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História Friends - Louis Tomlinson - 086. Deslealdade


Escrita por: sunzjm

Notas do Autor


P R E P A R A D A S ? (eu tava esperando MUITO pra postar esse capítulo, vdd)

Eu espero que gostem dele tanto quanto eu ❤ boa leitura 📑💘

Capítulo 86 - 086. Deslealdade


Fanfic / Fanfiction Friends - Louis Tomlinson - 086. Deslealdade

ALERTA DE GATILHO

TAYLOR

O mês e meio que se passou após a fuga da minha própria casa se arrastou como alguém entalado na lama. Era tempo demais e eu sabia muito bem daquilo. O problema era que, em determinado momento, percebi que eu já havia morrido. Por isso, estar se sentindo daquela maneira não me dava impulso para pensar e muito menos para agir.

Eu estava ali, mas não estava. As doses comigo me faziam companhia e era a única coisa que me importava, porque me faziam continuar aguentando a ausência de sentimentos e a falta da vontade de viver.

Os meus dias eram traduzidos em ficar sentada na frente da janela da sala enquanto ouvia o barulho da tevê. Assim, os meus olhos se perdiam no céu lá fora; às vezes, nos habitantes daquela região.

O silêncio absoluto preenchia a sala quando eu finalmente já não aguentava mais tantos ruídos de séries, programas de auditório ou filmes românticos. Era um mundo sem cor, uma vida que não era uma vida. E as nuvens flutuando lá fora eram o que me mantinham acordada, porque me informavam silenciosamente que o mundo continuava girando; que as horas, os minutos e os segundos ainda corriam, mesmo que eu estivesse meio morta e meio viva.

Aquela cadeira próxima da janela do apartamento virou o meu canto e foi lá que eu permaneci respirando e piscando. Talvez com os olhos molhados demais ou secos demais, estando total, completa e definitivamente drogada. 

E sozinha.

Até Adrian Carrington resolveu sumir durante aqueles dias. Eu quase nunca o via, apenas pela manhã, quando eu acordava com o som das panelas, com o cheiro do café e com a abstinência. O apartamento só estava servindo para acolhê-lo à noite, onde ele dormia no sofá da sala.

Eu sequer reclamava da falta de comunicação ou da atenção, porque havia um lugar para eu dormir, com comida, tevê e, principalmente, doses de heroína, que Adrian fazia questão de continuar trazendo. Pela manhã, sentindo dores demais para tentar conversar com ele, eu só via os saquinhos com pó sobre a mesa de cabeceira, à minha espera. 

Naquele dia, à noite, após me levantar da frente da janela e desligar a televisão, senti um desespero tão grande ao olhar para aquele espaço vazio, que me permiti não dormir até que Adrian pusesse os pés em casa. Tudo o que eu queria era um pouco de diálogo a fim de não enlouquecer, a fim de tornar as coisas menos piores, porque, mesmo sem motivação pra nada, eu tinha consciência do quão ruim tudo estava; de que eu precisaria mudar porque, caso contrário, eu acabaria sendo forçada a me jogar daquela janela.

Descobrir para onde Adrian ia todo santo dia era uma das minhas perguntas. Eu precisava saber com quem ele andava e o que ele estava fazendo – ou o que estava sentindo. Logo, me piquei e o esperei, voltando a observar pela janela.

A lua olhou pra mim, acompanhada das estrelas, e lá nós ficamos. Demorou tanto a chegada dele, que eu fui sentindo os meus olhos pesarem devido ao sono. Aquilo era um sinal de que eu precisava me mexer para permanecer acordada por isso, ao dar uma última olhada para aquela rua deserta, resolvi sair do apartamento.

Fulham era intrigante, mas também curiosa, portanto foi o bastante para que eu continuasse andando pela rua, procurando manter o meu cérebro ativo. Andei alguns quilômetros passando por becos sem saídas, alguns sem ninguém, outros com bêbados discutindo ou com prostitutas.

Em uma das vielas, algo me chamou mais a atenção e me fez parar de andar. Nem tão longe avistei uma garota sentada à parede suja. Ela era tão jovem quanto eu, usava uma jaqueta vermelha e uma saia curta o bastante para que vissem a sua calcinha. O batom nos lábios manchava o seu queixo e duas bolsas meio escuras se encontravam sob os seus olhos.

Mas nem era aquilo que me chamava a atenção ou me deixava desconfortável, e sim a visão do objeto na coxa dela. Era uma seringa, que já estava seca e enfiada na pele da jovem mulher, que parecia até estar morta. A garota estava muito pálida, mas tinha um sorriso de prazer no rosto.

Um homem também se encontrava ali, parecendo irritado e agressivo. Seus cabelos eram longos e deduzi que a sua ira era tão grande perante aquela mulher, que ele simplesmente não me viu ali observando tudo.

Ela parece com você, uma voz sussurrou na minha cabeça. Rapidamente senti um certo desprezo por aquela mulher e também por mim mesma.

Eu nunca me piquei na perna ou em qualquer outro lugar que não fossem os braços. Aquela mulher com certeza estava com algumas veias entupidas, portanto precisou se picar em outro lugar. O fato de recorrer a outras partes do corpo sequer me surpreendeu, porque a minha veia já havia entupido uma vez e precisei me picar no outro braço.

Contudo, durante a semana em que trancaram no meu quarto, fui medicada com anticoagulantes, o que possibilitou que o fluxo do meu sangue corresse livremente. Fiquei aliviada, é claro, mas voltei a me picar novamente no mesmo lugar, por isso poderia sofrer com aquilo de novo. A minha veia ainda não tinha entupido, mas com certeza não duraria tanto tempo para que aquilo acontecesse. Um dia eu estaria me picando na perna como aquela mulher e, quando as veias da perna entupissem também, eu precisaria mudar as injeções.

Só que onde?

No pescoço?!

Aquilo só me fez arregalar os olhos, então um medo logo se apossou de mim. Até que ponto eu iria? Eu chegaria àquelas condições?

Tive sorte naqueles dias, pessoas me deram drogas de bom grado, sem eu pedir nada em troca. Eu estava sem dívidas, então não me preocupei. Mas... e se o destino resolvesse tirar aquilo de mim? E se, por acaso, Adrian já não quisesse mais permanecer me dando as drogas? Como eu faria?           

— Ei, o que 'tá olhando? — o homem finalmente percebeu a minha presença ali e foi se aproximando, lentamente. — Quer um pouco também? — Ele riu, olhando para as minhas pernas. — Eu posso te dar uma grana, bebê, se quiser.

Não esperei mais nada, apenas corri de volta para o lugar que virou a minha casa. Quando cheguei, abrindo a porta desesperadamente com a respiração faltando aos pulmões, levei um susto ao ver alguém parado no meio da sala, com as mãos apertando as costas do sofá fortemente.

Ele me olhou.

E parecia puto da vida.     

— Mas onde você andou?! — perguntou Adrian, com os olhos vermelhos. Em seguida ele agarrou o meu braço, muito grosseiro. — Por que diabos saiu desse jeito, Taylor?     

— Porque eu acabaria dormindo de novo.     

— E não é o que você faz sempre? — revidou ele, muito óbvio. — Não é o que você deve fazer sempre?  

— Qual o problema de eu sair um pouco? 

Então ele me soltou e se virou, meio agitado.     

— Você não conhece nada daqui, muito menos as pessoas. Não pode simplesmente fazer um passeio sob a luz do luar — reclamou Adrian, depois de me olhar de novo. — Ainda mais que já passa da meia-noite.     

— Desculpa — murmurei, mas estava mais preocupada em não irritá-lo do que em fazer a coisa certa.     

— Me escuta — falou ele, muito sério e com o maxilar cerrado —, eu não quero que você saia daqui novamente, entendeu?     

— O que quer dizer com isso?     

— Não fui claro? — jogou, e então se aproximou o suficiente para deixar o rosto a poucos centímetros do meu. — Você não sai mais daqui.

     Fiquei assustada e um tanto nervosa. Ele parecia intimidante. Na verdade, parecia um outro Adrian desabrochando, bem ali na minha frente.     

— Você não pode me prender.     

— Não estou prendendo, é só um aviso. Eu sou o seu amigo, Taylor, e quero o seu melhor. — Adrian estava sendo tão artificial com as palavras, que eu não consegui acreditar naquilo. Percebi que eu não o conhecia, portanto aquilo me deu uma desvantagem. Eu não sabia o que ele poderia fazer, por isso decidi não contrapor.     

— Quero falar com a Marly — falei, de repente.   

— O quê? — perguntou ele, atordoado pela mudança brusca de assunto. — Por quê? Eu já busquei tudo o que você precisava...     

— Não é sobre isso, o que você trouxe esse tempo todo é o suficiente — expliquei, enfiando as mãos nos bolsos do casaco. — É só uma conversa, Adrian, faz um tempo que não sei nada sobre ela.     

— Sobre ela ou sobre Louis? — jogou ele, cruzando os braços em diversão. — Você não vai aprender nunca, não é mesmo, Taylor? — É claro que fui pega de surpresa, afinal, passei tempo demais sem falar ou ouvir aquele nome. — É claro que você quer ligar apenas pra saber como eles estão e como ele está... — provocou, já muito sério.      

— Não faz isso... 

A raiva só havia construído uma barreira contra a minha família, contra Louis e contra Jane. Era como se aquele sentimento ruim me fizesse esquecê-los. E toda a heroína também ajudava. Contudo, falando abertamente daquele jeito, era doloroso demais e frustrante. Eu ainda estava irritada, mas ficava mais irritada ainda por saber que eu sentia muito a falta de todos eles.

Por sentir falta dele.     

— Fazer o quê?      

— Jogá-lo pra cima de mim assim!... — exclamei, desabando em choro. — Eu não queria falar deles, não quero saber o que estão fazendo…     

— E o que você está fazendo esses dias? — jogou Adrian, se irritando novamente. — Nada, não é? Isso é o que você chama de ser forte? Que merda!, você só está ignorando o que sente. Quer enganar quem? Está sendo controlada por essa coisa que corre dentro do seu corpo, ainda tentando matar algo que não vai morrer, e isso é ridículo! Quer saber como eles estão por quê? O que isso vai mudar na sua vida? — E ele me pressionava tanto com as palavras, que acabou me deixando sem espaço. Só tinha o corpo dele na minha frente e uma parede fria atrás. — Só vai torturar a si mesma, Taylor, vai descobrir que eles estão lidando com isso melhor do que você, que se livraram de uma pedra no caminho. Eles se livraram de algo que os tirava o descanso. Eles esqueceram você — acrescentou, como um sussurro. — Louis já esqueceu.     

— Por que ‘tá fazendo isso comigo? — perguntei, triste demais para falar com a devida força e intensidade. — Por que me diz essas coisas?      

— Você precisa cair para se erguer e mostrar que pode  — falou ele, se afastando de mim. — Estou pouco me fodendo pro que ele sente, Taylor, mas, mesmo que eu esteja fazendo… mesmo que eu esteja fazendo algumas coisas, eu me importo com você. Eu disse aquilo para que você encare tudo de frente. Você não vai conseguir passar por isso se só ignorar, tem que suportar do jeito como tudo vem — continuou, depois acrescentou, com amargura: — Não consigo tolerar a fraqueza das pessoas.     

— Você não pode exigir isso de mim…     

— Só estou tentando ajudá-la — explicou ele, emburrado. — Sei que vou me estressar com isso, mas depois que tudo terminar…     

— Tudo o quê? — lhe interrompi, confusa.     

— Depois que tudo terminar, vou estar sossegado..., porque o peso na consciência vai ser bem menor. E talvez você consiga. Eu torço para que consiga. 

Aquela conversa cheia de facadas não continuou. Deixei a sala de estar e fui pro quarto, à procura de uma dose para dormir. Eu não queria pensar em nada do que Adrian havia dito, era doloroso ouvi-lo falar tudo de novo na minha cabeça.

No outro dia não acordei com o som de talheres ou de panelas. Naquele dia em específico, só a abstinência me despertou, o que me causou uma certa estranheza porque significava que Adrian havia saído mais cedo do que o normal e que, provavelmente, não tomou o café da manhã ali – talvez nem tivesse dormido em casa.

Depois de me picar para melhorar, fiquei observando o meu braço e lembrando da jovem que eu vi na viela. Ela lembrava o estado em que eu me encontrava, por isso uma sensação estranha começou a crescer no meu corpo, algo como a intuição.

Pela primeira vez estando drogada, consegui pensar claramente. Olhar no espelho e ver o entulho de ossos sob uma pele seca, pálida e sem vida se tornou normal. A morte que eu senti por dentro acompanhada do efeito da heroína me faziam fitar aquela imagem e não sentir absolutamente nada.

Nem tristeza.

Consequentemente, devido a falta de interesse pela minha aparência física, eu também esqueci do que Marly havia me dito quando me apresentou à heroína, há mais de quatro meses. Ela me disse e me mostrou o quão maravilhosa ela estava, que a heroína a ajudava a enfrentar as dores da vida e a brilhar como ela tanto brilhava.

Suas palavras eram mentiras, e eu percebi aquilo antes mesmo de fugir de casa. Só que as coisas aconteceram tão rápido, que eu sequer lembrei de acusá-la direito sobre o que ela fez. Eu me senti traída, porque uma parte de tudo já estava esclarecido na minha cabeça...

Saber que Marly mentiu me fez ligar várias coisas com várias outras coisas. Aquela primeira mentira sobre o "bem" da droga levava a todo o começo do fim na minha história, e aquilo ficou tão óbvio que eu sequer sabia o que falar.

Você é uma viciada em drogas, Taylor..." as palavras do Louis se apoderaram da minha cabeça. Eu era uma viciada em drogas, sim, e naquele instante aquilo ficou tão claro quanto o sol do verão.

Isso vai fazer mal, não entende? É uma coisa limitada, como um remédio, mas é algo ilusório, porque você acha que está bem, mas na verdade não está."

Algo ilusório.

Aquilo parecia ser uma palavra apropriada para a heroína. Ela realmente fazia a pessoa se sentir perfeitamente em paz, mas era tudo mentira, como uma máscara invisível. 

E foi o necessário para que eu me sentisse mais tola ainda naquele dia. O que eu vivi não passou de algo artificial, porque a verdade é que eu nunca estive bem depois que o meu pai morreu. A heroína só esteve me enganando...

Por isso tudo parecia piorar quando o efeito começava a ir embora. Por isso eu me sentia mais morta do que antes, depois da morte do papai. Por isso eu não me imaginava sem a droga, porque as minhas verdadeiras emoções ganhavam espaço no meu corpo e eu voltava a expulsá-las me picando novamente. Minhas dores ficavam afundadas no meu inconsciente, algo errado porque o que eu esperava era o contrário.

Quando Marly me drogou, eu me senti sendo erguida por uma mão gigante. Assim que senti aquele prazer falso me atingir, achei que fosse pra sempre, que as dores não voltariam. Mas o efeito terminou e eu me vi angustiada de novo. Só que aquilo não durou por tempo demais, porque Marly, mais uma vez, esteve lá para injetar aquela agulha em mim.

Então o prazer veio novamente.

Senti que aquilo era o certo pois me fazia bem, então por que parar? Logo, deixei que Marly me picasse pela terceira vez, mesmo sabendo que Louis não aceitaria quando descobrisse. Eu pensei primeiro em mim, achando que, quando melhorasse de vez naquela terceira picada, a minha família, Louis e Jan teriam orgulho de mim, por eu ter vencido aquilo bravamente e sozinha.

Portanto aquele bem surgiu ao me picar.

Só que naquela noite estranha, quando Marly dormiu junto comigo, a coisa ruim aconteceu: a crise. Minha primeira crise de abstinência, a qual eu não tinha conhecimento; a qual eu não imaginava que poderia voltar a acontecer sempre que o meu cérebro sentisse a falta daquela ligação química.

Aquilo mostrou que eu já estava viciada.

Acabei encolhendo ao lembrar do telefonema que Marly fez a alguém antes mesmo que eu passasse pelas dores naquela noite – a noite em que achei que finalmente as coisas iriam mudar para mim; que eu finalmente deixaria de choramingar pelos cantos.

Não está dando certo, já é a segunda vez e eu não vejo nada, ela continua do mesmo jeito" foram aquelas as palavras de Marly Cooper, depois de ter ficado nervosa por eu dizer que não queria mais continuar com aquilo.

Naquele dia achei que ela estava preocupada com a minha melhora, mas provavelmente ela estava falando com Phill, o traficante de drogas que talvez lhe disse que aquela seria a noite que eu precisaria para me viciar de vez.

E foi.

Pensando melhor e já sentada na cerâmica gelada do banheiro, a minha vida não melhorou em aspecto nenhum depois do vício. Na verdade, se tornou desgastante, estressante e depressiva. O luto por causa da morte do papai nem se igualava àquilo. 

O que eu ganhei com a heroína? Eu estava ali sozinha – drogada, sim, mas já não era mais a mesma coisa. Eu sabia o que estava acontecendo dentro do meu corpo, sabia dos efeitos ilusórios e tudo só fazia eu me sentir oca. Naquele momento, o prazer sujo que eu senti por tanto tempo já não existia. Não havia nada de bom a ser sentido, eu estava viciada naquilo e não ganhei absolutamente nada.

Um paradoxo, pois a única coisa ganhada ali foi a perda. Eu fugi de casa, abandonando a minha família, Jan e Louis, então me deixei ser levada pela ignorância e pela ingenuidade. E tudo porque fui fraca, como Adrian mesmo disse.

Eu estava sendo controlada. Na verdade, eu fui controlada, tanto pela heroína quanto pelas palavras bondosas de Marly Cooper.

Aquela manipulação absurda...

Era por isso que eu me sentia como uma marionete, porque estava dependendo daquela garota. Era ela quem me trazia as drogas, dizendo que eu melhoraria. E quem não queria ouvir palavras de confiança quando se estava na pior? Tudo o que ela falou me deu esperanças. Tudo o que ela me prometeu era bom. Tudo parecia ser a solução. 

E eu acreditei nela.

Mas pensar em quem foi a errada já não importava, afinal de contas, já estava tudo acabado. Ela não foi a esperta, eu que fui a tola. E eu estava longe dela agora. Marly estava longe e...

O meu coração apertou ao pensar naquilo.

Ela estava longe e com Louis.

Quase perdi o fôlego. Eu estava bem mais perceptiva naquela manhã, mas mesmo assim não cheguei àqueles pensamentos tão rapidamente, o que me deixou horrível. Eu sabia o que Marly havia feito comigo, mas por quê? Por que ela fez tudo aquilo?

Por Louis!

Ela planejou tudo aquilo e por isso se responsabilizou pelas ajudas. Fui incapaz de me manter calma, por isso passei a chorar e voltei para o quarto, sem conseguir parar de caminhar. Eu fui burra e simplesmente facilitei tudo para Marly.

Ela poderia estar naquele instante com ele, porque já havia se passado quase dois meses depois que eu fui embora. E ela poderia estar com ele. Era por isso que Marly sempre arranjava uma desculpa para Adrian dizer que ela não poderia falar comigo. 

O que eu estava fazendo ali, aliás?

Eu defendi Marly com todas as minhas garras, mentindo para as pessoas que eu amava, dizendo que ela não tinha nada a ver com aquilo, porque foi ela quem pediu para que eu mantivesse a boca fechada. E eu obedeci como um cachorrinho, sendo egoísta ao pensar no ganho dos malditos pacotes de heroína...

E Jane?

Ela me alarmou tanto sobre Marly, mas eu ignorei as suas palavras e duvidei da sua intuição. Ela estava certa. Sempre esteve, na verdade.     

— Droga — exclamei, caindo no chão devido ao ódio de mim mesma. Estava óbvio as intenções da Marly, e ficou mais óbvio ainda quando ela pediu para que eu terminasse com Louis. Ela sabia como eu era, porque me conheceu o suficiente para perceber as minhas fraquezas. Ela usou a minha insegurança contra mim mesma. 

Ela planejou tudo!

E se ela já estivesse com ele? E se ela conseguiu manipulá-lo assim como fez comigo? E a minha família? Todos estavam contra mim? Ela mentiu para todos e aumentou toda a história?

Passei o resto do dia chorando, sem sentir fome e nem forças para me levantar. Quando já havia se passado mais de quatro horas, o efeito da heroína saiu pelos poros da minha pele e eu me vi sem saídas. O fato de que eu me tornei uma viciada já era o problema em si e agora eu tinha a ideia do quanto aquilo me fazia mal. Portanto, eu não queria mais as drogas. Eu reclamei que vivi presa no meu próprio quarto, mas nada daquilo se comparava à prisão interna que havia dentro de mim. 

E eu não queria mais aquilo. Eu não queria mais estar presa a nada e nem me sentir sem opções. Eu não queria ter que ver que não havia mais caminhos para seguir, apenas uma parede me barrando de tudo. O problema era que..., como eu conseguiria sair daquela sozinha sem a ajuda de ninguém?

Lembrar do que eu passei dentro do meu quarto era doloroso demais. Como eu poderia passar por aquilo de novo? Provavelmente eu era a pessoa mais fraca de todo o planeta Terra, então como diabos eu conseguiria sozinha?

Resolvi que eu poderia tentar, então levantei do chão, busquei ter a força de Jane Collin parando de chorar e respirei fundo.

Respirei fundo...

Fechei os olhos e tentei ter o controle do meu corpo. Eu era a dona do meu corpo, portanto droga nenhuma teria o direito sobre ele.

No entanto...

Após os minutos se passarem, as dores aumentaram. O calor/frio se apoderou de mim, as coceiras vieram devido a ansiedade, comecei a me sentir um lixo e pensei que eu deveria morrer.

Não aguentei.

Eu precisava me drogar.

Procurei pôr na cabeça que aquilo ajudaria a me manter calma e com a cabeça no lugar, mesmo que fosse de uma maneira artificial. Então eu me droguei.

Acalme-se..., tudo vai melhorar.

E vai mesmo?

Esperei o tempo passar, comi qualquer coisa sem muita vontade e me vi andando de um lado pro outro, lentamente. Eu me xinguei de todos os nomes, me bati e puxei os meus próprios cabelos. Quando entardeceu, deixei de me martirizar e permiti que o ódio tomasse conta da minha alma. E era tanto ódio, que eu fui capaz de sentir um gosto de podre. 

Precisei ir ao banheiro a fim de vomitar na privada, lembrando do rosto de Marly Cooper. Aquele rosto acompanhado de um olhar bondoso, ao qual ela insistia em mostrar. Foi tudo uma farsa, porque ela me detestou aquele tempo inteiro e me esfaqueou por trás, querendo roubar Louis de mim. Provavelmente já estava até mesmo com a minha família em suas mãos.

Jane era a minha única esperança, porque ela detestou Marly aquele tempo todo. Mas... e se a Marly foi mais esperta do que Jane? Jane estava grávida, portanto poderia se sensibilizar com qualquer coisa dita por Marly e...

Certo, acalme-se!...

Jane não era tola como eu.

Pela noite, depois de relembrar várias vezes os momentos ruins (que antes eu deduzi serem bons) com Marly, alguém entrou no apartamento.

Levantei e vi Adrian.

Eu não sabia o que ele tinha visto mas, quando me olhou, pareceu intimidado. Depois a sua desconfiança foi o que mais marcou a sua expressão. Usei aquilo a favor de mim e falei, muito confiante:     

— Eu quero voltar pra minha casa, Adrian. — Assim, peguei a mochila que eu enchi com roupas e outras coisas que eu precisava, totalmente decidida. — Agora!


Notas Finais


E aí? O que acharam? O que acham que vai acontecer? O que o Adrian vai fazer? Será se ele tá do lado da Taylor ou não? Gostaram do ódio que agora ela passou a sentir da Marly (porque eu gostei)?

Talvez eu poste um amanhã. Vai depender de vocês.

Bjos, até logo 😃❤


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