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História Girls and Blood - Reimagined Twilight - Eight


Escrita por: Azrael_Araujo

Capítulo 9 - Eight


Enquanto tentava me concentrar no episódio daquela série, mantive os ouvidos atentos a qualquer sinal do meu Tracker.

A chuva ainda martelava alto lá fora, mas eu achava que poderia reconhecer o rugido do motor. Mas, quando olhei pela janela de novo, de repente ele estava ali.

 

Eu não estava tão animada para acordar na sexta-feira, e ela mais do que cumpriu minhas expectativas negativas. É claro que houve comentários sobre a porcaria do meu desmaio. Jeremy parecia se divertir com a história. Ele riu até engasgar quando Logan fingiu desmaiar na mesa do almoço. Por sorte, Mike manteve a boca fechada, e ninguém parecia saber do envolvimento de Edythe. Mas Jeremy tinha muitas perguntas sobre o almoço do dia anterior.

— O que Edythe Cullen queria? — perguntou ele na aula de trigonometria.

Não é da sua conta.

— Não sei. — Era a verdade. — Ela não chegou a dizer.

— Ela parecia meio zangada.

Eu dei de ombros.

— Parecia? — foquem em mim me fazendo de burra.

— Nunca a vi se sentar com ninguém a não ser a família. Aquilo foi esquisito.

— É, foi esquisito — concordei.

Ele pareceu meio irritado por eu não ter respostas melhores.

A pior parte da sexta-feira foi que, embora soubesse que ela não estaria lá, eu ainda esperava como uma trouxa de carteirinha. Quando fui para o refeitório com Jeremy e Mike, não consegui deixar de olhar a mesa dela, onde Royal, Archie e Jessamine estavam conversando com as cabeças próximas. Perguntei-me se foi Archie que levou o Tracker para casa ontem e o que achou da tarefa.

À minha mesa de sempre, todos estavam cheios de planos para o dia seguinte. Mike estava todo animado de novo, confiando muito mais no meteorologista local do que eu achava que ele merecia. Eu teria que ver o prometido sol para acreditar. Pelo menos, a garota Riley — que deu as caras na escola, finalmente — iria ao tal passeio. Isso me lembrava que eu pretendia conversar com ela sobre o acontecido com Charlie, noites atrás. Eu ainda me perguntava porque ele havia dito que ela era... Uma má companhia.

Interceptei alguns olhares não amistosos de Logan durante o almoço, que não entendi. Assim como todo mundo, eu ri do desmaio falso dele. Mas fui entender quando todos fomos para a aula juntos. Acho que ele não percebeu como eu estava perto dele, logo atrás.

Ele passou a mão pelo cabelo louro platinado empapado com gel.

— Não sei por que Bella — disse meu nome com desprezo, usando o apelido que Riley me dera — não se senta logo com os Cullen agora — eu o ouvi murmurar para Mike.

Eu nunca havia percebido que a voz dele ele era tão jocosa, e fiquei surpresa pela malícia implícita. Eu não o conhecia bem, não o suficiente para que ele não gostasse de mim. Ou assim eu pensei.

— Ela é minha amiga, ela senta com a gente — respondeu Mike. Leal, mas possessivo.

Parei para deixar que Jeremy e Allen passassem — não queria ouvir mais nada.

Riley se apressou em passar um braço em volta do meu pescoço — ela também deveria ter ouvido o pequeno diálogo. Dei-lhe um sorriso gentil e ela retribuiu, hesitando por um segundo até que se moveu e me deu um beijo sutil na cabeça.

A pele naquela região formigou e meu peito se aqueceu com o ato. Senti minhas bochechas corando e elas ficaram assim enquanto ela me deixava na porta da minha sala e corria para sua aula.

 

No jantar, Charlie parecia entusiasmado com minha viagem a La Push de manhã. Acho que ele se sentia culpado por me deixar em casa solitária nos fins de semana como uma adolescente fracassada, mas passara tempo demais formando seus hábitos para abandoná-los agora. E eu não me importava de ficar sozinha, de qualquer forma.

É claro que sabia os nomes de todos os adolescentes que iam, e dos pais deles, e dos bisavós também, provavelmente. Ele aprovava, claro — com uma exceção. Eu me perguntei se ele aprovaria meu plano de pegar uma carona para Seattle com Edythe Cullen... Assim como não aprovara minha saída com a garota Riley.

Quase dei um tapa na minha própria testa.

Eu havia aceitado o convite de Riley e de Edythe. Para sair no mesmo dia.

Oh, Isabella, você é tão estúpida. A voz grave ressoava na minha cabeça, uma lembrança borrada.

O que diabos eu faria agora?

Fiquei me remoendo e resmungando como uma velha mau humorada até que consegui me distrair com algo, momentaneamente.

— Pai, você conhece um lugar chamado Goat Rocks ou coisa assim? Acho que fica ao sul de Mount Rainier.

— Conheço, por quê?

Dei de ombros. — Um pessoal estava falando de acampar lá.

— Não é um lugar muito bom para acampar. — Ele pareceu surpreso. — Tem ursos demais. A maioria das pessoas vai lá na temporada de caça.

— Ah. Talvez eu tenha entendido errado.

 

Eu queria dormir um pouco mais, mas a claridade me acordou. Em vez da meia-luz sombria que me acordou todos os dias nos últimos dois meses, havia uma luz amarela intensa jorrando pela minha janela. Eu nem acreditei, mas ali estava, finalmente, o sol. 

Tudo bem que estava no lugar errado, baixo demais e não tão perto quanto deveria, mas definitivamente era o sol. Nuvens ainda tingiam o horizonte, mas um grande trecho de azul ocupava boa parte do céu. Coloquei as roupas rapidamente, com medo de o azul sumir assim que eu desse as costas.

A loja Olympic Outfitters, dos Newton, ficava no norte da cidade. Eu já tinha visto a loja, mas nunca parei ali, pois não tinha muita vontade de comprar os equipamentos necessários para ficar ao ar livre intencionalmente por um longo período de tempo. No estacionamento, vi o Suburban de Mike e o Sentra de Taylor. Quando estacionei perto dos carros deles, vi o grupo parado na frente do Suburban. Erica estava lá, junto com outras duas meninas que reconheci da minha turma. Eu tinha quase certeza de que os nomes eram Becca e Colleen. Jeremy estava ali, ladeado por Allen e Logan. Outros três caras estavam junto deles, inclusive um que eu me lembrava de ter derrubado na educação física na sexta-feira durante o último jogo misto que participei. Esse me lançou um olhar de raiva quando eu saí do meu carro e disse alguma coisa para Logan.

— Você veio! — gritou a garota Riley, que eu ainda não havia notado, parecendo animada. — Animada com o sol, garota da Flórida?

— Eu falei que viria. — dei de ombros.

Ela apontou para uma oficina a uns 15 metros de distância, do outro lado da rua. A fachada era gasta e pintada quase que precariamente de um tom azul que estava sendo coberto pelo lodo provocado pela chuva. Estava fechada, aparentemente.

— É ali que eu trabalho. — ela falou com certo orgulho na voz — É da minha família.

Eu a olhei, surpresa por um momento. Não lembrava dela mencionar em algum momento que trabalhava, mas acho que não deveria me surpreender. Ela tinha mãos grandes e fortes — que pareciam ágeis — e braços quase musculosos que não chegavam a ser desproporcionais ao resto do corpo esbelto.

Ela piscou. — Te levo pra uma volta de moto qualquer hora dessas.

Eu ri, um pouco desconcertada.

Motos me lembravam Lauren.

— Só estamos esperando Leann e Sean... — Mike surgiu, não sei de onde, claramente tentando se meter na nossa conversa — A não ser que você tenha convidado alguém.

É, muito sutil você, idiota.

— Não, sou só eu — menti de leve, esperando não ser pega. Mas valeria a pena ser pega se quisesse dizer passar o dia com Edythe.

Mike sorriu.

— Quer ir no meu carro? É nele ou na minivan da mãe de Leah.— Riley perguntou.

— Claro.

O sorriso dela foi enorme. Mike não pareceu muito feliz com isso.

— Pode sentar na frente — prometeu ela, e vi Erica olhar para nós e fazer cara feia.

Os números deram certo, de qualquer forma. Leah trouxe mais duas pessoas, e cada espaço no carro era necessário. Jeremy conseguiu entrar antes de mim, então ele ficou entre mim e Riley no banco da frente do Suburban.

Eram só 24 quilômetros de Forks a La Push, com florestas verdes, densas e lindas margeando a estrada na maior parte do caminho, e o amplo rio Quillayute serpenteando embaixo. Fiquei feliz por me sentar junto à janela. Baixamos os vidros — o Suburban era meio claustrofóbico com nove pessoas lá dentro – e tentei absorver o máximo de sol que pude.

Eu já tinha ido muitas vezes às praias de La Push durante meus verões em Forks com Charlie e já conhecia a curva de oitocentos metros da primeira praia. Mas ainda era de tirar o fôlego. A água era cinza-escura, mesmo ao sol, com cristas brancas, e quebrava na praia rochosa. As ilhas surgiam das águas em escarpas empinadas, coroadas por abetos austeros e elevados. A praia só tinha uma lasca de areia na beira da água; depois disso, se alargava em milhões de pedras grandes e lisas que pareciam uniformemente cinzentas à distância, mas, de perto, tinham todos os tons que uma pedra podia ter. As nuvens ainda circundavam o céu, ameaçando invadir a qualquer momento, mas por enquanto o sol brilhava corajosamente em seu halo de céu azul.

Pegamos o caminho pela areia densa para a praia, Mike na frente como um guia turístico, até um anel de troncos que obviamente tinham sido usados para festas como a nossa. Já havia um círculo de fogueira montado, cheio de cinzas escuras. Erica e a garota que eu achava que se chamava Becca juntaram galhos quebrados das pilhas mais secas junto à floresta, e logo havia uma construção no formato de uma tenda indígena no alto das cinzas antigas.

— Já viu uma fogueira de madeira de praia? — perguntou Riley, posicionando-se ao meu lado.

Eu estava sentada em um dos bancos desbotados. Jeremy e Allen estavam sentados dos meu outro lado, mas a maior parte do resto do pessoal estava sentada do outro lado do círculo. Mike se ajoelhou junto à fogueira, acendendo um dos gravetos menores com um isqueiro.

— Não — eu disse enquanto ele colocava o graveto aceso cuidadosamente na tenda.

— Então vai gostar dessa. Olhe só as cores. — Ele acendeu outro galho e o colocou junto do primeiro. As chamas começaram a lamber rapidamente a madeira seca.

— É azul — falei, surpresa.

— É por causa do sal. Legal, né?

Ele acendeu mais um galho, colocou onde a fogueira ainda não tinha pegado, e depois veio se sentar do lado de Jeremy que se apertou para deixá-lo acomodar-se. Ele se virou para Mike e começou a fazer perguntas sobre o planejamento do dia. Fiquei olhando as estranhas chamas azuis e verdes estalarem para o céu.

Depois de meia hora de bate-papo, algumas meninas queriam andar até as piscinas da maré baixa próximas, mas a maioria dos garotos queria ir até a única loja do vilarejo para comprar comida.

Eu não sabia a quem me juntar — Riley também não se pronunciara. Não estava com fome e adorava as piscinas de maré baixa, e isso desde que eu era criança; era uma das poucas coisas que queria ver quando tinha que vir a Forks. Por outro lado, também já caí muito nelas. Não é grande coisa quando se tem sete anos e está com seu pai. Isso me lembrou de repente de Edythe — não que ela não estivesse sempre em algum lugar dos meus pensamentos — e do pedido dela para que eu não caísse no mar.

Foi Logan quem decidiu por mim. Ele tinha a voz mais alta na discussão e queria comer. O grupo se dividiu em três partes, os que iam comer, os que iam caminhar e os que iam ficar ali, sendo que a maioria foi com Logan.

Esperei até que Taylor e Erica decidissem ir com ele para me levantar em silêncio e me juntar ao grupo da caminhada, vendo Riley ir no sentindo contrário ao meu. Mike sorriu quando viu que eu ia com eles.

A caminhada era curta, mas detestei perder o sol nas árvores. A luz verde da floresta era um ambiente estranho para o riso adolescente, obscura e agourenta demais para se harmonizar com as brincadeiras ao meu redor. Tive que me concentrar nos pés e na cabeça, evitando raízes embaixo e galhos em cima, e logo fiquei para trás.

Quando atravessei o limite escuro da floresta e reencontrei a praia rochosa, fui o último. A maré estava baixa, e um rio passava por nós a caminho do mar. Junto a suas margens seixosas, piscinas rasas que nunca eram completamente drenadas fervilhavam de vida marinha.

Tive o máximo cuidado para não me inclinar demais na beira das piscinas. Os outros não tinham medo, pulavam nas pedras, empoleiravam-se precariamente na beira.

Achei uma pedra que parecia muito estável na margem de uma das maiores piscinas e me sentei ali com cautela, fascinado com o aquário natural abaixo de mim. Os buquês de anêmonas ondulavam na correnteza invisível, caranguejos eremitas corriam pelas margens dentro das conchas espiraladas, estrelas-do-mar prendiam-se imóveis nas rochas e em outras estrelas, enquanto uma pequena enguia preta de listras brancas ondulava pelas algas verde-claras, esperando o retorno do mar. Fiquei completamente absorta, a não ser por uma pequena parte da minha mente que imaginava o que Edythe estaria fazendo agora e tentando adivinhar o que ela diria se estivesse aqui comigo.

De repente, todo mundo ficou com fome, e eu me levantei, rígido, para segui-los de volta. Dessa vez, tentei acompanhar o ritmo pela floresta, então, naturalmente, caí algumas vezes. Fiquei com alguns arranhões leves nas palmas das mãos, mas não saiu muito sangue.

Quando voltamos para a primeira praia, o grupo que deixamos tinha se multiplicado. À medida que nos aproximávamos, pude ver o cabelo preto, liso e reluzente e a pele acobreada dos adolescentes recém-chegados da reserva que apareceram para fazer uma social. A comida já estava sendo distribuída, e todo mundo que estava na caminhada correu para reivindicar uma parte. Erica nos apresentava à medida que cada um de nós entrava na roda da fogueira. Allen e eu fomos os últimos a chegar, e, quando Erica disse nossos nomes, vi um menino mais novo sentado nas pedras perto da fogueira olhar para mim com interesse. Sentei ao lado de Allen, e Mike nos trouxe sanduíches e refrigerantes. A garota que parecia ser a mais velha dos visitantes falou o nome dos sete que estavam com ela. Só o que captei foi que um dos meninos também se chamava Jeremy, e o menino que notou minha presença se chamava Jacob.

Foi relaxante ficar sentada ali com Allen; ele era o tipo de pessoa sossegada, que não sentia a necessidade de preencher cada silêncio com tagarelice e me deixava livre para pensar enquanto comíamos. E eu estava pensando em como o tempo parecia fluir de forma estranha em Forks, às vezes passando indistintamente, com algumas imagens se destacando de forma mais clara do que outras. Mas, em outras ocasiões, cada segundo era significativo, grudado em minha mente. Eu sabia exatamente o que provocava a diferença e isso me perturbava.

Durante o almoço, as nuvens começaram a avançar, disparando por um momento na frente do sol, lançando sombras compridas pela praia e escurecendo as ondas. Enquanto terminavam de comer, as pessoas começaram a se afastar em grupos de dois ou três. Algumas desceram para a beira da praia, tentando jogar pedras pela superfície agitada. Outras se reuniram numa segunda expedição às piscinas da maré baixa. Mike, com Jeremy como uma sombra, seguiu para a lojinha. Alguns garotos do lugar foram com eles; outros acompanharam a caminhada. Depois que todos se espalharam, fiquei sentada sozinha em meu tronco na praia, com Logan e Taylor conversando ao lado do CD player que alguém pensara em trazer, e três adolescentes da reserva, inclusive o menino chamado Jacob e a garota mais velha, que tinha agido como porta-voz.

Alguns minutos depois de Allen sair com os andarilhos, Jacob veio sentar-se ao meu lado. Parecia ter 14 anos, talvez 15, e tinha cabelos pretos brilhantes e compridos, presos com elástico num rabo de cavalo na nuca. Sua pele era linda, com seda acobreada, os olhos eram escuros e amplos sobre as maçãs altas do rosto e os lábios se curvavam como um arco. Era um rosto muito bonito. 

Mas minha opinião foi prejudicada pelas primeiras palavras que saíram de sua boca.

— Você é Isabella Swan, não é? — respirei fundo, contendo a necessidade de revirar os olhos.

Foi como se o primeiro dia de aula estivesse se repetindo.

— Sim. — Eu suspirei.

— Certo — disse ele, como se já soubesse. — Meu nome é Jacob Black. 


Notas Finais




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