História Golden. - Keep spinning around

Quinta-feira 

Bem, aqui estou eu cara a cara com o corretor que teve a maior dificuldade do mundo de encontrar o nosso apartamento ideal, implorando para que ele não desista de mim e procure um novo imóvel. 

— Eu pensei que estivesse tudo certo.  

— E estava. Não contávamos com um pedido de casamento. — me expliquei ao homem que segurava os envelopes com o contrato impresso.

— Então agora preciso procurar por um no bairro Notting hill com no máximo 2 quartos, um sendo suíte e ainda por cima mobiliado? — ele indagou. 

— Sim! — respondi-lhe e mostrei um sorrisinho sem graça. 

— Tudo bem. Eu te ligarei depois com respostas sobre isso. Até mais senhorita Catherine. — ele estendeu sua mão para mim e nos despedimos.

Saí do escritório do corretor e caminhei um pouco até chegar ao Starbucks do bairro. Pedi um café e sentei-me para o saborear de forma plena. 

As coisas mudam em questão de horas. Tenho mais uma semana na mansão Mcvey, talvez seja bom, terei tempo suficiente para me organizar.  

Todas as manhãs wren me manda mensagem desejando "bom dia". Pode até não ter assunto, não ter mais o que dizer, mas essa mensagem não falta. Fico um pouco estranha com isso, tenho medo que pareça que estou me aproveitando dele, mas não é. Gosto demais da companhia, só que amo outra pessoa. 

Wren: Hey little girl. — pensando no diabo, ele aparece... opa, no anjo. 

Me: Olá doctor angel.

Wren: Onde irá almoçar? 

Me: Não sei ainda. E você? 

Wren: Almoça comigo? 

Me: Hmm... pode ser. 

Wren: Não me enrole, mocinha. Te busco onde você estiver, que seria?

Me: Starbucks.

Wren: Manda a localização. Já estou de saída do hospital. Ok? 

Me: Ok. 

Wren: O que está acontecendo? Está tudo bem? Você tá monossilábica. 

Me: Estou bem, não se preocupe.

Wren: Agora que disse isso estou preocupado. Mas conversamos pessoalmente, certo? 

Me: Certo. 

Nem sei o que deu em mim, talvez a reflexão que fiz há poucos minutos sobre a nossa relação me fez ficar estranha. O que fazer quando você gosta de uma pessoa, da companhia, da amizade e sabe que tem se afastar para não magoa-la, mas não quer isso de forma alguma? 

Bem, não quero incomodar mais do que incomodo, preciso ficar na porta do Starbucks esperando por ele. 

Não foi 5 minutos para que Wren chegasse. 

Entrei no carro e sentei-me no banco de passageiro ao lado do motorista.

O doutor está com o semblante meio estranho. 

— O que está havendo? — questionei.

— Você quem tem que me dizer. — ele respondeu rápido.

— Eu? 

— Sim. Estava monossilábica por mensagem e quando entrou no carro não me cumprimentou.

— Ah, me desculpa. Bom dia, Wren. — falei sendo um pouco sarcástica.

— E ainda me trata dessa forma. O que eu te fiz de errado? 

— Você não fez nada errado, caramba. Esse é o problema. Você faz tudo certo, tem me ajudado mais do que qualquer pessoa e eu tenho medo de estar alimentando sentimentos que não posso suprir. Não quero te magoar. — o garoto me ouviu e permaneceu em silêncio até que chegássemos ao restaurante japonês. 

— Pode ser sushi, né?

— Sim. — respondi, removi o sinto de segurança e desci do carro quando ele estacionou.

O clima estava esquisito. Quero ver até quando podemos ignorar isso.

Fizemos nossos pedidos e cada um ficou em seus celulares enquanto aguardávamos pelo almoço. 

Se eu estou péssima com isso? Estou sim. Mas eu já disse o que tinha para dizer.

Comemos, pagamos a conta e desde a conversa no carro, nenhuma palavra fora dita. 

Do restaurante até a mansão o caminho é longo e eu não aguentarei essa situação até lá.

— Hey, daqui em diante sigo sozinha, tenho várias coisas para resolver.

— Diga onde, eu te deixarei. 

— Não precisa, você já fez muito por mim. 

— Okay. Toma cuidado. Beijos. — desviando o olhar o rapaz se despediu e entrou em seu carro.

Não queria tê-lo deixado desapontado, e jamais posso negar que isso está me afetando também. 

Talvez eu goste da companhia dele mais do que deveria. 

*Dia da mudança* 

Aqui estou eu e minhas 15 caixas de bobagens, esse apartamento novo parece grande demais para mim, mas a vista do 10º andar me agrada muito. A luminosidade é ótima, as cortinas e as mobílias que os antigos donos deixaram são maravilhosas. 

A sala é gigantesca, a cozinha é grande também, a varanda ótima para ler um livro e refletir. Tenho tudo para estar bem. Duas suítes, sendo a principal com uma banheira, o que eu poderia exigir mais? Uma garota de 18 anos morando num apartamento que podemos até chamar de luxuoso, na cidade de Londres, o que falta? Não deveria faltar nada. Mas o coração não tá preenchido. 

Uma uma semana e meia que não falo com Wren, uma semana resolvendo papelada de faculdade, mudança e ainda por cima ajudando com as coisas de casamento de Charlottie que já será no próximo mês. 

Mas tô com saúde né, isso que importa. É o que meu tio diria. 

Bradley tem me ligado e mandado mensagem com mais frequência, mas não aguento a impessoalidade de uma relação assim.