História Gêmeos de Illéa - Ep. 6 - Príncipe Lucky

Eu andava cantarolando pelo castelo, nem o fato da minha irmã se casar com o babão me afetaria, a felicidade tomava conta de mim. Passei em meu quarto e arrumei meu cabelo, eu tinha uma entrevista a um programa que as garotas assistiam com muita frequência, pelo menos foi o que me disseram eles haviam me dito que fariam perguntas e a entrevista iria ao ar, eu fiquei animado, minha entrevista seria para as meninas de Illéa conhecerem um pouco mais do príncipe, claro que eu seria educado e todas essas coisas, afinal a propaganda é a alma do negócio. Eu vesti uma camiseta regata por baixo do paletó porque se tivesse uma oportunidade, queria mostrar literalmente um pouco mais do príncipe.

Saí do meu quarto cantarolando e fui até o grande salão, onde me informei que a entrevista seria feita em uma salinha, quando entrei fui recebido por muitos sorrisos, até os rapazes estavam sorridentes até demais para o meu gosto.

- Príncipe Lucky, é um prazer conhecer vossa alteza – disse uma mulher em cumprimento e ela me parecia familiar.

- O prazer é meu – eu disse e ela alargou o sorriso.

- Meu nome é Celine Castle e eu farei algumas perguntas para irem ao ar no programa de hoje à noite, aquele é Yuuky o câmera e aquele outro é Edyon o rapaz da luz, e Liadlin a garota da tomada, vamos começar? – ela disse e eu assenti.

- Claro... – eu disse tentando me lembrar de onde eu a conhecia.

- Tomada um, ação – disse a garota de nome estranho.

“Olá meninas do Illéa’s Teen, e para o quadro “Garoto gostoso“ de hoje, temos uma entrevista exclusivíssima, com ninguém menos que o rapaz do momento! O príncipe Lucky de Illéa – e ela fingiu passar mal – Um rapaz que é para lá de gato, um príncipe! Literalmente e estará disponível para qualquer garota de Illéa que faça sua inscrição e participe da Seleção, agora vamos conhecer um pouco mais desse bofe fantasia?” – ela disse para a câmera e então virou-se para mim

- Lucky Clarkson Schreave, como se sente tão próximo de começar a seleção?

- Eufórico, acredito que essa palavra descreve bem o que estou sentido.

- Ai meninas, viram só? Ele está eufórico para conhecê-las ahhhh – ela deu um gritinho e eu continuei sorrindo, mas pensei “como ela é besta!” - O que você espera da sua seleção?

- Espero encontrar a mulher dos meus sonhos – resolvi parecer romântico.

- Ai que fofo! E como é a mulher dos seus sonhos?

- Dizem que se você conta seus sonhos, eles não se realizam. Então eu não vou contar, mas quando a encontrar ela saberá – eu disse com um sorrisinho.

- Ai gente estou passando mal aqui! – ela brincou para a câmera e eu quase revirei os olhos - O que uma garota precisa ter para te deixar apaixonado?

- Eu não conheci muitas garotas – aí está uma mentira deslavada, mas eu sou realmente bom em mentir – Acredito que uma coisa que me atraí muito é caráter, um sorriso bonito, um cabelo bonito. Eu gosto de meninas que me fazem rir e com quem eu possa conversar sobre qualquer coisa – eu disse sorrindo, cara eu sou muito bom nessas coisas!

- Meninas um rapaz de família aqui em? Você prefere as loiras ou as morenas?

- Isso não importa, não tenho nenhuma preferência. O que importa é o que está dentro da pessoa – eu disse levando minha mão direita ao meu coração e ela deu um de seus chiliques, sério se eu já não fosse príncipe poderia ter uma boa carreira na dramaturgia.

- Pode me contar alguma curiosidade ou segredo que as meninas não saibam?

- Bom acredito que existem muitas coisas que as meninas não sabem sobre mim, mas acredito que a principal seja que procuro uma companheira, que meu coração está aberto esperando por alguém – eu disse olhando com cara de cão abandonado para a câmera o que fez todos suspirarem.

- Ai esse príncipe não existe! Mas me conte mais alguma coisa sobre você.

- Bom eu gosto de esgrima, gosto de comer tortas de morango, gosto de praticar esportes e bom... Creio que gestos são melhores que palavras, vou mostrar um pouco do príncipe – eu disse retirando, o paletó e a camisa, ficando apenas de regata, Celine fingiu um desmaio e eu ri.

- O príncipe é um bofe, gato demais, estou passando mal aqui – ela disse e eu me lembrei dela.

- Você esteve na seleção do meu irmão – eu disse a ela e ela sorriu.

- Sim estive, foi uma experiência única – ela disse.

- Bom diga as meninas o que fazer – eu sugeri e ela riu.

- Sejam sempre vocês mesmas e saibam que mesmo se não forem a garota que o príncipe escolherá, vocês sempre serão especiais – ela disse sorrindo.

- E que sempre terão um lugar especial em meu coração – eu completei e todos na salinha fizeram “own”.

“Meninas sei que queriam que a entrevista durasse mais tempo, mas nosso tempo esgotou, é isso, se quiserem ter a chance de ser princesa e ainda de quebra pegar esse bofe delicioso, fica a dica! Até a próxima semana meninas! Teen beijos!”

- E corta! – disse a garota de nome estranho, para ser sincero eu havia esquecido o nome de todos.

- Nossa essa entrevista foi fantástica! – comentou Celine.

- Que bom que gostou – eu disse me levantando e voltando a vestir a camisa e o paletó.

- Irá ao ar hoje à noite – ela disse e eu sorri.

- Foi um prazer colaborar com a seleção – eu disse e me retirei.

Queria ver a cara da minha irmã quando fosse ao ar, passei o restando do dia me sentindo elétrico, faltava apenas alguns dias para meu aniversário de dezenove e depois dos dezenove seria questão de tempo até a seleção.

Depois do jantar, eu arrastei a Grace até o grande salão para ver minha entrevista, minha mãe foi conosco rindo.

Nós nos sentamos e ligamos a TV, quando começou eu fiquei sorrindo feito um bobo, nossa eu fiquei realmente bem na TV, como eu estava bonitão, elas não falaram nada durante toda a entrevista, quando eu tirei a camisa e fiquei de regata elas exclamaram choque.

- Lucky! Isso não é comportamento de um príncipe – ralhou minha mãe.

- Calma mãe ainda tem mais – eu disse sorrindo, quando finalmente acabou Graci ficou calada.

- Quanta ousadia da sua parte, seu pai ficará uma fera quando souber que você ficou de regata na televisão – disse minha mãe.

- Mamãe, eu estava fazendo um bem para Illéa – eu me defendi.

- Você estava se expondo! – ela disse e eu dei de ombros – Você não tem um pingo de bom senso, falaremos sobre isso amanhã – ela disse antes de se retirar.

- O que achou? – perguntei para Grace.

- Ainda estou chocada, como você pôde dizer tanta merda e parecer sincero?

- Ficou bom né? – eu perguntei animado, sem me sentir abalado por minha mãe.

- Ficou uma bosta! Você não tem um pingo de vergonha na sua cara Lucky, como pôde mentir tanto e parecer honesto? – ela disse e eu ri.

- Olha só quem está xingando – eu disse rindo.

- Lucky, olha o que você fez, você está iludindo as meninas, você não é o príncipe encantando que você pareceu na entrevista – ela disse e eu sorri.

- Já escutou que a propaganda é a alma do negócio? – eu disse e ela me jogou uma almofada.

- Tomara que elas não se deixem enganar por sua pele de cordeiro – ela disse se levantando e saindo.

Pele de cordeiro? Eu sou um lobo mau? Nossa eu amei essa analogia!

Voltei para meu quarto, e quase não consegui dormir, estava muito eufórico! Na manhã seguinte uma avalanche caiu sob minha cabeça, meu pai estava uma fera com a repercussão de minha entrevista nos jornais, mais ainda por minha pequena exibição. Os próximos três dias foram tempestuosos, meu pai estava tentando contornara situação da melhor forma possível. Não demorou para eu deixar de ser a manchete do dia, pois a notícia do meu aniversário de dezenove anos tomou conta de todas as notícias, a seleção se aproximava cada vez mais. Eu vesti um terno preto, uma camisa branca e uma gravata igualmente preta, saí cantarolando de meu quarto, finalmente a minha festa de dezenove anos!

Entrei no quarto da minha irmã sem bater e ela apenas bufou.

- Seria demais pedir para bater na porcaria da porta? – ela disse brava.

- O que a deixa tão azeda hoje irmã? Porque se aproxima o dia do seu casamento com o babão? – eu disse e suas damas riram, ela fechou a cara.

- Ele não é babão, pare de implicância – ela disse.

- Não estou implicando, apenas descrevo a verdade – eu disse me jogando em sua cama.

- Já pensou em como falar com Cecille? – ela perguntou terminando de se arrumar, e ignorando meu comentário, ela estava vestindo um vestido vinho, seus cabelos meio presos, como sempre ela estava bonita.

- Dizer o que? – eu disse e ela me olhou feio.

- Ela gosta muito de você e a partir de amanhã garotas de toda Illéa poderão se inscrever em sua seleção – disse Grace

- E...? O que eu tenho a ver com isso? – eu perguntei com sarcasmo.

- Vamos Lucky, você não pode ser tão sem coração – ela disse um pouco brava.

- Sempre deixei claro a ela sobre a seleção – eu disse.

- Eu sei, mas tente não partir seu coração em muitos pedaços ok?

- Vamos? – eu perguntei e ela assentiu, mandei um beijo para suas damas que explodiram em risinhos.

Eu não estava nem um pouco disposto a discutir esse tipo de coisas com a minha irmã, se a Cecille quis se iludir problema dela, nada posso fazer, não tenho culpa de ser irresistível!

Fizemos nossa entrada e eu entreguei a Grace para seu noivo babão, fui logo cumprimentar as pessoas da festa e aproveitar para fugir de Cecille.

Dancei várias vezes com minhas irmãs mais velhas, encontrei meu ex personal trainer Zack, eu adorava esse cara, sério ele era meu ídolo desde quando eu tinha apenas sete anos, e claro que eu precisava ter um personal, não se fica gostoso sentado no sofá. E eu sou muito gostoso, e como diria minha irmã Katherine, modétia é para os feios.

Eu estava conversando com o Zack quando Cecille me interrompeu.

- Lucky, será que poderíamos conversar? – ela perguntou e eu senti um calafrio.

- Claro – eu disse, mas não me mexi e nem o Zack, para ser sincero ele parecia bem curioso – Quase esqueci, este é Zack irmão da minha cunhada, ele foi meu personal trainer até alguns meses atrás – eu os apresentei.

- É um prazer conhece-lo – ela disse parecendo brava.

- O prazer é meu – disse Zack animado.

- Mas será que poderíamos conversar a sós? – ela perguntou.

- Pode falar na frente do Zack, ele é tipo muito amigo meu – eu disse e ela me olhou feio.

- Nossa vou ver se a Jai precisa de mim, falou Luc – disse Zack fugindo e me deixando sozinho com ela.

- Isso foi grosseiro, o que eu quero falar é importante não é para ser dito na frente de outras pessoas, eu quero falar sobre nós – ela disse e eu suspirei, peguei sua mão e a levei até uma sala fora da festa.

- Fale – eu disse me jogando em um divã, cruzando as pernas e colocando meus braços atrás da nuca, tentando parecer relaxado.

- Lucky, eu sei que a partir de amanhã começará o tramite da sua seleção – ela começou e sentou-se na beirada do divã.

- Sim...? – eu a incentivei e ela respirou fundo e continuou.

- Bom eu estive pensando, Lucky, eu estou disposta a abdicar o trono e me submeter a sua seleção para podermos ficar juntos – ela disse colocando sua mão na minha perna e me olhando apaixonadamente, eu por minha vez quase enfartei! Mas que merda! Eu mantive a compostura.

- Nossa Ceci, você faria mesmo isso por nós? – eu disse pegando sua mão e colocando em meu coração, agora seria improviso, eu teria que dobra-la.

- Eu seria capaz de tantas coisas por nós... – ela disse com aquele olhar de boba.

- Eu adoraria Ceci, mas e o povo? – eu disse como se eu sentisse dor em minhas palavras.

- O que tem o povo? – ela perguntou sem entender.

- Ceci, o povo depende de você, seus pais tem apenas você e seu irmão, claro que não quero que aconteça, mas pense, imagine se algo acontecer ao seu irmão? Você será a única que poderá seguir com o legado da família, a única que poderá salvar o povo de um destino incerto – eu disse quase me comovendo com minhas palavras, eu sou demais!

- Mas Lucky eu...

- Não Ceci, eu não posso aceitar, jamais me perdoaria se você fizesse algo assim – eu disse e ela começou a chorar.

- Mas eu te amo...

- Eu sei, minha querida, mas infelizmente nossos destinos estão traçados e em nossa posição temos que abdicar de muitas coisas apenas para que o povo não sofra, essa é a parte ruim de ser da família real, não vivemos contos de fadas, fazemos muitos sacrifícios – eu disse e a abracei, ela ficou chorando um pouco em meus braços.

- Ai Lucky, você é tão consciente, tão bom, você seria um rei excelente – ela disse escondendo seu rosto em meu terno que eu espero que não manche.

Aiai consegui, onde já se viu? Nem se eu fosse louco eu a escolheria porque estava na minha seleção, pelo contrário eu a eliminaria logo de cara, mas isso poderia criar uma rixa entre nossos países, então seria bem melhor assim, ela que se casasse com algum babão por aí, claro que depois de provar os meus beijos seria difícil de me esquecer, mas fazer o que? A vida é assim!