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História Fraterno - Capítulo 11


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Gente, mil desculpas pela demora, mas estive com problemas, minha mãe passou por uma cirurgia semana repassada, e agora está em casa, mas a recuperação dela não está indo muito bem... :/ enfim, pode ser que eu demore mais um ou dois dias para postar o próximo cap.

Capítulo 12 - Capítulo 11


Fraterno

Escrito por Amanur

Capítulo 11

...

O sangue nada tem a ver com o espírito!, fiquei repetindo isso em minha mente, enquanto me aproximei da porta de entrada do restaurante universitário. Quase dei de cara com Naruto, que saia com um pacote de biscoitos recheados nas mãos, pela metade. Ele revirou os olhos, bufando, quando me viu.

 

— Estava com diarréia?

— Não! — respondi, emburrada — Só estava falando com o professor.

— Ah... Podemos ir até a biblioteca conversar?

 

O acompanhei até o final daquele corredor, onde ficava a tal biblioteca. Tivemos que descer umas escadas, pois ficava no subsolo. Sentamos-nos perto das janelas, num sofá estofado com tecido vermelho escuro.  Havia pouca gente por ali, talvez por ser início de semestre. Um ar-condicionado soprava bem em cima de nós, mas me encolhi por constrangimento, por estar ali com ele, como se tivéssemos alguma intimidade. De repente, tomei conhecimento de que o conhecia há uma semana apenas, e já o havia beijado! Onde eu estava com a cabeça?, me perguntei.

Desesperada para me livrar do Sasuke, talvez.

A conversa que tive com o professor Asuma ainda martelava em minha cabeça. Estava tudo misturado como se fosse uma bela gororoba de pensamentos, onde era quase impossível de conseguir distinguir os ingredientes que o formava.

 

— Você está me ouvindo? — Naruto me cutucou com o cotovelo, me pegando de surpresa.

— Desculpa. — resmunguei.

 

Ele suspirou.

 

— Eu só quero saber se você realmente é homossexual.

— Por que quer saber? Achei que não fosse fazer diferença.

— Por que não quero ficar levando socos do seu irmão, toda vez que me aproximar de você, para defender o seu orgulho gay! Além disso, não quero tapar buracos de ninguém. Se você realmente é lésbica, que assuma de vez. A não ser que... Para você tanto faz! Tipo... Bissexual?

 

O sangue nada tem a ver com o espírito!, essa frase não saia da minha cabeça, e eu não conseguia me concentrar no que ele dizia.

 

— Você realmente acha que Deus poderia punir alguém por amar alguém que não deveria?

— Hein? Em que mundo você está hoje, garota? — ele resmungou, cruzando os braços.

— Nada não. — levantei-me do sofá, jogando a mochila em minhas costas — A aula já vai começar. — disse olhando o relógio na parede à nossa frente.

 

Fomos arrastando os pés até o terceiro andar do prédio. O professor de metafísica I, Yamato, já andava pela sala, de um lado para o outro, raciocinando em voz alta para a pequena platéia que o ouvia atentamente. Quando me dirigi ao meu lugar, vi que Sasuke havia trocado de acento. Passou a sentar ao lado da ruiva, que cochichava algo para ele, animadamente. Não deveria ter relação alguma com a matéria!, suspeitei. Ele viu que entrei na sala com o loiro, mas disfarçou desviando o olhar. E eu fingi que não vi nada, embora essa sua atitude estivesse me corroendo por dentro. Por que ele estava se afastando de mim? Isso significa que ele achou nojento e não queria ter que lidar com o que aconteceu? Lhe foi constrangedor demais?, me perguntava.

 

—... Em sua concepção clássica, os objetos da metafísica não são coisas acessíveis à investigação empírica! O saber é o estudo do ser ou da realidade! Tenham isso em mente! Ocupamo-nos em procurar responder perguntas tais como: O que é real? O que é natural?, referente ao naturalismo. O que é sobrenatural?, referentes à milagres! Entendem? O ramo central da metafísica é a ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e quais as relações dessas coisas entre si. A metafísica também tenta esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a existência e a natureza do relacionamento entre objetos e suas propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade...

 

Naruto tinha razão. Eu não estava naquele planeta. Talvez, por isso, o tempo se passou rápido demais, sem que eu conseguisse anotar qualquer coisa útil sobre aquela aula. Minha cabeça latejava, como se houve algum sino badalando dentro da minha mente, fazendo meu crânio estremecer. Eu estava começando a ficar com dor de cabeça.

Aquilo não era justo. Enquanto estive na escola de freiras, eu tinha planejado minha vida inteira. Faria faculdade, para passar menos tempo possível perto do meu irmão (embora esse plano tenha, involuntariamente, sido evaporado), pegaria um estágio no meio do ano, e começaria a juntar dinheiro para alugar um apartamento para morar sozinha. E então, só veria minha família em alguns fins de semana. Era a coisa certa a fazer. Era a única maneira de conseguir fazer com que todos aqueles pensamentos importunos me deixassem em paz. Mas agora, de repente, todo esse plano não parecia mais fazer muito sentido.

Senti-me ainda mais nervosa ao lado do Sasuke na volta para casa. Ele permanecia tão calado quanto uma pedra. Para me distrair, peguei os fones de ouvido do meu celular, e pus uma música para tocar meus mp3. Ironicamente, ou não, a primeira música que tocou se chamava Livin in Sin — vivendo no pecado — da banda americana Bon Jovi.

 

“Eu não preciso de licença

Assinar em nenhuma linha

Eu não preciso de pregador

Para dizer que você é minha

Eu não preciso de diamantes

Eu não preciso de nova noiva

Eu apenas preciso de você, baby

Para me olhar no olho

Eu sei que eles tiveram dificuldades

E seu pai não aprova

Mas eu não preciso de seu pai,

Nos dizendo o que devemos fazer

Agora, há milhões de questões

Eu poderia perguntar sobre nossas vidas

Mas eu preciso apenas de uma resposta,

Para passar a noite

Então eu falo

Baby, você pode me dizer,

Apenas onde nós nos encaixamos?

Eu chamo isto de amor

Eles chamam de vivendo em pecado

Somos eu e você

Ou apenas este mundo em que nós vivemos?

Eu falo que estamos vivendo em amor

Eles falam que estamos vivendo em pecado

Está certo para nossos pais,

Que lutam contra isso na maioria das noites...

Eles rezam para Deus pedindo perdão

Quando eles desligam as luzes

Ou usam aquele anel de diamantes.

Quando seu coração é feito de pedra,

Você pode falar mas não dizer nada...

Vocês está junto, mas sozinha

Ou está certo te abraçar

E dar um beijo de boa noite?

Eles dizem que a promessa é para sempre

Se você assinar na linha pontilhada.

Eu não sei onde nos encaixamos”

Talvez fosse a confusão na minha mente que me deixou sensibilizada, mas não consegui evitar aquele pingo de lágrima que caiu dos meus olhos, ouvindo a letra da música. É engraçado como há músicas que parecem ter sido escritas por nós mesmos. É quase como se fossem profecias, nos dizendo o que fazer. Mas bem na hora em que eu disse a mim mesma: “ainda bem que estou com o rosto virado para a janela!” vi que Sasuke, sentado ao meu lado no ônibus, me viu pelo reflexo do vidro. Mas em seguida desviou o olhar, para o corredor ao seu lado.

Quando era pequena, toda vez que ele me via chorar, vinha correndo para saber o que aconteceu. Mas isso não aconteceu, desta vez. E ele estava bem ao meu lado para me socorrer.

A mim restou somente ficar com aquele gosto pútrido de rejeição na boca pelo resto da viagem.

Passei o resto do dia me revirando na cama. Será que ele contou para alguém sobre o beijo? Será que ele vai contar para alguém sobre o beijo? E se ele contar, o que aconteceria? Eu não queria sequer chegar perto do pensamento sobre o que nossos pais fariam comigo.

 

— Não! Isso é impossível, Sakura! Não tem como! Não tem como dar certo!

 

Eu não deveria ter tido aquela conversa com o professor Asuma. Suas palavras só serviram para me perturbar ainda mais! Eu não sabia mais o que pensar sobre o que é certo e o que era errado. O que eu devia, e o que não devia fazer, dizer ou pensar.

Tentei pensar mais em mim. Achei que esse poderia ser o começo mais sensato para tentar resolver algo, já que eu era a peça central daquele teatro de horrores. Então, comecei a me perguntar coisas. Coisas que não tinha uma explicação clara, bem definida, para mim.

O que eu mais queria nesse mundo, com todas as forças?

Eu tinha coragem suficiente para enfrentar qualquer contrapartida que pudesse se opor a mim?

Eu tinha força suficiente para alguma coisa?

Estou realmente feliz do jeito que estou?

Algum dia realmente serei feliz?

Afinal, eu fui condenada àquele pecado desde sempre. Não tendo o direito de escolher quem eu posso amar, não seria o mesmo que dizer que Deus me condenou a praticar aquele pecado, por algo que nunca fiz? Ou estaria ele me testando, permitindo que a cobra se aproximasse de mim, com o fruto proibido, só para ver o que eu escolheria? Ou, talvez, o conceito de destino realmente fosse válido. Mas talvez, também, fosse meu destino ser a primeira, eu acho, a quebrar aquele tabu. Ou não. É tudo muito confuso para mim, e tinha medo de arriscar. Confesso que eu queria. Deus sabe o quanto eu queria. Mas conter minhas ações ainda podia ser de grande valia.

Precisei de mais duas semanas pensando sobre o assunto. Remoendo-me com cada minúsculo detalhe, para não cometer o maior deslize da minha vida. Enquanto isso, Sasuke se manteve distante. E pela forma como minha família continuou a me tratar, supus que ele não havia aberto a boca. Ainda. Ele havia assumido a forma de uma bomba ambulante, perante os meus olhos. Estava sempre prestes a explodir toda aquela barbaridade para qualquer um. E eu passei esse período congelando de medo, tomando todo o cuidado para não passar por ele pela casa. Eu sentia como se tivesse perdido mais um pedaço de mim a cada dia, por seu descaso. Mas no fundo eu sabia que ele deveria estar se remoendo tanto quanto eu. Só que com os pensamentos contrários aos meus, é claro.

Na faculdade ele continuou a sentar com a ruiva, e comecei a desconfiar do modo como ela olhava para ele. Não era um bom sinal. Pelo menos, o professor Asuma não tocou mais no assunto comigo. E isso já me fez sentir meia tonelada mais leve.

Era uma noite de sexta feira, quando o Chi entrou no meu quarto. Eu estava deitada na cama, olhando para o teto enquanto ouvia Livin in Sin. Aquela música havia impregnado na cabeça como molho de tomate em tecido e se alastrado no meu inconsciente como veneno no sangue; tornou-se, praticamente, impossível me livrar dela.

Chi se jogou por cima de mim e começou a fazer cócegas na minha barriga, como costumava fazer quando éramos pequenos. Ele levantava a minha blusa, descobrindo minha barriga, e colava a boca fazendo pressão sobre ela, emitindo um som engraçado. Nunca entendi direito como ele fazia aquilo, mas sempre arrancava uma risada da minha garganta.

 

— O que deu em você pra voltar no tempo? — perguntei, puxando seus cabelos. Ele conseguiu se desvencilhar de mim, e se acomodou melhor na cama, ao meu lado.

— Vou passar o fim de semana com a Konan, e só volto Segunda à noite, depois do expediente. Mas queria ver se você não tinha nada para me falar... É impressão minha, ou a pedra de gelo entre você o Sasuke aumentou de tamanho?

— Está maior que o maior iceberg do Alasca!

— Ual... E você sabe o por quê?

— Sei.

— Quer me contar?

— Não...

— Hum. Eu me sinto ofendido.

— A culpa é minha.

— Tem certeza de que não é da circunstância?

 

Sorri, meio sem humor.

 

— Eu amo o Sasuke, Itachi.

— Tenho certeza que ele te ama também, Saky. Mas você sabe que ele sempre foi birrento.

 

Desta vez eu sorri com mais vontade. Se ao menos as coisas fossem assim, tão simples. Ele realmente não fazia a menor idéia da reviravolta escondida na minha cabeça.

 

— O que você pensaria se eu te beijasse nos lábios? — perguntei.

 

Ele mostrou-se surpreso com a pergunta repentina, mas em seguida riu.

 

— Hehehe. Eu odiava quando a mamãe fazia isso. Era bonitinho e tal, mas chegou uma hora que não dava mais! Ficou nojento. — deu de ombros.

— É... Era nojento mesmo. Muito nojento... — murmurei.

 

Perguntei-me se foi isso o que o Sasuke pensou também.


Notas Finais


A musica do Bon Jovi foi indicação da Lexy_Bennet (do nyahfanfiction)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica


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