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História Friendzone - O Sábado Sagrado


Escrita por: arrascaa

Notas do Autor



Capítulo 6 - O Sábado Sagrado


Pois a coragem cresce com a ocasião. - William Shakespeare

 

Sakura amava sábados.

Sábados eram sagrados. Um dia especial aguardado durante toda a semana, escolhido para ser o dia deles. Sasuke e ela o reservavam um para o outro. Muitas vezes, as grades horárias e rotinas não batiam. Sakura estudava em um curso de período integral, aulas pela manhã e pela tarde, além de precisar trabalhar dando as suas aulas no período da noite. A sua semana quase nunca era tranquila. Poucas vezes não possuía dias inteiros cheios, sem um espaço de descanso que não fosse para refeições. Conciliar um dia a dia assim com outra pessoa que também estudava em um curso bastante exigente, além dos treinos do time era uma missão impossível.  Não se  viam com frequência pela universidade, mas estavam a todo momento trocando mensagens. As suas conversas eram fixadas nos aplicativos um do outro. Mandavam fotos do que estavam fazendo, figurinhas ruins, emojis piores ainda, memes que lembravam um ao outro. Não ficavam sem se falar por mais de vinte e quatro horas, embora não houvesse a constante presença física. Então, desde que se tornaram calouros, fizeram o trato de guardar um momento para se verem, saírem e se divertirem juntos.

As saídas iam desde idas a parques, fazendo piqueniques, até ida a festas de caráter duvidoso. Saíam para cafés, lanchonetes, bares, muitas vezes com a participação especial de Ino e Naruto. Não importava se tivesse tido aulas horríveis, frustrações com matérias, estresse com professores carrascos, problemas com alunos de reforço complicados, desde que restaurasse a sua paz mental e de espírito passando o dia com ele. Conversavam sobre tudo. Reclamavam da vida, da faculdade, compartilhavam sonhos, medos, inseguranças. Sasuke a conhecia de uma forma tão assustadora que se perguntava se algum dia, conseguiria ter uma relação minimamente semelhante a deles. Uma que pelo menos chegasse perto a tanta cumplicidade. Sasuke a ouvia de uma forma que não se sentia ouvida por ninguém, nem mesmo por Ino, que era a sua pessoa favorita no mundo. Os olhos deles sempre ficavam atentos no rosto dela, e escutava cada palavra que saía da sua boca. Ele se interessava por saber de cada detalhe da vida dela, mesmo que fosse o acontecimento mais bobo do mundo. Não se sentia confortável em falar e se abrir assim com ninguém.

Sasuke era seu lar.

Até aquele verão.

Já tinha combinado com os pais que passaria as férias com eles, independente se fosse na antiga casa ou se fossem viajar. Naquela estação, ela ficou com eles onde sempre  viveu. Sentia falta dos bolos da mãe, do perfume docinho sentido quando ela lhe dava abraços de urso, do tapinha orgulhoso que recebia de seu pai, de seu sorriso sempre fácil. Não se importava em passar as férias com eles, tinham uma relação muito saudável e gostosa. A convivência era tão fluída que os dias passavam tão rápido que já via o semestre seguinte na porta. Além disso, ainda visitava a tia e madrinha, Tsunade. Talvez, Sakura tivesse herdado a maior parte da personalidade dela. A boca-suja, a confiança, o perfeccionismo, e até mesmo a escolha de curso. Amava visitá-la. Sentia-se renovada com a experiência e histórias da tia.

Ao contrário dela, Sasuke havia viajado com a família. Sempre viajavam para lugares chiques que Sakura nunca nem chegara perto de conhecer. Nas primeiras semanas, havia sido o de sempre: o contato virtual conseguia suprir momentaneamente a distância. Faziam ligações de voz, ligações de vídeo, contavam os dias tediosos que muitas vezes tinham, outros mais divertidos e animados. Contudo, com o passar do tempo, as mensagens de Sasuke se tornaram cada vez mais monossilábicas. Respostas curtas, secas, sem adição das expressivas figurinhas. Sim. Não. Ok. Até existirem dias sem se falarem, pela primeira vez durante a amizade deles. Sakura cansou de correr atrás, ou ficando no vácuo, ou recebendo o mais puro gelo.

Deixou para o semestre voltar para descobrir o que havia acontecido e se resolverem.

Mas nada se resolveu.

Tudo piorou em proporções inimagináveis.

Ele provavelmente deveria estar com a namorada vadia dele.

E agora, Sakura passava, sozinha, o pior sábado da sua vida.

Ino havia viajado com a mãe no dia anterior, então, seria somente ela o final de semana inteiro.

Já havia passado das três da tarde. Havia almoçado uma lasanha de micro-ondas, feito um brigadeiro para afogar as mágoas e estava deitada na sala, olhando para o teto, enquanto na televisão tocava a sua playlist de sofrimento. Era uma incrível mistura das músicas mais tristes e deprimentes do universo. Olivia Rodrigo, a sua favorita do momento, Ed Sheeran, Lewis Capaldi, Sam Smith, Lana Del Rey, Adele... Um dos seus maiores feitos no mundo era ter deixado uma reunião de canções como aquela como herança. Possuía mais de cem seguidores nela. Seu grande bebê musical.

Havia até cometido o erro de reativar sua conta do Instagram no dia anterior.

Existiam tantas solicitações de seguidores que quase desistiu. Mas estava tão entediada ao ponto de analisar uma por uma para deixar quem a seguia ou não. Sabia que a maioria era um bando de curioso à espera das próximas pérolas dela. As mais recentes viu de alguns membros da Akatsuki, como Konan, Deidara e Sasori. Sorriu, feliz com a lembrança do dia anterior. Konan era uma menina muito divertida e gostou realmente dela. Acolheu-a tão bem. Iria tentar manter contato ou uma amizade com a garota. Ela havia salvado sua sexta-feira à noite.

Nas recomendações de pessoas para se seguir, apareceu Itachi.

Sentiu-se uma boba sem saber se o seguia ou não. Ele possuía mais de dois mil seguidores e seguia umas duzentas pessoas. Totalmente desproporcional.

Clicou, sem pensar, no botão azul.

Foda-se, pensou.

Jogou o celular no sofá e ficou um pouco ansiosa em saber se ele a seguiria de volta. Era a coisa mais patética do mundo? Sim, mas era seu momento de diversão e ansiedade limitada naquele momento sem fazer nada.

O aparelho tocou, em som de notificação.

Leu a tela e viu.

Itachi Uchiha te seguiu.

De brinde, ainda ganhou uma mensagem no direct dele.

Abriu, curiosa.

@itachi.uchiha: apreciando a vista, menina maluquinha?

A audácia dele fazia seu sangue ferver.

@haruno.sakura: já que você também me stalkeou, achei justo fazer o mesmo

@itachi.uchiha: e gostou do que viu?

As suas bochechas queimaram. Meu Deus. Deveria ser impossível querer afogar uma pessoa que mal conhecia direito em uma piscina com ácido com tanta vontade.

@haruno.sakura: nada de impressionante, nenhuma foto sem camisa, esperava mais (carinha de tédio)

@itachi.uchiha: se isso é uma forma discreta de me pedir nudes, saiba que não sou fácil assim

Sakura riu. O que tinha de esperto tinha de idiota.

@haruno.sakura: você é um pateta.

Sakura mandou essa mensagem por último e ficou uns dez minutos sem resposta, até ouvir o celular apitar novamente.

@itachi.uchiha: fazendo o que? aterrorizando alguma pobre alma?

Revirou os olhos.

Abriu a câmera, tirou a foto da sua televisão tocando uma música da Olivia Rodrigo.

@haruno.sakura: apenas sofrendo ao som da melhor trilha sonora possível. e você?

@itachi.uchiha: parece muito promissor. estou tentando estudar para uma prova na segunda enquanto organizam uma super festa na casa.

Ele enviou um vídeo de uma escrivaninha repleta de livros empilhados, folhas bagunçadas e um notebook aberto em algum arquivo de texto. O som era alto, de coisas batendo e sendo arrastadas. Não parecia ser um bom ambiente para estudar para uma prova que seria em dois dias. A biblioteca da universidade estava fechando aos fins de semana para uma reforma. Uma pena para ele.

@haruno.sakura: problemas no paraíso… enquanto isso estou sozinha na paz de espírito do meu próprio apê.

@itachi.uchiha: fazendo inveja??? saiba que fiquei com bastante

Sakura deu um sorrisinho.

Teve uma ideia. Não sabia se era uma boa. Mas ultimamente não vinha pensando na qualidade de suas decisões de vida, apenas as realizando.

@haruno.sakura: se quiser, pode vir estudar aqui, desde que prometa ficar calado.

@itachi.uchiha: tá falando sério?

@haruno.sakura: eu tenho empatia pelo sofrimento universitário, até mesmo por você

@itachi.uchiha: isso não é mais um plano seu, certo?

Ele realmente achava-a uma doida.

@haruno.sakura: será? descubra.

Fez mistério propositalmente, desafiando-o.

@itachi.uchiha: manda o endereço.

Sakura enviou.

E finalmente percebeu a merda que havia feito.

Correu para o banheiro para tomar um banho.

Havia convidado Itachi Uchiha para a sua casa

 *~*~*

Sakura enquanto tomava o seu banho, pensou melhor. Chegou à conclusão que a carência e a solidão falaram mais alto que qualquer pingo de racionalidade. Estava sozinha em um sábado pela primeira vez em anos. Não estava sabendo lidar com essa sensação. Era auto suficiente, gostava da própria companhia. Em qualquer outro dia. Aquele, passava com pessoas, acompanhada.

E quando seu cérebro percebeu que o destino havia lhe concedido a chance de ter uma companhia, mesmo que fosse uma que queria esquartejar, não hesitou.

Estava consideravelmente desarrumada quando mandou a mensagem. Teve que tomar um banho rápido para desembaraçar os fios e ficar minimamente apresentável. Não se arrumou, nem nada do gênero. Não queria que ele pensasse que se arrumou toda para recebê-lo. Até porque nem se importava com o que ele pensava dela. Já tinha plena noção que ele a achava uma maluca varrida fissurada pelo irmão mais novo dele. A imagem dela já estava péssima mesmo. Vestiu uma roupa confortável. Uma  camisa de moletom e um short jeans folgadinho. Deixou os cabelos molhados mesmo. Estava um clima ameno, apesar de estar ensolarado, o vento que entrava pela varandinha do apartamento deixava o ambiente fresquinho.

Não demorou muito para a campainha tocar.

Foi sem muita pressa abrir e se deparou com um Itachi carregando uma mochila nas costas.

Estava vestido casualmente também. Uma calça jeans preta, uma camisa branca que deixavam seus braços à mostra pela primeira vez, vendo, finalmente, todas as tatuagens que cobriam a sua pele e uma correntinha prateada por dentro da roupa. O cabelo estava diferente. Não estava preso em um rabo de cavalo. Estava em um coque meio desleixado que deixavam alguns fios caindo. As unhas estavam pintadas de preto. E ele deu um sorrisinho sem mostrar os dentes quando a viu, também dando uma rápida analisada.

Era injusto demais como ele era bonito sem fazer o mínimo esforço para isso.

Ela deu espaço para ele entrar e ele passou pela porta, entrando no apartamento, observando atentamente o lugar.

Sakura fez questão de dar uma arrumada rápida. Às vezes, apareciam algumas roupas íntimas jogadas pela casa.

—  Então aqui é o seu covil, maluquinha?

—  Sim, e você veio diretamente para ele, está pronto para ser sacrifício humano?

—  Você é um doce de pessoa. —  Ele disse debochado.

— Digo o mesmo.

Não era um apartamento muito grande. A sala e a cozinha eram como um cômodo só, separadas tão somente por um balcão. Havia dois quartos, o dela, e o de Ino, que eram suítes. Era basicamente isso. A mesa de jantar era mais usada como decoração, ou de estudos. Sakura havia colocado o seu computador e seus livros lá. Decidiu que aproveitaria para estudar também, já que o período de provas dela também estava chegando, não era como se tivesse algo melhor para fazer. Sentou-se e apontou para uma das cadeiras vazias.

—  Pode sentar aí, tem tomada. — Ele assentiu, um pouco receoso nas ações que tomava. —  Pode deixar, não vou te matar, a não ser que faça barulho. —  Sorriu maldosa.

—  Não vou, maluquinha, obrigado pela ajuda. Vou ficar te devendo uma. —  Ele sentou na mesa a frente dela e abriu a mochila, também tirando as suas coisas.

—  Ah, você não deveria ter dito isso.

—  Vou me arrepender, não é? —  Fez uma falsa cara de assustado.

—  Sem dúvidas.

Sakura sorriu e ele também sorriu de volta.

*~*~*

A cabeça de Sakura estava latejando. Odiava do fundo do coração a ideia da matéria de morfologia. Era simplesmente um misturado de várias disciplinas. Enfiaram tudo junto e os alunos que se virassem para entender e decorar o necessário. Sem contar que o professor faltava uma semana sim, uma semana não, diminuindo mais ainda a quantidade de conteúdo ministrado. Um enorme "se vira". Pegou vários livros na biblioteca, assistia algumas vídeo aulas pirateadas e tentava estudar sozinha.

Não estava dando muito certo.

Nunca estudava em sábados.

Era como se seu cérebro estivesse a sabotando propositalmente, totalmente contrário à ideia de fazer esforço naquele dia.

Já estavam há horas ali sentados, estava perto de anoitecer. Vez ou outra acabava dando uma olhadinha para ver o que ele estava fazendo. Ele ora digitava sem parar, outra lia livros enormes, fazendo anotações e usando marcas textos. Parecia realmente concentrado nas suas tarefas. Cumpriu bem a promessa de não fazer barulho. Se Sakura não o olhasse, facilmente esqueceria que tinha uma companhia de estudos.

— Preciso tomar um ar. — Soltou repentinamente, mesmo que não devesse dar satisfação nenhuma sobre o que fazia na própria casa.

Levantou da mesa e caminhou até a pequena varanda do apartamento. Tinha uma cadeira de balanço em um canto, um bando de plantas que Ino tentava manter vivas e era isso. Apenas um espaço para respirar ar puro. Jogou-se na cadeira, suspirando.

Itachi a seguiu.

Também precisava.

Ele ficou de costas para ela e ficaram assim por alguns minutos, somente em um silêncio que não era perturbador.

Era calmo. Reflexivo.

— Talvez eu tenha algo a ganhar com essa loucura sua.

Ele quebrou o silêncio primeiro.

— E o que você ganharia com isso?

Estava curiosa. Não achou que ele fosse puxar um assunto assim tão curto e direto.

Pela primeira vez, viu uma nítida fraqueza nas expressões, no olhar e na postura dele. Sem se preocupar em não deixar transparecer cansaço ou melancolia. Sempre imponente, tão inabalável, ali estava um pequeno pedaço de um Itachi que, mesmo por poucos instantes, permitia-se ser vulnerável.

O sol estava se pondo. Raios alaranjados irradiavam diretamente sobre eles. Ele estava curvado sobre o parapeito. Percebeu o quanto ele era bem mais alto que ela. Mesmo naquela posição, ela ainda era bem menor. Itachi encarava a paisagem urbana a frente. Vários prédios, ruas pouco movimentadas, um simples comércio. Nenhum pouco impressionante nem nada muito bonito de se observar, mas ele parecia um tanto pensativo. Pode analisar melhor sua fisionomia. Os ombros eram largos e certamente definidos, assim como suas costas. Viu que na sua nuca também havia um resquício de uma tatuagem.

— O mesmo que você.

Sakura franziu o cenho, ainda sem compreender.

— Fazer ciúmes? — Brincou.

Ele sorriu fraco.

— Você deve o conhecer o bastante para perceber que ele não é meu maior fã. — Suspirou, parecendo procurar as palavras certas. — Eu também o amo, Sakura. Não foi uma escolha fácil me afastar do meu único irmão. — Viu de relance um brilho nos olhos dele e entendeu aquela dor. Sakura entendia como ninguém o que ele sentia no peito. Saudade de momentos que não voltariam, da companhia dele, de estar com ele. — Eu queria ter assistido seus jogos. Queria ter estado na sua formatura de ensino médio. Queria ter visto com ele a carta de aprovação na Universidade. Queria ter sido o seu irmão mais velho, como um dia fui.

Cada frase que saía da boca dele deixava o coração dela apertado. Nunca parou para pensar no lado dele. Sempre pensou que Itachi simplesmente havia agido como um clássico adolescente na puberdade, rebelando-se contra um pai rígido e ido viver em um mundo diferente das expectativas que impunham sobre ele, largando todo o peso nas costas do irmão mais novo. Pelo menos parecia ser a sensação que Sasuke transmitia, embora nunca falasse do assunto. Tudo que ela podia fazer eram suposições. Agora, sabia pelo menos parcialmente o lado do mais velho. Ele estava sendo sincero.

Não sabia o que dizer para consolá-lo. Era um beco sem saída aparente, um problema sem solução possível.

Ele estava desabafando com ela. Justo com a doida que estava o obrigando a fazer algo contra sua vontade. Provavelmente porque ele percebia que ela seria a única capaz de entendê-lo. Sentiam o mesmo sentimento, expressado e manifestado de um jeito diferente. O dela, o amor romântico, o dele, o amor fraterno.

Tentou amenizar o clima.

— Não acha imprudente contar isso a uma doida que conheceu há poucos dias?

Falou a que havia dado o seu endereço pra ele, pensou consigo mesma.

— Você é minha namorada, lembra? — Sorriu divertido, finalmente se virando para encará-la.

Sakura estremeceu levemente ao ouvi-lo dizer aquilo tão naturalmente, olhando no seus olhos diretamente.

Ele sempre encarava demais.

— Eu poderia contar para todo mundo.

— Você é maluca, não fofoqueira.

— Meu Deus, você tem sempre que dar uma de psicanalista e me desvendar? — Riu com a mania que ele claramente possuía.

— Faz parte de ser um bom advogado. — Deu de ombros.

— Fato, mas ainda não entendi o que você ganha com essa história. Provavelmente ele vai te odiar mais ainda.

Itachi suspirou mais uma vez.

— Ele não me odeia, ele simplesmente finge que não existo. Se ele começasse a me odiar, já seria um grande começo. — Itachi apoiou-se de costas para a varandinha, relaxado. — Sabe, é realmente foda a sensação dele me ver e agir como se eu não fosse o irmão dele. Me odiar pelo menos eu saberia que ele está sentindo algo, e o porquê. Pode não fazer tanto sentido, mas é um pequeno passo.

Sakura pendeu a cabeça para o lado, agarrando-se nas próprias pernas. De início, o que ele dizia não soava ter muito sentido. Até que ela pensou na própria situação. E entendeu perfeitamente.

— Acho que é um pouco parecido com o que eu penso, sabe? Desde que ele começou a namorar com a Karin, eu só recebi a mais pura indiferença. Ele não me respondia direito, e mesmo depois de eu descobrir tudo, ele nem tentou vir atrás de mim. — A sua voz transparecia exatamente a mágoa que sentia. — Ele nem tentou se desculpar. — Apertou levemente as mangas da blusa, tentando controlar a raiva que a assolava toda vez que pensava nisso. — Eu sei que você afeta ele. Já presenciei situações para ver o desconforto dele quando você é citado, principalmente quando comparam vocês dois. Por isso te escolhi. Provavelmente ele vai me odiar também por estar supostamente te namorando. Mas é melhor do que nada.

Itachi assentiu com a cabeça.

Talvez não fossem tão diferentes assim quanto pensava, embora as personalidades fossem um encontro um tanto conflituoso.

Ele continuava a encará-la, o que começava a deixá-la desconfortável.

— Quer tirar uma foto e emoldurar? — Ela provocou, mudando completamente o assunto.

— Quero. — Ele respondeu de supetão, surpreendendo-a. — Eu gosto de fotografias e eu estava pensando isso agora. Daria uma boa foto. A psicótica amargurada reflexiva ao pôr-do-sol, uma boa legenda, não acha? — Brincou.

Sakura quis socá-lo.

— Eu sei que sou linda, pode tirar. — Deu de ombros.

Itachi pegou o celular do bolso. Não achou que ele estava falando sério. Ficou com vergonha, mas tentou não transparecer. Estava vestida com roupas simples demais, sem um pingo de maquiagem na cara, e os fios estavam naturais. Definitivamente sairia mal nas imagens e ele realmente tirava fotos.

Ele fez alguma piadas ruins para que ela pudesse sorrir e se sentir mais confortável.

— Até que ficaram legais. — Ele chegou perto dela e agachou para que ela pudesse ver seu celular.

Sentiu o seu perfume mais forte do que nunca. Era uma mistura forte de menta e algum aroma de marca de perfumaria masculina. Ficou um tanto atordoada com o cheiro inebriante. Olhou para a tela e ficou em choque. Ele era muito bom. Achou que ficaria horrível, mas estava completamente enganada. Estava em uma posição que favoreceu as suas pernas, que brilhavam mais douradas que o normal pela luz poente do sol. Os cabelos estavam com um tom rosa diferente pelo alaranjado da luz. Os piercings do nariz e da orelha também se destacavam mais. Em algumas, parecia reflexiva, outras ria espontaneamente. Todas estavam lindas, realmente dignas de emoldurar e mostrar pro mundo inteiro. Ele captou cada detalhe dela.

— Ficaram incríveis. —  Sakura ainda estava boba se admirando. —  Me manda. —  No celular dele, abriu o discador e colocou seu número, salvando como Sakura e um coraçãozinho amarelo.

—  Isso foi uma forma também discreta de me passar seu número? —  Ele perguntou levantando a sobrancelha e ela empurrou o ombro dele.

— Idiota.

Ele se levantou e guardou o aparelho no bolso. Olhou para paisagem mais uma vez.

— Tá ficando tarde, acho melhor eu ir.

Sakura agiu impensadamente.

Mais uma atitude para a sua lista.

— Se quiser, pode ficar mais, eu ia passar a noite vendo um monte de filme ruim e pedir algo para comer.

Itachi parou para pensar por alguns segundos e ela quase se arrependeu de ter feito um convite tão indiscreto.

Não queria ficar sozinha aquela noite inteira.

Seria um mar de sofrimento.

Puta merda, odiava aquela sensação que a deixava tão irracional e emotiva.

— Ok, mas eu escolho os filmes e a comida.

Seu peito ficou quentinho com a resposta. Estava quase morrendo de vergonha e arrependimento.

Agora agradecia por ser uma cara de pau corajosa.

— Só um filme, e a comida vai ser um consenso nosso. — Cruzou os braços, decidida.

— Você seria uma ótima advogada. — Estendeu a mão para ajudá-la a levantar da cadeira.

— Eu sei, Michelle Obama ficaria no chinelo para mim. Já tive vários sonhos que eu acabava com ela em debates.

Itachi riu.

Deu uma genuína e gostosa risada que Sakura quis guardar dentro de um potinho. Se pudesse, teria gravado aquele som tão sincero e único.

Segurou a mão dele e ele a puxou para cima, sem precisar de muito esforço.

— Eu voto em pizza.

Itachi comentou enquanto iam em direção à sala. Ela começou a arrumar o sofá, que era daquele modelo cama. Puxou o resto dele e ficou bem maior e espaçoso para que coubesse tranquilamente duas pessoas.

— Ok, uma boa sugestão, mas eu escolho o primeiro filme.

— Isso soa uma opção muito ruim.

Ele comentou, mas ela já tinha sumido por um corredor. Voltou com um monte de travesseiros nos braços. Jogou tudo em cima do sofá e bateu as mãos, como se as limpasse. Ficou orgulhosa do improviso que fez. Itachi havia se sentado no braço do móvel e tirava o seu tênis para não pisar com eles no tapete que havia ali. Olhou pra obra que a garota tinha feito e se jogou em um canto, colocando os braços atrás da cabeça, como se estivesse se sentindo em casa.

— Folgado. — Sakura se jogou no outro lado do sofá com o controle em mãos e abriu a Netflix.

Era um perfil compartilhado dela e Ino.

Teve uma ideia.

— Me empresta seu celular desbloqueado.

— Nem ferrando.

— Empresta ou eu arranco suas bolas. — Ameaçou e ele deu o celular já com a senha colocada.

Abriu o instagram dele, na parte de stories e chegou mais perto no sofá ao ponto das pernas se tocarem. O pé dele estava de meia, bem maior, enquanto o dela era um pezinho descalço com as unhas feitas e umas miçangas no tornozelo. Na tela da televisão, estava escrito Netflix bem grande. Tirou uma foto dos pés lado a lado. Parecia aquelas imagens de Pinterest de casal.

Postou no story dele e devolveu o aparelho.

— Eu nunca posto nada, todo mundo vai achar estranho. — Ele viu o que ela fez e balançou a cabeça em reprovação.

— Você é meu falso namorado agora, precisa agir como um. Não podemos aparecer do nada namorando, temos que deixar no ar algumas coisas.

Itachi a encarou daquele jeito estranho e deu de ombros. Não gostava de aparecer nem se mostrar, mas ela realmente tinha razão. Não seria nenhum pouco convincente aparecerem do nada como um casal.

— O que vamos assistir? — Pegou uma das cobertas e se enrolou. Já estava bem à vontade.

Sakura sorriu daquele jeito diabólico que só ela conseguia.

— Surpresa.

Itachi a fuzilou com os olhos, já esperando a merda vir.

Sakura riu sozinha.

Seria um sábado diferente de todos os outros.

Pelo menos, mantinha a tradição dos sábados sagrados.

Agora, com uma nova companhia.


Notas Finais


MEU DEUS EU TO IMPACTADA COM OS 22 COMENTÁRIOS RECEBIDOS NO ÚLTIMO CAPÍTULO EU AMO VCS AMO ESSA FIC AMO ESCREVER É ISSO
Trouxe um cap mais curtinho e fluído PURAMENTE DE INTERAÇÃO ITASAKU ESPERO QUE AMEM tanto quanto eu amei escrever
As coisas vão começar a desenrolar e o caos tá vindo!!!
O que acharam desse dia deles em?
E o que será que vem por aí?
Algumas de vocês tem falado algumas teorias... gostando bastante, umas talvez até certas...
Comentem o que acharam e esperam! To amando ler todos os comentários!!
Agradecendo também a perfeita da @Tsuki-a por ter feito uma capa linda e incrivel pra fic! Gostaram?


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