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História Glasnost e Perestroika - Prólogo


Escrita por: Sra_Smith

Notas do Autor


Se flopar, nunca existiu.
Ps: eu amo rivamika ♡

Capítulo 1 - Prólogo


 

 
Nevava sem parar há exatos três dias.
Os montes brancos de gelo acumulavam-se no canto das calçadas, a poluição no ar parecia mais pesada e as pessoas mais distantes ao andarem apressadamente pelas ruas de Nova York.
A garota do cachecol vermelho apertou o tecido contra o rosto, protegendo-se do açoite do vento. Andava rápido e mal reparava ao seu redor, como tantas outras pessoas presas no ritmo avassalador do capitalismo selvagem que regia a cidade que nunca dormia.
Não deveria ter ido dormir tão tarde.
A garota atravessava correndo a rua, seguindo o fluxo de pessoas, quase todas com olheiras e copos de café. Como ela mesma.
Uma semana de passara do natal, mas NY nunca descansava, mesmo em feriados. 
A temporada de "Quebra Nozes" fora um sucesso. Casa cheia quase todas as noites, porém, o público era formado maioritariamente por crianças. 
Os adultos sabiam que seria o mesmo espetáculo de todos os anos. Era só o natal se aproximar que a companhia municipal de ballet encenava o clássico natalino de Tchaikovsky.
A moça se esquivou de duas crianças que atiravam bolas de neve uma na outra perto de uma padaria, aproveitou para jogar fora o copo de papel com o resto frio de seu café forte em uma lixeira pixada com o símbolo do anarquismo, e correu entre a multidão um pouco mais rápido. 
Logo a entrada neoclássica do teatro estava a sua frente, com as colunas brancas parecendo subir até o céu e sua imensas escadarias de mármore.
Hoje é definitivamente o pior dia para me atrasar.
Entrou no teatro. Cumprimentou os funcionários. Desceu as escadas até o térreo. Bolsa enganchada na catraca e crachá caído no chão. Correu até o vestiário. 
A garota guardou apressada sua bolsa e o sobretudo, vestiria o collant depois.
Mikasa! 
A voz esganiçada do bailarino mais flexível do corpo de baile soou próxima demais ao seu ouvido. Mal teve tempo de trancar o armário quando a pequena e delicada mão de Armin se prendeu em seu pulso com demasiada força. 
- Por que demorou tanto? Você sabe que hoje é o dia, assim, mais importante do ano!
O garoto loiro e baixinho tagarelava incessante ao arrastar a amiga exausta pelos corredores subterrâneos do teatro. As luzes de led iluminavam artificialmente o corredor e as salas de ensaio, mas Armin não parou em nenhuma. 
Mikasa sabia que ele a levaria, ou melhor, correria, com ela até a sala principal, onde os ensaios mais importantes eram executados.
Enquanto o amigo ralhava com ela sobre o atraso, a garota tentava prender os cabelos negros e compridos com uma mão só, falhando no ato e terminando com um coque bem mal feito.
- Desculpe, não consegui dormir...
A voz de Mikasa estava rouca e arrastada, e irritou ainda mais a Armin. 
- Tomate cru, Mikasa! - Armin tinha a mania de substituir palavrões por termos semelhantes, uma forma de driblar sua severa criação alemã que não tolerava palavras de baixo calão - Finalmente a lista saiu, e eu fiquei até agora esperando você pra ver. Tive até que me esconder do Eren, ele não parava de me dar spoiler.
Mikasa sabia que tinha pisado na bola. A companhia esperava por aquilo há um bom mês e meio. A lista com a atribuição do elenco para a peça dessa temporada ficara pronta, finalmente, e o furor causado pelos bailarinos era quase palpável. 
Não seria uma temporada comum. O ballet a ser encenado era tão batido que Mikasa não daria a mínima para a escala, ela mesma fora solista de "Lago dos Cisnes" tantas vezes que não suportava mais ouvir o começo do pas de deux, mas dessa vez seria, no mínimo, interessante pegar uma boa colocação.
Bolshoi Ballet faria uma pequena participação no espetáculo. 
Mikasa não sabia exatamente o que diabos acontecera para a maior e melhor companhia de ballet do mundo vir direto da Rússia, com seus melhores bailarinos, e formar uma improvável parceria com o ballet novaiorquino.
Mas aquela era uma grande oportunidade, daquelas que só aprecem uma vez a cada século, e nenhum bailarino dali iria deixar passar.
Acontece que, quando ficava nervosa, Mikasa não conseguia dormir. 
Nem um cochilo, soneca ou pescada. Simplesmente se transformava em uma coruja e virava a noite em claro, só para cair no sono mais pesado ao mínimo sinal de raios de sol.
Ela, como qualquer outra bailarina ali, queria muito ser a escolhida para interpretar a Princesa Odete. Mikasa sabia que era boa, fora solista em todos os ballets encenados desde seu segundo ano na companhia, até substituíra Annie como Clara, no "Quebra Nozes", quando a moça se machucara no último ato.
Mas queria mais.
Queria ser a primeira bailarina do ballet de NY. 
Dessa forma, a ansiedade fora tanta que não pregava os olhos direito há um mês. 
E agora que o momento chegara sentia medo de olhar a lista.
Lá, no quadro de cortiça onde os recados da administração são normalmente pregados, estava o papel com os nomes que mudariam a vida de alguns bailarinos. Uma oportunidade única. 
Seis bailarinos se aglomeravam na frente, tampando qualquer visão que alguém pudesse ter do conteúdo ali escrito.
- Hey, Armin - Mikasa tentou disfarçar o nervosismo - Você viu a nova bomba hidrogenada da Coréia do Norte? - perguntou para o amigo, encarando os sapatos e tentando controlar os batimentos cardíacos. 
Conseguia sentir os olhar incrédulo do amigo sobre si.
- Sério mesmo, Mikasa? Agora?
A moça não respondeu, resmungou uma coisa inteligível e encarou novamente os sapatos.
Armin sabia que a amiga passara a madrugada vendo notícias, tanto na tevê quanto na internet. Não a culpava pelo estado dos nervos, ele também estava por um fio, mas Mikasa estar a ponto de fugir do problema falando sobre política, era algo completamente novo. Mikasa fugir de algo era completamente novo.
Como se estivesse esperando uma deixa, os bailarinos, ao verem os dois esperando para ver a lista, se afastaram entre risadinhas e olhos arregalados.
Uma lâmina gelada desceu pela coluna de Mikasa, e a moça só avançou porque Armin ainda segurava em seu pulso com um aperto de ferro que não condizia em nada com o tamanho compacto dele.
Ela correu os olhos pelos nomes, de baixo para cima, procrastinando ao máximo e tentando não ter expectativas.
Não pode ser tão ruim assim...
Os olhos negros de Mikasa haviam chegado no primeiro elenco, o principal, sem encontrar seu nome.
Ela respirou fundo a leu os nomes escritos ali.
Pequenos cisnes: Historia, Sasha, Nina e Ymir. 
Mikasa se surpreendeu pela escolha de Ymir, a moça era um talento e tanto no contemporâneo, porém considerada bruta no ballet clássico.
Continuou procurando, quando encontrou dois nomes desconhecidos.
Von Rothbard: Erwin Smith 
Príncipe Yeric: Levi Rivaille 
Os russos do Bolshoi, com certeza. Embora o sobrenome de um fosse nitidamente americano e o outro de descendência claramente francesa.
Mas o nome que causara uma grande surpresa à garota fora encontrado entre as solistas principais. 
Primeira solista: Annie 
Annie. 
Annie, a primeira bailarina da companhia.
Annie, que parecia uma máquina dançando, que nunca se cansava, que era perfeita. 
- Mikasa... - Armin susurrou, apertando sua mão. 
Então era isso.
Ela estava de fora. Alguma russa deveria ter pego o primeiro lugar. As lágrimas de acumularam nos olhos dela e Mikasa se esforçou para não chorar na frente de todos os bailarinos dali. 
Tanto esforço...Jogado fora.
Masoquista, Mikasa subiu os olhos para o primeiro nome, no topo da lista, aquela que seria o cisne e a grande protagonista.
Princesa Odete/Odille: Mikasa Ackerman 
 
Ela havia conseguido. 
 

Notas Finais


Então, sou alucinada em rivamika há relativamente pouco tempo. Finalmente tomei coragem e resolvi escrever. Juntei as três coisas que eu mais amo no mundo: História, ballet e rivamika.
Criei até outra conta no site pra me dedicar somente a isso.
Espero não passar vergonha.


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