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História Forest of death - Forest of death


Escrita por: Rhona-san

Notas do Autor


Olá! Essa é um fic que está participando do concurso artes insanas III , espero que gostem <3
Por favor leiam com muito carinho <3

Capítulo 1 - Forest of death


Fanfic / Fanfiction Forest of death - Forest of death

 

-“Há muito tempo conta-se num pequeno vilarejo próximo ao monte fuji, que devido a fome enfrentada pelo povo japonês, muitas famílias abandonavam o seus incapacitados e debilitados na florestas para se livrar do fardo que eles representavam no tempo de escassez de alimentos. Logo após isso, foram encontrados vários corpos pela floresta Aokigahara, muitos sendo suicidas, até hoje cerca de uma centena de corpos são encontrados todo ano pela florestas. Todos suicidas. Muitos habitantes daquele lugar acreditam que as almas dos antigos mortos ainda assombram aquela floresta, e alguns dizem ser obra de demônios.”- disse o mais velho em tom assombroso fechando seu caderno, o sol refletia da janela do carro até sua pele morena que parecia brilhar, os cabelos castanhos e lisos caiam sobre os olhos até que ele passou a mão sobre as madeixas  empurrando-as para trás.

- Para Kai! Você sabe que odeio quando fala de fantasmas! Só estamos indo a esse lugar por que você surtaria se não fosse. - Disse o mais alto de orelhas grandes e olhos assustados.

-Aish Chanyeol!- O moreno bateu na perna do maior. - Você não tem medo de corpos estraçalhados, mas tem medo de fantasmas, que idiota!

- E você não tem seu imbecil?- Chanyeol devolveu o tapa no ombro de Kai.

- Eu tenho mais medo de coisas vivas do que mortas.

- Mas você quase enfartou quando fomos naquele parque “mal assombrado”!- O maior cutucou a testa do moreno deixando-o irritado.

-Eu posso até ter me assustado, mas não fui quem chorou com medo. – O moreno ameaçou jogar caderno que estava em suas mãos sobre ele.

- Parem já de brigar! – Eles foram interrompidos. – Vocês parecem duas crianças do fundamental. - Disse o pequeno de olhos grandes e negros como a noite enquanto dirigia o pequeno carro com cautela.

- E você a professora velha e pelancuda que só sabe brigar. - Sussurrou o mais alto esperando não ser ouvido.

-Calem a boca ou eu quebro os dentes de vocês. –O que dirigia apontou para a janela do carro. - Não é todo dia que estamos ao Japão, e tão próximos do monte Fuji.

-Kyungsoo você é tão delicado quanto um coice de cavalo!- O moreno afagou os cabelos do menor que sorriu de canto.

- Kai, você tem certeza que é seguro ir lá?

- Por que Chanyeol?

- É a floresta dos suicidas.

- Você quer se matar ou tem motivo pra isso?

- Não. – Chanyeol revirou os olhos.

- Então pra que ter medo? É a floresta dos suicidas e não dos assassinados.

- Estamos quase chegando ao vilarejo.- Alertou o que dirigia.

- Onde? Eu só vejo arvores. E muitas arvores... Bem altas... E... Verdes?- Chanyeol observava com olhos curiosos pela janela, haviam tantas arvores todas tão altas que era difícil enxergar o topo, as folhas estavam tão verdes, talvez fosse primavera pensou ele.

- Eu não sei se você sabe, mas essas arvores , fazem parte da aokigahara.

- Hãn?!- Os olhos do maior quase saltaram de suas cavidades.

- A floresta é bem extensa, mas não se preocupe o vilarejo não fica dentro da floresta.- Disse
Kyungsoo tentando acalmar o mais novo do grupo.- Estaremos seguros.

- E imaginar que nessas arvores tão bonitas, tantas pessoas já ceifaram a própria vida.

- As pessoas costumam se enforcar ou tomar altas doses de remédios e venenos para se matar. – Disse o moreno dando uma foleada em seu caderno.

- Por que tantas pessoas se matam, e por que aqui?! Existem tantas florestas e tantos lugares, mas por que aqui?

- Eu li uma vez, que está floresta chama as almas fracas e as devoram, dizem que a floresta tem vida e que esta cercada por demônios. Ou talvez as pessoas venham por que é um lugar conhecido.

- Kai... Eu vou jogar você pela janela.

- Você deve ter estudado muito sobre aokigahara.- Disse Kyungsoo.

- Sim, desde criança eu ouvia falar sobre ela. Minha mãe odeia este lugar.

-Não é pra menos, as pessoas se matam ai. – O mais alto encostou a testa no vidro da janela do carro observando as arvores passarem.

- Eu nunca falei a vocês, mas foi aqui que meu pai desapareceu.

- Como?!

- Ahhh. –O moreno suspirou e seus olhos se fecharam, tantas lembranças vieram a sua cabeça neste momento, todas as boas lembranças que tivera com seu pai, tão poucas, mas tão significativas. – É só mais uma historia de um típica vinda da floresta, meu pai era um grande pesquisador e ele tinha uma enorme vontade de estudar essa floresta. Mas ele sofria de depressão. Mas eu não posso dizer nada, nunca encontraram o corpo. Então, não sei dizer se ele se matou ou se perdeu.

-Cara por que nunca nos contou? – Chanyeol tocou o ombro do melhor amigo tentando passar força.

- Você sabe que odeio falar de coisas que doam o peito.

-Desculpe.

- Está tudo bem. –O moreno apontou para frente, indicando o pequeno vilarejo cheio de casas antigas e simples que começaram a surgi quando se afastaram da floresta. - Olhe, já estamos chegando.

- Kai você ainda sabe falar japonês direito né? Eu não me lembro de muita coisa.

-Apenas deixe comigo.

**

Ao chegar ao vilarejo Kai indicou a Kyungsoo o caminho de acordo com um pequeno mapa que fez com as instruções da moça no telefone. Eles alugaram por três dias um quarto em uma pequena pousada, a única do vilarejo.

Depois de se perderem e Kai pedir ajuda a um velho senhor, eles finalmente chegaram no local desejado.  A pousada não era diferente das outras casas, era apenas maior que as outras, com paredes brancas e amareladas e com o chão de madeira. Todos saíram do carro ao mesmo tempo, deixando que o ar fresco invadissem seus pulmões e ficando finalmente em terra firme.

- Finalmente! Vou chorar de emoção.- Chanyeol quase gritou de felicidade, ele odiava longas viagens de carro, viajar o deixava enjoado.

- Larga de frescura.- Disse o mais novo abrindo o portamala do carro.

- Fica na tua anãozinho.

- Aqui, sua mala.- Kai praticamente jogou a mala do mais alto, por pouco Chanyeol não a deixou cair.

- Quem são vocês?- Todos se assustaram com a garota que pareceu brotar logo atrás deles.

A garota parecia um fantasma, sua pele era branca como papel em total contraste com a cor negra de seu longo e liso cabelo. Ela era como uma boneca de porcelana, com um rosto que poderia se comparar com o das modelos e atrizes mais belas do Japão e Coréia.

- Eu liguei para cá faz alguns dias, somos as pessoas que foram enviadas pelo jornal. - Kai disse em japonês quase atropelando as palavras.

- Ah, então são vocês. Apenas me sigam.- Kai fez um sinal e os outros dois começaram a seguir a garota também.

- Obrigada por nos deixar ficar aqui, senhorita?

-Yuki. Se realmente quiserem ficar aqui terão que seguir regras... – Ela apenas seguia o caminho sem olhar para trás.

- Nós sabemos, você me falou pelo telefone. - Kai era o único a se comunicar com ela.

- Mas mantenha uma delas em sua mente sempre- A garota se virou e encarou os olhos do moreno. - Nunca sair do quarto a noite.

- Eu entendi isso, mas por que não podemos sair do quarto a noite?

- Se valorizam suas vidas não deveriam sair, Aokigahara tem mais mistérios e perigos do que pode imaginar.

- Tudo bem.

- O sol já está se pondo, comam alguma coisa e vão para seus quartos. Lembrem-se de fechar bem a janela, ou irão congelar.

- Obrigada por nos receber.

- Este é o quarto, espero que se sintam confortáveis. – Yuki parou frente a uma porta velha de madeira.

- Obrigada.

- Vocês já comeram?

- Ainda não.

- Deixem as coisas em frente a porta, servirei algo para comerem. Depois de comer vocês voltam para seus quartos.

Depois de comerem, finalmente puderam ir para o quarto onde iriam ficar, o clima tenso do “jantar” foi sufocante o bastante para tirar-lhes o resto de energia que sobrara. Os três recolheram suas malas e abriram a porta se deparando com um pequeno quarto com três camas pequenas espalhadas com colchas azuis e lençóis brancos. Havia um guarda roupa de madeira branca onde Kyungsoo apenas jogou sua mochila, e Kai fez o mesmo. Chanyeol sequer se importou em guardar suas coisas e apenas as deixou ali no chão. Mochila pra um lado, câmera pra outro, microfone em um lugar aleatório, mas visível.

- Chanyeol você não consegue ser organizado? – KyungSoo odiava aquela mania do mais alto.

- Não mesmo.

Chanyeol se jogou em uma das camas afundando seu rosto no travesseiro deixando que a poeira e o cheiro de mofo penetrassem seus pulmões o fazendo tossir.

- Isso fede a poeira.- Ele reclamou já sonolento.

- Você reclama muito.- Kyungsoo disse enquanto tirava a poeira da cama que escolhera para dormir.

- Não tem como abrir a janela?- Chanyeol disse lentamente com a voz rouca e baixa.

- Ela está fechada não está vendo? Está pregada a madeira. Não dá pra abrir. - Kai estava desconfiado, não podia sair do quarto e as janelas eram fechadas impedindo a visão e a abertura da janela.

- Tá.

-Chanyeol?- Kai o chamou.

-Hm?

- Durma de uma vez!

Não demorou muito para que todos estivessem deitados, Kai apenas olhava para o tento enquanto o mais novo se remexia na cama sem conseguir dormir. O pequeno não conseguia dormir bem sozinho, Kyungsoo sabendo que Chanyeol já dormia se levantou silenciosamente e pediu espaço na cama em que o moreno dormia. Espaço que foi concedido com um sorriso de Kai, o moreno nunca se incomodou com essa mania do pequeno, muito pelo contrário, ele adorava isso. Gostava da sensação de ter o menor em seus braços durante a noite, esquentar e ser esquentado pelo pequeno.

Kyungsoo amava estar ali, deitado de costelas com o mais velho, seu dedo indicador brincava no peitoral do mais velho que apenas o olhava com um sorriso bobo no rosto. Kyungsoo se lembrara da primeira vez que deitaram se junto, foi depois de visitarem uma caverna misteriosa por causa do programa em que trabalhavam.

O sono lentamente invadiu os corpos dos dois amantes, mas apenas o menor deixou-se levar pelo sono. O mais velho ainda brincava com uma mecha de cabelo de Kyungsoo que insistia em ficar em seu rosto. Aquele lugar era tão calmo que fazia Kai se sentir sufocado, a única coisa que escutava era o som da respiração pesada do menor e do ronco baixo de Chanyeol, que babava em seu travesseiro.

Mas a calmaria foi quebrada quando Kai escutou um ruído esquisito, parecido com unhas sendo arrastadas em alguma parede. Kai tentou ignorar o ruído, mas outro veio logo em seguida com o barulho de um pulo pesado. O moreno se levantou da cama deixando o pequeno bem aconchegado nos lençóis e foi cambaleando bêbado de sono até a janela. Um frio misterioso subiu por sua coluna enquanto ele procurava uma pequena brecha na janela para ver o que acontecia lá fora. Ao encontrar uma pequena brecha, ele observou o que pôde, estava muito escuro e tudo que ele via eram as velhas casas vizinhas que pareciam ainda mais assustadoras e um pequeno pedaço da estrada.

De repente vulto negro passou diante de seus olhos o fazendo coçar os olhos para ter certeza que aqui não foi apenas uma impressão. Ele voltou seu olhar novamente a brecha, ao olhar mais além seu corpo tremeu e paralisou-se deixando todos seus pelo eriçarem, um medo estranho tomou seu corpo e seu coração começou a bater descompassadamente. Seus olhos se focaram em uma imagem distante, mas nítida. Um ser estava parado onde a luz da lua parecia iluminar mais, aquilo com certeza não era humano.

Ele via um ser magro, com a pele pálida afundanda sobre os ossos das costelas e da coluna, como se apenas uma finíssima camada de pano os cobrisse. O abdômen era fundo como se por dentro não houvesse órgãos para preenche-lo. O corpo era curvado, e ele estava posicionado como um animal, as garras afiadas das mãos e pés perfuravam o chão.

 Ao prender seu olhar sobre o que deveria ser a face daquele ser ele se deparou com uma imagem que provavelmente o aterrorizaria em seus sonhos por um longo tempo. Os dentes afiados e amarelos saltavam da gengiva exposta em carne viva, o sangue da boca se misturou com a sujeira. A criatura não possuía íris ou pupilas nos olhos era apenas um branco amarelado com veias vermelhas.

Kai sentiu seu ar faltar quando aquela criatura pareceu encara-lo, aquilo com certeza era um pesadelo, pensou o moreno. Mas quando a criatura saltou de onde estava em sua direção um grito rouco rasgou sua garganta o fazendo cair para trás. Seu corpo não parava de tremer e os dois que estavam dormindo saltaram da cama assustados e ao ver Kai naquele estado correram até ele desesperados.

- Kai o que houve? – KyungSoo estava tão assustado com a situação do moreno que seus olhos pareciam ainda maiores.

- O que aconteceu? – Chanyeol tocou o ombro do amigo.

- E-eu... vi algo pela janela.- O moreno apontou em direção ao minúsculo buraco em que vira o monstro.

- O que? – O mais alto caminhou até a janela e olhou pela minúscula brecha que encontrou.  - Não há nada lá fora.

- Eu tenho certeza que vi algo.

- Tipo o que? Um fantasma?-Chanyeol falou em tom de desdém.

- Não... Não era uma pessoa, era um ...-Kai tentou clarear a mente e pensar em algo eu descrevesse o que viu. - Monstro.

- Kai, esse tipo de brincadeira não tem graça. Sabe o quão ridículo esta sendo isso?

-Não é brincadeira Chanyeol, eu vi alguma coisa lá fora.- O moreno se levantou irritado deixando pra lá o fato que seu corpo inteiro tremia.

- Tem certeza que foi só impressão? Talvez esteja confuso por causa do seu pai?- KyungSoo tocou o ombro do rapaz que imediatamente a tirou dali.

- Eu sei o que eu vi ok? Se não acredita em mim, apenas me deixe em paz. - Kai disse desapontado e triste empurrando os dois e indo em direção a cama que Kyungsoo abandonou.

- Kai?

- Vão dormir!

- Por que está tão irritado? – O moreno não respondeu, apenas enfiou a cabeça debaixo do travesseiro.

 ***

Depois da discussão na noite anterior nenhum deles conseguiu dormir ou trocar qualquer palavra, nem mesmo palavras de desculpas. Por algum motivo Chanyeol e KyungSoo se sentiam mal e culpados de alguma forma, mesmo achando que tudo aquilo foi apenas uma brincadeira comumente feita por Kai durante as viagens.

Ao amanhecer Kai foi o primeiro a se levantar e ir tomar um rápido banho, logo após retornar ao quarto os outros dois se levantaram e os três trocaram um seco “bom dia”. Chanyeol e KyungSoo passaram a noite pensando em como pedir desculpas, mas antes que eles pudessem dizer algo, Kai disse uma frase que os fez se sentir pior de alguma maneira.

- Vamos apenas esquecer o que aconteceu noite anterior, temos muito trabalho a fazer hoje. - O moreno sequer dirigiu o olhar aos companheiros, ele estava chateado ,mas ainda assim tinha deveres a cumprir.

Nem um dos dois respondeu, mas foi como se tivessem concordado com isso.

***

O café da manha ocorreu calmamente, sem muita troca de palavras entre os três. Apenas Kai falou, perguntando a jovem Yuki sobre algum morador que tivesse sido jogado na floresta e tenha sobrevivido, ou alguém que houvesse uma grande historia pra contar sobre a floresta. Eles precisavam de boas declarações para fazer a matéria ter sucesso, eles corriam risco de serem cortados do programa por terem feitos alguma matérias pouco interessantes ao publico.

A jovem Yuki pensou um pouco e falou de uma velha senhora que foi jogada na floresta ainda criança e que foi encontrada na estrada cega. Depois eu Kai implorou um pouco a garota aceitou guia-los até a senhora e até a floresta.

Depois do café a garota apenas deu tempo para que Chanyeol e KyungSoo vestissem algo decente e arrumassem os equipamentos. Kai ficou ao lado dela enquanto bebia seu segundo copo de café, ele não conseguia ficar sem a bebida que parecia esquentar seu coração até nos piores momentos.

Cerca de 15 minutos de passaram até os rapazes voltarem , Yuki deu um pequeno resmungo sobre a demora antes de guiar os garotos até a velha cega da vila. Eles a seguiram até que a garota parou a frente de uma velha senhora que se balançava em sua velha cadeira de balanço feita de madeira.

Os cabelos brancos estavam amarrados em um perfeito coque, a face enrugada não tinha uma macha era apenas pálida, os olhos esbranquiçados quase sem cor pareciam admirar o horizonte.

- Com licença, senhora Nagashima?- Yuki disse segurando a mão da senhora, que sorriu ao reconhecer o toque e a voz da jovem.

- Querida Yuki, o que lhe trás aqui hoje?

- Temos alguns visitantes no vilarejo, eles queriam fazer uma entrevista com a senhora.

- Entrevista? –A senhora falou tímida passando a mão pelo cabelo. – Eu acho que não estou arrumada para isso?

- A senhora está linda como sempre.

- Deixe de bobeira, onde estão os visitantes?

- Estão aqui.

- Ora ora, por que não dizem nada. Estão envergonhados? – A velha senhora riu e estendeu a mão.

- Ah, desculpe. Eu sou Kim Jong In, mas me chame de Kai. – O moreno segurou a mão da senhora. - Eu queria muito lhe entrevistar, sou jornalista do programa mistérios do mundo, estamos fazendo um documentário sobre a floresta.

- Ah floresta.- A velha senhora baixou o olhar deixando escapar um triste suspiro.

-Eu sou Kyungsoo.- Disse o menor de longe.

- Eu sou Chanyeol.

- Que belas vozes, apostos que são tão belos e jovens quanto as vozes.

- Obrigado. – Os três agradeceram em unissom.

-Então, senhora Nagashima. Nós podemos fazer a entrevista?

- Vocês querem muito isso?

-Sim! Muito mesmo! – Kai segurou firme as mãos gélidas da senhora implorando a ela um sim.

- Então tudo bem.

Alguns poucos minutos se passaram para Chanyeol posicionar a câmera, Kai arrumar seu microfone e pensar em algumas perguntas e Kyungsoo ajeitar o microfone na velha senhora. KyungSoo e Yuki se afastaram e se mantiveram em silencio assim que a câmera começou a gravar.

- A senhora ainda se lembra de tudo que passou na floresta?- Kai perguntou.

- Eu me lembro de tudo querido, as memorias daquele tempo nunca esfriaram em minha mente. Elas permanecem frescas em minha memória, infelizmente é algo que não consigo apagar.

-Como a senhora foi parar na floresta Aokigahara?

- Querido, quando eu era apenas uma criança fui jogada na floresta por meu pai. Sabe, naquela época as coisas eram mais difíceis, , muitas famílias jogaram os seus “fardos” na floresta. Na minha casa muitas vezes não tínhamos o que comer, ou se tínhamos era muito pouco para saciar a fome. A pobreza estava por todo lado, apesar da economia ter começado a melhorar, ainda assim... Não foi o suficiente para minha família.

- A senhora poderia relatar como foi estar na floresta?

-Jovem, me diga. Alguma vez você já sentiu medo? Medo de monstros, fantasmas, medo de morrer?

- Sim. – Kai respondeu se lembrando do vulto da noite anterior. - Eu acho que todo mundo já sentiu isso.

- Eu posso lhe garantir que todos esses medos estão dentro daquela floresta. Talvez a fome tenha me feito delirar varias vezes, mas uma coisa eu aprendi enquanto estava na floresta. A fome leva as pessoas para lugares horríveis, desesperadores onde galhos de arvores se fecham como garras. Talvez eu tenha perdido minha visão para que eu não precisasse ver nunca mais ver as coisas que vi. – Os olhos da senhora pareciam mais expressivos que as palavras que saiam de seus lábios.

- E o que a senhora viu na floresta?- Kai engoliu a seco essas palavras, ele estava tão curioso, talvez ela tenha visto o mesmo que ele.

-A morte. - Dito isso Kai sentiu seus pelo eriçarem. – Eu vi outra coisa terrível também. – A velha senhora deu uma pausa para passar a língua nos lábios secos.

- O que? – Kai perguntou mordendo o lábio, seu coração palpitava rapidamente a espera da resposta.

 – Eu vi o mais monstruoso lado do ser humano.  Eu não estava sozinha na floresta, eu vi... Outra pessoa... Uma garotinha como eu.

- Quem era essa garota?

- Eu não sei, mas... Com certeza ela deixou de ser humana.

-Como assim?

-Eu a vi devorando a carne de outra pessoa. – As palavras saíram pausadamente da boca de Nagashima, que sentiu seu estomago revirar com as lembranças. - Ela estava debruçada sobre um corpo, ela rasgava a carne da outra pessoa e a mastigava como se comesse um bife. Ela se parecia mais com um animal selvagem do que uma criança. Eu tive tanto medo, tive medo de me tornar aquilo. A fome transforma as pessoas...

Kai tentou falar algo, mas não conseguiu, o moreno sentiu um embrulho no estomago, sua mente ficou vazia e as perguntas formadas desapareceram por um momento.

- Eu só agradeço por nunca mais poder ver algo como aquilo.

- E como a senhora perdeu a visão?- Tanto Kai como os outros se sentiam nervosos.

- Eu me lembro, que a ultima coisa que vi foi uma longa e fina mão vir em minha direção, depois disso eu desmaiei. Quando eu acordei, pensei ainda estar dormindo, meus olhos já não viam mais nada, e eu me pus a correr desesperadamente, eu corri por horas e horas me debatendo em arvores e caindo no chão. Até que de alguma forma eu fui encontrada por uma mulher que me trouxe até a vila, então ela fez de mim sua filha. – A velha suspirou profundamente e tocou as pálpebras dos olhos fechados. – Hoje eu penso que ter perdido a visão foi o que me salvou, caso eu ainda enxergasse acho que nunca conseguiria sair daquela floresta.

- A senhora mora tão perto da floresta, não tem medo?

- Desde que eu nunca entre lá, não me importo de viver aqui.

- Obrigada pela entrevista senhora Nagashima.- A velha senhora apenas sorriu em troca do agradecimento.

E finalmente a câmera foi desligada e Chanyeol soltou um suspiro profundo, seu coração ficou apertado durante a entrevista, havia uma tensão inexplicável em cada palavra dita por Nagashima.

De longe KyungSoo observava Kai amaciar o próprio pescoço, tenso e cansado, era nesses momento que o menor queria estar em casa junto com moreno obrigando-o a tomar banho consigo. O pequeno suspirou saindo de suas fantasias nada inocentes, sentindo falta daquilo que eles não faziam há tempos. Então ele pensou novamente que deveria pedir desculpas.

- Kai?!- O pequeno o chamou e caminhou até ele.

- O que foi Kyungsoo?- O maior disse ainda amaciando o pescoço dolorido.

- Você está bem? Parece cansado.

- Eu estou bem. Não se preocupe.

- Bem, eu estava pensando em algo... - Kyungsoo fez sinal para que ele se abaixasse e assim ele fez.

- O que?

- Você que não quer tomar um banho comigo mais tarde?- O menor disse quase em um sussurro em seu ouvido.

-Eu... Nós ...  – Kai sentiu seu coração quase pular da garganta com o pedido do mais novo então respirou fundo tentando manter a seriedade, afinal de contas ele ainda não havia o perdoado.  – KyungSoo, nós estamos no meio do trabalho, veremos isso quando voltarmos para Seul. Ok?

- Ok. – O menor falou decepcionado com a reação do amado.

- Com licença? – A pequena garota surgiu entre eles com o rosto sério e pequenas olheiras debaixo dos olhos.

-ah, sim Yuki.- Kai respondeu em um sorriso.

- Acho que devemos ir logo, já estou atrasada para com meus afazeres domésticos, se ainda quiserem filmar a floresta devemos ir agora.

-Claro!- o garoto respondeu em um susto. - Me desculpe por tudo, por está dando tanto trabalho.

- Vamo-nos apenas.

- Chanyeol prepare as coisas! – O moreno gritou animado.

-O que?

-Estamos indo para a floresta agora!

 

***

Alguns minutos se passaram e finalmente a garota deu sinal para que Kyungsoo parasse o carro na estrada. O clima naquele momento era de pura tensão, Chanyeol sentia o coração pulsar na garganta e Kai balançava a perna desenfreadamente por culpa do seu maldito tique nervoso.

-É aqui. Bem, é uma das partes seguras para se entrar na floresta. – A garota disse saindo do carro.

- Como assim segura?

-Essa floresta é cheia de armadilhas naturais, se não souber aonde pisa, pode ser que caia em um buraco ou aconteça coisa pior.

- O que ela disse?- Perguntou Chanyeol confuso, ele tinha dificuldades em entender o que ela dizia.

- Resumindo. Olhe onde pisa, ou você morre. - Disse o moreno sério, enquanto encarava a imensidão das arvores.

Kai sentia seu estomago embrulhar, era como olhar para os arranha-céus de Seul, as arvores eram tão altas a ponto de suas folhas esconderem os céus deixando a floresta mais escura e assombrosa. Ao olhar para a estrada e para a floresta, era como olhar para climas completamente distintos.

- Temos mesmo que entrar na floresta Kai?

- É o nosso trabalho Chanyeol.

- Vamos de uma vez. – Disse o menor ativando o alarme do carro.

- Esperem um momento, antes de entrarmos preciso fazer algo. - A pequena garota tirou da pequena bolsa um enorme bolo de fita vermelha.

-Para que isso?

- Para não nos perdermos. A floresta é traiçoeira, ela não vai querer nos deixar ir embora.- Ela disse enquanto amarrava um lado da fita em uma arvore.

- Você fala como se ela estivesse viva.

- E está. Ou vai me dizer que as arvores não tem vida?

- Desculpe.

- Está pronto. Vamo-nos.

- Chanyeol deixe a câmera preparada, se ver algo interessante grave!- Disse Kai em tom de ordem.

- OK sir!

Aos poucos os garotos adentraram a floresta sobe a guia de Yuki, que andava vagarosamente prestando atenção em cada passo. Os rapazes olhavam perplexos para todos os lugares com a imensidão das arvores.

-É exatamente como dizem. – Kai comentou enquanto abraçava o próprio corpo sentido seu corpo esfriar.

- O que?- Kyungsoo perguntou curioso.

- Você está ouvindo isso?- O moreno disse se concentrando.

- Não ouço nada.

-Exatamente. Não há sons. Não nenhum barulho, não há barulho nem de pássaros.

-Isso é verdade, é estranho.

-Droga Kai. Você falando assim deixa as coisas mais sinistras.

- Deixe de medo Chanyeol e comece pegar imagens para a matéria. - Kyungsoo falou bruto, o menor estava irritado.

- O que houve Kyungsoo? - Chanyeol perguntou em um sussurro próximo do ouvido do menor.

- Nada. Esse é o problema.

-Você está falando da matéria, ou você está falando dele?

- Cale a boca e trabalhe. Ou quem vai te fazer medo sou eu.

- Affe, eu odeio essas brigas de vocês dois. Tão irritante, e quem recebe os coices ainda sou eu. - Chanyeol disse resmungando e chutando uma pedra no caminho.

- Você não vai começar a gravar?

- Estou gravando, olhe. A luz está acesa. - O maior apontou a câmera na cara do mais baixo.

Chanyeol focou a câmera e pediu a todos que caminhassem devagar e que fizessem silêncio, Kai ligou o microfone e fez uma pequena passagem falando sobre a floresta. Depois disso Chanyeol começou a gravar o percurso que seguiam até um pequeno altar que uma jovem fez a mãe que se matou na floresta.

- Quanto tempo faz que aquela garota veio aqui. O altar de sua mãe já está para ser engolido pela floresta. - A pequena garota disse quase em um sussurro, mas alto suficiente para que Kai escutasse.

- Uma garota fez esse altar? Ela mora por aqui?- Kai disse enquanto se agachava em frente ao pequeno altar.

- Ela é de longe, mas ela sempre vinha no aniversario de morte de sua mãe... Esse ano ela não veio.- A garota pálida disse em um tom entristecido.

-KyungSoo me ajude a limpar isso. – Disse o moreno já retirando algumas plantas eu cresceram se agarrando ao altar. - É triste não é mesmo.

- O que?- A garota perguntou confusa.

-Depois que as pessoas morrem, em pouco tempo elas são esquecidas, ou simplesmente deixadas de lado. É algo que não se pode evitar.

- Você já perdeu alguém?- A pequena perguntou ajudando o moreno a tirar as folhas secas sobre o altar.

- Provavelmente, quem sabe... Eu não encontre a alma de meu pai em meio a floresta.

- Sinto muito.

- Eu me pergunto se deveria ter vindo fazer um altar para ele... – Kai disse em um sussurro inaudível.

Depois que terminaram de limpar o altar, ambos decidiram seguir um pouco mais em frente, de acordo com a garota havia um gruta logo a frete, mas eles não poderia entrar.

- Já estamos perto? – Disse Chanyeol cansado de carregar a câmera.

- Estamos chegando. – Disse Kai ainda abraçado com o próprio corpo, a cada passo mais estranho ele se sentia.

- A câmera já esta ficando pesada.

-Aguente firme você é forte. Certo?

- Quero ver você dizer isso depois de ficar andando com essa câmera nos ombros.- Chanyeol sentia seu ombro latejar.

- Já vamos voltar okay. Se sentir dor, faço-lhe uma massagem. – Essa simples frase fez com que Kyungsoo sentisse uma pontada de ciúmes.

- Sei... – Disse Kyungsoo em um sussurro.

Um ruído estranho fez com que todos parassem de caminhar e ficassem estáticos, Kai sentiu seu coração saltar da boca e olhou para todos os lados a procura da origem do barulho.

- O que foi isso?- Perguntou Chanyeol assustado.

Então um outro barulho veio, um barulho de madeira se quebrando e Kai automaticamente olhou para as arvores. Seus olhos negros focaram sob o corpo que balançava no alto da arvore sob o amigo.

-Chanyeol.

-Sim.- O garoto engoliu a seco a própria saliva.

-Não olhe para cima. Ok? – O moreno tentou evitar o pior.

-O que tem  em cima? – Desobedecendo ao pedido, o mais alto olhou para cima dando de cara com pés balançando sobre sua cabeça.

O maior deixou um grito assustado sair de sua garganta dando um passo para trás, bem a tempo do corpo que antes balança não cair sobre si.

- Oh meu deus!

Chanyeol sentiu seu corpo inteiro tremer, ele nunca havia visto um corpo, e muito menos naquele estado. Entre os ossos expostos apenas alguns pedaços de carne mantinham se ali, as roupas estavam rasgadas e havia um saco preto cobrindo o rosto daquela pessoa. Ainda com a câmera filmando o garoto a deixou ali no chão e correu até o melhor amigo abraçando-o como se abraçasse a própria vida.

-KAI!

-Calma! – O maior abraçava o moreno tão assustado quanto uma criança estaria naquele momento. – Se acalme Chanyeol. Foi apenas um corpo, está morto, não irá lhe fazer mal.

- Vocês deveriam estar preparados para cenas como estás. Há corpos por todos os lados aqui.- Yuki comentou fria, aquilo já não a assutava mais.

- Desculpe , ele realmente não gosta disso. Mas é o melhor cinegrafista que eu conheço.  O perdoe ok?- Kai disse correspondendo ao abraço e dando leves tapas nas costas do medroso.

- Chanyeol, deixe de besteira e large logo ele. Ele é sua mãe por acaso. - O pequeno se roía por dentro, ele não costumava sentir ciúmes, mas ele estava irritado.

- Deixe de ser cruel Kyungsoo. – O maior disse chateado.

-Deixe de ser um bebezão!

-Calem-se!- Kai os interrompeu.- Vamos apenas voltar okay? Mais tarde retornamos.

-Desculpe.- os que discutiam disseram em unissom.

- É como ela disse. Você deveria estar preparado pra isso.

- Desculpe.

-Está tudo bem.- O moreno afagou os cabelos bagunçados do mais alto. - Yuki, vamos voltar okay?

- Tudo bem.

E guiados pela fita vermelha eles retornaram em segurança para o carro. Durante todo o percurso de volta ao vilarejo Chanyeol manteve os olhos fechados, o susto na floresta ainda estava o perturbando, mesmo que Kai tentasse conforta-lo ele ainda sentia medo. Ele odiava levar sustos, principalmente quando não eram brincadeiras de Kai ou Kyungsoo.

-Chanyeol chegamos. Já pode abrir os olhos. – Avisou o mais baixo tocando seu ombro.

- Ok.

- Você realmente ficou abalado. Desculpe, eu me senti enciumado por um momento.

- Está tudo bem Kyungsoo. Você realmente acha que iria tentar tirar o Kai de você? Você é um pequeno grande idiota. – O maior deu um peteleco na testa do menor e sorriu para o ciúme bobo do amigo.

-Desculpe.

- Vamos entrar e comer alguma coisa. Estou faminto.

- Eu ia dizer isso agora.

****

 

O dia havia sido de alguma forma extremamente cansativo para Kai, tudo que o moreno desejava era um banho com agua gelada.

Ao chegar ao banheiro o moreno despiu-se enquanto a banheira era preenchida pela agua que saia da torneira. Quando a banheira ficou preenchida pela metade o moreno fechou a torneira e sentou-se dentro da mesma massageando o próprio pescoço. Era em momentos como esse que ele se lembrava dos banhos que Kyungsoo o obrigava a tomar com ele.

Ele adorava como o pequeno Do massageava seu corpo, como ele ficava excitado apenas com o toque do garoto. Era incrível como o pequeno conseguia tirar todo o stress de seu corpo.

Mergulhado em seus pensamentos Kai sequer notou que a porta do banheiro não fora trancada e que alguém o observava.

-K-kai? – O pequeno garoto de olhos grandes disse com a voz tremida, fazendo o moreno saltar da banheira assustado cobrindo o seu membro.

- Por Deus KyungSoo! Você quer me matar?- Kai sentia seu coração praticamente sair pela boca.

- Desculpe. - O pequeno disse se aproximando com o rosto corado olhando para o corpo esbelto e másculo do amado.

-O que está fazendo aqui?

- Eu disse queria tomar um banho com você. - O pequeno disse tirando a própria roupa por completo.

-E eu disse para esperarmos voltar para casa.

- Mas eu não quero esperar Kai.

- KyungSoo...- O moreno foi interrompido por um beijo desesperado do menor.

KyungSoo se abraçou ao corpo do maior enquanto pedia passagem para sua língua entrar, passagem que foi dada instantaneamente. Kai não pode evitar se envolver, ele queria aquilo tanto quanto o menor, mas fazer aquilo ali era estranho.

- KyungSoo espere.

- Eu não quero esperar. – O mais novo o empurrou contra a parede apertando seu membro enquanto o beijava. –Eu sei que você quer... Se não quisesse não estaria assim...

Kai deixou um gemido escapar, ele tinha que admitir o amado sabia como deixa-lo fervendo por dentro, cada toque do menor o fazia se arrepiar e querer cada vez mais.

-Seu maldito. – Kai os fez trocar de posição, agora ele pressionava o menor contra a parede beijando o loucamente aproximando cada vez mais os corpos até que ficasse colados um no outro.

E ali eles fizeram como faziam em seu pequeno apartamento, tentando fazer silencio o máximo possível, deixando apenas que o barulho da agua os encobrisse.

***

 

Após o ‘banho’ e um pouco depois de comerem, Kai estava em um estado de angustia, logo eles iriam embora e o moreno não sentia que havia pego as imagens necessárias ele queria mais. Sem saída ele voltou a implorar a Yuki que ela os guiassem novamente, e por mais que ela negasse o rapaz continuou a pedir até que a menina se rendeu.

-Tem que ser rápido, temos que voltar antes do fim da tarde. Você se lembra da regra?

- Não podemos sair à noite. Eu prometo será rápido.

- Você realmente quer ir?

- Sim. Por favor! – O moreno se jogou o chão de joelhos.

- Tudo bem. Vamos logo então. – A garota realmente não queria ir, mas sentiu que se não os levasse seria ainda pior.

Então os garotos voltaram a entrar na floresta, Chanyeol ainda sentia medo de que algo como aquilo acontecesse novamente com ele. E com passos apressados eles adentraram a floresta.

- Yuki, estamos no mesmo lugar de antes?

-Sim.

- Mas parece tão diferente.

- Não foi aqui que aquele cadáver caiu sobre você Chanyeol?

-Não sei e nem quero saber onde foi. – O maior sentiu um frio percorrer sua coluna em apenas lembrar. – Todos os lugares parecem iguais pra mim.

-Bem, dessa vez conseguimos chegar a gruta.- Disse Kai comemorando ao avistar a pequena gruta coberta por musgo , plantas e folhas caídas.

-Uau, é tão profunda. – O menor se aproximou tentando olha-la por dentro. – Não dá pra enxergar muito.

- Que bela imagem. Talvez se eu usar o zoom e um pouco de luz eu consiga filmar algo lá dentro.- O maior disse já filmando-a por dentro sem perder tempo  - Mas é tão funda que não sei se será possível.

- Diga para seu amigo não se aproximar muito, ele pode cair.

- Ele sabe disso, ele não é tão idiota assim.

- Se apressem, temos que ir logo.

Enquanto o mais alto filmava a gruta, Kai aproveitou para dar uma volta ao redor da mesma querendo saber se havia algo por ali. Seus olhos se arregalaram ao ver o que estava logo ao lado.

Era como se um acampamento tivesse sido montado ali, com duas barracas laranjas quase totalmente cobertas pelo mato e um circulo feito de pedra onde provavelmente teria sido feito uma fogueira. Por baixo das folhas aos poucos ele foi identificando o que estava ali, e com seu olhar concentrado ele conseguiu identificar quatro corpos.

- Chanyeol quando terminar de filmar a gruta, quero que filme algo.

- O que?

-Mas tem que prometer não se assustar.

-Você já está me assustando falando assim.

-KyungSoo venha cá.- O moreno gritou fazendo sinal para que o menor se apressasse.

- O que foi?- Perguntou o pequeno confuso.

-Olhe. – Kai apontou para cada cadáver que ele encontrou.

- Oh meu deus. – KyungSoo cobriu a própria boca, dessa vez ele ficou realmente assustado.

-Isso parece recente não é? Mal começaram a apodrecer.

-Pronto! O que é que eu tenho que filmar...-Chanyeol mal chegou e seus olhos ficaram pasmos com a cena que via. - Está tudo bem, eu não vou desmaiar ou vomitar. – Ele tentava ao máximo não desviar a câmera , mas sua vontade era de vomitar com cheiro que emanava dos corpos.

-Vocês! – A pequena Yuki gritou fazendo os três saltarem assustados. – Temo que ir agora!

- Espere um pouco. Só um minuto.

- Nós não temos um minuto. Olhe para cima. Já está escurecendo.- A garota parecia mais pálida e assustada eu o normal.

- Qual o problema?

- Se não formos agora, será sua culpa se todos morrerem.

- Do que está falando? – Kai falou irritado com insinuação.

- Se fircarmos aqui mais um tempo, podemos não sair nunca mais. É isso que quer?- A garota manteve  o tom sério, fazendo com que Kai ficasse assutado.

- Chanyeol.

- Sim?

-Desligue a câmera. Temos que ir agora.

Mesmo sem entender direito, todos caminhavam em passos apressados , afim de sair de dentro da floresta o quanto antes.

- Droga. Droga. – A pequena exclamava olhando para todos os lados enquanto enrolava a fita de volta.

De repente a garota parou de caminhar, e logo os outros três também pararam.

- O que houve? – Kai perguntou tocando o ombro da moça que não o respondeu. – Está tudo bem? – Ele olhou para a face de Yuki que permanecia em um estado de terror. – Hey!

- A fita...

- O que tem?

- Ela se partiu...

- Você não sabe o caminho?!

- Eu... não sei ao certo. Eu acho que sei.

- Está tudo bem, vamos sair daqui logo logo.

- Não vamos... Já está ficando escuro. - A garota tremia segurando o fim da fita.

De repente um estrondo alto de um gigantesco galho caindo próximo a eles fizeram todos gritarem.

- O que foi isso?!

- Merda! Estamos mortos!

- Pare de dizer isso. É apenas um galho!

- Não! Eles estão aqui.

- Eles quem?

Um grito alto e fino soou por toda a floresta fazendo com que os tímpanos dos garotos doessem.

- O que é isso?! Algum tipo de animal?- Gritou KyungSoo tentando tampar os ouvidos.

-Não se separem por nada!

Muitos outros barulhos foram ouvidos em seguidas, uma ventania repentina atingiu a floresta fazendo as folhas caídas subirem junto com a terra deixando-os temporariamente cegos e assustados.

- Meus olhos!- Reclamou Kyungsoo.

- Não saiam do lugar! – Gritou Kai assustado.

Um grito alto e rouco foi ouvido e quando a ventania baixou foi como se eles tivessem sido tele transportados dali, quando finalmente pôde abrir os olhos, Kai procurou desesperadamente a imagens de seus companheiros. Seu coração quase parou quando percebeu que Chanyeol não estava mais ali.

-Kai você está bem? – KyungSoo correu na direção do moreno que estava com uma expressão desesperadora.

- KyungSoo?

-Sim?

-Onde está Chanyeol?

-Ele esta... Estava do meu lado agora a pouco.

- Kyungsoo, não sai daqui.

- O que? O que vai fazer?

- Vou atrás dele.

- Não vá. Eles vão te matar! – A garota correu até ele.

-O que vai me matar?

- Você já os viu certo? Eu ouvi você gritar noite passada!

- Aquilo...

- Kai?- Kyungsoo não queria que ele fosse.

- Eu tenho que ir! – O moreno selou os lábios grossos do mais novo e saiu em disparada a um rumo qualquer.

-Kai não vá!

O moreno corria o máximo que  podia sempre olhando para o chão evitando pisar em ualquer lugar suspeito.

-Chanyeol! – Ele berrava o mais alto que podia.

Ele berrou dezenas de vezes a espera de qualquer som em resposta, e continuou a correr na mesma direção até que um grito rouco o fez parar. Seu corpo ficou estático, ele esperou até que outro grito foi ouvido, ele procurou a direção em que a voz vinha e correu em direção a ela.

- KAI! – quanto mais ele corria, mais audível se tornavam o chamado.

-CHANYEOL! – Ele gritava praticamente sem ar.

Ele continou a correr se esbarrando nos galhos e arvores, ele só queria chegar até ele mesmo que não chegasse inteiro.

-Kai...

 O som veio de próximo e o moreno parrou de correr e ficou estático ouvindo novamente o chamado do amigo quase sem ar. Ele olhou ao redor sem ver nada, já estava praticamente escuro e o moreno precisou usar a lanterna do celular para ver bem em volta. Novamente ele foi chamado e ele caminhou vagarosamente no sentido do grito dando de cara com um enorme buraco.

-Chanyeol?

-Kai... é você mesmo?

Kai teve que por mão na boca para não gritar vendo o amigo daquela forma, Chanyeol estava no fundo do buraco, misturado a vários outros corpos quase que totalmente decompostos. O amigo já não parecia exatamente mais o mesmo, sangue escorria do lugar onde deveria estar seus olhos e o corpo do garoto estava coberto por marcas e cortes.

- Kai... é você... – Chanyeol falou em voz chorosa, tossindo logo em seguida um pouco de sangue.

- Chanyeol... O que aconteceu?! – Ele não hesitou em pular dentro do buraco com aproximadamente 1,5m de profundidade.

- Onde você está....Eu...Eu não consigo vê-lo.- O maior estendeu a mão com o resto de suas forças.

- Eu estou aqui... Eu estou aqui, sinta. – O moreno esfregou seu rosto na mão do amigo. – Viu, eu estou aqui.

- Eu sabia... – Ele tossiu novamente. – Que você viria... Você... Nunca me deixaria para trás.

- Nunca... Nunca... – Kai tentava não chorar, mas era impossível, as lagrimas saiam de seus olhos desesperadamente e ele sentia que seu coração estava sendo quebrado.

- Eu... Vou morrer?- A voz de Chanyeol praticamente não saia mais.

- Não! Você não vai... Eu vou te tirar daqui.

Com as mãos tremulas ele tocou o corpo do amigo que gemeu de dor, e com toda delicadeza que ainda tentou faze-lo montar em suas costas, mas o garoto já não tinhas mais forças para isso.

- Kai?

- Vai da tudo certo. –Ele dizia em lagrimas.

- Eu não tenho mais forças.

-Pare com isso. Eu vou te tirar daqui.

Os dois caíram quando novamente um grito fino e alto pode ser ouvido, as arvores ao redor do buraco começaram a balançar mesmo não havendo vento.

- Eles estão aqui novamente... Kai... Fuja... Por favor...- Chanyeol já estava sem forças, no fundo ele sabia que seria impossível para ele, mas ele poderia ir feliz em saber que ele não foi deixado para trás.

- Vamos sair dessa juntos cara!

-Kai... – O garoto voltou a tossir sangue.

De repente algo saltou para dentro do buraco em que eles estava, Kai viu novamente aquela criatura da noite anterior. Seu corpo tremeu ele sentiu tanto medo que poderia morrer.  A criatura olhava para todos os lados como se não pudesse ver nada, sangue escorria em meio a sua boca e as unhas se encravaram sobre os corpos abaixo tão fortemente que pôde-se ouvi o som de alguns ossos se quebrando.

-K-ka-kai?

Ele não conseguiu se mover sequer um músculos, sua respiração estava lenta quase parando, ele apenas teve tempo de gritar quando a criatura avançou bruscamente em sua direção pisando sobre a cabeça de Chanyeol até que ela explodisse em sua frente fazendo com que sangue e pedaços de sua carne caíssem sobre o garoto.

A criatura gritou frente a seu rosto e o agarrou pelo braço lançando-o para fora do buraco. Kai caiu batendo as costas no chão, ele sentiu como se sua coluna se partisse, ele estava imóvel em um maldito estado traumático. Era como se o segundo em que Chanyeol teve a cabeça explodida se repetisse em sua mente centenas e centenas de vezes.

Ele somente acordou desse transe quando seu corpo foi lançado novamente pela criatura fazendo o bater contra uma arvore. O moreno teve apenas a reação de tossir um pouco de sangue e tentar se levantar. Quando a criatura pareceu avançar sobre ele novamente Kyungsoo apareceu batendo com um grande galho sobre a cabeça do monstro que recuou.

-KAI! Você está bem?

- Nenhum pouco.

-Vamos! Temos eu ir! – O pequeno correu até o amado, forçando-o a levantar. – Temos que correr.

-Onde está a garota?

- Ela fugiu, e eu segui você. – Kyungsoo estava ofegante buscando ar desesperadamente enquanto falava. – Onde está o Chanyeol.

-Ele... Ele... Está morto.

-Droga!Ah! – O garoto gritou deixando suas lagrimas caírem junto com as de Kai.

- Temos que ir! Ou... Vamos morrer também.

Kyungsoo apoiou Kai sobre o ombro o obrigando a correr junto consigo, eles podiam ouvir os passos pesados da criatura logo atrás deles misturados com seu urro estridente. Entre passos atrapalhados e o desespero de sair dali, Kyungsoo acabou por cair levando consigo Kai, que gemeu alto ao ter seu corpo novamente jogado ao chão.

O pequeno respirou fundo e voltou a levantar-se carregando o amado, pondo-se a correr novamente, suas vidas dependiam disso. Quanto mais corriam mais perto a criatura parecia estar.

Então a criatura os alcançou saltando sobre eles causando um corte nas costas do menor que gritou de dor.

- Kyungsoo!

-Droga. – O menor levantou novamente sentindo as pernas faltarem, mas ele não podia para ali.- Levante Kai!

O moreno levantou e Kyungsoo tentou voltar a correr, mas seus passos estavam lentos demais. O menor olhou para trás e aquela criatura estava parada olhando em sua direção mesmo que seus glóbulos estivessem completamente brancos. Ao se virar para frente eles deram de cara com outro daquele monstro.

- Estamos encurralados Kai.

- Kyungsoo...

O pequeno olhou ao redor e avistou logo ao lado um barranco, sua cabeça latejava, ele estava com medo, suas pernas tremiam e a cada segundo aquelas criaturas se aproximavam cada vez mais.

-Kai.

- O que?

- Eu amo você. – E depois de selar os lábios rapidamente o menor empurrou o amado na direção do barranco.

Em lágrimas ele sorriu pela ultima vez vendo Kai descer barranco abaixo, antes de ser atacado pelas criaturas que agarraram sua carne e a destroçaram em segundos.

 

***

Kai sentia a cabeça latejar quando sua consciência começou a retornar, os olhos ardiam e o gosto de sangue permanecia em sua boca. Sua respiração começou a ficar desesperada quando suas lembranças voltaram em forma de um raio em sua cabeça.

-Kyungsoo! – Ele gritou.

Seu corpo tremia por inteiro, e quanto tentou se mover foi impedido, seus braços e pernas estavam presos, aos  poucos sua visão voltou a ficar nítida e ele pode enxergar a garota a sua frente.

-Yuki? Me... me ajude! – Ele clamou desesperado.

- Me desculpe... Eu não posso ajuda-lo.

-O que?

- Eu disse para irmos embora, e que se algo acontecesse... Seria sua culpa.

- O que está dizendo... – Ele começou a derramar novamente suas lágrimas.

-Eles estão mortos por sua culpa.

-Pare com isso!

- Mas eu vou tornar as coisas mais fáceis para você.- A garota tirou da pequena bolsa que carregava consigo uma pequena pistola.

- O que? O que vai fazer.

-Estou te dando um poder de escolha...

- Por favor não faça isso.

- Desculpe, mas eu não posso te salvar. Se eles não forem alimentados, eles ficam furiosos.

- Por que? – Kai começou a tossir se engasgando com o próprio choro.

- É dar comida para não ser a comida. Então... Escolha, ou eu mato você agora, ou você será morto da pior forma por eles.

- Pare, por favor! – Ele chorava como uma criança, clamando por sua vida.

- Se você não pode escolher eu irei escolher por você. – A garota apontou a arma para a testa de Kai deixando em evidencia suas mãos trêmulas. – Me desculpe.

O ultimo som a ser escutado na floresta aquela noite, foi o som do disparo que tirou a vida de Kai.

 

“ No noticiário de hoje veremos o caso dos jovens jornalistas que desaparecem durante um trabalho na floresta aokigahara. O que aconteceu com eles? Por que tantas pessoas se matam ou desaparecem nessa floresta? Confira hoje no Jornal Nacional”


Notas Finais


Bem espero que tenham gostado T-T Realmente espero.
Aceito as criticas que sei que serão muitas de braços aberto.
Quero agradeçer a mim mesma por ter consegui terminar isso em cima do prazo!
<3 <3 <3


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