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História Friends - Louis Tomlinson - 085. Ajuda?


Escrita por: sunzjm

Capítulo 85 - 085. Ajuda?


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 085. Ajuda?

LOUIS

Quando o fim de junho chegou e as aulas cessaram por causa das férias de verão, eu pude ter certeza absoluta do meu pesadelo. Foram necessários apenas três dias para eu tomar aquilo por definitivo e para que eu percebesse a ausência dele na escola.

Eles dois fugiram juntos mesmo.

Antes daquilo, na conversa com Jane, eu até dei uma chance para Taylor, agarrando a ideia de que eu poderia estar mesmo equivocado e que ela poderia ter pedido a ajuda de qualquer um, menos a dele. Só que não, a chance se dissipou exatamente naquele terceiro dia e eu já sabia com quem ela estava naquele momento.

Todas aquelas suas palavras na noite em que ela estava bêbada quando ele a beijou não eram mais nada pra mim, pois não passavam de algo falado e que não era verdade. Que nunca foi verdade, aliás, apenas uma estratégia para ganhar a merda da minha confiança.

E eu tentei manter fixa a minha dignidade, buscando deixar toda aquela história pra trás, tirando Taylor da minha cabeça de vez, tanto o acontecimento quanto a pessoa em si. Eu me esforçava bastante, só que eu também não queria que ninguém visse aquilo. Eu não queria que ninguém visse que eu estava tendo dificuldades.

A Sra. Hampton precisava da minha ajuda e Jane continuava chateada, com o mesmo sentimento de que foi a culpada por tudo aquilo, por ter acreditado em Taylor e ter dado liberdade demais. Eu sequer sabia mais o que falar pra ela, ou para qualquer um que me perguntasse alguma coisa. Eu tinha um desejo ridículo de me desintegrar e de não ter que pensar em mais nada porque, mesmo estando mal, tudo em relação a ela vinha na minha cabeça. Os momentos bons e os momentos ruins.

Eu precisava admitir que estava na pior e incapaz de me manter no controle, porque no fim eu estava irritado com tudo e todos. Eu precisava ser racional, porque Taylor foi embora e me deixou para trás. Ela mesma concretizou tudo o que Adrian falou na escola, correndo para os braços dele na primeira oportunidade que teve. Ela falou sério quando disse que tinha sido uma idiota por ter me escolhido. Taylor Hampton nunca me amou como eu achei que amava.

O último dia de aulas foi cheio de mel com açúcar, algo que eu não estava suportando perto de mim, tanto em relação a amigos ou a mais do que amigos. Todo mundo se abraçando e sorrindo, felizes com o tempo que passariam longe da escola. Eles estavam aliviados.

Muitos tentaram conversar comigo, mas não dei muita bola – um sorriso forçado era tudo o que precisavam. Assim, quando percebi que Jane pretendia ficar por mais tempo na escola junto com os outros – provavelmente buscando uma distração –, revirei os olhos e fui até ela, a fim de puxar um de seus braços para que prestasse atenção no que eu diria.     

— Eu não vou esperar se você demorar mais um minuto sequer... — avisei, impaciente e ignorando o pessoal que nos olhavam, curiosos e desconfortáveis.  — Vai vir ou não?

Jane então coçou a cabeça e depois assentiu. Soltei seu braço e saí dali o mais rápido que pude, tendo a consciência de que ela logo me seguiria. 

Quando cheguei próximo do meu carro, parei bruscamente porque, de repente, uma vontade insana de fazer besteira subiu ao topo da minha cabeça. Talvez andar por aí e bater em quem aparecesse na minha frente, ou então arranhar o carro dos outros alunos? Xingar todo mundo? Arrancar o meu próprio coração?

Me apoiei no carro e, finalmente, desde o dia em que ela foi embora, deixei aquilo sair da forma mais ridícula que eu achava.

Chorando.

Senti novamente uma mistura muito ruim e desagradável de raiva e tristeza. Tentei engolir aquilo, mas era como tentar parar de respirar. Sequer entendi como fui tão fraco e idiota a ponto de chorar por causa dela.

Percebi então alguém se aproximando pelas minhas costas, só que não me importei. A verdade era que eu queria ficar sozinho pelo resto da vida.      

— Louis…     

— Não. — Me afastei do toque da Jane bruscamente e limpei o rosto. — Eu sei o que vai me dizer, mas eu não consigo fazer isso, ‘tá bom?       

— Eu não quero que ninguém aqui sofra, muito menos você — falou ela, a voz trêmula. — Não pedi para que a esquecesse porque eu quero o seu mal, Louis. Isso tudo também dói em mim, mas precisamos fazer isso.     

— Eu sei! — Me virei pra ela, sentindo os olhos arderem. — Mas eu já disse que eu não consigo. Eu não consigo, entendeu? — falei a última frase muito devagar, para que ficasse claro como o sol.     

— Se ela voltar…     

— Se ela voltar, será a última pessoa que eu vou querer ver na minha vida — interrompi Jane, devidamente puto da vida. — Nunca vou perdoá-la, tudo o que ela me disse foi mentira, exceto quando eu não deixei que saísse do quarto e falou que me odiava, que nunca mais queria me ver na vida, que estava pondo o fim em qualquer coisa que um dia a gente já teve e que Adrian era o melhor pra ela. Taylor está lá com ele agora, duvido que esteja pensando em um de nós. Também duvido que volte algum dia. 

Respirei fundo e Jan apenas me olhava, muito triste. Ela tinha os olhos marejados, mas de alguma forma não deixou uma lágrima sequer cair.  

— Sou um idiota por ainda sentir alguma coisa por ela — continuei, deprimido —, mas eu vou seguir com o que você disse e vou estar disposto a esquecer tudo, principalmente o que eu e ela tivemos.      

— Louis, você não está nada bem…     

— Estou ótimo, Jane — afirmei, depois de limpar o meu rosto mais uma vez. — Não vamos ter nenhum acidente de novo, não se preocupe. 

Assim, entrei na BMW e ela fez o mesmo. Jan e o seu bebê foram o que mais me fizeram ter o foco na estrada, caso contrário eu seria capaz de bater com o carro de novo, devido aos pensamentos. Eu a deixei em casa sem conseguir falar mais nada, depois fui embora dali tentando colocar na cabeça que não poderia ficar pior.

Quando cheguei em casa naquela quarta-feira, encontrei Maggie lavando algumas louças na cozinha. Ela estava vestida como se fosse sair, mas não precisei perguntar nada, porque estávamos próximos de julho e aquilo significava férias para todo mundo.     

— Eu não estava com muita criatividade, querido — disse ela, enquanto eu me colocava a vasculhar as panelas, por não ter o que fazer —, então fiz apenas macarronada e um molho sugo.     

— Eu gosto disso.     

— Provavelmente vou terminar antes que você desça — comentou Maggie, com um ar triste. — Vou sentir saudades, querido.    

— Vou mesmo ficar um mês sem ver você? — perguntei, tentando quebrar o gelo. — Isso soa muito mal, Maggie Moore, já pensou nisso?     

— Tem razão — concordou ela, dramática —, mas você entende as leis, certo?     

— Será que você poderia me fazer um favor antes de ir para as suas merecidas férias? — perguntei, ao ver Neil aparecendo ali para se esfregar nas minhas pernas.     

— Claro, o que foi?      

— Pode levar Neil junto com você? — Depois de perguntar aquilo, Maggie me olhou e ficou confusa. — Então, quando as suas férias acabarem, você o traz de volta, ‘tá bom? Se ele está aqui agora, é porque fui um idiota ao aceitá-lo. Tenho que pagar pelas minhas atitudes.     

— Mas ele é da…     

— Eu sei de quem ele é, Maggie — lhe interrompi, desejando não ouvir aquele nome. — E ele também foi abandonado por ela. Mas esses dias eu não estou com paciência pra cuidar de ninguém, você entende?     

— Mas…     

— Por favor — implorei, e imaginei que eu seria capaz de me ajoelhar caso fosse preciso. Neil não tinha culpa de nada, é claro, mas ele me lembrava exatamente quem eu queria manter longe. — É só durante um mês, eu pago depois.     

— Ah, Louis — Maggie suspirou e se aproximou, a fim de colocar as mãos envolta do meu rosto —, não seja bobo, você não precisa me pagar. Eu gosto do Neil tanto quanto gosto de você.      

— Obrigado.

Ela riu, me deu um beijo na bochecha e me abraçou.      

— Volto no fim de julho — avisou, após um suspiro —, então não vai demorar tanto tempo assim. E — Maggie me olhou, meio triste —, seja o que for que estiver tentando fazer ao afastar o pobre Neil, tenho certeza de que não vai dar certo.      

— Obrigado por me dar confiança — ironizei, depois de revirar os olhos. Mas eu não a culpei, afinal, ela tinha razão. Eu só não queria ouvir.     

— Eu conheço você, docinho. Sobe pro seu quarto, toma um banho e depois vem aqui comer — mandou e em seguida me soltou. 

Obedeci e, como previsto e dito, quando voltei ela já não estava mais lá, nem o Neil. Eu estava sozinho e com certeza não aguentaria aquilo por mais seis horas, que era quando a minha mãe chegaria.

Foi isso o que me levou a encher a cara naquele dia, porque me agarrei à ideia de que eu esqueceria todos aqueles problemas. Comprei duas garrafas de vodca e algumas de cerveja. Naquela ida à loja de bebidas, também resolvi trazer um maço de cigarros. Ao chegar em casa de novo, não senti vontade de comer, só o que eu queria era esquecer tudo rapidamente. Caso eu entrasse em coma alcoólico, seria só mais um bônus. 

Logo, pus as garrafas na geladeira e trouxe uma comigo para a sala de estar. Pus músicas que eu gostava, aumentei o volume do aparelho de som, coloquei o líquido transparente em um copo, bebi tudo sem intervalo nenhum e depois acendi um cigarro.

Todo aquele ritual demorou tempo suficiente para que eu não tivesse mais noção das horas após o décimo copo, onde eu decidi beber da própria garrafa. E a merda daquilo tudo era que, quanto mais eu bebia, mais eu me sentia um lixo. E, consequentemente, várias imagens de uma Taylor Hampton enchiam a minha mente.

Qual era o problema daquela bebida, afinal? Era possível eu estar bebendo algo fora da validade? Não era possível, não, mas era o que parecia, porque não surtiu o efeito que eu desejei ao gastar o restante da grana daquele dia com aquela bobagem. Por isso, irritado, joguei a garrafa seca na parede, fazendo vários vidros voarem pela sala de estar.     

— Louis? — ouvi alguém gritar, assustado. Eu quase não tinha mais sentidos devido ao álcool, mas deduzi que a pessoa gritava por causa do volume exagerado do aparelho de som. — Meu Deus, qual é o problema? 

Um silêncio surgiu e eu resolvi cair no sofá, incapaz de me manter de pé. Olhei para a pessoa que havia abaixado o som e vi um cabelo ruivo flutuar pela sala.

Imaginei que fosse Marly.      

— O problema é ela — falei, sentindo a língua meio presa. — É isso aí! — Me ajeitei no sofá, a fim de soar mais claro. — Ela é o problema de tudo!      

— Droga, Louis — resmungou Marly, sentando ao meu lado —, você tem tanto, por que está se rebaixando desse jeito? Olha isso, bebeu uma garrafa inteira e ainda fumou quatro cigarros!...     

— Eu poderia ter fumado mais — falei, com um sorriso que eu não tinha vontade nenhuma de dar —, mas não consegui acender o isqueiro, sabe?     

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou ela, e então senti seus os dedos acariciarem a minha nuca. — Ou você simplesmente explodiu?     

— A segunda opção — murmurei, fechando os olhos ao gostar daquilo que ela fazia em mim. — Eu achei que poderia esquecer, mas essa merda de bebida não ajudou em nada. — Levantei dali, meio tonto, e virei as costas para Marly Cooper, sentindo que aquelas malditas lágrimas viriam de novo. — Agora sou eu que odeio a Taylor! E eu queria dizer isso bem na frente dela, mostrar um pouco de dignidade também, porque eu não quero que ela pense que eu vou sofrer por causa dela e do que ela me fez. E também quero dizer que ela não tem a porra do direito de entrar na minha cabeça desse jeito!      

— Bebidas não podem ajudá-lo nisso, mas eu posso fazer isso pra você — falou Marly, e percebi que ela já estava bem atrás de mim. Talvez ela até tivesse falado outra coisa, na verdade, já que tudo o que eu lembrava nitidamente eram as palavras que ela destinou para Taylor segundos depois.      

— O quê? — perguntei, me virando para Marly.    

— Eu não sabia o que ela pretendia, portanto também estou chateada — disse ela, um tanto perto demais. — Achei que, caso ela pensasse em algo assim, iria pedir a minha ajuda. Mas não, Adrian pareceu uma opção melhor. — Tentei me afastar após ouvir aquele nome, mas então senti as mãos da Marly envolta do meu rosto, um tanto frias. Ou talvez estivessem no meu pescoço? — Você não sabe o quanto eu estou irritada pelo que ela fez com você — continuou, quase me distraindo com as carícias que me fazia com as unhas. — Eu não seria capaz de abandoná-lo como ela fez. 

Fiquei atordoado com as suas palavras e não consegui ter reação alguma. Eu estava tão bêbado, que não sabia se aquilo era apenas coisa da minha cabeça.    

— Não quero que você sofra por ela, Louis — prosseguiu Marly, um pouco mais baixo —, então me deixa te ajudar? — Em seguida, ela se aproximou o bastante para me beijar. A primeira reação que eu tive foi afastá-la, é claro, algo por puro instinto.      

— O que está fazendo?       

— Eu só quero fazê-lo feliz — respondeu ela, aproximando o rosto novamente e beijando o canto da minha boca.     

— Eu acho que não é uma boa ideia... — foi o que eu disse, mas eu não tinha forças para mais nada. Eu estava ali falando e a detendo, mas eu tinha consciência do que aconteceria logo em seguida.      

— É sim, você vai ver.

Então ela me beijou e eu não a impedi. 

[…]

No outro dia, acordei sentindo uma dor de cabeça tão grande, que mal tive paciência para pensar em qual dia da semana estávamos. Eu não tinha mais sono, porque provavelmente havia dormido antes mesmo de anoitecer, mas enrolei um pouco na cama antes de levantar. 

Quando aquilo aconteceu, percebi que estava sem roupa alguma, o que não era um bom sinal. Mas sem pensar em nada (e com bastante cautela), fui até o banheiro. Fiz o que tinha que fazer, tomei um banho e escovei os dentes. Em seguida, voltei pro quarto, vesti uma cueca e, sem que eu percebesse, alguém se aproximou de mim.     

— Bom dia — disse ela, depois de me dar um beijo na bochecha, toda entusiasmada. — A sua mãe é incrível, conversamos bastante.     

— Marly? — perguntei, atordoado. — O que… — Não continuei, afinal, era muito óbvio. Com o banho, a dor na cabeça já havia diminuído. Eu ainda tinha náuseas, mas dava pra pensar melhor (e lembrar de certas coisas do dia passado). Um completo descarado, aquela era a descrição que eu tinha para mim mesmo.     

— Qual é o problema? — ela quis saber, depois que soltei um palavrão enquanto procurava roupas limpas.      

— Não me leve a mal — eu disse, me vestindo rapidamente —, mas o que aconteceu ontem não deveria ter seguido adiante. Desculpa...     

— Eu sei o que você ainda sente, Louis — falou Marly, pondo uma expressão séria —, e eu não ligo. Nós dois podemos resolver isso com o tempo.     

— Você fala como se fosse fácil — reclamei, saindo de perto dela já devidamente irritado. Talvez o que eu precisasse fosse aquilo, mas não era nada do que eu queria.     

— É fácil, você só precisa deixar acontecer.     

— Vocês duas eram amigas, então como?... — Fiquei analisando o rosto dela, muito confuso. Não era algo que os amigos faziam.     

— Ela nos deixou — Marly me lembrou, ficando bem na minha frente. — Eu disse antes a você que ela não estava preparada para um relacionamento como esse, falei que você não merecia nada disso. E você não merece. Sei que quer esquecer, Louis. E…, nós éramos amigas, sim, mas aconteceu que eu me apaixonei por você.

Fiquei frustrado, é claro, porque aquilo era algo que eu menos queria na minha vida e por isso deixei claro pra ela antes. Foi por isso que existia todo aquele alarme quando ela estava por perto, e eu busquei evitar tanto contato com ela justamente para barrar aquele acontecimento. 

Mas não deu certo.     

— Droga, Marly...

Bufei e então sentei na cama.     

— Eu não pude evitar, acredite — murmurou ela, mas não parecia nada envergonhada. — Você sabe que não dá pra evitar esse tipo de coisa.     

— E é desde quando?      

— No supermercado, quando você apareceu para ajudar a Carly. — E não pude deixar de olhar para ela, afinal, aquilo era tempo demais.     

— O quê? — Era impossível não ficar irritado com a situação. Levantei e passei a andar de um lado pro outro, pensando no que fazer. Talvez me afastar mais ainda?     

— Não sei por que você reagiu assim — disse Marly, muito calma. — No fundo, você também sabia que isso acabaria acontecendo.     

— Na verdade, eu desejava totalmente o contrário — lhe corrigi, muito claro e sério. — E você tem a consciência do porquê. Taylor e eu estávamos…     

— É, vocês estavam — ela me interrompeu, me deixando mais desconfortável. — Não estão mais, e por isso deixei que aquilo acontecesse. Ela foi embora, Louis.     

— Eu sei — resmunguei, e então fitei Marly —, mas não estou pronto pra nada novo, eu preciso de tempo. Taylor e eu… é algo recente ainda…     

— Você só vai saber se está pronto ou não se tentar — insistiu Marly, enquanto ficava na minha frente mais uma vez.     

— Ainda não entendo como você suportou tudo isso — comentei, atordoado. — Você era amiga dela e nos via juntos. Falamos muitas vezes dela e dos meus sentimentos.     

— Eu não sou uma má pessoa — murmurou, meio cabisbaixa — e eu estive lá com a Taylor apoiando vocês dois. Falei o que eu pensava sobre as atitudes dela, que ela não poderia continuar agindo daquela maneira e muito menos escondendo sobre as drogas. Eu fiz tudo o que eu pude, mas olha o que aconteceu, olha o que ela fez com você! Ontem você bebeu muito — Marly me acusou levemente — e chorou por causa dela. Como acha que eu vou me sentir?    

Eu sequer sabia o que falar.     

— Eu não sou uma pedra — continuou ela, cruzando os braços — e não quero vê-lo sofrendo assim. Eu sei do que você precisa e eu sou capaz disso. — Logo tirei os olhos da Marly e resolvi ganhar tempo olhando através da janela.    

— Taylor sabia que você sentia isso por mim?    

— Provavelmente sim, mas ela não quis enxergar — respondeu Marly, sem hesitar. — Taylor estava preocupada demais consigo mesma.     

— Não quero que você perca o seu tempo comigo — falei, voltando a fitá-la. — Estou dizendo isso porque não sei se consigo esquecer o que passei com ela tão rápido assim. Talvez isso nem venha a acontecer, na verdade — acrescentei, quando Taylor surgiu na minha cabeça de repente, com aquele seu sorriso tímido.     

— Eu sei com o que estou lidando, Louis.

Depois daquilo, eu já não tinha mais palavras para fazê-la desistir da ideia. Ainda era estranho o que Marly disse sobre estar apaixonada por mim, mas tentei me colocar no lugar dela. Eu estava irritado e magoado demais com Taylor para me importar com o que ela sentiria caso soubesse que Marly e eu estávamos tentando construir alguma coisa. Provavelmente daria de ombros, assim como fez com os problemas que vieram bater de frente com ela. Ou talvez até ficasse mal, mas apenas porque iria perceber que eu não era mais idiota o suficiente para continuar choramingando por aí.

Nada daquilo importava, na verdade. Eu não ligava mais para o que ela sentia ou deixava de sentir. Ela poderia ser feliz com Adrian Carrington, se quisesse. Poderia até morar com ele pelo resto da vida, aliás.

Depois de um tempo, Marly disse que aceitaria qualquer decisão minha sobre nós dois. A única coisa que ela pediu, no entanto, foi para que eu não me afastasse e que continuássemos tendo o mesmo contato de sempre. Eu não achei nada de mais, por isso apenas assenti com aquela ideia.

Assim que ela se despediu de mim naquele dia, avisou que iria nos Hampton. Eu não falei nada, apenas dei de ombros. Eu não estava a fim de uma sessão de lamentações com a Sra. Hampton, já que o rosto dela me lembrava a Taylor. E, mesmo que a Sra. Hampton não tivesse essa culpa, só o que eu queria naquela quinta-feira era beber mais e fumar alguns cigarros.

E fiz aquilo trancado no meu quarto. 

Mamãe quase enlouqueceu querendo entrar e falar comigo, mas não deixei aquilo acontecer. Me embriagar era o meu único objetivo, talvez me martirizar pensando no que eu poderia ter feito de diferente e mutilar a mim mesmo pensando mais ainda em Taylor.

No domingo, resolvi ir até os Hampton, porque aquilo era mais forte do que eu. Mamãe e Maggie resolveram ir comigo porque queriam prestar apoio. Tânia tinha decidido falar para a polícia sobre o desaparecimento da Taylor, mas omitiu sobre ela estar usando drogas. Ela não ligou muito para o que Tiago havia dito antes, na verdade, apenas queria a filha de volta.      

— Isso me atormenta todo o dia — comentou ela, sentada em um dos sofás ao lado do Sr. Roberts. Todos estavam ali: mamãe, Maggie, Jan, Tiago, Jack, Marly, Naiara e até mesmo Claire, que tirou uma folga para saber de toda aquela história.     

— Não acho que ele possa ser capaz de fazer mal a ela — falou Jan, tentando ajudar. Fiquei desconfortável ao lado da Marly, mas resolvi ficar calado. — Eles eram amigos e tudo o mais, acho que está tudo bem.

Eles eram amigos… 

Ouvir aquilo foi o meu limite e eu logo sai dali, a fim de respirar um pouco fora de casa. Marly me acompanhou e ficou próxima de mim no carro. Resolvi fumar um cigarro e fiquei calado, observando o tempo e sendo observado por Marly, que parecia analisar cada gesto meu.     

— Isso logo vai passar — disse ela, de braços cruzados. Não acreditei naquilo, mas também não falei nada. Por isso, Marly pareceu não ficar satisfeita e se aproximou o suficiente para puxar o meu rosto. Eu estava tão robótico naqueles dias, que apenas fiquei ali olhando pra ela. — Sei que está se sentindo péssimo, Louis — falou, bem séria enquanto acariciava o meu rosto. — Quero que saiba que eu estou aqui por você e também que, caso queira, vou fazer o que você quiser. É normal se sentir assim, então só aguenta mais um pouco até que tudo melhore. Se eu pudesse, fazia tudo melhorar agora, mas infelizmente eu não posso.

Ela parecia decidida e muito categórica. Marly só estava querendo ajudar, mesmo que eu não conseguisse acreditar nas suas palavras, porque, pra mim, tudo estaria como está agora: sendo nada. Não importava quanto tempo passasse, na minha cabeça nada iria melhorar.   

— Obrigado, Marly — eu disse, mas era só porque ela estava ali tentando fazer alguma coisa. Marly então deu um sorriso triste, um beijo na minha bochecha e me abraçou.

Ficamos ali durante alguns segundos, até que ouvi alguém pigarreando. Marly me soltou e então eu vi Jane se aproximando de nós dois, o olhar atento e também desconfiado.     

— Eu queria saber se estava tudo bem com você — falou ela, a voz firme. — O que está pensando?   

— Vou deixá-los sozinhos — avisou Marly, e depois saiu dali, com toda aquela sua gentileza e simpatia ao extremo.     

— Sim, estou bem — falei, desviando os olhos dela e me apoiando no carro, depois de jogar o cigarro no lixo. — Alguém lá dentro voltou a chorar de novo? Ou estão me chamando? 

Não consegui evitar o sarcasmo.     

— Quando começou a fazer isso, Louis? — perguntou, e precisei olhar para ela a fim de entender do que estava falando. Era sobre o cigarro.     

— Isso não tem importância — eu disse, prestando mais atenção em uma das árvores que estavam ali do que em qualquer outra coisa.     

— Mas você não usa isso desde os seus catorze anos!          

— Me deu vontade — resmunguei, dando de ombros. — É o que está ajudando a diminuir o estresse, se quer saber. Pelo menos eu ainda não me joguei de uma ponte.     

— Você não é assim…      

— Me deixa em paz, Jan!     

— Por que está me tratando desse jeito? — jogou ela, a voz embargando. Eu não queria descontar a minha raiva nas pessoas, ainda mais na Jan, mas tudo o que eu queria era ficar sozinho e ela estava ali, com a intenção de falar sobre algo que eu não queria falar. — Eu não tenho tanta culpa assim por ela ter ido embora, 'tá bom?!     

— Quer saber? Não ligo mais pro que ela fez ou deixou de fazer. Será que poderia não falar mais nela? Eu não quero saber de mais nada, Jane. Não quero saber se ela está bem e muito menos se vai voltar. Todas aquelas pessoas lá dentro estão sendo um bando de idiotas agindo daquele jeito, e eu não vou continuar fazendo parte disso.     

— Louis! — Jane estava perplexa e depois começou a chorar, mas não me arrependi de falar aquilo. Se ela queria conversar comigo, precisava ouvir o que eu sentia. — Não diga isso.     

— E não é a verdade?     

— Eu sei que você também se preocupa!        

— Mas vai ser por pouco tempo, entendeu? — revidei, me aproximando mais dela parar soar claro nas palavras. — Eu não vou esquecer o que ela me fez…, não vou.     

— Eu também estou irritada, mas…     

— Eu só continuo aparecendo aqui, Jane — lhe interrompi, após respirar fundo para tentar me acalmar —, por causa da Tânia. Mas, assim que toda essa merda passar, eu vou me esforçar para não ter por perto qualquer coisa que me lembre ela. Provavelmente é o que ela quer, não é? Eu serei apenas compreensivo.

Jane ficou calada durante alguns segundos e limpou os olhos, buscando parar de chorar. Quando aconteceu, ela respirou fundo e assentiu, como se finalmente entendesse o que eu estava querendo dizer.   

— Tem razão, ela não merece a atenção de nenhum deles — murmurou, meio triste. Não falei mais nada, só me apoiei no carro de novo e fitei a mesma árvore que havia observado segundos atrás. — Tem alguma coisa pra me dizer? — perguntou Jane, me analisando.     

— Como assim? — perguntei, sem entender.   

— Marly — falou, como se me desse uma dica. Logo fiquei desconfortável e evitei os olhos dela. — O que foi aquilo agora pouco?    

— Nada.     

— Louis, eu não sou idiota, sabia? — disse Jane, depois de revirar os olhos. — Dá pra perceber que tem alguma coisa acontecendo entre vocês dois.

Era Jane Collin quem estava ali, ela era observadora demais e conseguia perceber coisas mais do que qualquer um. Eu não poderia mentir sobre Marly Cooper e nem queria ter que falar que eu e ela transamos. Eu me sentia envergonhado, mas Jane não me deixaria em paz nunca, principalmente por perceber que eu estava escondendo alguma coisa.     

— Nós... 

Travei, é claro, depois olhei para ela, tentando contar tudo através do olhar. Jane logo entendeu e pareceu chocada.     

— Você deve estar mal mesmo, hein? — acusou, depois de algum tempo digerindo aquilo. — Como assim, Louis?!     

— É melhor não dizer nada antes de saber o que aconteceu — alarmei, meio ofendido. — Nós... Foi na quarta-feira, eu voltei pra casa, comprei algumas bebidas, esqueci que era dia de dar aulas pra ela e... bom, eu não lembro de muita coisa, na verdade.      

— Minha nossa — arfou ela, buscando respirar. Jane parecia pensar em muitas coisas ao mesmo tempo. — Marly sabe que Taylor ama você, então como pôde fazer algo assim?     

— Taylor não me ama — falei, e era mais difícil ainda dizer aquilo em voz alta. Eu me sentia traído, porque ela sempre disse que me amou, mas na verdade era mentira. — Marly sabia disso. Acho que todos sabem, na verdade, ou sabiam. Eu não quero saber e também não ligo.     

— Mas mesmo assim!     

— Taylor pôs um ponto final na gente antes mesmo de sair correndo daqui — joguei, dando de ombros —, nós dois não temos mais nada.     

— Então você e Marly estão juntos, é isso?     

— Não!, eu não sei se estou preparado pra esse tipo de coisa mais uma vez. Eu sei que é o que ela quer, mas eu não tenho certeza se é o que eu quero

[…]

Mesmo que eu tentasse, ficar longe da família Hampton era difícil. Fiquei afirmando para mim mesmo que as visitas eram somente pela Sra. Hampton, que continuava péssima e sem notícias da filha. Eu não poderia ser egoísta, por isso deixei de beber tanto como estava fazendo e busquei dar o meu apoio. 

Eu me preocupava com eles e por isso não os abandonaria como Taylor havia feito. Nos outros dias, criei um padrão de atenção perante a família Hampton, indo vê-los à noite e perguntando como estavam. No decorrer dos dias daquela semana – e do começo de julho –, vi o semblante de cada um mudando aos poucos, saindo da tristeza e indo até uma espécie de aceitação. Eles já agiam normalmente, voltando a viver como viviam antes, apenas com a diferença de que não havia mais uma Taylor ali.

A Sra. Hampton continuou obtendo a ajuda da polícia e, pelo que eu ouvia às escondidas, se consolava ao imaginar que “o garoto que fugiu com Taylor”, mais precisamente Adrian Carrington, não era uma má pessoa e que cuidaria dela. Eu sentia ânsia ao ouvir aquilo mas, quanto mais o tempo passava, mais eu sentia a necessidade de obter alguma informação, de saber se Taylor estava bem mesmo com Adrian Carrington. Eu me irritava comigo mesmo, mas o que mais eu podia fazer? Cruzar os braços e ficar longe dos Hampton estava fora de questão. 

Tânia passou a dar mais atenção para o seu casamento e a casa agora tinha aquele ar de que as coisas seguiam o seu fluxo habitual. Na maior parte do tempo, como Jane me falava, amigas do trabalho da Sra. Hampton passeavam por ali e a ajudavam com os preparativos da cerimônia, que ocorreria dali a seis meses. 

À noite, no entanto, quando ela achava que ninguém estava olhando, eu via uma sombra estranha e melancólica pelos seus olhos. E então, quando alguém chamava a sua atenção, ela colocava um sorriso pequeno nos lábios.

Após aquelas minhas idas padronizadas (com perguntas padronizadas), eu voltava para a minha casa com Marly, que andava tão íntima dos Hampton quanto qualquer um. Eu e ela não começamos nenhum relacionamento, mas ela insistia em me fazer companhia.     

— Você tolera muitas coisas, não é? — perguntei, enquanto a observava cozinhar alguma coisa para nós dois.     

— Como assim?      

— Estou péssimo — a lembrei, muito óbvio —, e não sei como você consegue passar tanto tempo comigo. 

Depois de eu falar aquilo, Marly me olhou, um tanto cautelosa. Só que não demorou para ela me dar um sorriso e se aproximar mais.     

— Eu gosto de estar com você — respondeu, agarrando a minha mão. — Você não imagina o quanto, é algo que eu faço e farei sempre que eu puder.     

— Não minta — eu ri, até gostando das suas palavras —, eu sei que isso está sendo uma das coisas mais entediantes que você já fez na vida, Marly.     

— Os meus dias de tédio já se foram — falou ela, me encarando com uma intensidade que eu fui incapaz de ignorar. — Eu já passei muito tempo sozinha e sei o que significa de verdade estar no tédio. Você não me deixa no tédio, muito pelo contrário.

Marly olhou para os meus lábios e depois me fitou de novo. Em seguida, ela me deu um outro sorriso, se aproximou o bastante para me beijar e eu apenas deixei acontecer.



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