas e sem dar tempo para que ele mesmo pedisse. Na cabeça do Wang, agora rondava apenas uma pergunta, pergunta está que ele desejava estranhamente saber a resposta. 

Quem era aquele homem?