Acordo com o sol a bater na cara. Viro o meu corpo para o lado e encaro Kasper a dormir tranquilamente. Respiro fundo quando as imagens do dia de ontem entram novamente na minha memória. Os beijos de Peter e a noite com Kasper. Eu realmente não presto.
- Não encares-me assim que eu fico tímido.
Sou atraída pela voz dele e dou um sorriso leve. Kasper inclina o corpo na minha direção e beija os meus lábios. Uma das suas mãos pousa na minha barriga e faz carinhos no local.
- Anne.
Ele pronuncia o meu nome depois do beijo, e eu assinto com a cabeça.
- Tenho que falar contigo.
O meu coração decide achar que é a hora de brincar e acelera rapidamente. Ergo o corpo da cama mas com os olhos ainda nele. Ele faz o mesmo movimento que eu.
- Anne, eu.
A sua fala é interrompida com o toque do meu telemóvel. Pego o aparelho e além de ver a chamada de Patrícia reparo que tenho uma mensagem. Atendo a chamada.
- Olá desaparecida.
- Tenho culpa que estejas ocupada com os meninos da seleção?
Ela gargalha e eu imito-a. Kasper ainda olha-me.
- Então como estas?
Patrícia pergunta-me e eu paro. Não posso falar das coisas em frente a ele. Não da.
- Demoras muito a vir para aqui?
- Acho que hoje ou amanhã tenho um tempo. A seleção recebeu folga então não preciso estar aqui.
- Então quando vieres diz, e falamos ok?
- Hum, ok. Beijos.
- Beijos.
Desligo a chamada e passo o dedo na tela para ler a mensagem.
Preciso ver-te hoje.
Beijos, Peter.
Bloqueio imediatamente o telemóvel.
- Podes continua. - dou um sorriso a Kasper que passa a mão no cabelo.
- Anne, eu estou a criar sentimentos. E essa pessoa é mesmo muito especial para mim. Sempre que estamos juntos, é como se eu estivesse num estado de nirvana completo.
A maneira como ele fala, faz-me pensar. Eu talvez, aliás, quase de certeza que criei expectativas demasiado altas com ele. E talvez eu seja somente mais uma que passa na cama onde ele dorme.
- Sim? - evito transparecer mágoa na voz.
- Eu não a conheço há muito tempo, tem questão de dias, mas é como se a minha vida fosse toda dedicada a esperar por ela.
- E o que vais fazer?
Coloco o meu corpo virado para ele, com as pernas cruzadas.
- Vou esperar o momento certo para declarar. E esperar que ela sinta o mesmo.
Dou um sorriso fraco. Eu realmente estou apaixonada, ou talvez a pensar que estou por alguém que não parece sentir isso.
- Vai em frente Lourinho.
Ele aproxima-se de mim e beija-me com calma. E para mim parece tanto um último beijo.
....
Aproveito que Kasper foi para o treino para sair do quarto. Caminho pelas ruas junto ao hotel, mas não sei muito bem onde ir. Eu quero é simplesmente esquecer por um momento que ando a ser feita de idiota.
- Estás a caminho?
É a primeira coisa que pergunto a Patrícia quando ela atende o telemóvel.
- Estou quase a chegar ao Kremlin porque?
- Estou a precisar de sair. Será que aqui tem algum bar onde possa beber?
Mordo o lábio de forma ansiosa.
- Tu a quereres beber? O que passa?
- Já falamos. Espera por mim no centro da praça. Até já.
Enquanto desligo faço sinal a um táxi. O mesmo para à minha frente e eu entro ainda a tempo de ver Kasper entrar no hotel e Peter a sair. Coloco a cabeça entre as mãos. Eu estou literalmente lixada.
....
- Tem calma Anne.
Patrícia agarra o copo que eu estou a levar à boca. Não estou bêbada, mas até eu acho que já bebi um pouco a mais.
- Desde que chegamos que só tens bebido. Queres falar comigo?
Quero. Eu estou a ficar apaixonada por duas pessoas. Pai e filho.
- Não é nada de mais. Só trabalho mesmo.
Mexo as mãos e Patrícia não parece ficar muito convencida com a resposta, mas não insiste. Ela levanta-se e diz algo sobre ir à casa de banho. Eu pego o meu telemóvel e por incrível que pareça não tenho uma única mensagem ou chamada de Kasper. Ele tem de verdade outra pessoa.
Abro os contatos.
- Fui bater ao teu quarto e não estavas.
Olho para a frente.
- E como achaste-me aqui?
Ergo a sobrancelha, e levanto o meu corpo do banco onde estou sentada.
- Eu sei sempre tudo, querida.
A última parte, ele sussurra lentamente ao meu ouvido. As minhas pernas e estruturas começam a ceder e eu sinto os seus braços agarrar a minha cintura.
- O que estás a fazer com a minha pessoa?
Falo baixo, ao mesmo tempo que os seus lábios beijam o lóbulo da minha orelha.
- Nada que não queiras Anne.
- Aí é que está: eu quero Peter.
E beijo os seus lábios.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.