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História God is a Woman and Devil too - Negócios em Nacional City


Escrita por: Walflarck

Notas do Autor


Hello, novamente em um prazo curto para postagens, porque tem bastante material adiantado! Espero que gostem de ler como tenho amado escrever.

Só para reforçar antes que alguém questione... esse universo é bastante autoral, então não se assustem com alguns tópicos fora de contexto, apenas leiam como um universo onde tudo é possível desconsiderando as datas históricas de alguns ventos.

Boa diversão ~

Capítulo 5 - Negócios em Nacional City


Fanfic / Fanfiction God is a Woman and Devil too - Negócios em Nacional City

Um mês se passou desde que Lena Luthor chegou a Midvale encaminhando ideias e causando sempre um novo rumor entre as pessoas. Agora algumas mulheres jovens andavam pela cidade vestindo calças, o que não agradava a congregação cristã responsável pelo condado. 

Lena Luthor, no entanto, não se importava com as banalidades, não se importava se causava reviravoltas como intitulada o mais novo ícone da moda, ou quanto o jornal interno da cidade ganhava mais giros quando colocava o seu nome nas manchetes principais. Tudo o que ela realmente estava focada era em descobrir sobre o misterioso símbolo que estava tirando a sua paz e que se conectava aos Luthors.

O mês que havia transcorrido foi praticamente todo para busca por qualquer pista dessa relação misteriosa nos mais diversos cantos da mansão. Era como se Lena e Kara tivessem virado praticamente Doutor Watson e Sherlock Holmes nos romances literários do autor Arthur Conan Doyle, que agitava os apaixonados pela leitura daquele ano, que claro, incluíam as próprias investigadoras.

Já haviam repassado também as situações dentro dos cômodos, artigos localizados, feito todo um histórico documentado com data e hora de tudo que fosse relevante vivido em cada local vasculhando, mas as fichas de Lena eram quase vazias como se fossem documentos sobre experimentos frustrados que não levavam a lugar algum. 

Aborrecida por sentir que andava em círculos, Lena continuava em paralelo administrando a empresa da família e se concertando em atividades extras fora da mansão com a loira, mas depois do último acompanhamento investigativo ela realmente desistiu de ir a campo. 

Midvale era pequena demais, então isso significava dizer que se uma pessoa não tinha informações sobre algo, indicava também que mais ninguém poderia saber sobre um determinado evento. Era perda de tempo. 

Começava então a deixar Kara tomar o tempo que gastaria nas atividades e voltar a mansão sempre para passar relatórios com ela em qualquer momento do dia, o que não dizia muita coisa, porque nunca surgiam novidades.

Pilhas de papéis então começavam a se acumular na mesa do antigo escritório que tornava a ser usado, viagens se faziam necessárias para investimentos da Luthor-Corp, mesmo porque Nacional City logo receberia o congresso de transportes e desenvolvimento que ocorria anualmente, Lena já planejava uma viagem para não o perder. Precisava saber onde dirigir seus novos investimentos, assim como, que empresas estariam mais competitivas para a renda de bolsa de valores. Era um estudo enfadonho que fazia sua cabeça virar uma bola gigante agitada.

— Otávio, bom dia. — Kara forneceu os comprimentos formais ao mordomo ao chegar na mansão como de costume.

— Senhorita Danvers, bom dia. — O homem a chamou em sua pose bastante conservadora. — Senhorita Luthor está hoje nos fundos da mansão, no jardim. — Orientou educadamente.

Agradeceu após orientar-se e deu a volta na escada.

Naquela manhã, Kara não havia avançado em nenhuma investigação sobre o tal símbolo como sempre, mas voltava para falar com Lena mesmo assim, deseja que a chefe soubesse que estava ainda se esforçando dentro do possível para separar aquele nó de coisas inexplicáveis, mesmo porque isso também era de seu interesse. Além disso,  também precisava falar com Lena sobre uma licença para viajar a Nacional City, onde ela teria coisas particulares para resolver. Sabia que Lena estaria a caminho de lá na próxima semana, não poderia deixar isso passar em branco.

Avidamente segurando a bolsa de couro com alguns papéis saindo pela lateral, Kara correu pelo jardim, e tinha que confessar que trabalhar para Lena exigia um fôlego que nem sabia que necessitava, assim como maior velocidade para correr. Um mês parecia insuficiente para isso, mas o organismo de Kara se adaptava rápido para as mudanças, assim como o seu cérebro.

Com os pulmões queimando ao chegar no jardim, ela parou colocando as mãos no joelho para tomar fôlego e quando virou, a frente viu algo impressionante.

Lena estava com as mãos levantadas golpeando um escudo metálico que era segurado por um homem, enquanto ele estava movendo o braço em defesa com a outra mão vazia, pois a espada que deveria ser sua encontrava-se no chão. 

A mulher parecia tão raivosa como se nada pudesse frear os golpes, uma vez que nem o arrojado modo de se articular do outro combatente, que parecia ser experiente aos olhos atentos e azuis da moça, era suficiente para a deter.

O que havia com Lena? Estava com uma expressão muito diferente do normal, empurrando e golpeando o homem até que este estivesse encurralado entre uma das estátuas e o corpo esbelto dela, a mesma que agressiva fazia metal raspar sobre metal. 

Kara ficou chocada, ela sabia sobre o quanto Lena adorava o esporte de duelos através de comentários, contudo nunca havia presenciado a prática de Lena ou sequer a visto expressar a metade da indignação que faziam seus olhos se apertarem a cada choque da arma no elemento de defesa.

— Lena! — Kara se obrigou a falar alto.

A voz chamou a atenção da morena, que golpeou a espada descendo perigosamente pela última vez ao encontro do escudo metálico, fazendo o homem na outra ponta cair.

Parecia-se genuinamente ofegante ao se virar para Kara com os cabelos soltos, as bochechas violentamente vermelhas. A ação foi momentânea, então se voltou novamente para o homem oferecendo a mão para o ajudar a se levantar, despojar um último comprimento e caminhar até a loira.

— Kara! — Lena removeu as luvas de proteção das mãos e jogou no gramado. Ela parecia tão fora de si. — Chegou no horário, como sempre. 

— É que a minha chefe é exigente. — Tentou não entrar em campos perigosos mantendo um espírito otimista e brincalhão. Não podia entender o que se passava com a bilionária. — Você está bem? Hoje parece um pouco… diferente...

— Raivosa. — Admitiu sem rodeios. 

Lena odiava não ir direto ao ponto, fosse quando estava falando com alguém ou quando alguém estava falando com ela. 

— Não precisa pisar em ovos, você me conhece. — A loira assentiu para ela, dando de ombros. — Mais um relatório?

Kara rapidamente revirou a bolsa para puxar as anotações em folhas como quem respondia o óbvio. Estava mais nervosa do que nunca.

— Foi tudo que consegui hoje. — Não se animou ao entregar mais um monte de coisas que não seriam relevantes de toda maneira, mas tampouco deixou transparecer. — Estava quase no limite da cidade ontem, eu sei que ainda podemos achar alguma pista. — A chefe não pareceu tão interessada, aliás, das últimas vezes quase nem olhou para o que Kara escreveu, portanto dessa vez não foi surpresa quando ela recusou a tentativa. 

— Olha, eu sei que está se esforçando. — Reconheceu a capacidade ímpar da loira em manter o foco. — Mas agora estou começando a achar que talvez não tenhamos nada, que toda essa coisa do Lex foi um mero devaneio meu… Talvez eu só queria acreditar que há um motivo lógico para o meu irmão fazer tudo que fez, porque não quero acreditar que ele é simplesmente só um ser humano horrível.

Kara sentiu o seu coração pendular na garganta pela avaliação da amiga, ela parecia tão triste sempre que cultivava aquela ferida. Sabia ler no rosto casado a ideia, já que se envolveram tanto falando de suas vidas, que Kara achava que conhecia um pouco mais de Lena Luthor, além dos seus gostos para chá e biscoitos. 

Mas o que ela poderia fazer para mudar as coisas? 

Lena estava descrente porque ela não mostrou nada que fizesse comprovar que não era só um desenho rabiscado.

Nestes momentos quis abrir a caixa que escondia debaixo da cama e revelar a verdade sobre ter a necessidade de descobrir tudo tanto quanto ela, ou mesmo que não era um devaneio, mas sua confiança sempre morria na beira ao imaginar uma morena cheia de perguntas que ela não era capaz de responder. 

Além disso, Lena Luthor de algum modo também era importante demais para ela arriscar perdê-la sem que o mundo desse um motivo justo, mesmo porque sua origem pode vir de qualquer lugar e ainda assim isso não significaria tudo sobre quem era.

Sorrir com Lena, falar sobre livros, ajudar nas averiguações, trocar experiências... isso havia se tornado tão significativo e a movia como se fosse seu próprio coração, por isso Kara decidiu que construía uma bolha com Lena e para ela, só introduziria o necessário.

— A culpa é minha, já que não estou sendo útil. 

— Não, Kara. Não é você. Não entende isso? — Ela se aproximou segurando os ombros gentilmente da loira. — Isso é por causa da minha família.

Kara quis dizer que Lena estava errada, mas não pode, guardou assim o pensamento somente para ela.

— Eu não vou desistir. — Se resumiu a dizer. — Vamos achar a verdade, eu sei que isso deve estar escondido em algum lugar, por isso mesmo que leve anos quero tentar por você. — Nem sabia quando de algum modo a perseverança passou a ser sobre Lena e não só também sobre ela.

Elas eram amigas, certo? Melhores amigas, talvez? Também! Mas a sensação não era só pela amizade...

Com o tempo, ficou natural elas trocarem olhares, comentários, compartilharem conversas e refeições. Lena Luthor virou uma pessoa indissociável dela. Mas no meio disso, tinha também a crescente no peito que algum sentimento a mais estava ficando em maior proporção ao estar do lado de Lena. E ainda que abusasse da abnegação para o fato, não olhava para outra mulher como olhava para sua nova melhor amiga, aquilo era diferente.

Kara sempre fugia como uma covarde daquelas sensações sufocantes, no fundo bloqueando a mente para não lhe dar as respostas que sabia existir já há alguns dias. Não podia se permitir sentir, não quando havia um mundo que aproximava ambas e ao mesmo tempo as separavam, fosse pelos segredos ou por coisas que estavam nos seus dogmas.

Envergonhada de si mesma, Kara por muitas vezes desejou ser como Lena, porque Lena sim, era precisa, sem amarrar, forte para dizer o que queria.

— Me sinto grata por ter uma amiga como você, que possa me apoiar. — Lena formulou como uma frase necessária, quando trancava o que realmente queria significar em pensamentos.

Estava fragilizada, o mundo continuava tentando bater nela e a mutilar com toda a sua força. A raiva era portanto a única coisa que oprimia sua vontade de chorar, quando ela nem sabia o motivo de porquê ainda estava de pé.

— Sabe que pode contar comigo sempre. — Kara era quem tomava a iniciativa a abraçando, ironicamente a ensinando que abraços eram um tipo de carinho humano muito agradável e que poderiam ter milhões de significados para quem partilhava, afinal, não havia um verbo em classificação melhor do que este para expressar reciprocidade. — Estou te apoiando onde precisar.

E Lena se deixou abrir, não desejava chorar, mas virar parte figurada da família Danvers a permitia se deixar desmoronar um pouco. Afundou assim o rosto no pescoço de Kara, sentindo que era tudo que precisava. Chorou como uma menina, consolada por estar quebrada demais com a ideia de desistir. Neste momento, viu que Kara não era só uma ouvinte... ela era também o seu apoio. 

Era fácil o raciocínio da importância sobre a loira quando pensou em desistir, já que Kara não permitiu que o fizesse, sabendo o quão machucada ficaria por um assunto que nunca teve um ponto final.

— Obrigada. — Buscou acalmar-se lentamente, desejando novamente ser forte, mas a percepção que teve quando o rosto deslizou no de Kara para fora, era de que iria morrer pela vontade no peito de beijá-la na boca após toda a doçura fornecida em seu consolo.

Estava ficando excessivo aos olhos verdes, na verdade parcialmente visível que gradativamente elas estavam perdendo a linha de divisão entre a chefe e a assistente, tal qual entre duas meras amigas.

-

— Não acredito! — Kara brandou jogando o jornal enrolado novamente na mesa indignada. — Como James Olsen pode escrever isso sobre você? 

— Não foi o senhor Olsen quem o escreveu. O artigo está assinado com o nome de William Dey. — Lena indicou o autor.

Ambas estavam sentadas juntas no escritório da mulher, depois que Lena resolveu desabafar suas irritações gerais.

— Que seja! Deve ser outro desses homens ridículos que se protegem atrás de palavras vazias sobre pessoas que nunca viram. — Agora era Kara quem estava muito irritada, como se tivesse contraído a raiva de Lena depois de passar o seu choro a ela. — Sabe como é difícil manter as pessoas longe das críticas? 

Lena não conseguia levar a situação ao nível crível, pois era surreal Kara estar tão brava por estarem falando o que no mínimo um milhão de jornais baratos na cidade de Metrópolis já teria escrito sobre ela com 100 vezes mais agressividade de substantivos, verbos e adjetivos.

— Não é como se não esperasse, ainda assim me surpreende. — Simplesmente a assistente não conseguiu esquecer as notas.

— O que realmente me aborrece nisso tudo é que uma pessoa cujo rosto nunca vi, simplesmente, me classifica como: rica, egocêntrica e mimada para milhares de pessoas que acham que já tem motivos mais que suficientes para me odiar... — A raiva havia passado, Lena estava se sentindo mais aliviada, e notoriamente vendo, que o jornal não foi a fonte fidedigna maior da sua irritação de horas antes, e sim, um acúmulo de fatores. 

— Mas você está bem com isso? Eu não paro de considerar. O que ele falou em uma parte faz sentido… Pelo menos nas cabeças das pessoas de Midvale.

— O que quer dizer?

— Se passou um mês que está aqui e não houve uma única aproximação de você com as pessoas do condado, como se de fato os seus esforços em unificar o seu sobrenome com as pessoas daqui fosse uma estratégia para ganhar confiança. — Os apontamentos de Kara trouxeram para a superfície um plano falho.

Lena estava tão imersa com os assuntos da empresa da família e as investigações que nem conseguiu parar para pensar nisso antes, agora considerando a verdade, já sabia que tinha um enorme problema. Gradativamente começava a levantar suspeitas.

— Isso não é bom. — Kara gesticulou.

— Eu sei, e eu acho que entendo. — A chefe ficou com a expressão de mistério no rosto, pensando sobre como estava sendo falha.

Deus! A situação era tão ridícula quanto a de Alex, que continuava a planejar um casamento para o qual nitidamente não estava preparada. 

Embora Lena não pudesse julgar Alex, afinal elas haviam se visto no dia do incidente e depois mais duas vezes na casa de Kara, ela tinha certeza que não estava se saindo melhor. 

A propósito, mesmo não querendo pensar no assunto, Alex era um outro tópico difícil e sensível, que havia despertado um ciúme leve na Luthor que tentava encontrar alguma coisa na relação das duas amigas para comprovar que não era suspeita.

À medida que Kara então mais se aproximava dela, percebeu que as desconfianças não tinham fundamento. Já tinha começado a achar ridículo até cogitar que elas tivessem se beijado por curiosidade, uma vez que Kara e Alex eram amigas desde a infância e se realmente fosse para acontecer algo já teria vindo às claras.

Desprezando os seus sensores articulados, a morada da colina se viu finalmente confiante, ao mesmo tempo que frustrada. Se por um lado ter a senhora Lord fora do caminho era um alívio, Lena não sabia como lidar com a parte negativa, que neste caso, era as vontades que vinha tendo por Kara no sentido romântico. 

Antes pensou que brincava com a assistente flertando sutil, meramente para a provocar ou embaraçar - uma vez que a crença de amar alguém por um órgão genital era muito sem fundamento para ela. -, mas aquilo foi ironicamente onde a merda começou.

A mente pregava peças cruéis, dizia a si mesma. Por isso, Lena negava como a amiga, o que não queria admitir: Sim, Lena dentro daquela mês de conversas em que conhecia a assistente estava de fato mais interessada em Kara do que assumia, apesar da sua desenvoltura para tal assunto ser muito bem resolvida. Sabia que se não se controlasse em algum ponto estaria muito mais disposta a amá-la do que brincar com ela.

Desde que a conheceu na pequena cidade, Lena sentiu uma resistência e a avaliação de Kara pensou sobre seus ombros, afinal Kara tinha a crença que Deus fez o homem e a mulher, e assim o mundo deveria seguir movido pelo feminino e o masculino…

Era essa restrição de Kara para se permitir amar que deixava Lena receosa em como administrar o relacionamento, ela sentia que não era um dever seu fazer a loira aceitar o que não estava disposta a receber.

Foi assim, que de uma mera chefe rigorosa com horários, Lena resolveu manter a zona da amizade, no intento de manter a outra por perto. Mas a tarefa estava cada vez mais complicada, e desde que abraçou a loira no jardim, sentia que estava a um milímetro de perder o freio como um cavalo selvagem desgovernado, que era incapaz de se deixar dominar.

Tentava esquecer a todo custo, empurrar os sentimentos para debaixo de um dos tapetes da mansão, apenas se conformar que talvez não fosse uma restrição tão ruim, porém a ideia ficava ainda mais conflituosa quando pesava a questão de casar-se de verdade.

Atormentada, percebia as escalas absurdas na boca do seu estômago causadas pelo nervosismo. Não podia se separar de Kara, e amaldiçoava a hora que saiu da prefeitura para o jornal, escolhendo as piores palavras para condenar sua própria imagem. 

— A avaliação não está de todo errada, você tem razão Kara. Tenho que pensar em algo para me fazer mais colaborativa, além de correr atrás de contratos. — Tomou como uma nota a ser posta em prática. — Quem sabe se… 

Precisava ganhar tempo. 

— Se eu pudesse dar uma festa para as pessoas de Midvale. — O estalo foi repentino.

— Uma festa? Tipo uma festa de gala ou algo assim? — Comungo a ideia. — Lena, parece excelente!

— Você sempre concorda com meus planos, eu gosto disso. — Apontou sorrindo. — Creio que será suficiente por hora. Posso cuidar disso na minha volta de Nacional City, após o congresso.

E o tópico se tornou fundamental, mais do que nunca.

— Lena falando nisso, eu realmente preciso pedir uma coisa.

— Claro. — Não hesitou. — Tudo o que a minha assistente e melhor amiga necessitar. — E o modo como ela citou 'melhor amiga' fez Kara salivar, engolindo nervosamente o que quer que estivesse na sua boca. 

— Então, eu sei que vai estar ocupada em Nacional City. — Explicou. — E eu, como a sua assistente em assuntos pessoais deveria te ajudar com as investigações de Lex, porém eu realmente precisava ir nesta viagem. — Kara disparou as palavras sem nem conseguir respirar pela urgência do pedido. — Sei que estou falando em cima da hora, mas… mas… 

— Kara, acalme-se. — Lena precisou dizer chocada pelo modo como a outra ficou agitada repetidamente. — Lógico que pode ir comigo, independente do que seja tão urgente resolver. Jamais negaria isso a você e se estou indo posso certamente reservas mais uma passagem no expresso que irei pegar no condado de Star City — Não criarei qualquer objeção. 

— Lena, você é… A...

— A sua pessoa favorita? — Ela indagou antes de Kara completar, como uma pergunta.

— Iria dizer a melhor chefe do mundo e melhor amiga, mas ser a pessoa favorita também se aplica bem. Aceito a sugestão. — Ela riu.

— Fico feliz, porque você também é minha pessoa favorita. — Lena devolveu sorridente. 

— Prometo que não vou atrapalhar. — A assistente continuou a falar voltando ao assunto. 

— Atrapalhar? Tá brincando? É mais fácil você me salvar no meio daquela loucura. — A morena pareceu feliz em saber que elas não se separariam. — Vou ficar mais segura de te levar comigo. 

— E eu vou ficar super feliz de poder estar lá. — Kara não pensou direito antes de se abaixar e beijar o rosto da chefe. 

O que ela acabava de fazer estava quebrando de muitas formas regras que eram necessárias para o profissionalismo e papéis definidos dentro da convivência delas, contudo não se arrependeu quando Lena sorriu para ela muito satisfeita pela expressão de carinho que não esperou ganhar. 

— Obrigada, Kara, por ser a melhor parceira que poderia querer.

— Tudo bem. É para isso que servem as amigas, certo? — Resolveu confirmar.

— Certo. — Concordou.

Enquanto Lena se sentava, acompanhava a assistente sair, imersa na sensação dos lábios mornos de Kara na sua pele. O ponto focal ficou gelado em alguns segundos e ela segurou o local entre os dedos, pensando envergonhada que não queria lavar a bochecha tão cedo, exatamente como uma garota que acabava de descobrir o primeiro amor. Lógico que Lena já havia se visto apaixonada por outras pessoas, contudo sempre era uma sensação diferente, nova e confusa. 

Kara ainda era infelizmente a sua assistente, a sua amiga, entre outras classificações que adicionaria a listar, por este motivo estar se apaixonando a cada dia mais por ela poderia fazer tudo sair dos eixos. Contudo, mesmo que o cérebro fosse lógico, o coração sendo um músculo independente e teimoso se mostrava ali dizendo que tinha vontade própria.

-

— E quantos dias vai ficar fora? — Alex perguntou a Kara, roubando a tigela que estava posicionada ao centro da mesa da cozinha. 

As duas estavam conversando no final da noite após cinco dias que Kara definiu com Lena sobre a ida a Nacional City. A vista de Kara foi basicamente para dizer à amiga as novidades aproveitando também que o pai de Alex para variar ainda não estava nem próximo de casa, uma vez que estava tendo que ficar por mais um dia na hospedagem do centro de Midvale para garantir menor tempo para chegar até a sua alfaiataria. 

O número de clientes procurando o alfaiate cresceu, todos querendo encomendas roupas de última hora, logo depois que o jornal local anunciou que Lena Luthor daria um magistral baile social no final do mês.

— 7 dias. — Respondeu para ganhar os bolinhos da tigela que finalmente foram devolvidos por Alex.

— Sua esfomeada. 

— Me ofenda, mas admita que isso tudo é saudade. Aliás… Achei que soubesse de tudo, afinal não tem nada que a Lena faça que as pessoas não saibam em Midvale.

— Ah! — Alex revirou os olhos. — Disse bem, Lena! — Enfatizou. — Não a minha melhor amiga que hoje em dia mal tem tempo para mim por causa dela. — Expressou a queixa. 

— Eu sei, eu estou sendo uma amiga horrível. — Kara se culpou. — Mas juro que é devido ao meu trabalho. Que aliás é o que vai me salvar se tudo der certo.

— Então vai tentar negociar com o banco oferecendo um acordo de ganhos é isso?

— Sim. — respondeu mastigando um dos bolinhos fritos de Alex. — Eu estava esperando justamente Lena me dar um adiantamento significativo, embora isso tenha me feito morrer de vergonha.

— Lena é mesmo a sua heroína. Contudo, na minha humilde opinião está na obrigação dela te ajudar, uma vez que tirou completamente sua vida. — Alex frisou identificando a exploração que achava ser aquele emprego. — Hoje, você mal para na vinícola.

— É necessário. — Kara descartou as queixas de sua amiga de infância. — É o mínimo pela Lena. 

— Aí! meu Deus, como você tá insuportável desde que conheceu essa senhorita Lena Luthor. Você parece essas pessoas de Midvale que só sabem fazer tudo girar em torno dela, como se a Lena Luthor fosse o centro do universo.

— Sabe como se chama isso que sente por mim, Alex? 

— Como? 

— Ciúmes! — Respondeu rindo.

— Você está sendo cruel Danvers. — a amiga não teve piedade em apontar. — Passa tanto tempo com a Lena que se esquece da sensibilidade e se esquece da sua amiga aqui.

— Alex, pelos céus, deixe de ser dramática. Deixe o drama para mim e para minha mãe.

— Impossível. — Negou avidamente. — Vivo há tanto tempo com vocês que praticamente sou uma Danvers.

Kara riu concordando.

— Isso você é mesmo, Alex Danvers. — Kara abraçou a amiga espontaneamente, sabendo que a sensação que tinha com Lena era diferente da que sentia agora, após um breve comparativo. — Posso te trazer alguma coisa de Nacional City? 

— Qualquer coisa da Sweet Candy! Amo!

— Não tem pena de mim? Estou com uma dívida no banco, você quer me falir ainda mais?  — Kara brincou.

— Você quem perguntou senhorita, eu apenas respondi, mas como sou uma amiga generosa… Deixou que traga o que quiser.

— Por isso que eu te amo sua falidora de salários. — A abraçou forte dessa vez.

Depois disso, elas se centram em terminar de comer, falar sobre os preparativos do casamento de Alex com Maxwell que estavam a passos lentos e também como estava sendo todo o engraçado rebuliço sobre o que prometia ser o maior evento na história do condado. 

Kara comentou sobre o que vinha fazendo com Lena, como as duas estavam em plena sintonia causando um certo ciúme novamente em Alex, que ficou apesar de tudo feliz porque sabia que Kara lentamente estava descobrindo naquele trabalho uma paixão que não admitia por uma certa mulher de olhos verdes. Torcia para que a amiga abrisse de uma vez os olhos, que realmente deixasse o passado de ser magoada para trás. 

Além disso, a conversa também serviu para que Alex informasse que pelo menos por um tempo iria ajudar o pai na alfaiataria com o número de pedidos aumentando, antes não estava com ele porque estava organizando coisas do seu casamento, mas ao ver que o pai estava se afundando com as entregas e os prazos ainda menores discutiu com o noivo a necessidade de abdicar do tempo.

No começo foi uma verdadeira batalha, mas uma coisa era certa, a Danvers espirituosa de consideração não se deixaria vencer por ninguém, nem por um noivo exigente. 

Assim estavam ambas seguindo os destinos que escolheram abraçar, Kara como Lena e Alex com Maxwell Lord, algo que a amiga lamentava, porque sabia que a ruiva não estava se sentindo feliz.

Ambas estavam teimando com os sentimentos, Kara tentando negar o que vinha sentindo por Lena, e Alex tentando criar um relacionamento forçando-se a sentir seja lá o que fosse pelo homem que seria seu marido.

-

Passado mais um dia do comunicado, a jovem Danvers se viu despedir amorosamente de Elisa para encontrar Lena no centro da pequena Midvale, de onde partiriam em um transporte particular contratado pela mulher até Star City e de lá, ambas seguiriam para Nacional City. A viagem seria bem longa, iniciando após o meio-dia e se prolongando por quase dois dias cheios.

Kara estava animada quando desembarcou do transporte da chefe em direção a linha férrea. Nunca havia visto uma coisa como aquela antes apenas ouvido falar o quanto eram grandes por Alex, entretanto ver com os próprios olhos a imensa estrutura de metal esfumaçando por cima, grandes janelas, vagões lotados de pessoas era uma sensação completamente diferente. 

Seguir Lena para todos os lados após tudo isso foi definitivamente uma escolha sábia, sozinha a moça da vinícola não faria ideia de como se mover entre tantas pessoas ou sequer qual o procedimento correto como: o de fazer o check de bilhetes de embarque.

O estímulo gerou em segundos várias filas entre os vagões do Expresso Nacional. Como as pessoas sabiam qual delas seguir? 

— Kara querida, é a porta 8/6. — Lena chamou atenção da moça que apertava a alça de sua bolsa tão inseparável, cheia de alimentos feitos por Elisa. Definitivamente iria precisar comer e a mãe foi muito inteligente em ofertar aqueles itens gastronômicos que tinham desde biscoitos, bolos, pastas salgadas até pães frescos.  — Não se perca de mim. 

Por um momento a loira corou ao se sentir como muitas das crianças acompanhadas que seguravam a mão de algum adulto. A ideia para ela parecia naturalmente absurda, mas achou que era melhor sugerir porque definitivamente assim que a fila andou pensou que qualquer coisa poderia acontecer.

— Deveria segurar minha mão. — Kara sugeriu.

— Quantos anos tem? — Lena pareceu disposta a dar uma bronca. 

Por alguns segundos Kara até se arrependeu de sugerir, mas logo Lena sem mais objeções pegou sua mão enlaçando os dedos nos dela.

— Melhor? — A chefe indagou fazendo Kara assentir veementemente, enquanto lutava com a própria vergonha do que ela mesma desejava.

Ficaram daquele modo unido, longos momentos até que o ato foi sendo apenas uma ação natural. Subiram finalmente no expresso vaporizado e seguiram para a cabine que Lena Luthor reservou para a viagem.

Acomodaram-se na parte interna dos bancos, logo o trem apitou anunciando a partida. 

O resto das horas que se seguiram foram preenchidas então por conversas animadas e muitas perguntas, uma vez que Kara ficava espiando a janela por onde a paisagem verdejante ficava cada vez mais escassa à medida que o transporte se afastava de Star City, aproximando-se do destino final.

— E então? Há tantos lugares assim? Como são os cinemas? Será que podemos ir em algum antes de voltar a Midvale? — Já era a noite do último dia. Dentro de algumas horas chegariam em Nacional City — Alex me disse que da última vez que foi à Metrópolis, ela viu um com o pai dela. Ficou apaixonada dizendo que é como ver fotos se mexendo… 

— É um pouco melhor. — Lena pacientemente explicou tudo de modo reservado, ainda que muito delicado. — Um Sawyers não chegaria nem perto disso. — Exagerou.

— Um o quê? — A loira mostrou-se confusa, pois não faz ideia do que se tratava.

— Sawyers. — Repetiu. — Esqueça apenas, eu acho que você nunca deve ter visto um.

— O que seria?

— É um equipamento que você coloca seus olhos e pode girar várias fotos por vez para dar a sensação que estão se mexendo à medida que você roda uma manivela na lateral… — A chefe continuou, já que a expressão da sua assistente denotou não apenas interesse, mas também como a achava excepcionalmente inteligente. — São feitos de baquelite, é um material bem resistente ao calor, ou ao menos, mais resistente que a maioria. 

— Puxa Lena! — Kara exclamou como admiração. — Como é que você sabe tudo isso? Como guarda tantas informações na sua cabeça de uma única vez?

— Bom, eu lido com investimentos em diversas empresas, então também tenho que entender um pouco da parte técnica mais chata, porque ela faz toda diferença nos negócios, acredite. Com o tempo isso fica mais natural que respirar.

E mesmo que Lena tenha tentado parecer modesta, a pequena aula sobre invenções na grande cidade deixou impressões bastante acentuadas e positivas na moça de Midvale. Enquanto isso, Lena também ficou com uma grande gratidão, afinal ninguém em absoluto havia feito ela se sentir tão inteligente sendo ela mesma… a maioria subestima até mesmo a sua posição, sempre a resumindo a irmã mais nova de Lex Luthor.

— Não duvido. — A moça loira ao olhar nos olhos verdes divertidos, sentiu então mais uma vez aquela vontade de segurar a mão de Lena, o que foi inclusive a parte mais chata de quando se acomodaram no vagão. Ter que soltar aquela mão da sua foi quase que uma decepção.

— Pronto, Kara. Acho que estamos chegando. — Interrompeu o assunto dando como finalizada definitivamente as explicações. — Consigo ver a torre da central de rádio daqui. — Apontou para a localização ao fundo da janela. — Vamos nos arrumar. 

A outra concordou começando a procurar qualquer item que houvesse deixado espalhado. 

— E Kara… — Lena falou mais uma vez, a voz diferente, como se tivesse esquecido algo e fosse repassar uma lista que deveria ser lembrada pela loira, que por sua vez já a olhava de relance.

— Sim, Lena. — Respondeu criando notas mentais para as próximas instruções.

— Se quiser, antes da gente descer... você pode segurar na minha mão. — Ofereceu como se fosse um favor o qual sabia que Kara Danvers com aquele imenso sorriso nos pequenos lábios jamais dispensaria. — Vamos...

Assim o trem finalmente estacionou na cidade mais que luminosa de Nacional City onde outras aventuras iriam se iniciar para a dupla que aprendia a caminhar lado a lado. 


Notas Finais


Minha citação favorita desse capítulo é sobre Sherlock Holmes, eu amo esse detective consultor, por isso as notas inicias se fizeram muito necessárias uma vez que as obras dele começaram depois de 1837 (na data de 1887).

Outra observação... As ditas Sawyers realmente existem, mas não sei se é exatamente esse o nome do equipamento, eu juro que procurei, mas não consegui uma informação comprovada ainda rsrsrs
-

Enfim, eu espero que tenham gostado, porque o calor veio aqui no meu coração quando a Lena disse que a Kara poderia segurar sua mão (sério, eu surtei com isso hahahahah ❤️). Será que as coisas vão se tornar mais intensas para elas? Palpites? Rsrsrs

Obrigada por todos os favoritos e comentários também, porque isso dá um calor a mais. Até breve! Rao proteja vocês e Homir os guarde.


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