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História Freak Out - Jogo das Cartas: Contemplação


Escrita por: sammye

Notas do Autor


Hey, hey! You, you ♪♫
Oee! O capítulo de hoje eu escrevi ouvindo "Bad Things" porque achei que a sonoridade combinou e-e
Desejo uma boa leitura! 💜

Capítulo 7 - Jogo das Cartas: Contemplação


Fanfic / Fanfiction Freak Out - Jogo das Cartas: Contemplação

 

Percorri por entre os móveis do cômodo de um lado para o outro, inquieta e ansiosa. Bufei, deixando as chaves em cima da mesinha de centro e tornei a repensar na proposta feita por Misty ontem à noite, sobre treinar um pouco de defesa pessoal. De fato eu era muito boa em provocar uma briga, porém depende se a situação for mais elevada.

Atarraquei o celular, discando seu número. Caixa postal, tentei mais uma vez e deu na mesma, voltei em direção à escada e parti em busca do cartãozinho da quiromante até enfim encontra-lo. Peguei o telefone residencial para fazer a ligação. Uma mulher atendeu, era uma empregada aparentemente, respondeu-me que Raziel fora cuidar de alguma Silenna e sendo assim, passou o número do detetive para contato.

Liguei para ele — Quem fala? – introduziu antes que pudesse falar algo, ao fundo pude ouvir sons de passos e vozes abafadas.

— Avril. Telefonei para Misty e deu caixa postal, daí me passaram o seu. Sabe me dizer como posso encontrá-la?

Aguardou com que terminasse a frase, ficando em silêncio para enfim responder, como se estivesse pensando em algo — Não tem como, estamos no hospital. Ela foi baleada hoje cedo em um incidente envolvendo uma confusão policial. – informou com o timbre de voz meio embargado.

Levei a mão à boca, perplexa — Qual hospital? – questionei aflita, encerrei a ligação assim que informou qual era, partindo em sua direção. Mal conhecia a garota, mas saber de uma notícias dessas me deixou angustiada.

 

...

 

A passos rápidos, adentrei ao corredor evitando correr e respeitando o pedido de silêncio. Não os encontrei na sala de espera, por isso tive que rodar a área até encontrar Damien sentado aguardando num cantinho recluso perto das salas — Como ela está?

Ergueu a cabeça direcionando o olhar ao fim da passagem — Ainda na sala de cirurgia, parece. Eu acho, quer dizer, não sei... Estão removendo o projétil, não se pronunciaram até o momento – explicou, embolando as palavras e se contestando a cada segundo.

Notei Raziel se aproximar afobada, contendo alguma informação — Ela perde uma quantia considerável de sangue – informou um tanto alarmante.

Ele coçou a cabeça, levantando-se — Sabe se tem no estoque?

— O médico disse que iria conferir.

— Nem o da senhora bate com o dela? Geralmente um familiar é compatível. – sugeri.

Eles se entreolharam — Não. Nós dois somos adotados, essa possibilidade mínima se tornou impossível – esclareceu, depois olhou para sua mãe — E agora?

Oh! Respirei fundo absorta observando-os questionar a situação entre si — E se... Bem, não me recordo direito qual meu tipo sanguíneo, mas se fizerem um exame rápido e for compatível, posso doar sem problema algum. – comentei.

— Não teria que estar em jejum?

— Esse não é um problema, não tive tempo de comer nada hoje cedo – respondi. Às vezes gostava de cuidar da casa sozinha, portanto hoje era dia de folga da Gianne e como tive de acordar cedo para trabalhar, me atrasei e por isso não tomei café.

A quiromante deu alguns passos até ficar em minha frente, pousando as mãos em meu ombro — Você realmente poderia fazer isso por nós? – seus olhos na tonalidade caramelo estavam brilhando marejados, a voz vacilava sendo tomada pela emoção. Assenti, esboçando um sorriso gentil de compadecimento e ela, agradecida, passou os braços por cima dos meus puxando-me para um forte abraço com imensa ternura — Serei eternamente grata!

Agora eram os meus olhos que ficaram lacrimejados, retribuí o gesto afetivo. Depois acenou para um enfermeiro e contou a novidade. Fui guiada e instruída por entre uma salinha para fazer o exame, primeiro obviamente, tinha que tirar sangue e quando chegou essa parte, senti meu coração pulsar e as mãos suaram frio de tanto pânico. Engoli a saliva em seco, fechando os olhos abruptamente.

Senti uma mão tocar meu ombro, quase dei um pulo assustada, era Raziel com um sorriso esperançoso nos lábios desejando-me força. Fechei os olhos mais tranquilamente, com ela segurando minha mão, respirando fundo e deixando com que a enfermeira fizesse seu trabalho.

Por fim, o exame fora feito e independente do resultado, gostaria de doar sangue mesmo que fosse para outra pessoa. Por sorte havia ficado um bom tempo sem fazer tatuagem e pretendia a próxima para daqui muito tempo.

Em seguida, a quiromante trouxe-me uma refeição farta para melhorar meu estado, a gelatina entregue antes mal cobria uma fenda do buraco que estava meu estômago, então aproveitei o café da tarde.

 

...

 

Encontrava-me sentada ao lado do detetive encarando o chão e balançando os pés que ficavam pensos por causa da cadeira alta. Ele esfregou as mãos para depois passar a encarar as linhas e formas, franzi o cenho — O que foi? Sua mãe está li – apontei em sua direção — Aproveita e pede para ela ler sua mão. – brinquei, tentando quebrar a tensão.

Encarou-me cético — Hahaha, muito engraçado! Isso ela já fez desde que nasci!

— Ah é? E o que deu?

— Boa pergunta, ela nunca me contou. Mas me levou no psicólogo desse dia em diante – respondeu rindo o que me fez rir também. O silêncio voltou a consumir por tempos — Misty e eu somos melhores amigos desde pequenos, como irmãos, e ela sempre vinha solucionar minhas confusões. Uma vez na escola a professora encontrou uma cola minha com o colega do lado, ela enfrentou a tutora dizendo que aquilo era um resumo do que não fora muito bem explicado e fomos ambos parar na diretoria – recordou com um pesar angustiante.

— Ela quem corrige suas asneiras?

— Não diria bem isso... Mas sabe, quando Sil chegou como minha irmã, eu fiquei tão feliz em tê-la fazendo parte da família de vez que quase ateei fogo na cozinha ao tentar preparar um bolo!

Pendi a cabeça para o lado — Sil?

— Silenna. Misty é um apelido que demos a ela quando era pequena, aí pegou e acabou adotando esse nome. Sil perdeu a mãe em um desastre natural antes dos seis anos, o pai trabalhava nas redondezas do circo, era um coletor alcoólatra, drogado e irresponsável – contou. Joguei o corpo para frente, apoiando as mãos no rosto e encostando os cotovelos nas coxas para ouvir com mais atenção — Ela era brilhante, mas tinha que ser responsável e matura para cuidar do pai desleixado. Assim sendo, aos dez já trabalhava! Isso foi pesando, pois ele gastava o dinheiro com drogas ou em prostíbulos, ele mal a considerava.

— Ele morreu?

— Tem uns quatro anos. Demorei para conhecê-la pois vivia de castigo dentro de casa. Comentei sobre sua história com minha mãe e ela perguntou a Misty se poderia ajudar em algo, assustada, minha irmã respondeu que queria ir embora. Então mãe Raziel ofereceu seu lar, depois foi até a justiça e a adotou legalmente. Não exatamente nesse ritmo, mas enfim, ela virou oficialmente minha irmã. – finalizou esbanjando um sorriso orgulhoso.

Sorri — Raziel tem um bom coração!

— E tanto!

— E você, também foi assim? – arrisquei a pergunta inconveniente, fazer o que se estava curiosa?!

Balançou a cabeça negativamente — Eu já sou filho dela desde pequeno, ou melhor, antes mesmo de nascer. Minha mãe fora uma cliente dela. E bem, não tive pai.

— Como não? Todo mundo tem um pai, mesmo que seja só para fazer.

Encarou-me seriamente, agora ajeitando a postura e mudando o semblante — Não no meu caso, eu fui feito do sexo não consentido, portanto perdi uma mãe biológica que praticamente nunca tive e a oportunidade de ter alguém como “pai”. Meu pai é mãe Raziel. – argumentou.

Fiz uma careta descontente — Me desculpe... Não precisa mais falar sobre isso, deve ser...

— Sem problemas – interrompeu apressado — Quer dizer, até certo ponto eu sofri por isso, contudo minha mãe sempre me levou ao psicólogo e fui tendo acompanhamento sem deixar mais traumas. – dito isso, passou a me contar sua história.

Sua mãe biológica surtou e foi buscar ajuda de Raziel para encontrar o demônio que a devastou e quando o encontrou, vingou-se matando a sangue frio com facadas e antes disso, “castrando-o”. Obviamente fora presa, sentenciada à alguns anos de prisão e mesmo gostando um pouco de seu bebê, a dor e desespero ao vê-lo, juntamente com a repugnância, a fez o desejar longe. “Não a culpo por isso, seria apenas mais uma dor para seus olhos trêmulos e cansados”.

— Quando saiu da cadeia, já estava corrompida e destruída o suficiente para juntar-se às drogas e coisas erradas, foi questão de segundos. Em seguida, envolveu-se com mais crimes, sendo presa novamente, depois morreu trancafiada. Sua carreira brilhante e vida perfeita fora arruinada por um assediador obsessivo.

Baixei os olhos, não sabia o que dizer com tamanha informação sobrecarregada, Damien fora contando aos poucos, porém sua voz não tinha tamanha diferença. Uma hora iria ao tom de nojo, depois de compreensão, para enfim chegar à conclusão que tudo isso não fora sua culpa.

— Pelo menos ela me destinou à alguém que me ama, tenho a melhor mãe do mundo, não tenho do que reclamar. – disse, por fim, olhando em direção à quiromante e dando um tchauzinho, ela acenou de volta com um sorriso no canto dos lábios, retornando a conversar com um senhor de jaleco branco e crachá que ao longe não dava para distinguir, creio que fosse o médico — Não só mãe, assim como uma irmã incrível e a melhor que alguém poderia ter – gabou-se orgulhoso, mudando a intensidade da conversa.

Aí eu tive que discordar. Voltei-me em sua direção com os olhos semicerrados — Depende, depois de Mich, aí podemos conversar.

— Mich? É o que? Um gatinho de estimação?

Oh, agora ofendeu! — Um gatinho uma vírgula! É somente a melhor irmã que alguém possa ter! – retruquei, elevando o dedo e fuzilando-o com o olhar.

— Depois de Sil, é claro!

Levantei-me exasperada e ele também levantou, passamos a discutir quem tinha mais sorte na vida até Raziel brotar em nosso meio, gritando para falarmos mais baixo, fazendo sentido algum — Vocês dois querem dar um show aqui por acaso? Mocinha, você já tem um palco só seu, não precisa causar aqui não – ordenou irritada, depois olhou para o filho — E você já está mais do que na hora de aprender a respeitar as pessoas, faz favor de ficar quieto sentadinho aí! – bradou, empurrando-o para o sofá.

— A senhora não me dê ordens que já sou crescido! – levantou-se num pulo e ela apenas com o olhar já o fez voltar para o lugar — E convenhamos que a melhor irmã que alguém poderia ter é simplesmente a minha humilde diviníssima pessoa, minha irmã nunca reclamou. Com licença!

— Mas a senhora nem tem irmã...

— Exatamente! Se tivesse, ela jamais reclamaria! – disse, largando-nos para trás com a expressão de cachorro sem dono.

Fechei a cara e fiquei num cantinho em silêncio retrucando enquanto do outro lado o detetive mala fazia o mesmo. Após algumas horas, a quiromante retornou comentando que estava preocupada com um tal de Noam, sendo assim Damien disse que iria para casa vê-lo e que qualquer coisa era só ligar. Questionei-me quem seria esse, o cachorro de estimação?

Quando perguntei isso, ele só faltou se jogar no chão e bater o pé de tamanha revolta — É o meu filho primogênito!

Arregalei os olhos surpresa — E você tem outros?

— Não que eu saiba.

— Então por quê primogênito?

— Porque ele é o primeiro uai!

Fitei-o, cética — Quantos anos ele tem?

— Um pouco mais que dois e meio.

Dito isso, saiu apressado corredor a fora sem me deixar responder, sumindo de minha vista. Minutos depois, entediada, passei a perambular pelo saguão indo parar perto da recepção, contemplei um rapaz conversando com a recepcionista embaralhando informações. Ouvi tentar explicar sua aparência — É uma moça bela, esbelta, morena, olhos petulantes e tem uma bala alojada em seu corpo, ou tinha, assim espero. E...

— Desculpe senhor, contudo não posso fornecer informações pessoas de nossos pacientes.

— Fui eu quem a trouxe para a emergência hoje de manhã, gostaria de saber como está, apenas isso! – protestou, as mãos espalmadas sobre o balcão, seu semblante era de uma notória preocupação. Estava meio pálido, tenha cabelos escuros um tanto ondulados, um brinco em apenas uma orelha, olhos castanhos claros e brilhantes, trajava um casaco enorme esfarrapado a qual quase encobria a mancha de sangue em sua camisa.

Dei um passo à frente, chamando-o — Ela está bem. Você é quem mesmo?

— Sou Kane, prazer em conhecê-la – estendeu a mão para um cumprimento. Fiz o mesmo, apresentando-me — Sabe se poderia visita-la?

— Hum... Posso levá-lo até sua mãe, aí ela quem decide. Tudo bem para você?

— Claro! – sorriu gentilmente, acompanhando-me pelo hospital.

Raziel disse que estaria tudo bem portanto que aguardasse sua entrada primeiro, depois o agradeceu por prestar socorro à sua filha. Esperamos por mais algumas horas até poderem liberar a visita, a quiromante fora na frente ficando alguns minutos sozinha lá dentro, depois saiu na porta e acenou para que adentrássemos.

Kane puxou a porta para que eu passasse, entrei em sua frente, observando-a acamada repleta de aparelhos. Estava com os olhos fechados apenas respirando, sem muito responder, apenas abria os olhos quando queria. Sorriu após apontar o dedo em minha direção, entendi que era um agradecimento e a respondi.

Misty balançou a mão, gesticulando para o homem ao meu lado com um sorriso de leve esboçado no canto dos lábios. Ele também sorriu assentindo, entregando uma rosa que não sei de onde havia tirado, mas ok!

A senhora estava posta no cantinho da cabeceira com as mãos juntas contemplando a filha se recuperar gradativamente. Não disse muito, mas podia sentir sua vibração emocionada e serenidade. Quando Damien retornou, levou um susto ao ver a nova visita, agradeceu-o também, mas logo colocou nós dois pra fora para ficar com sua irmã.

— Bem, eu tenho que ir agora. Tenha uma boa noite, senhorita Avril.

Confesso que ainda não me acostumei totalmente ao “senhorita” novamente — Boa noite para você também! – despedi-me, marchando em direção à saída.

 

...

 

Cheguei em casa, estava vazia e o silêncio reinava. Mordi o lábio inferior pensando em como deixaria o clima mais animado. Tive uma ideia! Que tal uma festa de boas vindas à Misty?!

Estava na metade da escada quando a campainha tocou, dei meia volta e ainda com preguiça, arrastei os passos exauridos até à porta. Olhei pelo olho mágico, nada. Então a abri e fui surpreendida com um grito, seguido por um salto e um abraço repentino.

Foi tudo tão rápido que congelei feito estátua, imóvel. Ele caiu na gargalhada, dizendo que precisava registrar meu momento anã de jardim, acertei-lhe um tapa assim que voltei à consciência — Evan! Quanto tempo! – exclamei eufórica, abrindo os braços e dando-lhe um forte abraço, pendendo-o para os lados.

— Não vai me convidar para entrar não? Sua mal educada! – murmurou fazendo uma careta, abri passagem e ele entrou — Bem, se você não vem ver seus antigos amigos, eu venho até você! Vamos tirar essa sua cara de espantalho pro halloween passado e comemorar, ok? Trate de melhorar, eterna tampinha – disse, soltando um riso enquanto despejava pura alegria por entre esse melancólico mausoléu.

 

 


Notas Finais


Ah, eu fiz um "nem teaser nem trailer" para a fanfic do jeitinho samybugs: https://youtu.be/jHbnK7Sl0uk

Espero que tenham gostado, nos vemos no próximo, sim? 💖


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