História Forbidden Love - Capítulo 10 - Busan

Daegu, 1809

Na manhã seguinte, após o café da manhã, Taehyung e Min Ah estavam prontos para a viagem até Busan. A jovem pessoalmente estava preocupada, primeiro porque Busan era sua cidade natal e ir até lá significaria enfrentar seu passado, coisa que ela não sabia se teria força o suficiente. 

A outra parte de sua preocupação era com relação a Taehyung. Min Ah ainda não sabia exatamente o que sentia pelo rapaz de sorriso quadrado e maxilar marcado, apenas sabia que seja lá o que fosse, era errado. Ela era apenas a escrava e nunca poderia ser nada mais que isso pra ele. 

Viajar sozinha com ele não seria um problema se não fossem seus sentimentos. Porém Min Ah estava determinada a não deixar que eles atrapalhassem sua missão de cuidar do herdeiro Kim durante a viagem, como prometera a senhora Kim antes de embarcarem no navio quando chegaram ao Porto. 

Assim que embarcaram, Taehyung arrastou Min Ah para a borda do navio com ele, sob os olhares de curiosidade e até mesmo de repúdio de outros passageiros. 

Min Ah ficou envergonhada mas o herdeiro Kim nem ligou, Min Ah podia ser sua escrava mas era sua amiga e sua única companhia no navio, portanto iria ficar com ele os outros gostando ou não. 

O navio começou a se mexer logo que todos embarcaram e diferente da última vez que havia andado em um navio, o balançar não incomodou Min Ah, pelo contrário, ela estava até gostando. Tanto que, assim como Taehyung, a jovem também apoiou os cotovelos na borda e fechou os olhos, sentindo a brisa leve jogar seus cumpridos cabelos negros para trás. 

O herdeiro observava a cena completamente admirado com a beleza dela. Já não podia negar que tinha sim, sentimentos pela escrava e por isso precisava conversar com urgência com o amigo. Jimin sempre lhe deu ótimos conselhos e poderia ajudá-lo a saber o que fazer. 

Quando finalmente chegaram em Busan, Park Jimin já os esperava no Porto. Taehyung desceu do navio primeiro e dando a mão para Min Ah a ajudou a descer a rampa até terra firme. O herdeiro se encaminhou até o bagageiro e pegou as malas dos dois e passou a carregá-las até encontrar Jimin sobre os protestos de Min Ah, que desistiu de tentar convencê-lo de que podia carregar sua mala ela mesma ao ver que ele não iria mudar de ideia. 

Ao avistarem Jimin, que os recebeu com seu eye-smile, caminharam até o amigo também sorrindo felizes ao vê-lo. 

- Taehyung-ah, como está? - Jimin cumprimentou o amigo com um abraço apertado. - Recebi a carta de sua omma, o que aconteceu pra você querer vir com tanta urgência? 

- Estou bem Jimin-ah e você? - respondeu o herdeiro Kim, retornando o abraço. - Depois conversamos, não quero falar disso aqui. 

- Tudo bem então. - o mais velho respondeu, voltando sua atenção para Min Ah. - Ah, você veio Mi. É um prazer revê-la. - sorriu, se curvando ao beijar-lhe o dorso da mão. 

- Annyeong Jiminnie. - a jovem respondeu, recebendo o sorriso de Jimin ao ouvir seu apelido. - É muito bom te ver também. 

- Vamos pra minha casa então, conversamos mais no caminho. - o rapaz sugeriu, os guiando até uma carruagem estacionada a poucos metros de onde estavam. 

Depois de colocar todas as malas no bagageiro, os três entraram na carruagem, Jimin e Taehyung de um lado e Min Ah do lado oposto de frente pros dois. Foram conversando o caminho todo até chegarem na mansão Park, já tão conhecida por Taehyung. 

A mansão Park era quase tão grande quanto a mansão Kim e tão linda quanto. A diferença no tamanho era devido ao número de cômodos apenas e o terreno como um todo era menor que o da família de Taehyung, já que o Sr Kim possuía mais terras. 

Ao entrarem foram recebidos pela senhora Park, que foi logo abraçando Taehyung, a quem tinha como um segundo filho já que ele e Jimin eram amigos de infância. Park Ji Na era uma mulher muito bonita, possuía cabelos negros, no momento presos em um coque apertado e o mesmo eye-smile presente no filho. 

Min Ah se sentia um tanto deslocada com a atenção que o herdeiro recebia e não sabia muito bem o que deveria ou não fazer, onde ficar, se deveria falar ou não. A jovem teve os pensamentos interrompidos pelo herdeiro Kim, que a puxou pela mão até a senhora Park. 

- Esta é Choi Min Ah, minha escrava. - o herdeiro se sentiu estranho ao chamá-la daquela forma, afinal de contas, ele tinha se apegado tanto àquela jovem e tinha adquirido sentimentos tão fortes por ela, que foi só naquele momento porém, que ele se deu conta de que já não a via mais como sua escrava. - Minha omma insistiu para trazê-la para cuidar de mim. 

- Annyeong Senhora Park. - Mantendo os olhos grudados ao chão como fora instruída na mansão Kim, Min Ah a cumprimentou se curvando. - É um prazer conhecê-la. 

- Quero que olhe pra mim quando estiver falando com você. - a jovem ergueu os olhos no mesmo instante. - Naeyun exagera um pouco em relação a forma como lida com os escravos se quer saber minha opinião. - com um sorriso mais caloroso, a mais velha continuou. - Seja bem vinda querida, é um prazer recebê-la também. 

- Gomawo. - Min Ah sorriu tímida, se sentindo mais a vontade. 

- Presumo que tinha planos de levar os dois para conhecer a cidade não é meu filho? - Ji Na voltou sua atenção para o filho, que lhe sorria. - Acho que os dois devem estar muito cansados para um passeio hoje, melhor deixar para amanhã não? 

- De fato omma. - Jimin respondeu, sorrindo para os amigos. - Melhor descansarmos hoje e amanhã podemos dar uma volta pela cidade. Taehyung já conhece Busan das vezes que veio aqui, mas e você Min Ah? 

- Eu nunca lhes contei de onde vim, contei? - ambos balançaram as cabeças em negação. A jovem riu, achando a situação engraçada. - Eu sou daqui de Busan. 

- Jinjja? - Taehyung a encarou surpreso. - Porque não me disse isso antes? 

- Ora, você nunca perguntou.- Min Ah respondeu, rindo. 

- Então deve conhecer cada canto da cidade. - Ji Na sorriu, fazendo a mais nova sorrir também. 

- Algumas partes melhores que outras.- a jovem riu, se sentindo estranhamente a vontade naquela casa. 

Na mansão Kim, Naeyun fazia questão de colocar todos em seu devido lugar e era sempre muito rígida. Já na mansão Park, Ji Na se mostrou muito agradável e gentil, sem deixar de demostrar sua superioridade, porém de forma mais sutil, tratando os escravos com respeito, coisa que faltava e muito na casa de Taehyung. 

Ji Na mandou os meninos para o quarto de Jimin, já que sempre preferiram dormir no mesmo quarto e levou Min Ah ela mesma para o quarto preparado para ela. Por ser escrava, Min Ah ficou em um quarto na ala dos escravos da mansão obviamente, porém em um quarto muito mais confortável que o que dormia normalmente. 

Taehyung e Jimin, assim que chegaram no quarto, se sentaram na cama do mais velho. Jimin sabia, só pelo olhar do amigo, quando algo o estava incomodando. Seja lá o que fosse que ele queria conversar, pelo visto era algo sério e isso o preocupava. 

- Tudo bem Tae, pode começar a falar. - o herdeiro Kim o olhou com receio, preocupado com um possível julgamento pelo que tinha pra dizer. - Eu sei que tem algo te perturbando e não vou parar de te encher o saco até você falar. Anda logo. 

- Aish, está bem. - o tom de voz do amigo o preocupou, Jimin o encarou, esperando que continuasse. - Tem a ver com Min Ah. - a menção do nome da escrava fez a expressão preocupada no rosto de Jimin dar lugar a um sorriso malicioso. 

- O que tem ela? - Taehyung fez cara feia com o sorrisinho do amigo. 

- Se for pra você ficar com esse sorrisinho eu não vou falar mais nada. - murmurou irritado, fazendo o amigo revirar os olhos. 

- Fala logo Tae. 

- Tudo bem. - Taehyung suspirou, se preparando para dizer em voz alta aquilo que já tinha percebido a muito tempo.- Jimin, eu acho que to apaixonado por ela. 

- Você o que? - Jimin o encarou surpreso, os olhos arregalados demonstravam o quanto ele não esperava pelo que acabara de ouvir. - Tae...

- Eu sei o que vai dizer. - o herdeiro Kim o interrompeu. - Nunca poderemos ficar juntos porque ela é uma escrava e eu o senhor e minha omma jamais vai permitir isso, porque isso não é apropriado e mancharia o nome e reputação da família Kim para sempre, não é isso? 

- Tae, eu não vou mentir pra você e dizer que vai ser fácil, porque sabemos que não vai. - começou Jimin, Taehyung suspirou pesado com as palavras do amigo. - Mas eu não te julgo por isso e se é o que você realmente quer, eu te apoio. 

- Jinjja? - o sorriso quadrado retornou ao rosto do mais novo. 

- Ne, você é meu melhor amigo.- Jimin sorriu, o eye-smile novamente se fez presente. - Vou te apoiar sempre. 

- Gomawo, significa muito pra mim. - Taehyung sorriu. - Eu vim até aqui na verdade pra falar com você sobre isso. Você sabe que aprecio muito seus concelhos e queria me aconselhasse sobre o que fazer. 

- Você sabe se é recíproco? - o mais novo negou com a cabeça. - Não sabe ou não é? 

- Eu não sei Jimin. - Taehyung massageou a nuca com a mão.- Eu sei que a deixo nervosa e tímida. Isso deve significar alguma coisa né? 

- Acho que ela gosta de você também. - respondeu Jimin. - Eu vi como ela olha pra você. 

- Eu queria ter certeza. - falou Taehyung, mordendo o lábio inferior. - Só assim vou saber se invisto ou não. Eu quero ficar com ela Jimin, nunca me senti assim com ninguém antes. 

- Então sugiro que descubra os sentimentos dela primeiro. - aconselhou Jimin. - Se for recíproco, acho que você deveria lutar por ela. 

- Eu irei, não quero casar com uma garota qualquer que minha omma escolher. - falou Taehyung, decidido. - Eu to ferrado não é? 

- É pra eu falar a verdade? - riu Jimin, ganhando um tabefe do amigo. 

- Aigoo, pensei que estava me apoiando. - brincou Taehyung. 

- Eu estou, você tem meu total apoio. Mas que você está ferrado está. - riu Jimin, ganhando mais um tapa do amigo. 

A conversa que teve com o amigo não saiu dos pensamentos do herdeiro Kim durante o resto do dia, menos ainda quando finalmente pousou a cabeça sobre o travesseiro de penas no qual se deitou naquela noite. 

Na realidade, sua mente se encontrava em tal estado de inquietação que o acordou no meio da noite, roubando-lhe o sono. Suspirando frustrado e levantando com cuidado para não acordar o amigo que ressonava tranquilamente em sua cama, Taehyung tateou pelo quarto meio às cegas até achar a porta do quarto e abri-la saindo em direção a cozinha na intenção de beber um copo d’água. 

Ao entrar na cozinha, Taehyung não pode deixar de sorrir ao contemplar a figura pequena de Min Ah encostada na pia tomando um copo de água. O herdeiro Kim a estudou por alguns segundos e só então se aproximou lentamente. 

Min Ah levou um pequeno susto ao perceber outra presença no cômodo mas logo se acalmou ao ver que se tratava de Taehyung. O herdeiro Kim encheu um copo d’água também apoiando o quadril contra a pia ao lado dela enquanto bebia. 

- Não consegue dormir? - a jovem perguntou quando terminou de beber a água, colocando o copo no escorredor. 

- É que eu fui dormir com muita coisa na cabeça e geralmente quando isso acontece eu perco o sono. - o mais velho sorriu, bebendo um gole de água.- E você? Perdeu o sono ou só sentiu sede mesmo? 

- Sede, é costume eu acordar no meio da noite pra tomar água.- a jovem sorriu, cruzando os braços.

- Entendo. - Taehyung respondeu, se esticando paga colocar o copo no escorredor atrás dela. Quando o fez, porém, acabou encostando sua bochecha na pele fria da bochecha dela.- Seu rosto está gelado, está com frio? 

- Um pouco, mas não se preocupe. - ela sorriu. - Eu já vou voltar pra cama onde está quentinho. 

A pele quente da mão de Taehyung fez contato com as bochechas da jovem, numa carícia leve até chegar na orelha, onde ele devolveu alguns fios de cabelo que haviam saído do lugar. 

- Vá então. - ele murmurou, o olhar preso nos lábios de Min Ah. - Não quero que fique congelando. - continuou, sua mão se firmou na base da nuca dela, puxando seu rosto pra frente a medida que aproximava o seu lentamente. 

Taehyung fechou os olhos, sentindo sua respiração se misturar com a dela, assim como Min Ah, que num impulso agarrou o tecido da camisa dele a medida que seus lábios se aproximavam. 

Um barulho nas escadas porém, os alertou que não estavam sozinhos, os fazendo se separar bruscamente bem no momento que a luz se acendeu, revelando Ji Na, que os encarou sem entender. 

Min Ah, vermelha como um tomate, se curvou algumas vezes e se afastou correndo para seu quarto. Apenas quando estava segura em sua cama debaixo das cobertas, ela se permitiu relaxar e pensar no que tinha acontecido alguns segundos atrás. 

Deus, o que ela tinha na cabeça para ter quase beijado o seu senhor? Ela era só a escrava, nada mais. E não poderia culpá-lo, ela quis aquilo e se não fosse a senhora Park o beijo teria acontecido. Min Ah caiu no sono sem saber como seria dali pra frente e com apenas uma certeza: estava completamente e irrevogavelmente apaixonada por Kim Taehyung.